Quando alguém morre e olhamos para seus efeitos, parece que os mortos se afastam lentamente de nós, como se ainda permanecessem em nossa proximidade por algum tempo.
Aqueles pelos quais não fizemos luto ou não respeitamos ou que foram esquecidos permanecem especialmente por muito tempo. Aquele dos quais não se quer mais saber de nada ou dos quais se tem medo permanecem especialmente por muito tempo.
O luto é concluído quando cedemos à dor e através da dor respeitamos os mortos. Quando fazemos luto pelos mortos e os respeitamos eles se afastam. Então a vida para eles termina e eles podem ficar mortos.
Tem um soneto de Rilke sobre Orfeu, Eurídice e Hermes. Nele se diz sobre Eurídice: “Ela estava em si. E a sua morte a completava como plenitude.”
Estar morto é completude. Se tivermos esta imagem dos mortos, então a nossa postura perante eles é outra. Isto é válido também para os que morrem bem precocemente, também para as crianças notimortas. Nós temos aqui, talvez, a idéia de que elas perderam algo. O que poderiam ter perdido? O essencial permanece antes e depois. Dele emergimos através da vida e nele mergulhamos de volta, depois da vida.
Se soltamos os mortos, eles atuam agradavelmente sobre nós, sem que nos importunem e sem que seja necessário um esforço especial de nossa parte. Aquele que, pelo contrário, faz luto por muito tempo, segura os mortos, embora eles queiram partir. Isto é ruim, tanto para os vivos quanto para os mortos. Freqüentemente encontramos um longo luto em casos onde alguém ainda está em dívida com o morto e não reconhece isso.
Amantes não fazem luto por um longo tempo. Freud observou isso no Presidente Wilson. Quando ele se casou de novo, após um ano da morte de sua mulher, Freud escreveu: “Esse é um sinal de que ele amou a sua primeira mulher.”
Quando se amou e se fez luto, então a vida pode continuar e os queridos mortos concordam com isso.
Bert Hellinger – O Essencial é Simples
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Tenho percebido em minha experiência que a maioria das pessoas imaginam que o luto foi feito. Como imaginam isso?
Elas acham que aceitaram a morte do ente querido, e pensam com veracidade nisso...
Posso dizer que na maioria das vezes não fizeram o luto. E suas vidas ficam paradas, estacionadas naquele ponto - na morte do ente querido.
Através das Constelações Familiares, apresenta-se um tema muito diferente do luto, por exemplo: “Minha vida está estagnada e eu não durmo”.
A Constelação nos mostra um caminho... e se houver luto não elaborado, com certeza aparecerá de forma muito clara.
Eu passei por uma experiência de perda de um familiar e jamais imaginei que de minha parte, o luto não tivesse sido feito . E depois de trabalhado este tema na Constelação, senti um alívio muito grande, indescritível eu diria.
Muitas pessoas dizem: “Mas eu não quero esquecer meu familiar.” Aí, na Constelação, é possível ver de forma quase sempre clara, as conseqüências desta atitude.
Isto sempre é feito com muito amor e respeito pelos mortos, honrando-os e dando um lugar na família.
Tais