O mestre Dogen, fundador da seita budista Nippon Soto, ensinou: "Aprender o caminho de Buda é aprender o que tu és; aprender o que tu és é esquecer-te de ti".
Esse ensinamento não se restringe ao caminho de Buda. Pode-se afirmar que essa é a essência de todas as religiões, e, como todos sabem, Sócrates também disse "Conhece-te a ti mesmo". Então, que vem a ser esse "tu", esse "a ti mesmo"? Penso que é extremamente grande o número de pessoas que consideram que esse "tu" seja o corpo carnal. Nisso encontra a causa da situação intolerável e pademônoca do mundo atual.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Japáo importou dos EUA uma "iguaria mental"chamada democracia, e todas as pessoas, indistintamente, saborearam essa iguaria com a ilusão de que, sem ela, não existiria a vida, e, ainda hoje, condenam de demoníaco tudo o que é antidemocrático. Entrementes, essa iguaria denominada democracia é extremamente indigesta e, mesmo após algumas dezenas de anos do término da Grande Guerra, ainda permanece no fundo do estômago do povo japonês sem ser digerida. É uma situação realmente problemática, pois pode eclodir um "cancer mental no estômago"que colocará em risco a vida global do povo.
O sistema democrático inverte os valores do homem
O temo "democracia"significa "governo do povo", "soberania popular". Nesse sistema, o povo torna-se mais importante que o governante, gerando uma situação semelhante à uma pessoa que anda com a cabeça para baixo e os pés para cima.
Entretanto, o nível de compreensão do que vem a ser o eu, ou seja , o homem, que o povo tem é bastante obscuro. Parece-me que, no conceito da maioria, cuidar bem de si é "agradar o seu corpo físico"e ser fiel a si é "satisfazer fielmente os desejos de seu corpo físico".Nota-se que tanto a questão do divórcio, do adultério, como as questões trabalhistas e também a discussão contra a ampliação das bases militares iniciam-se geralmente fundamentadas no seguinte: "Que fazer para satisfazer os meus desejos físicos?". É por isso que foi inevitável dizer que , no Japão, a democracia permanece indigesta no fundo do estômago do povo, e todos estão sofrendo mentalmente um "câncer no estômago".
Há pessoas que têm grande aversão pela guerra mas ja passou a época em que tais pessoas eram aplaudidas pela mídia, reverenciadas pelos intelectuais modernos como precursores da "Ideologia de Paz".
Contudo, o motivo que as levou a terem essa aversão não foi"a decadência espiritual que uma guerra gera", mas "a crueldade física que uma guerra impõe às pessoas, fazendo-as derramar muito sangue"ou "a fome que assolao povo após a guerra". Desse modo, propalaram basicamente as questões do sofrimento físico, da fome, enfim das perdas materiais, esquecendo-se quase que totalmente das questões espirituais. Em tudo, a atenção se concentra no conforto e no prazer do corpo físico.
Em contrastem durante a guerra, o povo japonês buscava algo mais elevado, de fundo moral e espiritual, que transcende o corpo físico e a matéria."Morrer é o caminho do Samurai", segundo essa afirmação, nos preceitos que norteavam o modo de viver dos samurais do Japão, havia um ideal mais elevado, de cunho espiritual. A maioria dos japoneses daquela época não se abalava em sacrificar o corpo para realizar um ideal. Muito pelo contrário, não hesitava em morrer por um ideal. Desprezava a valorização do corpo físico e de tudo que fosse material, considerando-os desejos de baixo nível. Pensava encontrar aprimoramento espiritual quando a alma seguisse avante passando por cima dos inúmeros cadáveres dos predecessores. Analisando o ponto de vista do crescimento espiritual, havia algo mais sublime durante a guerra connsiderada feidal, do que na época do culto à democracia que apenas valoriza o corpo físico. Falar hoje de "espírito kamikase" talves já nem chegue a provocar risos aos que só valorizam o corpo, mas esse era o espírito de Jesus Cristo e de Sócrates.
Nem é preciso discutir a superioridade da cultura espiritualista - que não foge do sofrimento nem da morte do corpo físico para concretizar um ideal - comparada à cultura de inversão de valores que busca o conforto e o prazer físicos, mesmo às custas da degradação mental.Qualquer pessoas despreza a prostituição e a pornografia e também sabe que a corrupção é um ato desprezível. Então, nenhum defensor da democracia irá discordar que é vil a tendência de buscar apenas o prazer do corpo físico através do conforto material. Analisando esses fatos, percebemos que existe no ser humano o eu que sonha com o bem-estar físico e o eu que despreza o corpo e a matéria. Evidentemente, o segundo eu é mais nobre. Surge , então, a questão da verdadeira natureza do eu , e gostaria de refletir mais uma vez sobre o preceito zen-budista do mestre Dogem: "Aprender o caminho de Buda é aprender quem tu és; aprender o que tu és é esquecer-te de ti".
Extraído do livro: Descoberta e conscientização da verdadeira natureza humana ,-Masaharu Taniguchi
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Gente...é muita expectativa nesta eleição para presidente da república.
Diante da urna, pense...visualize o que há de melhor para o Brasil, para o povo brasileiro, e vote. Vote consciente!
Bom voto à todos e que a vontade suprema seja realizada.
Taís