"Bert Hellinger, um teólogo, filósofo e psicoterapeuta alemão, criador de uma nova abordagem de psicoterapia sistêmica, desenvolveu um trabalho revolucionário que tem amplas implicações para o aconselhamento de casais, acompanhamento de crianças, pedagogia, consultoria de empresas, dramaturgia, política e solução de conflitos sociais.
Ele trouxe um novo olhar para nossa forma de viver nossos vínculos e relacionamentos.
Na reflexão de hoje, trazemos um pouco do que ele fala sobre nosso relacionamento com nossos pais. Para ele, nós continuamos, mesmo quando adultos, levando conosco a criança que fomos e, levando também os julgamentos, as reivindicações e as acusações aos nossos pais.
Para Bert, não há como seguir na vida de forma saudável e com sucesso, se não abrimos mão disso tudo, tomando nossos pais como eles são, como pessoas bem normais, que fizeram o que foi possível. Tomar a eles e tomar a vida do jeito que foi e do jeito que chegou até nós.
Sinta o que aconteceria na alma se você imaginasse crianças dizendo para seus pais: ”Aquilo que vocês me deram, primeiramente, não foi correto, e segundo, não foi suficiente. Vocês ainda me devem.”
O que estas crianças têm de seus pais quando sentem as coisas desta forma?
Nada.
E o que os pais têm de suas crianças?
Também nada.
Tais crianças não conseguem se separar de seus pais. Sua demanda e suas acusações os prendem de tal forma a seus pais que, apesar de estarem vinculados, é como se não tivessem pais.
O “não” que estas crianças dizem a seus pais, acaba sendo dito para elas mesmas, pois, todos nós somos nossos próprios pais (somos a continuação biológica deles). E então elas se sentem vazias, carentes e fracas. (Vale aqui relembrar que quando falamos crianças, podemos nos referir a pessoas de 5, 10, 15, 30, 50, 70 anos. Todos nós somos as crianças que fomos um dia, pois elas continuam a viver dentro de nós).
Esta é a segunda ordem do amor: que as crianças tomem de seus pais, aquilo que estes possam dar, da forma que vier, sem nenhuma exigência adicional, pois, o que eles deram já foi suficiente e permitiu que a vida chegasse até nós."
Ana Garlet, Coaching e Consteladora Sistêmica do Ipê Roxo.
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Outro exemplo clássico de desrespeito da ordem de chegada é quando ocorre a separação do casal e um dos dois casa-se novamente.
Os novos companheiros, nova esposa ou esposo, entram para a família como segundos na ordem de chegada. Quando se observa que esses se comportam de forma a querer mandar em tudo e modificar muita coisa, falar mal dos ex-companheiros, isso traz muito desequilíbrio para o atual casal. Geralmente, os filhos, se existirem, não aceitam. A primeira esposa ou esposo, gostemos ou não, sempre farão parte da história daquela família e daquele relacionamento afetivo. Eles devem ser respeitados, independentemente do que aconteceu anteriormente.
É como se a família tivesse uma alma própria e se alguém é severamente desrespeitado ou não reconhecido, todo o sistema sofre. Como no corpo humano se um órgão está doente todo o sistema sentirá.
Quando não aceitamos os pais do nosso cônjuge também estamos desrespeitando aqueles que chegaram primeiro do que nós na família. Dessa forma, não aceitamos uma parte do nosso cônjuge e isso acaba desequilibrando a relação.
O mesmo acontece quando não aceitamos nossos pais como eles são. Eles chegaram primeiro e merecem ser respeitados. Quando queremos modificá-los, perdemos força na vida.
Boa Semana
Tais