domingo, 31 de dezembro de 2017

Como fazer uma reflexão de final de ano saudável


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Analisar o ano que passou e se preparar para o próximo é um hábito benéfico para a saúde emocional e física.

Geralmente no final de um ano completa-se um ciclo, e naturalmente ficamos felizes por termos vencido mais uma etapa e temos "esperança" que o próximo ano nos reserve sempre dias melhores. Essa expectativa de felicidade foi construída desde o homem primitivo com a finalidade de aumentar nossas chances de sobreviver. Os rituais de final de um ciclo, ou de final de ano, são muito antigos na história humana. O nosso cérebro tem processos automáticos que rejeitam o sofrimento de dor e buscam o prazer.

Nos sentirmos felizes ou termos tal expectativa faz com que depositemos esse desejo no próximo ciclo. Segundo disse o psicólogo e escritor americano Robert Wright, num artigo escrito para a revista Time: "As leis que governam a felicidade não foram desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência dos nossos genes a longo prazo". Logo, o final de ano é um destes momentos de reforço da alegria e de reforço da esperança.

A felicidade não é, portanto, um momento mas sim a consequência de nossa forma de viver ou de enfrentar a vida

No final de um ciclo geralmente fazemos um "fechamento de contas", um "balanço", daquilo que nos havíamos proposto e não conseguimos, o que queríamos e não alcançamos, o que tínhamos e perdemos - inclusive entes queridos. Então, devido a diversos motivos, nesta época também existe uma cobrança excessiva, acompanhada de frustração e sensação de fracasso. Há muitos que se sentem solitários, angustiados, deprimidos e com uma falsa sensação de que todos demais estão felizes. Além disso, este "clima artificial" de alegria exagerada no final do ano pode ser extremamente enganoso e é em grande parte criado pela sociedade de consumo. Comemorações, festas nas empresas, festas com amigos, festa com parentes, presentes e presentes, viagens, gastos... Deixar-se levar por este clima de alegria artificial não é saudável.

Não leve um saldo negativo para o próximo ano
Recomendo a meus pacientes para não acumularem assuntos não resolvidos deixando-os para um outro momento. Temos que tentar resolver as dificuldades a cada dia, pois se não o fizermos corremos o risco de no final do ano eles pesarem muito mais na balança que os assuntos bem resolvidos.

Os planos que não deram certo devem ser revistos de maneira tranquila, com o objetivo de identificar as falhas e não de se culpar. Uma vez identificadas as falhas, busque uma solução, que pode ser inclusive um pedido de ajuda para outra pessoa ou para um grupo, ou, até mesmo, a modificação do objetivo original.

Permita-se ser feliz, independente da época do ano
É muito comum que as pessoas se façam perguntas ao refletir sobre o ano que passou. Acredito que não é possível montar um roteiro de como deve ser esse questionamento interior, pois esta é uma questão muito pessoal. Mas creio ser importante que ela pergunte para si mesma se conseguiu ser feliz.

Um caminho para uma reflexão honesta de fim de ano, assim como os planos para o próximo período, é procurar ser feliz não só nesta época de fim de ano, mas sempre. A pesquisa interior que cada indivíduo pode e deve fazer para buscar ser feliz, e para tal primeiramente consigo próprio, com os que o rodeiam, trabalhando as perdas e dificuldades e transformando-as em lições e crescimento pessoal.

Mas, atenção, é importante não ter a presunção de querer definir o que é felicidade. Gosto da ideia compartilhada por alguns pesquisadores que colocam a felicidade como a soma de três pilares: prazer, envolvimento e significado. Vamos analisar um pouco melhor estes três pontos:

Prazer: pode parecer simplista analisar o prazer, mas ele tem diversas dimensões. A primeira lembrança que normalmente se evoca em relação ao prazer se relaciona ao prazer físico, ligado à satisfação dos instintos. Algumas pessoas, inclusive, priorizam até doentiamente esta forma de prazer - que não é somente o sexual. Contudo, existem outras dimensões do prazer, pois não somos somente um "hominis natura", ou seja, não somos somente instinto. O prazer também tem outras dimensões, como a dimensão afetiva demonstrada no afeto ou no amor aos filhos, afeto ao companheiro(a), afeto aos necessitados (que é um amor altruísta) etc.

Envolvimento: esse conceito seria o equivalente a "participar intensamente de determinado objetivo". Há pessoas que apresentam uma facilidade natural em se envolverem ou "darem tudo de si" em determinada ou até mesmo em qualquer atividade. Vivem de uma maneira extremamente intensa empenhando uma energia que parece ser inesgotável. Sobre este assunto, a pesquisadora I. Pollard estudou a atividade cerebral de monges em estado de meditação através de Pet Scan e verificou que áreas cerebrais específicas se tornavam iluminadas ao Scan quando os Monges atingiam o estado de Bondade Universal ou Alegria Plena, que é o que eles estavam buscando. Neste estado eles estão tão absortos que não percebem o mundo exterior e perdem a noção de tempo. Este estado também pode ocorrer de maneira menos intensa nas situações de grande envolvimento, e mesmo em situações comuns como tocar um instrumento, pintar um quadro, realizar uma pesquisa científica e fazer uma oração.

Significado: desde os tempos antigos, o ser humano procura através da religião respostas para o significado da existência. Segundo o sociólogo e filósofo francês David E. Durkheim, no homem primitivo havia uma noção não muito precisa de que existia algo superior à individualidade. Esta coisa seria a força da sociedade anterior, que sobrevivia e à qual, sem saber, rendiam culto. Se o termo for tomado num sentido amplo, pode-se compreender que esta força era o deus adorado em cada culto totêmico. Posteriormente a noção primitiva, a concepção de divindade evolui com a própria evolução do ser humano chegando-se às Cosmovisões atuais oferecidas pelas principais religiões. Mas a religião oferece muito mais do que respostas quanto ao significado da existência. Diversas pesquisas demonstram o poder benéfico da religião na vida das pessoas, como um estudo publicado por Jeff Levin, um epidemiologista da religião, que apresentou os seguintes resultados: as pessoas que assistem regularmente a serviços religiosos têm taxas mais baixas de doenças e de mortalidade do que aquelas que não frequentam regularmente esses serviços ou que não os assistem e as pessoas que relatam uma afiliação religiosa apresentam taxas mais baixas de doenças cardíacas, câncer e hipertensão, que são as três principais causas de morte nos Estados Unidos.

O significado da vida pode também ser buscado por outros caminhos. O filósofo alemão Martin Heidegger enfatiza o processo ou mecanismo de "afastar-se de si próprio", que é feito imperceptivelmente quando somos contaminados em nossa essência por valores, verdades, desejos e necessidades que não são nossos, e em determinado momento não conseguimos mais nos reconhecer e perdemos o nosso significado. Este mecanismo, infelizmente, é muito utilizado na sociedade de consumo atual. O psiquiatra e psicanalista Carl Gustav Jung, que fundou a psicologia analítica, nos aponta outro caminho, o de nos "apoderarmos de nós mesmos", nos tornarmos pessoa. Naturalmente não utilizei os termos filosóficos em Heidegger, nem os psicoanalíticos em Jung, apenas quis transmitir a ideia de buscarmos sempre a nós mesmos, termos um encontro feliz conosco.

Tente encontrar um equilíbrio
A mensagem que deixo para o início de ano, é o desejo que alcancem o equilíbrio destes três pontos: o prazer que não escraviza, ao contrário delicia; o envolvimento que não esgota, mas energiza; e o significado da existência que nos tira das trevas, e como a luz nos ilumina o caminho.
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Psiquiatria - CRM 31656/SP
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A chegada do final do ano nos convida a refletir sobre o período que se passou e o que está por vir.

Este é o momento de repensar a própria vida e avaliar os pontos que desejamos mudar no ano que se inicia. Este processo de reflexão possibilita que o indivíduo se reorganize para desfrutar de maior equilíbrio nesta nova etapa que está por vir.

Quando se deseja repensar a própria vida muitos fatores podem ser considerados, mas há três áreas de grande importância: vida afetiva, vida profissional e relação consigo mesmo. A análise da vida afetiva e familiar nos leva a considerar a qualidade das relações que estabelecemos com aqueles que nos cerca.

Cabe ainda avaliar a relação que você estabelece consigo próprio. Você está satisfeito com a pessoa que é? Quais são suas maiores virtudes? Quais defeitos você deseja superar? Como sua aparência física te faz sentir? Você deseja alterar sua imagem atual? Quais fatores têm dificultado para que você alcance as transformações que deseja? Estas perguntas permitem que a pessoa reflita sobre seus hábitos e se esforce para alterar as atitudes que lhe tem trazido sofrimento.

Por fim, o final do ano propicia que o indivíduo reavalie seus projetos pessoais e que busque as transformações almejadas. Reconhecer a necessidade de mudança e acreditar na capacidade de alcançá-la é um grande passo para que se possa viver de forma mais satisfatória no ano vindouro.
Meu imenso abraço à todos vocês!
Gratidão
Tais

domingo, 24 de dezembro de 2017

É tempo de fazer a diferença, de fazer o bem!

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A história real que me fez pensar no poder de fazer o bem sem olhar a quem, inclusive para a saúde emocional.

Diz o ditado popular: "fazer o bem sem olhar a quem". No mundo atual, marcado pelo individualismo e pelo egoísmo endêmico, fazer o bem lembra campanhas publicitárias que atrás do slogan escondem diversos interesses da economia de mercado, onde o que realmente importa são os resultados ou, em outra linguagem, "lucrar sem se importar com quem", portanto a qualquer preço.

"Quando praticamos atos de bondade e conseguimos amar ao próximo é porque já estamos amando a nós mesmos"

O significado real do indivíduo, sua história, seus valores e sentimentos não tem nenhum sentido na sociedade atual. Ela é totalmente impessoal e só enxerga metas a serem alcançadas, recordes a serem superados, capacidades sempre aferidas - tal qual engrenagens que só se curvam ao Poder e ao Lucro.

Neste cenário, contemplado pelas mais sórdidas manifestações de "impunidade à ganância", que vitima a todos nós em nosso país, a atitude de uma pessoa fez a diferença! Alguém fez a diferença por fazer o bem! O fato me comoveu a ponto de escrever sobre ele.

Uma história pessoal
Estava em meu consultório atendendo a meus pacientes quando sou interrompido pelos insistentes chamados de meu celular. Atendi. Na ligação uma voz feminina me falou: "Dr. Pérsio, estou com uma paciente sua que está apresentando uma crise emocional muito séria. Está chorando há tempo, tanto que sequer conseguiu ligar para o senhor. Liguei então para o número de seu consultório me dado por ela, mas sua secretaria informou que só haveria horário no final da próxima semana. Me desculpe a intromissão, sei que deve estar atendendo, mas peguei com sua paciente seu número de celular e estou lhe pedindo ajuda pois ela está muito mal e estou preocupada com ela."

Neste momento lhe perguntei quem é a paciente, ao que me respondeu: "é a Sra. C., como posso ajudá-la?? Respondi-lhe: "você já ajudou, passe por favor a ligação à Sra. C.". Falei com a paciente, a orientei medicamentosamente para aquele momento e reservei o primeiro horário de atendimento no dia seguinte.

No dia seguinte no primeiro horário atendi à Sra. C., que ainda se encontrava deprimida, mas aliviada da crise pela orientação medicamentosa do dia anterior. No decorrer da consulta, não consegui segurar minha curiosidade, e perguntei à paciente: "Quem foi aquela mulher que lhe ajudou ontem?", e ela finalmente me revelou: "foi minha gerente do banco".

Realmente fiquei espantado e tornei a perguntar: "Sua gerente de banco? Como aconteceu?" A paciente me contou que tinha ido à agência regularizar alguns dados, e como já vinha ocorrendo há uma semana, começou a chorar descontroladamente, sem identificar nenhuma razão para tal, e nesse momento foi socorrida por sua gerente de conta. Não importa neste relato o caso clínico da paciente, mas a atitude de sua gerente que a socorreu.

Movida por um ímpeto de coragem alicerçada na bondade, a gerente se despiu da personagem do mundo financeiro, preocupada em bater metas, vender produtos, atingir os objetivos impostos pelo banco, e se tornou simplesmente ser humano. Que transformação surpreendente! Pode parecer simplista à primeira vista, mas isso ocorreu dentro de um dos ícones da economia de mercado, um banco, uma atitude que destoa do padrão "automatizado" de atendimento quase robótico. Ela largou tudo, deixou tudo de lado e, numa atitude ousada, se tornou pessoal, se tornou pessoa e estendeu a mão de bondade ao próximo. Ainda ecoa em minha mente a voz marcada pela educação - que me pediu desculpas pela "invasão" na ligação - voz de preocupação altruísta com o outro, voz suave que transcendia bondade.

Reflexão
Bondade é justamente isso, dar-se espontaneamente para o outro com a finalidade fazer o bem, sem esperar nada em troca. O exemplo de amor ao próximo dado por esta gerente me comoveu e inspirou a escrever este texto. Espero que esta breve comunicação contamine a você também, e que todos nós sejamos contagiados pelo sentimento de amor e por atos de bondade. Quando praticamos atos de bondade e conseguimos amar ao próximo é porque já estamos amando a nós mesmos. Meu desejo é que sejamos mais felizes individualmente e como sociedade.

Faça a diferença faça o bem!


Escrito por Persio Ribeiro Gomes de Deus
Psiquiatria - CRM 31656/SP
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A melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida.

Agradecer aos nossos antepassados e a origem de TUDO.
Abraços calorosos e os melhores desejos.
Tais

domingo, 17 de dezembro de 2017

Final de ano e os filhos: importantíssima reflexão

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Final de ano é hora de colocar na balança as conquistas e o que ficou por trabalhar. Nas escolas é o momento dos conselhos de classe, relatórios e boletins. Chegou a hora, enfim, das decisões importantes.

Se as avaliações ocorreram processualmente, ao longo do ano letivo, família, escola e aluno podem olhar para os resultados como uma consequência natural de suas ações.

No entanto, quando no balanço de fim de ano observa-se que as coisas na vida escolar do aluno não ocorreram como deviam, um sentimento de fracasso toma conta de pais e professores e uma pergunta inevitavelmente se coloca: afinal, de quem é a culpa?

Antigamente, não havia dúvida a esse respeito: pais e mestres, cientes de seu dever cumprido, castigavam e reprovavam as crianças e os jovens, sem maiores discussões. Aqueles que insistiam em ser maus alunos, muitas vezes, eram retirados da escola por seus familiares e colocados no mercado de trabalho, para exercer funções condizentes com o grau de escolarização que haviam conseguido atingir. Ou as escolas os expulsavam.

Nos dias atuais, no entanto, nos parece que o desempenho escolar preocupa mais as famílias (por não terem cumprido corretamente o seu papel, sendo assim, reprovados, socialmente, na função paterna e materna) e as escolas (por não terem conseguido ensinar adequadamente, apesar das inúmeras revisões de planejamento, das diversas formas de intervenções individualizadas, das reuniões com os especialistas, etc.), do que os próprios alunos que, em tese, deveriam ser os maiores interessados.

Desse modo, enquanto os adultos ficam à procura de motivos para descobrir quem é o culpado, algumas crianças e jovens lavam as mãos, retirando-se de cena, como se aquela situação não tivesse nada a ver com eles, com sua postura frente aos estudos e ao futuro.

Esse quadro remete provavelmente à nossa dificuldade em permitir que as crianças e os adolescentes sofram as consequências de suas ações que, muitas vezes, implicam perda, sofrimento e dor.

Decidir sobre a aprovação ou reprovação de um aluno não é tarefa fácil para ninguém. Até porque, nos dias atuais temos claro que o processo de aprendizagem é algo complexo que não deve ser medido somente pelas notas obtidas nas provas.

No entanto, como foi dito no inicio do texto, se o processo de avaliação foi pautado em ações do cotidiano escolar, deixando claro para o aluno o que precisava aprender e produzir ao longo do ano letivo, ele poderá perceber que, apesar dos pais e dos professores estarem envolvidos e desejando sinceramente auxiliá-lo nessa etapa de vida, há uma parte nesse caminho que só ele pode realizar.

Carla uma exuberante adolescente de 15 anos, muitos amigos, garota popular, agenda lotada com baladas e eventos. No decorrer do ano letivo, esse excesso de exuberância e diversão, começou a atrapalhar sua vida escolar: lições não entregues, trabalhos negligenciados, notas baixas nas provas.

A escola, percebendo, que essa euforia de Carla poderia lhe acarretar sérias consequências, passou a sinalizar tanto para ela quanto para os seus pais a necessidade de se colocar limites para que lhe sobrasse energia para os estudos.

Nessas conversas podia-se observar a dificuldade que seu pai e sua mãe tinham em contrariá-la em seus desejos adolescentes, sempre tão fortes e urgentes:

…. como assim? É a festa da minha melhor amiga;

… todo mundo vai, mano! Só vocês que não me deixam;

…não estou entendendo…vocês vão me impedir de ir nesse lugar maravilhoso???? Nunca mais vai rolar isso na minha vida!!!

…mãe, hoje não vou estudar, lembra? Eu falei sim! Combinei com todas as minhas amigas que a gente ia ver a roupa para a festa…claro que eu avisei…tenho culpa que você não presta atenção.

Como previsto, Carla ao finalizar o ano, pegou muitas recuperações e estava na eminência de ser reprovada. Os pais mais do que depressa providenciaram uma agenda lotada de aulas particulares. Em algumas matérias, no entanto, não obteve a nota necessária, indo para conselho de classe, sendo reprovada pela maioria dos seus professores.

A reação tanto dos pais quanto da menina, diante de tal resultado, foi de surpresa, indignação e vergonha. O pai e a mãe, por sua vez, ao verem a filha entristecida queriam arrancá-la desse estado emocional o mais rápido possível, desse modo, foram à escola conversar com o coordenador e o diretor, na busca aflita de reverter esse quadro; posto que não aguentavam ver a filha naquele estado de tristeza. Optaram, então, por uma reavaliação em outra instituição que a promoveu para o ano seguinte.

Será que tirá-la rapidamente da dor e da tristeza foi a melhor solução? Será essa uma forma adequada de nós adultos ajudarmos as crianças e adolescentes a se implicarem em sua própria vida e com as consequências de seus atos?

No sensível filme da cineasta Anna Muylaert, A que horas ela volta?, exibido nas telas de cinema, em 2015, Fabinho um adolescente pertencente a uma família abastada, ao não passar na primeira fase do vestibular, apesar de todas as condições externas favoráveis para obter sucesso nessa empreitada, diante de seu sofrimento, os pais aliviam a frustação do filho ofertando-lhe um intercambio fora do país.

Temos assistido cada vez mais cenas parecidas como essa mostrada no filme, pois vivemos um bombardeio midiático que busca enaltecer a necessidade de se evitar qualquer vestígio de infelicidade ou frustração de nossas vidas ou da dos nossos filhos. Somos escravizados, assim, pela tirania dos nossos desejos, que nem sempre consideram a realidade, nos tornando seres humanos frágeis, insatisfeitos e pouco resilientes. Seres humanos com pouco espaço interno para pensar, refletir e construir conhecimentos, atos, esses, pessoais e intransferíveis, tão necessários para o enfrentamento complexidade da vida.



Maria Cristina Labate Mantovanini e Patricia Torralba Horta
https://reflexaoedigestao.wordpress.com
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Questões profundas..como as crianças e jovens podem descobrir quem são sem a ajuda dos pais e professores?
A criança descobrirá a si própria se o ambiente no qual ela vive ajudá-la a fazê-lo. Se os pais e professores estiverem realmente preocupados que essa jovem pessoa descubra quem ela é, eles não a forçarão; criarão um ambiente no qual ela poderá vir a se conhecer.
Se sentirem que é importante para a criança descobrir sobre si mesma e que ela não o conseguirá se for dominada por uma autoridade, vocês não ajudariam  a formar um ambiente propício? Trata-se, novamente, da conhecida atitude: diga-me o que fazer e eu farei: Não falamos: "Vamos resolver juntos." O problema de como criar um ambiente no qual a criança possa ter o conhecimento de si mesma preocupa todos - pais , professores e as próprias crianças. Mas o autoconhecimento não pode ser imposto, a compreensão não pode ser forçada;  e se isso for um problema vital para vocês, para pais e professores, então juntos criarão escolas adequadas. 

Mas lembremos: a educação inicia-se em casa.
A função da educação é ajudá-los desde a infância a não imitar alguém, mas, sim, a ser vocês mesmos o tempo todo. E isso não é fácil de ser feito. Se são feios ou bonitos, invejosos ou ciumentos, sejam sempre o que são, porém com consciência. Ser vocês mesmos é muito difícil, porque se consideram desprezíveis, e pensam que se não puderem simplesmente transformar o que são em algo nobre seria maravilhoso; mas isso nunca acontece. porém se olharem para o que realmente são e compreenderem isso, então ocorrerá nessa compreensão uma transformação. 

Portanto a liberdade não está em tentar ser algo diferente, em fazer aquilo que gostariam, em seguir  um exemplo de tradição, de seus pais, do seu guru, mas em compreender o que vocês são a cada momento.
Essas mudanças inicia-se nos pais, e que, por consequência, manifestar-se-á nos filhos. Afinal os filhos são filhos de quem? De que família? De que histórias?
Pensemos ... 
Boa semana
Tais


domingo, 10 de dezembro de 2017

Perder pais nos torna mais velhos.



"Minha mãe morreu. Repito a frase de Mersault sem a indiferença da personagem de Camus. Pelo contrário. O redemoinho de emoções foi inédito na minha vida. Uma dor psíquica e física, um encolhimento da percepção do mundo e fechamento em torno de uma cela de chumbo.

Eu havia sofrido muito, há sete anos, com a partida do meu pai. Meu coração sangrou por anos. O tempo fez a dor sair da posição de protagonista e aninhar-se nos bastidores. Ainda choro, especialmente quando leio uma carta dele ou vejo uma foto. Hoje meu pai dialoga comigo no silêncio e, de quando em vez, até sorrio pelas memórias.

A data do falecimento dele era o horizonte maior da minha possibilidade trágica. O gráfico acaba de se ampliar. Meu coração sangrou naquele dezembro de 2010. Agora perdi minha mãe. Parece que perdi o coração, que ele foi enterrado, que o próprio ato de sentir estava ligado a ela.

Revivo sensações antigas. Perder pais nos torna mais velhos. É, de fato, o início da vida adulta. Acabo de ficar órfão total. Não ser mais filho muda nossa posição na ordem do mundo. A fila andou. A quem recorrer com a certeza do amor incondicional?

Explico melhor. Nunca tive qualquer medo de morrer. Testei o princípio muitas vezes em acidentes e situações de risco. Parece-me natural encerrar a vida como ser biológico que sou. Um dia, meu diligente bisavô faleceu. Era um homem trabalhador e muito respeitado. Estudei-o na árvore genealógica da família, mas seu passamento há 85 anos não deixou rastros fora de arquivos e lápides.

Sei que a morte da minha mãe, a minha ou de qualquer pessoa passará por completo. Sempre entendi e aceitei o rito de Quarta-feira de Cinzas: sou pó e ao pó retornarei. Diria até que me conforta não ser imortal e, um dia, cansado, encerrar o combate. Já escrevi que a beleza da flor natural é seu caráter efêmero. A fealdade da rosa de plástico está na sua durabilidade e em sua tentativa de emular a vida pulsante. A flor artificial é um pastiche, pobre coitada. A vida eterna seria insuportável. Nunca tive medo da morte. Lembrando o bom Epicuro, preciso honestamente viver e honestamente morrer. De resto, nunca encontrarei a morte: enquanto eu for, ela não será, quando ela surgir eu deixarei de ser, dizia o filósofo em carta a Meneceu.

Sobre o que choro? A viagem no trem da vida está ficando com menos passageiros conhecidos. Os que embarcaram na mesma estação estão partindo. Os Karnais que vieram ao mundo na década de 1990 ou no século em curso têm sobrenome, genética, olhos, idiossincrasias e outras coisas absolutamente da família. Porém, pertencem a outro mundo, com outra história, e apresentam um futuro distinto. São hoje o que fui para meus tios e avós: sangue e sobrenome, mas extrato de outra cepa e broto de outra rama. Os jovens trazem vida, porém outra vida, desconhecida e nova, desligada dos liames geracionais da minha.

Reclamo dos lugares vazios no comboio biográfico. Sinto a força do nada que se amplia. Nunca mais abraçar minha mãe. Nunca mais! Que ideia avassaladora! O corvo de Poe abre a asa fúnebre da memória. O lugar dela à cabeceira da sala de jantar para sempre reclamará a ocupante usual. Parece que continuo a apresentar uma peça em um imenso palco e a cada ano sai alguém do elenco.

Tudo remete à memória dela. Estou escrevendo em uma cadeira de avião. Aos 4 anos, voei pela primeira vez, no colo de Dona Jacyr. Lembro-me perfeitamente da cena e tudo parecia seguro porque os olhos azuis de minha mãe sorriam. Antes, nada poderia me atingir, agora tudo pode. Fragilizei-me. Diminuí.

Quando as doenças tomaram minha mãe, nós a cercamos de cuidados intensos como ela sempre prodigalizara a todos. Os últimos anos foram felizes, entremeados pelo lobo sorrateiro da fragilidade física. Todos os sonhos foram cumpridos. Todos os destinos foram visitados. Como muitas mães, ela viu os filhos crescerem e acompanhou, emocionada, a chegada dos netos. Ela saiu deste mundo tendo experimentado a felicidade.

A lição é sempre a mesma: faça com seus pais em vida o que você deseja. Não aumente a dor da morte com a pungência do remorso. Só temos tempo hoje. Depois passa. Consegui dizer infinitas vezes que a amava. Alegro-me de ter demonstrado com meu coração, meu cérebro, meu tempo e minha carteira que ela era fundamental. Sem ao menos esse consolo, seria insuportável o momento. Na UTI, faltando poucas horas para o fim, pude enunciar as únicas coisas importantes: dizer obrigado e que eu também a amava.

Esta é uma coluna melancólica. Não poderia escrever outra agora. Sempre soube que o luto seria intenso porque celebrava o vivido entre nós. A dor da perda é a alegria da vida com sinal trocado. Muito amor gera também ausência que punge. Pior seria não ter amor a perder e nenhuma lembrança a celebrar. Nós superaremos a trilha escura porque Dona Jacyr Karnal criou filhos fortes. Nós continuaremos a andar no mundo. O sol surgirá sempre, indiferente a nossas tragédias pessoais. A noite cobrirá o que nos é caro. Entre um crepúsculo e outro, vivi o privilégio de ter minha mãe.

O desejo tradicional é equivocado: os mortos sempre repousam em paz. Nada mais os aflige. A paz é uma luta para os vivos. Espero reencontrar a minha. Bom domingo para todos que têm mães ao seu lado ou na memória.

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo -03 Dezembro 2017
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Uma bela reflexão...
Bom dia!
Tais

domingo, 3 de dezembro de 2017

Como Ajudar? O posicionamento e o papel do terapeuta de Constelação Familiar.


Constelação Familiar é uma terapia breve criada pelo alemão Bert Hellinger nos anos 70. Esta técnica revolucionou o trabalho da psicoterapia. Ela se faz em apenas uma sessão, onde o cliente escolhe um tema a ser “trabalhado” e o terapeuta (Ajudante) através dos “representantes” (pessoas aleatórias que estão no grupo) monta o sistema familiar ancestral do cliente. Neste campo (onde é estabelecida a Constelação) observamos onde estão os “bloqueios” que estão impedindo o cliente a fluir. Os bloqueios sempre aparecem onde percebemos excluídos naquele sistema familiar. Entendemos como excluídos, pessoas que por um motivo ou por outro estão à margem deste sistema.

Neste artigo vamos nos deter a ver o papel do terapeuta numa Constelação Familiar.

Estamos numa profissão em que lidamos com o ser humano num processo de Ajuda, de colaboração ao outro; e muitas vezes nos pegamos num papel de achar que temos a resolução daquela problemática em nossas mãos, o que é um erro. Vejamos um trecho escrito pelo Bert Hellinger que nos mostra como o terapeuta de Constelação Familiar deveria se basear, chama-se, Sabedoria.

…O sábio concorda com o mundo tal como é,

Sem temor e sem intenção.
Está reconciliado com a efemeridade
E não almeja além daquilo que se dissipa com a morte
Conserva a orientação, porque está em harmonia,
E somente interfere o quanto a corrente da vida o exige.
Pode diferenciar entre:
É possível ou não, porque não tem intenções.
A sabedoria é o fruto de uma longa disciplina e exercício,
Mas aquele que a possui, a possui sem esforço.
Ela está sempre no caminho e chega à meta,
Não porque procura,
Mas porque cresce…”

Ajudar é uma arte que pode ser aprendida. Também faz parte dela uma sensibilidade para compreender aquele que procura ajuda, portanto a compreensão daquilo que lhe é adequado, daquilo que se ergue acima dele (o cliente) mesmo, para algo mais abrangente. Muitas vezes a solução de uma Constelação, e o processo de ajuda do terapeuta está na sabedoria de perceber o que é melhor e o que a “alma” está precisando ou necessitando como experiência.

Esta técnica serve à alma e não ao ego. Na maioria das vezes o que o cliente busca é muito mais profundo do que ele fala e pede. Na verdade, o terapeuta precisa aprender a desenvolver habilidades para conseguir entrar no campo da Constelação e ver e dar o que de fato àquela alma necessita.

Estas habilidades são descritas como:

Observação, percepção, compreensão, intuição e sintonia.

Observação: Olhar além do que está vendo, ver detalhes de forma aguçada e exata, onde nada escapa.

Percepção: Ela é distanciada do objeto de observação. Percebemos simultaneamente os detalhes e o conjunto. O terapeuta deve estar dentro do campo mas não envolvido com ele.

Compreensão: A compreensão necessita da observação e da percepção. Compreensão é entender não com a mente mas com a alma, com a essência, sem julgamento podemos mergulhar no essencial para o cliente.

Intuição: É quando nos abrimos para além da compreensão. É muitas vezes o que nos conduz para o próximo passo.

Sintonia: Ela é um nível de vibração, onde eu me “afino” com a vibração do cliente, e com tudo que vem dele, principalmente sua ancestralidade.

Para que aconteça o desenvolvimento de uma Constelação Familiar, o terapeuta além de necessitar se abrir para o desenvolvimento dessas habilidades descritas acima, ele deve respeitar ordens que o Bert Hellinger acredita que seja a base para o terapeuta de Constelação, o que ele denominou ordens da ajuda.

Ordens da ajuda são, portanto, leis ou princípios que devem presidir nossos comportamentos como terapeutas. São elas:

1º ordem: Dar apenas o que temos – Tomar aquilo que somente necessitamos. Não agir – Mostrar o que está ali.

2º ordem: Só ajudar quando o cliente permitir.

3º ordem: Se colocar no lugar de terapeuta e nunca dos pais do cliente. Dar aos pais do cliente, portanto, um lugar de respeito.

4º ordem: Não olhar só para o cliente, mas sim para todos, daquele sistema. O cliente não deve ser visto com um ser isolado.

5º ordem: Estar a serviço da reconciliação – Sobretudo com os pais.

Para isto o terapeuta necessita principalmente de romper com preconceitos, julgamentos, conceitos conhecidos e pré determinados, indignação moral em todos os níveis e condenação.

Isso faz você estar capacitado não só, para ser um terapeuta de Constelação para a ajuda, mas antes de tudo, um ser humano mais capacitado para a vida.
Celma Nunes Villa Verde Terapeuta de Constelação Familiar
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Você está pronto para as “Novas Constelações?”

"Numa “Constelação Familiar Tradicional”, o cliente escolhe um tema que esteja o afligindo naquele momento em sua vida, porém nas “Novas Constelações” não há um pedido, não necessitamos de um motivo aparente para constelar. Neste caso, o que é importante vem à luz. Assim, configuramos um representante para a pessoa (cliente) e vemos o que acontece, sem nenhuma palavra, estamos em outro nível dimensional, onde não queremos nada, onde não temos nenhuma intenção. Em pouco tempo tudo vem à luz e se torna claro, sem se falar nada. Chamamos de movimento das forças criadoras. Sem pergunta, sem objetivo, os representantes sendo levados para outro nível paradimensional. Quando o cliente está em paz, terminamos o trabalho sem dizer nada.

Para onde nos leva esta força? Para várias possibilidades.

Nas “Novas Constelações”, o problema principal que estava inconsciente para a pessoa, se revela, é trabalhado, e assim, ela pode seguir em frente.

A pergunta que cabe aqui é: o que acontece com o terapeuta? Como fica o ego do terapeuta diante da única verdade que é a de revelar o campo e se retirar, diante da impotência de tal revelação sem poder sequer traduzir esta imagem que se revela ali. Terá que estar muito maduro e muito à serviço de uma força maior.

E o cliente? Está pronto e maduro para se entregar a uma escolha desta?"                                                                  (Celma Nunes Villa Verde)

Nem sempre o terapeuta está pronto... mas tudo está certo! Cada um tem seu momento...assim como o cliente também sempre encontra o terapeuta que ele necessita.
Nesta seara o processo de auto conhecimento é uma premissa importantíssima para a qualificação do terapeuta, pois sem isso não partiremos para algo mais profundo.
Boa semana
Tais

domingo, 26 de novembro de 2017

Deixar ir é revolucionário.


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“Eu sofri por muitas catástrofes na minha vida, a maioria nunca aconteceu.“ A frase do escritor americano MarkTwain. Mas podia ser minha. Ou sua. Quanto ansiedade e sofrimento evitaríamos simplesmente nos livrando dos pensamentos que antecipam problemas e conflitos… Que nunca acontece. Ou, se acontecem, são menores e menos dramática do que suponhamos. Aquietar a turbulência mental deflagrada diante de uma situação difícil é uma das pequenas grandes revoluções pessoais que podemos fazer para viver e trabalhar melhor. Não é fácil calar a voz interna. Ou torná-la mais gentil. Trata-se, afinal, de um recurso de sobrevivência. O Homo Sapiens desenvolveu habilidades de associar eventos presentes e passadas para imaginar (e se precaver de) consequências futuras.

Na vida Moderna, a ferramenta de proteção da espécie virou combustível de ansiedade. No ambiente de trabalho, atinge principalmente as mulheres (que costumam ser implacáveis consigo mesmas) e é uma faísca para o bornout. “ Quando colocamos atenção no aqui agora, interrompemos a espiral dos pensamentos que ampliam atormenta emocional das situações difíceis e recuperamos a clareza para raciocinar” afirma a jornalista e criadora de um programa de Mindfulness , Regina Giannetti. Mindfulness, explica, “ É um estado de consciência que você se coloca quando observa a sua experiência com atenção plena“. Em outras palavras, é o que você sente ao focarem exatamente naquilo que está fazendo. “Imagine que cometeu um erro no trabalho“, diz Regina. “Nossa voz interna trata de antecipar arreveses — o desapontamento do chefe, perda de uma promoção o bônus, o dano na imagem etc“. A Escalada pode chegar até a demissão… Imaginária. “O melhor em interromper a progressão dos pensamentos. Não julga-los,não combatê-los, apenas deixá-los ir.” E voltar ao momento presente. “O que é possível fazer?“ Se a resposta for nada, que seja nada então, página virada.

Aprender a deixar ir a um poderoso antídoto ante-stress, necessária ambientes competitivos. Exige disciplina, comprometimento e Auto compaixão. A prática diária, baseada nos princípios milenários da meditação, consiste em parar, sentar, respirar e permanecer, Por certo tempo, como observador de si mesmo. Quanto mais nos dedicarmos a essa “malhação cerebral”, mas aprenderemos a identificar certos padrões. “Eu sempre penso nisso. E, por que reagiu assim?” “Porque tal pessoa ou situação me deixa nervosa?” Reconhecer modelos negativos é o primeiro passo para mandá-los. Nisso se funda a Neuro plasticidade, a capacidade da mente de se adaptar.

Um exemplo bem prático: se passou muito tempo com raiva ou medo, meu cérebro entende que a saia é super utilizada e, portanto, deve ser “abobada“. Em um processo chamado de poda sináptica, que acontece enquanto dormimos, a “jardinagem cerebral“ se encarrega de estimular as áreas que estamos usando ele reduzir as que entendi como “sem uso“. A poda não tem juízo de valor. Mas nossa consciência, sim. Ela nos leva a oportunidade de escolher como vamos nos comportar. Não é automático nem receita de bolo; é uma reflexão importante. Podemos optar para sofrer menos e trabalhar com mais leveza. E deixar ir o resto.
Cynthia Almeida-jornalista

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Chega a ser paradoxal...quando "solto" a pretensão tudo acontece.
Experimente aceitar tudo que é...como é...e sinta a delícia de poder desfrutar daquilo que nos cabe!
Todos viemos para servir á algo. A que sirvo? 
Para "ver e sentir" faz-se necessário soltar.
Boa semana
Taís

domingo, 19 de novembro de 2017

Sagrado e Profano


O mês de novembro traz um convite para penetrarmos nas entranhas de nossa humanidade. Não se deixe guiar pelo medo de sentir medo.

Até 22 de novembro estaremos sob influência do signo de escorpião, e além da presença do sol em Júpiter, Vênus também entra nessa constelação.Portanto, nesse ciclo vamos aprender a linguagem do oitavo signo zodiacal, que nos instiga a atravessar o estreito caminho entre o sagrado e o profano, e que ensina que é na tensão entre os dois que a vida acontece.

 Conta um mito milenar que o semideus Hércules teve de passar por 12 grandes provas -cada signo do zodíaco -para aprender sobre sua natureza divina. Na oitava precisou enfrentar um monstro de nove cabeças (só que surgiu uma décima, imortal). E, cada vez que ele tentava cortar uma das cabeças, duas outras cresciam no lugar! Hércules por fim, consegue vencer o monstro no momento em que se ajoelha perante ele e o tira  do solo e levando-o à luz. 

Hoje, talvez, não nos sintamos tão heroicos assim, afinal, já não há mais bestas e dragões por aí. No entanto, enfrentamos monstros enfurecidos todos os dias. A grande questão é a tal cabeça imortal, que representa a realidade da morte e de onde surgem todas as outras cabeças. É no momento em que descobrimos que um dia morreremos que nos tornamos diferentes de todos os outros reinos da natureza, nos reconhecemos humanos e passamos a nos sentir ameaçados pelo tempo.  É nesse momento também que percebemos que absolutamente tudo está nossa disposição. E então, o que acontece? Nós percebemos nus, nos envergonhamos e criamos regras para que nos dizem o que podemos ou não utilizar do que foi oferecido. 

Nascem o Profano e o Sagrado, e, com eles, surgem as nove cabeças da besta: a sexualidade,  que diz para a morte que ela nunca vai vencer, (já que há a procriação); o dinheiro, que garante a ilusão de ganhar mais tempo; o controle, que nos leva a manipular o outro; orgulho, que não permite discernimento;a separatividade, que nos coloca na solidão das grandes certezas; a desconfiança, que não permite enxergar inocência; a ambição, que nos faz insatisfeitos; o ódio, que nos torna amargos; e o medo da luz própria, que nos faz parar nas mágoas do passado para não assumirmos responsabilidades sobre nossos talentos.

 Olhando assim até parece que tudo é profano e gera dor, mas ouso dizer que só é profano aquilo que não é feito com amor. Ame a tua sexualidade que ensina sobre o prazer de saber se é humano, onde o dinheiro que vem do trabalho que te faz sentir vivo, controle pensamentos e palavras para que sejam mensageiros da sua verdade, orgulhe-se do seus talentos, confie no bem que te habita, conhece-te a ti mesmo, coma um brigadeiro, adoce sua vida, brinque! E doe ao mundo aquilo que é único em ti. 

Será que conseguimos? As vezes sim, as vezes não, mas escorpião nos estimula a tentar. O grande temor não é de morrer, mas de chegar ao fim sem termos realmente vivido. Que neste mês nos dediquemos a viver intensamente esperando a chegada de Sagitário para que o centauro nos conduza ao momento presente. 
Revista Bons Fluídos-Fernanda Zanine-nov/17
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É possível separar o mundo dos otimistas e pessimistas? Essa organização seria uma maneira bem restrita de definir as pessoas, afinal, todos somos otimistas em algumas situações e pessimistas em outras.
No entanto, te convido a aproveitar as bençãos do novo ciclo, abrir os braços para aos céus e escolher para qual dos lados quer pender. Ao declinar-se para a ala do bem, receberá os bons ventos que já estão fluindo pelo ar com a fé inabalável de que tudo está seguro e caminha para para um resultado feliz.
Mas atenção: antes de pular de alegria, cuide-se e não espere que o céu tudo sozinho-vitória também se conquista.Ter fé e confiança, pensando em tudo de bom que poderá vir, ajudará, e o primeiro passo é sentri dentro de si a possibilidade e a convicção de que vai vencer.
Me despeço então, com saudações sinceras, amplas , prósperas e generosas a você. Boa sorte , lembrando que "tudo acontece primeiramente dentro de cada um de nós, na mente. O restante é apenas realização de nossos pensamentos.
Tais

domingo, 12 de novembro de 2017

Pai e mãe não se separam

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"Para os filhos, seus pais continuam sempre juntos como pais. Separam-se como casal, às vezes vivendo sob o mesmo teto, mas não se separam como pais.

Por isso, quando há filhos, é especialmente importante finalizar as relações anteriores com atenção e cuidado. Um dos grandes anseios dos filhos é ter os dois pais juntos no coração, não importa o que fizeram ou o que aconteceu, sem precisar tomar partido por um dos dois ou se alinhar com um contra o outro (como infelizmente ocorre frequentemente, com penosas consequências).

Onde começam os problemas?

Há frases ou mensagens dos pais, explícitas ou implícitas, que prejudicam terrivelmente seus filhos: “Filho(a), não ame seu pai/mãe, despreze-o(a) como eu e, acima de tudo, não seja como ele(a)”, ou “Filho (a), não queira entender como eu pude amar seu pai/mãe, você é melhor que ele(a).”

Mesmo que não se verbalizem, esses e outros pensamentos parecidos às vezes, são verdades internas para os pais e nutrem a atmosfera familiar de dinâmicas fatais para a tríade relacional mais importante de nossa vida: a tríade pai-mãe-filho.

Recordemos que os filhos não dão tanta atenção ao que os pais dizem, e sim ao que os pais sentem e fazem.

A verdade de nossos sentimentos pode ser negada ou camuflada, mas não pode ser eliminada, portanto, age e se manifesta em nosso corpo. É importante que trabalhemos com nossa verdade e, caso ela gere sofrimento em nós ou em nossos filhos, que tratemos de transformá-la.

E onde começa a solução?

Para o bem do futuro dos filhos, é fundamental que eles estejam bem inseridos no amor de seus pais e que estes consigam se amar, pelo menos como pais de seus filhos.

Não é algo tão raro se pensarmos que, na maioria dos casos, um dia se escolheram e se amaram como casal, e os filhos chegaram como fruto e consequência dessa escolha e desse amor.

Além do mais, quando é possível, é maravilhoso amar o outro progenitor. Eu sempre me surpreendo ao ver como alguns pais e mães se dirigem aos seus filhos passando por cima do outro parceiro.

Essa atitude, que pode parecer razoável, às vezes (a infelicidade costuma chegar vestida de roupagem argumental impecável, mas isenta de amor que nos faz bem), não ajuda os filhos.

Eles não precisam ser os mais importantes; ao contrário, precisam sentir que os pais estão juntos como casal permitindo-se uma recíproca primazia diante dos filhos.

Primeiro o casal, depois os filhos.

Quando um filho é mais importante que qualquer pessoa para um dos pais, isso não é um presente para ele, e sim uma carga pesada; não é adubo, mas seca disfarçada de encantamento. Os filhos não precisam se sentir especiais nem têm de ser tudo para os pais. Isso é demais.

É frequente que um pai projete em seu filho aquilo que lhe falta em seu companheiro ou nos próprios pais, ou aquilo que faltou em sua família de origem, ou aquele sonho que não pôde realizar. E que o filho, por amor, aceite o desafio.

A preço, claro, de sua liberdade e da força para seguir o próprio caminho.

E tudo sai melhor quando têm o apoio de seus pais e antepassados, e quando estão em paz com eles. No entanto, sofrem quando um dos pais despreza o outro ou ambos se desprezam mutuamente, ou quando têm de se envolver excessivamente com um dos dois ou com os dois.

Se os pais se desprezam, para o filho é difícil não desprezar a si mesmo e não parecer a pior versão que o pai ou a mãe traçou do outro progenitor, pois, no fundo, um filho não pode prescindir de amar os pais e não deixa de fazer acrobacias emocionais para ser leal a ambos, inclusive imitando seu mau comportamento, ou seu alcoolismo, ou seus fracassos e desatinos.

“Filho, continuo amando seu pai em você; em você continuo vendo-o e respeitando-o”; “Filha, você é fruto de meu amor e de minha história com sua mãe, e vivo isso como um presente e uma bênção”; “Filho, respeito o que você vive com seu pai/mãe, mais que isso é demais”. Essas e outras frases parecidas alimentam o bem- estar e o regozijo dos filhos.

O que ajuda, portanto?

Que os filhos recebam um dos maiores presentes possíveis em seu coração: ser amados como são, e muito especialmente que por meio deles seja amado o outro progenitor, porque assim os filhos se sentem completamente amados, já que, de uma forma sutil e ao mesmo tempo muito real, um filho não deixa de sentir que também é parte de seus pais."
Joan Garriga em
O amor que nos faz bem – Editora Planeta
 Consulta em https://iperoxo.com
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O relacionamento dos pais com os filhos é importantíssimo para o desenvolvimento e o sucesso destes.
Existe por parte dos filhos um amor profundo e cego, que é leal aos pais, custe o que custar. Por conta disto eles captam os conflitos dos pais, mesmo que não haja  manifestações de desafetos frente aos mesmos. Este amor pode impedi-los de ir para a vida de uma maneira saudável e próspera. Então, aí reside uma responsabilidade enorme dos pais no sentido de seguir a relação parental de maneira positiva, mesmo com o término ou não do relacionamento.
As Constelações (Bert Hellinger)atuam de maneira muito positiva na resolução das dificuldades, ajudando a olhar essas questões que aparecem nos relacionamentos, com amorosidade, além de perceber tudo que envolve estas manifestações, considerando que ela apresenta o que está oculto e muitas vezes nem percebemos (conscientemente).
Tais

domingo, 5 de novembro de 2017

Concessões, uma forma de evitar atritos

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O que leva muitos homens (e mulheres) a aceitar as explicações do cônjuge que chega tarde do trabalho? Não seria mais natural esperar que o companheiro entendesse o nosso cansaço e nos recebesse com carinho redobrado?

Por que nos sentimos na obrigação de participar daquele almoço de domingo com a família se preferíamos ir ao cinema, acordar às 2 da tarde ou encontrar nossos amigos?

Que direito tem o namorado de censurar o comprimento do vestido da namorada? E por que ela concorda em mudar de roupa, interpretando a implicância dele como uma prova de amor?

A reposta a todas essas perguntas é uma só: para evitar atritos com aqueles que amamos.

Fazemos muitas coisas contra nossa vontade porque não temos coragem de arcar com as consequências de um enfrentamento. Tememos as rejeições, as críticas diretas, o julgamento moral.

Temos medo do abandono e da condenação à solidão. Preferimos, então, catalogar essas pequenas concessões como perdas menores e seguimos a vida sem pensar muito nelas.

No entanto, ao longo dos anos, a soma de restrições à nossa modesta liberdade cotidiana se transforma num conjunto compacto de mágoa e frustração, que acaba deteriorando os relacionamentos.

Crescemos com a ideia de que ficar só é doloroso, além de socialmente reprovável (tente jantar desacompanhada num restaurante badalado!). Esse equívoco tem levado muita gente a se prender a um casamento falido ou a um namoro doentio.

Quando a relação acaba e somos impelidos a viver sozinhos, temos a oportunidade de experimentar pequenos prazeres solitários: tomar conta do controle remoto da televisão, dormir com três cobertores, ir ao cinema duas vezes num único domingo, usar aquele vestido bem decotado.

Muitas vezes só essa vivência nos dá a chance de avaliar o quanto eram duras as restrições que aceitávamos passivamente. A descoberta nos deixa menos tolerantes às exigências possessivas, ciumentas e por vezes invejosas impostas pelos elos afetivos usuais.

Junto com a mudança vem a pergunta: “Será que estou ficando egoísta?” Não. Temos o direito de criar uma rotina própria e diferente da praticada por vários grupos familiares e sociais.

Quando somos capazes de compreender o lado rico de estar só, quando perdemos o medo de nos defrontar com nossa solidão, rebelamo-nos contra muitas das pequenas e múltiplas regras de convívio. Então nos tornamos mais livres, inclusive para recompor as bases dos relacionamentos que nos aprisionam.

As normas terão de se ajustar aos novos tempos, passando a respeitar mais a individualidade recém-adquirida e a liberdade que vem junto com ela. Impossível abrir mão de uma conquista tão prazerosa.

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"Medo do amor tem aquele que não ama. No próprio amor esquecemos o medo. É como na guerra. Os que estão atrás têm medo. Os que estão na linha de combate não têm medo. Vá até a primeira linha.
    Mais algo sobre o medo: o medo nasce de uma ideia. Para ter medo do amor é preciso desviar o olhar de quem se ama. Se você olhar, o medo desaparece imediatamente. Portanto, o medo é a pequena felicidade."
Bert Hellinger em A Fonte Nào Precisa Perguntar Pelo Caminho
O movimento de concessões precisa ser interrompido... e como fazer? Talvez uma metáfora clareie algo:
O movimento deve ser interrompido. O reconhecimento da concessão e a interrupção exigem muita coragem para o totalmente novo. Quando a interrupção dá certo, surge aí uma conquista especial. 
A interrupção não dá certo simplesmente deixando-se levar pela correnteza. Devemos retroceder... Em vez de nadar na correnteza, podemos ir até as margens, olhar a correnteza até compreender o velho padrão e reconhecer o novo e, então decide-se o que fazer.
Este é um processo de amadurecimento, que ao contrário daquilo que imagino, só acontece quando busco, quando me incomodo realmente!
Uma ótima semana.
Tais

domingo, 29 de outubro de 2017

A mudança de cada um

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"Todos temos em nossas vidas momentos de alegria e momentos de dificuldades. Quando tudo vai bem, compartilhamos alegria e felicidade com os que nos cercam.

Porém, nos momentos mais difíceis, quando estamos cercados por desafios, por diversas vezes queremos nos livrar dos problemas, mas sem enfrentá-los. Desejamos que eles sumam, e que assim, possamos voltar ao que consideramos normal: ser feliz.

Se o sofrimento percebido é maior que o prazer que nos sentimos intitulados a ter, passamos a procurar por soluções que efetivem mudanças rápidas, e que nos faça retornar ao que percebemos como bom. Ficamos nervosos com a dificuldades. Queremos excluí-las.

Queremos nos livrar do que consideramos ruim e viver só dentro do que está ligado à felicidade. Mas ao negar os desafios, negamos tudo de bom que ele traz para nossa vida.

A exclusão da dificuldade
As dificuldades que surgem em nossa vida é algo que nos pede atenção e que é importante ao nosso desenvolvimento. Ao acolher o que se apresenta, estamos dando alguns passos adiante no nosso processo de viver e no nosso caminho de melhora pessoal.

Em seu livro “Purificação Emocional”, o autor John Ruskan diz que tudo que negamos se torna mais forte e presente em nossa vida. Dessa forma, ao tentar fugir do que nos é difícil, simplesmente aumentamos nossa exposição ao problema e sua influência sobre nós.

Ruskan diz que devemos convidar, em nossos interior, o que nos assusta e nos causa dificuldades para um acolhimento sem julgamento. Aceitamos que sentimos raiva, rejeição ou qualquer outra dor emocional estejam conosco e silenciosamente, percebemos para a informação para qual o sentimento aponta.

Ao darmos espaço para que o que faz parte de nós se apresente, aliviamos o corpo do seu trabalho de nos mostrar o caminho e então podemos ouvi-lo.

Essa escuta nos direciona o olhar e ajudar o corpo a liberar a energia que se encontra por trás do sentimento. Assim, nos organizamos e ficamos melhores com o que faz parte de nosso destino.

Sobre a aceitação
Na constelação familiar, a aceitação ao destino é um ponto chave para os movimentos internos de mudança.

Temos em nosso sistema familiar histórias que por algum motivo não aceitamos. Por vezes por criar conflitos com nossos valores pessoais, outras por estarmos diretamente expostos à ação.

Sofremos as consequências por não aceitar. A não aceitação dos destinos difíceis é como uma pedra que bloqueia a vazão de um riacho, fazendo que suas águas parem de correr e fiquem represadas.

Esse é o fluxo da força do nosso sistema familiar. Ao não aceitarmos pontos de nossa histórias, acabamos por prejudicar que os aprendizados e forças positivas também cheguem até nós. É como se o sistema ficasse represado, com o fluxo normal alterado.

Quando não aceitamos, paramos de nos relacionar com a nossa própria história, perdendo acesso ao muito do que há positivo na história dos nossos antepassados.

E então, nós sofremos de forma dupla: por não aceitar e porque isso acaba por trazer mais dificuldades pra nossa vida.

O que a Constelação diz sobre as nossas dificuldades?
O psicoterapeuta alemão Bert Hellinger observou que existem 3 leis universais que regem a nossa vida, quer nós saibamos delas ou não. Ele as chamou de leis do amor.

Elas coexistem e não são hierarquizadas, o que significa que todas agem ao mesmo tempo sem exclusão de uma em favorecimento de outra.

A lei do pertencimento diz que todos que fazem parte de um sistema familiar jamais pode ser excluído, ou deixar de pertencer. Quando isso acontece, o sistema fica pressionado na busca da inclusão de quem foi afastado. A pressão transparece em forma de dificuldades de alguns ou todos os membros do sistema, e só se alivia com o retorno do excluído.

Esse retorno muitas vezes não é possível fisicamente, dado que pode ter ocorrido em gerações anteriores que não estão mais vivos. Mas, nós, como continuidades deste sistema, trazemos o excluído ao nosso coração, e o aceitamos como parte de nosso sistema. Essa aceitação transparece em nossas falas e ações, e isso traz alívio ao sistema.

A lei da ordem mostra que aqueles que vieram primeiro em um sistema tem precedência sobre aqueles que vieram depois. A quebra dessa lei causa pressão ao sistema, que busca restaurar o lugar de cada um dentro do grupo.

É comum encontrar o desrespeito desta lei quando mais novos buscam expiar ou “resolver” as dores dos mais velhos. Ao fazer isso, tomam uma posição de superioridade, se “engrandecem” e quebram a ordem do sistema. Ajudas dentro do sistema são possíveis, desde que todos permaneçam em seu lugar. Um filho permanece um filho, mesmo com seus pais idosos que precisam de seu apoio.

A lei do equilíbrio fala da troca igualitária entre o dar e o tomar em pessoas do sistema. Se uma pessoa só toma e a outra somente dá, há um desequilíbrio que precisa ser restaurado. Dessa forma, os membros desses sistema serão pressionados até que o equilíbrio nas trocas seja restabelecido.

Os desequilíbrios nas relações se mostram com rupturas. Alguém em algum momento precisa sair daquele lugar. A “inocência” de quem dá demais se torna um fardo pesado para aquele que toma e não tem como retribuir. As relações resistem através da troca equilibrada, onde todos podem contribuir igualmente. A única exceção se dá no relacionamento entre pais e filhos: neste lugar, os pais dão aos filhos, que retribuem passando o que receberam aos netos. Assim, a vida segue adiante.

A Constelação Familiar revela a dinâmica que atua no sofrimento
Ao seguirmos para um atendimento em constelação familiar e levar o tema que nos causa dor, é possível percebermos qual é a dinâmica que atua no nosso sofrimento e dificuldade. Podemos perceber as repetições de um padrão que nasceu no nossos sistema familiar, e que continuamos a perpetuar cegamente.

A constelação revela, em apenas um único atendimento, fatos e movimentos do sistema que muitas vezes demoram anos para serem percebidos em outros tipos de terapia. Além disso, a experiência de uma constelação é prática, o que permite vivenciar a dificuldade e olhar para sua solução.

Ao observar e vivenciar a dinâmica que age em nossa vida, nosso corpo se empodera de recursos para agir na direção de uma mudança mais madura. As vezes de forma muito rápida, outras vezes de forma lenta. “Nossa alma é lenta e certeira”, disse Bert Hellinger.

Bert Hellinger
O método observado por Hellinger não é mágico nem místico. Há uma ciência que baseia o funcionamento das constelações, além de toda a experiência observada pelo terapeuta alemão. São novos informações, como as trazidas pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake, que vão dando o aval científico a algo que é percebido claramente em nosso interior em um atendimento de constelação sistêmica e familiar.

Ao cliente de uma constelação cabe o papel ativo de agir ao que é percebido em um atendimento, e do seu lugar, tomar as atitudes necessárias para alterar a sua realidade. Esperar pelo solução mágica é a posição da criança que não deseja tomar uma frente ativa em sua vida. Agir é algo que cabe ao adulto. E a constelação familiar pode nos ajudar a alcançar a boa ação."

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Gratidão à Ipê Roxo Espaço Terapêutico, na cidade de Florianópolis, pelos assuntos tão bem escritos.

Você quer constelar um tema? 
Marque seu horário comigo (Curitiba): 
Psicóloga Tais Fittipaldi Bergstein  (CRP 08/1336)
Fone (41) 99962-33012
Boa semana e boas reflexões sobre suas necessidades.
Tais