Depois de tantos planos, sonhos, encontros, desencontros, decepções, expectativas frustradas, necessidades emocionais não satisfeitas, amor e brigas, você consegue coragem e, enfim, está separado. E agora??? Como enfrentar as exigências da vida, o tempo livre, a cama vazia, os finais de semana sem companhia, mas também sem brigas, e se deparar consigo mesmo? Como lidar com a dor e angústia que sente?
É um momento marcado por muita confusão e dúvidas. Vive-se uma alternância de raiva, tristeza e saudade. Raiva pelo que aconteceu e da forma que aconteceu, tristeza por tudo de bom que se viveu e não vive mais, e até pelo que ainda gostaria de viver ao lado dessa pessoa e saudade dos momentos bons. E esquecemos o principal: o real motivo que motivou a separação.
No final de um relacionamento as pessoas tendem a buscar culpados, mas o que importa mesmo é encontrar a causa dos problemas que aos poucos foi se instalando. Conseguir examinar a relação passada com objetividade e serenidade não é uma tarefa simples, principalmente para quem não está acostumado a refletir e analisar suas próprias emoções e sentimentos.
Fugir do que sente não elimina a angústia, mas pode alimentá-la ainda mais. Muitas pessoas recorrem ao uso de álcool, drogas, relacionamentos casuais, comida em excesso ou deixam de se alimentar, como fuga de uma realidade dolorosa, ainda que inconsciente. Mas com certeza, não será negando ou fugindo do que sente que irá se livrar da dor. Deixar que o desespero e as lágrimas tomem conta também não vai ajudar. Tudo isso só irá aumentar seu sofrimento. Nessa fuga incessante de si mesmo, não conseguirá refletir sobre o que sente e o que aconteceu. É hora de acolher suas emoções e analisar com a razão.
Sim, analisar a relação que acabou poderá fazê-lo compreender melhor o que ocorreu e se conhecer mais. É hora de pensar sobre o que está sentindo, avaliar os fatores que influenciaram essa decisão, aumentando a consciência de si e dos próprios limites. O quanto você suportou para manter o relacionamento até aqui?
Lembrar sobre quando a relação começou também pode trazer mais compreensão ao momento presente. Haviam sonhos, desejos, ilusões, que por alguns motivos deixaram de existir. Como isso aconteceu? Será que você queria mesmo esse relacionamento? Cedeu demais para agradar? Deixou de lado valores importantes, mas que agora se tornam importantes? É momento de lembrar dos fatos, comportamentos, o que levou cada um a tomar as atitudes que foram tomadas e identificar em que ponto seu próprio crescimento foi interrompido. E principalmente, identificar em que momento você se abandonou.
Umas das consequências da separação é a solidão, mas será que já não estava só muito antes do término? Quantas vezes você foi sozinho naquele encontro com amigos ou família? Quantas vezes se sentiu só com os próprios sentimentos? Quantas vezes não teve com quem conversar ou sentiu que falava sozinho? Quanto tempo ficou sem receber carinho?
O medo de ficar sozinho pode fazer com que comece muito rápido um novo relacionamento, correndo o risco de repetir todos os comportamentos negativos da relação passada. O mais aconselhável é dar um tempo para encontrar-se consigo mesmo, pois só estará efetivamente saudável para uma nova relação a dois quando for capaz de enfrentar a vida sozinho, a menos que já tenha a certeza de que a relação passada não deixou nenhum vestígio, o que raramente acontece.
É essencial perceber que ficar sozinho pode ter muito aprendizado, como permitir a introspecção, a reflexão dos fatos, e principalmente, um maior encontro com seu verdadeiro eu. Viver sozinho não significa necessariamente sentir-se só. A solidão nasce dentro da própria pessoa, quando ela perde o contato com seu eu interior, negando, fugindo ou reprimindo o que sente. Só se sente sozinho quem abandona a si mesmo.
Pense em quantas coisas você deixou de fazer porque a outra pessoa não gostava ou por falta de tempo? Passado o período de adaptação, poderá descobrir inúmeras coisas que poderá fazer por si mesmo. Ao se separar, irá ter muito mais tempo para fazer coisas que gosta e nem se lembra mais. Por que não visitar amigos, ler aqueles livros que comprou e sequer os abriu, dedicar-se a um hobby, fazer um trabalho voluntário? São pequenas coisas que poderão aos poucos lhe trazer de novo prazer de viver.
De fato, os momentos de saudade e tristeza pelas lembranças do passado são inevitáveis, mas é importante vivê-los consciente de todo aprendizado, e dar ao passado o direito de existir sem que para isso precise destruir o momento presente. Ninguém pode evitar a sensação de abandono e a falta de quem se foi faz em sua vida, mas também ninguém pode te privar que sinta uma força interior que aos poucos irá adquirir ao se permitir estar em paz consigo mesmo. E isso não tem preço!
Rosemeire Zago
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Para que o amor dê certo... o que é necessário?
"O amor dá certo de muitas formas, e essas formas dependem umas das outras. A base para o amor entre o homem e a mulher tenha êxito é necessário que o amor da criança pelos pais e dos pais pela criança. Quando existem dificuldades no relacionamento a dois, isto frequentemente está ligado ao fato de que aquilo que antecede o amor entre o casal ainda precisa de uma solução. Isto porque no relacionamento a dois queremos alcançar algo que talvez não tenhamos conseguido no amor pelos nossos pais. Mas isso não dá certo sem que, primeiramente o amor pelos pais comece a fluir.
Algo mais precisa ser observado para que o amor dê certo. O amor dá certo preliminarmente. É uma fase em um todo maior e aspira uma completude. A completude do amor é a despedida no final. O amor entre o casal é - uma preparação para e despedida no final. O amor é - nas desilusões que algumas vezes traz, nas crises que algumas vezes traz - uma preparação para a despedida. Quando a despedida no amor é vivenciada desde o começo, o amor recebe, face à despedida, algo precioso. Exatamente porque é limitado. Isso também tem que ser considerado.
A troca que o casal faz , assim como num intercâmbio, só aumenta a felicidade, aumenta através das duas necessidades de compensação ( dar e receber e vice versa) e de amor. Esse é o princípio básico da felicidade."
Tais