domingo, 29 de abril de 2018

Algumas frases ditas durante a Constelação: caminhos para a solução

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"Durante o atendimento em Constelação Familiar algumas frases são ditas. Elas ajudam a liberar emaranhamentos do sistema e auxiliam o cliente a ver a raiz das suas dificuldades.

Se você já participou de um atendimento em Constelação Familiar, sabe que durante o processo é comum que algumas frases sejam sugeridas pelo facilitador ou surjam espontaneamente dos representantes.

Estas frases apresentam em si um caminho de solução para a questão, auxiliando o cliente a reconhecer o que afeta e atua em sua vida.

Para quem não conhece a Constelação familiar e não conhece a experiência em grupo, vale saber que essas frases são sugeridas pelo facilitador para serem ditas pelos representantes que participam da dinâmica do tema trazido.

Em resumo, estas frases não são fixas – em alguns atendimentos pode sequer ser necessário a utilização de frases – mas ainda assim é uma ferramenta que comumente auxilia na verificação da origem do emaranhamento familiar no qual o cliente está envolvido.

As frases também sofrem adaptações em cada caso abordado. Esse é um dos preceitos mais importante da Constelação Familiar: cada caso é único.

Ainda assim, é possível perceber que certas dinâmicas ocorrem com mais frequência. E é sobre frases que se aplicam a estas dinâmicas que escrevemos hoje.

Como funciona um atendimento em Constelação Familiar?

O atendimento pode ser realizado em grupo, nos workshops, ou individualmente com auxílio de bonecos e figuras. O cliente traz a sua questão que gostaria de olhar através das Constelações Familiares.

A questão é algo que dói. Não no sentido da dor física – embora isso seja uma possibilidade na constelação de sintomas, por exemplo – mas uma dor emocional. Ou como falamos, uma dor na alma.

Bem conectado com essa questão, o cliente e o facilitador no trabalho em grupo buscam representantes para alguns relacionamentos chaves. Sempre com foco naquilo que influencia o tema: pai, mãe, filhos, companheiro(a), etc.

Os representantes, seguindo as sensações e emoções que surgem em seu corpo, se movimentam.

Nesta movimentação, novas imagens se mostram e apresentam o que está na base da questão do cliente.

Pode ser um afrontamento entre pai e filho. Um parceiro afetivo da mãe ou do pai de um relacionamento anterior. A perda de um filho ou uma exclusão familiar. Uma história trágica que ficou esquecida. Como gostamos de frisar, cada história é única, e elencamos aqui somente exemplos para fins didáticos.

As frases

E quais seriam essas frases, e como elas funcionam?

Elas também são chamadas de ‘ordens da ajuda’. Ao perceber algo que no sistema familiar do cliente se encontra bloqueado, como o relacionamento entre duas pessoas por exemplo, o facilitador sugere uma frase que ajuda a trazer à tona a questão principal da dificuldade.

Com o uso destas palavras, é possível que novos movimentos surjam a partir do momento em que elas foram ditas.

Em nossa experiência, vivenciamos que são frases que tocam em questões profundas da vida e que trazem para todos os participantes o que é realmente essencial.

A frase também serve como uma forma que cliente que trouxe o tema tem de vivenciar pontos que ele prontamente reconhece como fazendo parte de sua dificuldade, mas que ele não conseguia identificar anteriormente.

Essa compreensão acontece em um nível corporal e racional e auxilia o cliente no movimento para a resolução de uma questão que atrapalha sua vida.

Vamos colocar algumas frases que aparecem com certa frequência na constelação e explicar brevemente sobre dinâmicas possíveis que elas podem demonstrar.

Lembramos novamente que esse artigo de forma alguma tenta esgotar as explicações e utilizações de cada frase, mas somente é uma forma de ampliar o conhecimento das pessoas sobre Constelação Familiar de Bert Hellinger.
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Por favor

“Por Favor”: Muitas frases utilizadas nas Constelações iniciam-se com um “Por favor”. A utilização dessa frase permite primeiro ao cliente reconhecer a sua subordinação ao sistema familiar como um todo.

Compreender este fato é uma chance de reconhecer a realidade própria e dos familiares, inclusive naquilo que é difícil. Os conhecimentos trazidos por Hellinger e outros estudiosos das relações familiares mostram que nossa liberdade perante acontecimentos da vida é limitada.

Isso não nos retira a responsabilidade pelos nossos atos, porém nos cede a compreensão maior de tudo que nos influencia.
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“Eu amo seu pai/mãe em você”:

“Eu amo seu pai/mãe em você”: Em relacionamentos entre casais com filhos e que se separam, é possível que as mágoas entre o casal invada o papel de cada um como pai e mãe. Nesse movimento, o filho encontra-se em terreno perigoso, pois em sua alma ele serve com lealdade a seus pais.

A frase “eu amo seu pai/mãe em você” traz tanto pai/mãe para seu lugar, como libera o filho de qualquer necessidade de compensação do papel de um dos seus pais que esteja sendo excluído. 

Isso libera a criança para seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que traz clareza aos pais quanto a seus papéis como os únicos possíveis para que aquela criança exista.
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Eu sigo você

“Eu sigo você”: Essa dinâmica exprime toda a lealdade e amor que existe no sistema familiar. Quando há na história familiar algum destino difícil, é comum observar que alguém da geração posterior toma essa postura “de seguir” o destino de outra que veio antes.

Uma forma de ver isto é na experiência interna e profunda de acompanhar aqueles que sofreram em sua dor, como que fazendo companhia e reafirmando o pertencimento àquela história.

Quando esta dinâmica surge, a frase de um representante para seu familiar é “Eu sigo você”. Isto traz a tona para o cliente seu amor profundo e o significado de um desejo de repetir algo difícil, como que buscando uma compensação do sofrimento vivido por seu familiar.

É também possível perceber os efeitos negativos dessa frase em todo o sistema, pois a repetição acaba trazendo apenas mais peso ao indivíduos do grupo. Uma solução possível é a frase “Em sua honra, e pelo que custou à você, eu faço algo com minha vida.”
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“Você é o pai/mãe certo(a) pra mim”:

“Você é o pai/mãe certo(a) pra mim”: Na continuidade do exemplo anterior, a frase “Você é o pai/mãe certo(a) pra mim” complementa a noção de que aquele filho só existe com aquele pai e aquela mãe.

A mudança de qualquer um dos dois resultaria em um indivíduo diferente. Assim, se há amor pelo filho, é porque há amor por aquele que permitiu que ele fosse gerado. Quando se fala em amor entre casais separados, é disso que se fala.

O reconhecimento de que aquele filho só pode ser gerado no encontro e no amor de um homem e uma mulher especificamente. O fato de o relacionamento não continuar posteriormente não encerra com este encontro profundo.
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“Sinto muito, eu fui muito arrogante”:

“Sinto muito, eu fui muito arrogante”: Essa frase é bastante dita em situações onde a identificação entre familiares é tão extrema, que um deles (geralmente o de uma geração posterior) adota dificuldades de outros como forma de “aliviar” ou “ajudar”.

A constelação vê isso como arrogância pois é uma visão fantasiosa do problema. O resultado prático dessa postura é geralmente o sofrimento de duas ou mais pessoas, sem que nada seja efetivamente resolvido. A frase “Sinto muito” também é percebida diferente da “me desculpe”.

Com a frase “Agora deixo isso com você, com amor”, é possível perceber como essa nova postura emana muito mais força e permite ainda um vínculo saudável entre essas duas gerações que antes estavam conectadas através do sofrimento.
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“Querida Mamãe/Papai, agora eu concordo”:

“Querida Mamãe/Papai, agora eu concordo”: Pais e filhos são um dos relacionamento mais definidores na visão sistêmica de Bert Hellinger. Filhos, em sua alma, estão sempre prontos para defender seus pais da dor e do sofrimento, embora não tenham a capacidade de realmente lidar com isso.

Essa forma de arrogância conduz à sofrimentos que enquanto não trazidos à luz, atuam trazendo uma espécie de peso para o sistema.

Ao ver o que é, em toda sua realidade e perceber seus limites, os filhos se liberam para viver sua vida, para fora daquilo que não lhes pertence e que diz respeito somente aos seus pais.

A frase “Foi difícil para mim, mas agora aceito como foi” é também um exemplo nessa linha, quando algo na história familiar foi muito pesado e como a uma geração que veio depois, só resta ver e aceitar. Isso é lidar com a realidade e os limites impostos por ela.
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“Você também faz parte”:

“Você também faz parte”: Em sistemas com exclusões, como por exemplo o aborto, é comum que esse movimento atue em todos os seus integrantes. Muitas vezes os clientes com essa característica chegam nas constelações com o sentimento de “falta algo” em suas vidas.

A exclusão se faz clara numa constelação, e a frase que traz distensionamento é “você também faz parte”. Isso é uma forma de convidar para a alma da família aquele integrante que por algum motivo foi expulso. Essa frase está ligada a uma das leis da vida de Bert Hellinger, o pertencimento.

Essa lei fala que todos aqueles que nasceram em um sistema farão falta se forem excluídos (através de expulsão, abortos, segredos…). Ao falar essa frase, atua no cliente e no sistema esse reconhecimento do pertencer que foi negado à alguém.

E com bonecos, como esse processo acontece?
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Na constelação individual, o trabalho dos representantes deve ser feito pelo facilitador em conjunto com o cliente. Aqui, impressões e sensações são verificadas em cada figura em sua posição.

É comum o facilitador pedir ao cliente que encoste em um boneco e perceba o que está sentindo: se é um sentimento de peso, se é leve, o que muda em seu corpo quando sente aquela figura naquela posição.

O facilitador também percebe em seu próprio campo como as movimentações e o posicionamento das peças pelo clientes alteram no decorrer da constelação. E também atenção ao próprio cliente, na sua respiração, postura corporal e respostas que surgem durante o atendimento.

Em pontos onde não há fluidez, as frases são utilizadas. Da mesma forma como na constelação em grupo. Nesses caso, é sugerido ao cliente que diga algo para determinado papel tendo a pessoa em mente.

A vivência da Constelação

Essas frases são alguns exemplos de como a Constelação Familiar atua. Sua teoria fala de como nossos relacionamento familiares e nossa lealdade ao nosso sistema de origem atuam na nossa vida.

Quando estamos alinhados com a ordem, o pertencimento e o equilíbrio, (http://taispsi.blogspot.com.br/2013/02/as-ordens-do-amor.html)    experimentamos esse fluxo como leve e forte. Se não, a tendência é sentir um peso em determinadas áreas da nossa vida.

A forma como esses emaranhamentos se mostram é particular a cada caso, e por isso não trabalhamos de forma alguma com generalizações. Mas através da nossa experiência de mais de 10 anos de prática, é possível perceber movimentos com os quais uma grande parte das pessoas pode se identificar."
Materia divulgada por: https://iperoxo.com/
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Interessou-se pelo assunto? Quer constelar?
Você pode fazer contato comigo através do celular (41) 99962-3302  ou pelo e mail  tais.fittipaldi@gmail.com.
Boa semana
Tais

domingo, 22 de abril de 2018

O Brasil e a nossa indignação pela ótica da Constelação Familiar

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Trago neste artigo o texto da aluna da Formação em Constelação Familiar Letícia Gazoni. Nele, ela fala das nossas dificuldades e indignações com nosso país. De como é possível olhar de outra forma para as dificuldades que atuam na nossa indignação e nossa não aceitação do que é.

Logo após, um trecho de Bert Hellinger que fala sobre esse sentimento, e como é o pano de fundo desta emoção. Clareando nossas percepções torna-se mais fácil lidar com estas questões que são tão desafiadoras a todos nós.

Um desafio chamado Brasil

Ontem uma reflexão “pipocava” na minha cabeça e senti vontade de escrever sobre ela, mesmo sendo um assunto um tanto polêmico.

Tenho ouvido muito falar sobre as condições políticas no Brasil com os mais diversos sentimentos: indignação, raiva, tristeza, revolta. À mim eles também já pertenceram, mas hoje, não mais.

Não que seja agradável ouvir as notícias, mas não mais lhes dou minha energia. Alienação? Nem de longe. Inteirando-me ou não das notícias, continuo fazendo o que me cabe, deixando de agir (falar, argumentar, queixar) levada pelo sentimento secundário de indignação que os noticiários nos trazem já carregados com seu próprio filtro (emoções, pensamentos e intenções).

Já pensei como tantos que dizem que este país é uma vergonha e que o melhor a se fazer é realmente, mudar-se para outro. E não há nada de errado em mudar-se quando se sente uma forte conexão com outro país, mas se o impulso for fugir (não conseguir lidar com o que se sente), o sentimento vai como acompanhante, muitas vezes até como guia e muito pode pesar.

O que compõe um país?

De que são feitos os costumes, os valores, a identidade, a alma de um país? São feitos de cada um de nós, de mim, de você e dos políticos corruptos também, é claro.

Mas todos temos exatamente o mesmo peso, isso mesmo, o mesmo peso. E quando me pergunto se eu realmente estou trazendo para o mundo o meu talento de maneira que ele possa servir e me trazer plenitude, é o mesmo que me perguntar: estou fazendo minha parte pelo meu país?

Ao contrário do que pensava outrora, não é olhando primeiro para fora (política, pobreza…) que posso fazer algo por meu país, mas sim olhando para dentro, para como eu me sinto em relação ao meu lugar no mundo, a como me coloco no mundo.

Como posso querer que meu país seja bem sucedido e próspero se me submeto a estar em um trabalho onde não vejo propósito, nobreza, mas sim para pura e simplesmente satisfazer minhas necessidades externas (físicas e de consumo) sem que isso me traga prazer e gratidão e sem que eu me sinta realmente útil e equilibrado entre o dar e receber?

Estou sendo honesto comigo neste caso? Como posso cobrar honestidade de meu país se ele é o meu espelho?

O valor da superação

Até mesmo em meio aos que lutam por sobrevivência, quantas histórias vemos de pessoas que de tanto quererem encontrar seu lugar no mundo, superam-se e o alcançam? Como podem sair de suas precárias situações sem que a situação do seu país tenha mudado?

O que essas pessoas têm que as outras não tem? Nada, todos temos tudo o que precisamos, elas apenas olham para o lugar certo, para dentro e acessam lá aquilo que precisam para transformar-se.

Arrisco-me a dizer que durante esse processo, essas pessoas provavelmente não reclamaram ou desdenharam seu país, elas não se distraíram olhando para fora, em lugar disto, deram voz ao que verdadeiramente queriam desde o mais profundo de seu ser. E então, quando seus talentos cruzaram com as necessidades do mundo, ali, elas passaram a sentir-se realmente plenas e gratas.

O quanto basta para sentir-se pleno? Segundo Bert Hellinger, não é o muito que sacia, e sim o essencial. E qual a contribuição dessas pessoas para o nosso país? A vibração de gratidão, completude e serenidade, cooperação, liberdade e autonomia que enriquecem a Alma, a identidade do Brasil.

O nosso lugar

Eu posso sentir tudo isso e me sinto extremamente feliz, grata e pertencente ao Brasil.

Você já se perguntou por que, num mundo de aproximadamente 193 países, você nasceu justamente aqui? Qual o seu propósito aqui? Aquele, que além de te trazer completude ainda deixe seu legado, enriqueça a Alma do seu país e sirva de inspiração para muitos por aqui?

Eu venho me fazendo essas perguntas há algum tempo e estas perguntas tem me mostrado um novo olhar, um novo caminho e muito orgulho de estar exatamente aqui e poder deixar a minha contribuição para ele e aceitar tudo o que ele me traz com gratidão e amor.
Texto de Letícia Gazoni, aluna da Formação em Constelação Familiar do Instituto Ipê Roxo,

A indignação, por Bert Hellinger

"Quando nos tornamos indignados sobre uma situação qualquer, parece que estamos do lado do bem e contra o mal. Ou do lado da justiça e contrário à injustiça.

Parecemos então ser aquele que intervém entre o agressor e sua vítima de modo a impedir um mal maior. Contudo, pode-se também intervir entre eles com amor.

E isso seria, com certeza, melhor.

Assim, o que o indignado quer? O que ele realmente obtém?

O indignado se comporta como se ele próprio fosse uma vítima, embora não seja. Ele assume o direito de exigir uma reparação do agressor embora nenhuma injustiça tenha sido feita, pessoalmente a ele.

Ele assume a tarefa de advogado das vítimas, como se ele tivesse dado a ele o direito de representá-las; e fazendo assim, deixa as verdadeiras vítimas sem direito.

E o que faz o indignado com esta pretensão? Ele toma a liberdade de fazer coisas más aos agressores sem medo de qualquer consequência ruim para sua própria pessoa. Pois suas más ações parecem estar a serviço do bem, e assim elas não temem qualquer punição.

As ações incentivadas pela indignação

De modo a manter sua indignação justificada, tal pessoa dramatiza tanto a injustiça sofrida pelas vítimas quanto as consequências das ações da parte culpada. Ela intimida as vítimas a verem a injustiça pelo mesmo modo com ela mesma vê.

De outro modo, caso as vítimas não concordem, tornam-se suspeitas e alvo de uma indignação justificada. Como se elas mesmas fossem agressores.

Da perspectiva da indignação é difícil para as vítimas deixar seu sofrimento ir embora, e é difícil para os agressores deixarem sua culpa ir embora. Se às vítimas e aos agressores for permitido encontrar uma resolução e uma reconciliação por seus próprios meios, elas podem se permitir, uma a outra, um novo começo.

Mas se a indignação entra em cena, tal resolução é muito mais difícil, pois o indignado, geralmente, não fica satisfeito até que o agressor tenha sido completamente destruído e humilhado, mesmo que isto, ao ser feito, intensifique o sofrimento das vítimas.

A indignação é em primeiro lugar uma questão de moralidade. Isto quer dizer que o indignado não está realmente preocupado em ajudar outra pessoa, mas comprometido com uma certa demanda para a qual ele se proclama o executor.

Deste modo, ao contrário de alguém que ama, tal pessoa não conhece nem contenção, nem compaixão.

“Nós estamos liberados do mal quando podemos, serenamente, deixá-lo ir.
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Que texto!!!!!
Deixem-se levar por aquilo que provoca algo em ti... sem contestar. Deixe-o agir.
Creio que se todos refletíssemos, nosso pais estaria melhor. Eu me recolho aqui... e ficarei a pensar onde ajudo, como ajudo, e de que modo faço isso.
Bom dia!
Tais

domingo, 15 de abril de 2018

Constelação Familiar - Preciso pagar pelos erros dos antigos (antepassados)?

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"Na orquestra aquele que toca sax faz o que o flautista não poderá fazer. Aquele que toca o bumbo arranja um pouco daquilo que o violinista não aplicará. Aquele que executa o cello produz um som que o maestro não poderá replicar.

Na teoria dos sistemas também é assim. O indivíduo está a serviço do todo e não o inverso.

Para nós, nascidos sob a influência da filosofia moderna (que ensina o individualismo), pensar-se como sistema soa injusto e pesado.

Como assim continuar o que as gerações passadas deixaram de fazer? Como assim sermos influenciados por outros ciclos de vida?

Quando herdamos uma orquestra de sucesso a gente sorri e toma os aplausos pessoalmente (tipo, sou foda); mas quando alguém da banda desafina uns acordes e expõe o grupo todo a gente corre pra justificar: não fui eu.

Quem sabe está na hora de criarmos coragem e assumirmos TUDO o que vem do nosso Sistema?

Não apenas tomar os créditos nos momentos de sucesso, mas sobretudo dar a outros os créditos nos instantes de fracasso (tipo: é nóis, tamo junto).

Sem apontar nem pra esquerda e nem pra direita, será que a gente consegue?

É só ir dizendo: como foi está tudo ok pra mim! Não há erros, há aprendizado."
Isabela Couto | Psicanalista
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Aqui talvez seja interessante compreendermos o que é um SISTEMA, termo amplamente usado quando fala-se em constelações familiares/ organizacionais , ou terapia de família.

A Teoria geral de sistemas tem por objetivo uma análise da natureza dos sistemas e da inter relação entre eles em diferentes espaços, assim como a inter relação de suas partes. 

Um SISTEMA , ou seja, uma união de várias partes, é formado de componentes ou elementos. Quando existe apenas um componente individual ele é chamado de elemento único (cliente e sua dificuldade), quando estes elementos únicos se inter relacionam ( família, empresa, grupos), eles são chamados de componentes, e quando estes componentes se inter relacionam com elementos únicos, eles são chamados de componentes gerais. 

Um sistema não vive isolado, ele é sempre parte de um todo. Ele é geral para as partes que o compõe e e´parte da composição de outro sistema mais geral de um todo.

Todas as partes de um sistema estão inter relacionadas dando suporte para a integridade deste.
As inter relações entre as partes dos sistemas e entre estes, podem ocorrer de maneira ordenada ou desordenada (incerta).

O potencial total de um sistema (família atual, por exemplo) é a soma dos potenciais de cada parte do sistema (antepassados familiares).

Ter noções sobre a Teoria geral de sistemas pode nos ajudar a entender a inter relação existente entre o sistema humano, bem como as inter relações existentes dentro cada um destes sistemas e suas interações. 
No texto acima, da Isabela Couto, a ênfase está na aceitação daquilo que aconteceu antes ( no sistema familiar), independente de ser algo positivo ou negativo para o sistema atual . A partir do momento onde compreendemos que tudo que aconteceu antes de nós - na família - foi necessário para que estarmos aqui e agora. Desta forma, seremos liberados para vivenciar, da melhor forma, tudo o que há neste momento em nosso contexto...

O alívio será imediato , na mesma proporção de nossa compreensão / aceitação .

O conhecimento da causa dos " problemas" nas famílias e de seu alívio provêm das constelações familiares. Através dela foi possível entender que muitas dificuldades estão relacionadas com problemas familiares não solucionados e com emaranhamentos nos destinos de outros membros da família.

Espero ter esclarecido um pouco sobre os sistemas que nos fazem ser aquilo que somos hoje, assim como a compreensão de que "quanto mais aceitamos e abraçamos as nossas origens, melhor fluiremos na vida"!
Boa semana.
Tais

domingo, 8 de abril de 2018

A má e a boa consciência nas Constelações Familiares

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"Ao ver o filme Nise - O coração da loucura, fui impactada. De um lado, com a crueza de certos médicos, no trato com o emocional insondável das enfermidades psíquicas, e por outro, pelo olhar futurista, sensível e clarividente da médica Nise, que trouxe ao ambiente repulsivo e nauseante de um hospital psiquiátrico, uma nova perspectiva de tratamentos pela terapia ocupacional : oferecer ao cliente um ambiente de expressão artística com a mínima interferência

A proposta inovadora de Nise (discípula de Jung - que em suas cartas se referia a ela como homem) era que a partir da manifestação artística do doente, fosse sendo contada uma história, sua trajetória de dor e de perdas, ou então que a tinta e o barro fossem veículos para que o inconsciente trabalhasse e liberasse suas  memórias de dor ( Imagens do Inconsciente, como foi conhecido o trabalho de Nise).

Nise exerceu a má consciência.

Bert Hellinger, nas constelações familiares, trouxe o conceito do que chamou de má consciência em paralelo a boa consciência.

A boa consciência é o lugar conhecido, são as velhas verdades. A má consciência é o novo, as novas verdades.

"A verdade que nos faz progredir é ousada e nova, pois oculta o seu fim, como a semente oculta a árvore. Só sobre as verdades velhas é que sabemos muitas coisas."

Quando estou na boa consciência, eu PERTENÇO ao meu sistema familiar, e mesmo de maneira inconsciente, eu completo meu clã familiar, e envolvido pelo medo de que este sistema se rompa, eu ocupo, por vezes, o lugar do outro, me substituindo ao seu destino. E como tenho medo, quero "consertar as coisas", então preciso me assegurar quanto ao que vai acontecer, assim, por vezes, tenho premonições, prognósticos de fatalidades futuras.

Quando adentro a má consciência, estou em outra dimensão, que não tem a ver com a informação conhecida da boa consciência, olhamos para uma informação que não estava presente (imergimos no campo quântico), pois aqui na nova consciência, a incerteza e a indeterminação são suas característica principais. 

Na boa consciência, o padrão familiar nutre meus comportamentos, e é neste campo que me capacito, desenvolvo competências, mas também de forma automática reproduzo condicionamentos familiares, pois aqui o amor é cego ( "eu por você", " eu no seu lugar", ¨faço isso por você")

Na má consciência a partir do antigo conhecimento, me lanço às possibilidades, a quais possibilidades? Não sabemos !! É uma surpresa!! Como estamos no campo das incertezas posso experienciar : "isso ou algo ainda melhor"!

Na má consciência o Amor é claro, não ocupo o lugar do outro, porque NÃO CUMPRO AS EXPECTATIVAS, - "Não sou a mãe ideal". E sim - " Sou a melhor mãe pra você

Na boa consciência, podemos estar retidos no mundo das ilusões, da fantasia, - só olho o que falta, - quando adentramos na má consciência, permitimos que a natureza dos sonhos se cumpram, não as ilusões, e por quê se cumprem? PORQUE NA MÁ CONSCIÊNCIA NÃO QUEREMOS CONSERTAR NADA. 

Assim como ocorreu no filme, Nise traz para seu ambiente algo novo, rechaçado por seus pares, que pediam a ela a confirmação de que seu método sim, traria certa e determinada cura, contudo, como Nise estava no campo da CONTINUIDADE, não podia dizer qual seria seu desfecho, se essa seria A solução, mas que já se sabia que a abordagem daquela terapia artística trazia um novo estado espiritual ao paciente.

Muitas vezes, quando nós trazemos aos nossos pares algo, a partir de uma outra consciência, também somos incompreendidos e, até mesmo segregados, por confrontarmos a boa consciência, que se quer ver protegida.

Então... teríamos que romper com a boa consciência pra adentrar as novas possibilidades?

Não!

Graças a boa consciência, sobrevivemos como espécie, pertencemos a um sistema familiar e, é a ela que sempre retornamos, pois é nossa origem, nosso berço.

Quando tomo tudo que veio, como herança, destino, a partir da boa consciência, posso adentrar a má consciência, e encarar a REALIDADE, diluindo as ilusões. 

E neste autoconhecimento, minha visão de mundo e meus atos ganham outra seriedade e uma força nova.

Sofremos tanto com as ilusões ( e as desilusões), com os prognósticos de perda, com o excessivo controle, que nos segmentamos, nos polarizamos.

Muitas vezes optamos romper com a família, com pessoas ou com o passado, procurando a nova consciência, e acabamos por "cair" no mesmo círculo vicioso de conhecidos padrões e condicionamentos que tanto queremos negar.

Somar a má consciência à boa consciência. Não excluir.

Não é estático, é um movimento de ir e vir - inspirar (boa consciência), expirar (má consciência). Como um oito deitado, no fluxo de um movimento.

E nesse passo não ajo apenas compulsivamente, passo a saber o que fazer, a partir de uma intuição, e não me movo mais apenas por um sentido premonitório, medroso.

E no dizer de Nise da Silveira - " As coisas não são ultrapassadas facilmente, são transformadas."

Para que as transformações aconteçam, não preciso escolher um lado, com se o outro fosse o errado, necessário se faz integrar a boa e a má consciência, como um caudaloso rio que recebe sua força de seus afluentes. 

E imaginando que a própria Nise já conhecesse intuitivamente a amplitude dessas duas consciências, termino este texto com palavras dela, ditas nos últimos anos de vida:

" Há mil modos de pertencer à vida, e de lutar pela sua época."

* este texto foi concebido a partir de leituras de livros de Bert Hellinger, e de seminários de formação em Constelação Familiar na Hellinger Schulle, bem como pela pesquisa da biografia de Nise da Silveira, e do filme - Nise - no coração da loucura.

Muito obrigada, muito obrigada, muito obrigada!!"

Paula Tyminski
Fonte - https://www.constelareviver.com
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Essas duas consciências nos acompanham o tempo todo...como?
A consciência é vivenciada por nós como um sentido através do qual percebemos se pertencemos ou não , ao nosso sistema familiar (por exemplo). É como um senso de equilíbrio: logo que perdemos o equilíbrio, a sensação de tontura toma conta, e faz com que retomemos, imediatamente, a nossa postura, para voltarmos novamente ao equilíbrio e nos sentirmos firme.
Essas consciências ( a boa e a má), atuam de forma semelhante, compondo a nossa consciência pessoal.
Logo, assim que percebemos que nos desviamos daquilo que é válido para nosso sistema familiar, ou seja, praticamos atos que podem colocar em perigo nosso "pertencer" , sentimos a consciência pesada. A consciência pesada é tão desagradável que faz com que se mude o comportamento de tal forma que possa pertencer novamente.
Não podemos rechaçar nossa família... assim sendo, podemos "tomar", guardar no coração , com respeito, tudo aquilo que veio antes e seguir! 
Podemos  sim seguir de maneira a proporcionar mudanças em nossa maneira "de ser", transformando o que recebemos e agregando novas maneiras de ser.
"Quando tomo tudo que veio, como herança, destino, a partir da boa consciência, posso adentrar a má consciência, e encarar a REALIDADE, diluindo as ilusões. "
Boa semana com as más consciências... e as boas também!!!!!
Tais

domingo, 1 de abril de 2018

Visão de Bert Hellinger sobre Renovação e Páscoa



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Compartilho este lindo texto de Bert Hellinger traduzido pelo Psicólogo Rene SCHUBERT.


"Liberto


“Liberto do gelo são rios e riachos” são as palavras no Fausto, de Goethe, quando o estudioso passeia com seu assistente num sol de primavera. Quando nos sentimos libertos, inspiramos e sentimo-nos pertencentes a tudo, vinculados a tudo, como se fôssemos todos Um. 


Finalmente o gelo que mantinha nossos relacionamentos congelados, degelou. O fluxo do respeito mutuo e o ir e vir de nosso Amor pode novamente fluir. O que, acima de tudo, desfaz o gelo? O sol e o calor, sua luz mais quente. 


O que acima de tudo, permite que nossos relacionamentos congelados possam fluir novamente? É o amor mutuo. 


Sentimos seu livre fluir em cada célula de nosso corpo. Sentimos no brilho de nossos olhos e no abrir dos braços. Sentimos nos passos que caminham para estar juntos. Deixa o passado para trás. 


O que deixava ou deixa nosso amor congelar-se? 


É aquela assim chamada Culpa. 


Outros nos fizeram algo errado e nos o fizemos a alguém. Então irrompeu entre nós o congelamento. De certa forma tal se aplica a nossa relação com Deus, para aquele Deus punitivo, a quem a nossa Culpa pedia expiação, um terrível castigo. 


Embora os cristãos redimidos pela morte de Jesus na cruz devam verificar: num grau mais elevado o gelo entre eles e aquele deus foi realmente quebrado com esta expiação? *Mantém-se ante Ele de forma reverenciada e humilde e batem-se no peito com confissão: “Por minha culpa, por minha máxima culpa”?


 Não seria necessário outra Páscoa e outro passeio de Páscoa para nos deixar respirar livremente? 


Não seria preciso o sol e o calor deste para se ter outra imagem de Deus? 


Que imagem seria esta? 


A imagem daquele Deus Criador, que diz, em cada momento, "Eis que faço tudo Novo." 


Como? Com o amor que abraça todos igualmente, todos, inclusive os chamados pecadores.


O que fizeram os cristãos e com eles muitas outras pessoas, a este Deus, levando-o as profundezas com seus pensamentos de Culpa e Expiação, como se a Culpa não fosse também uma força criadora, que no fim nos empurra e conduz a um outro amor? Sem expiação? Sem a associação expiatória da autodestruição, da destruição de outros e finalmente a destruição da criação? 


Onde fica aqui o Sol? 


Onde fica o seu calor gerador de vida? 


Onde fica aqui aquele poder criador, ante o qual nada pode existir que lhe enfrente, nem culpa, nem expiação? 


Então é preferível que façamos nosso passeio de Páscoa de forma diferente, libertando nosso coração do gelo, do gelo desta imagem de Deus, que congelou o nosso amor? 


E Tal Origem Criadora - faz cada sentido indigno, aquele poder, de onde tudo provem, tal como é?


Libertados deste Gelo, nossos corações batem mais forte. 


Como? 


Com uma nova imagem do Amor de Deus, com um novo Amor para nós mesmos, e para todos os demais, libertos do gelo de qualquer culpa e expiação ." 
Bert Hellinger
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Desejo uma Feliz Páscoa de renovações na família, no amor, na vida!
Tais