domingo, 26 de agosto de 2018

Você consegue sustentar a prosperidade?

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"Dias desses recebi um email de alguém que escreveu: cinqüenta reais para participar na constelação? É brincadeira!

Escreveu só isso. Se eu ler com os olhares de consultor de PNL, a minha querida programação neurolinguística, diria que é uma mensagem alucinada, quer dizer, não diz nada com nada. Sim, nós cobramos cinqüenta reais pela participação e trezentos para trabalhar uma questão. Mas dá para entender que a pessoa se sentiu pessoalmente ofendida por nós cobrarmos este valor para participar de um encontro de constelação sistêmica familiar, enquanto existem colegas por aí que quase pagam para atrair pessoas (e também, por outro lado, outros que cobram 4 ou 5 vezes a mais). Eu poderia discutir este assunto de diversas formas, mas o meu foco não é ela, a reclamona, e sim você, que é um terapeuta, um profissional liberal ou um autônomo que tem que colocar o seu valor no mercado.

Houve um tempo, e não muito tempo atrás, que eu também tinha vergonha de cobrar o valor que eu sei que vale o meu serviço. Não é que ele não seja bom. É excelente. E eu gastei e gasto milhares, literalmente milhares de reais todos os anos para aperfeiçoá-lo. Tanto eu quanto minha parceira, não poupamos em viagens,cursos e vivências que possam agregar em conhecimento, autoconfiança, fé e equilíbrio emocional para podermos nos tornar um melhor canal para a cura e a sabedoria… que não vem de nós, e sim de Algo Maior. Como gosto de dizer, “preciso afinar os instrumentos”… e aí começa o problema: um profissional que não está disposto a gastar para aperfeiçoar, não está pronto para receber. Ele está dizendo para o Universo: eu sou um instrumento merreca, e por isso não devo, não posso e não vou gastar para me desenvolver. Eu não confio em Você! 

Quando fui líder na Seicho-no-iê, lembro-me de um membro antigo que dizia que “pobreza é doença mental”. Era uma provocação, lógico, mas com sua dose de verdade. E eu era doente. Me achava pobre, desmerecedor e coitado. Tanto que, por mais que eu estudasse e gastasse para o meu conhecimento, queria passá-lo de graça, em projetos sociais, em favelas, em eventos gratuitos. Fiz muito isso, e não me arrependo. Foi através de todos estes eventos que literalmente “paguei do meu bolso” e até usando dinheiro que era da minha esposa, aprendi a lidar com grandes públicos, e a perceber quem é a pessoa que está pronta para sustentar o sucesso e a prosperidade, e quem só está pronto, ainda, para chorar e reclamar. Esta é a maioria.

Em qual dos dois grupos você se encontra?

Eu tive que optar. Tive que trabalhar emocionalmente, com terapia mesmo, para encontrar e dissolver as causas da minha baixa autoestima. Enquanto isso, estudei administração de imagem e marca pessoal, para entender e aplicar profissionalmente as técnicas que são infalíveis, desde que a pessoa sustente um emocional minimamente trabalhado e seguro. E aí eu apliquei as técnicas… tornei-me conhecido e chamado para trabalhos maiores, em pouquíssimo tempo mesmo… Eu olhava muitos colegas, inclusive professores que eu tive, e via que eu estava atropelando eles, em termos de reconhecimento e faturamento, graças à estratégia de marketing que eu utilizei.

E aí, sabe o que aconteceu? Caí! Sim, eu caí! Não consegui sustentar ser reconhecido e ganhar dinheiro por isso. Eu atropelei o bonde, quis ir mais rápido que o meu desenvolvimento natural, queria sucesso e dinheiro, mas ainda, intimamente, achava-me um merreca que só queria atenção e carinho. Fui novamente me observar e procurar ajuda. Inevitavelmente, cheguei ao ponto de perceber que eu queria carinho e atenção do meu papai e da minha mamãe. Tudo o que até então eu buscava profissionalmente estava relacionado somente com o ser aceito pelos meus pais. Eu tinha um intelecto de adulto, numa mente de criança emocionalmente ferida.
 E sou obrigado a dizer: muitas pessoas que conheço, várias delas profissionais bem-sucedidos, são assim. Agem em busca idealizada de reconhecimento, que nunca virá, pois papai e mamãe, ou estão mortos, ou são incapazes de dar este reconhecimento e amor incondicional. Eu era incapaz de entender isso: culpava meus pais pela “minha vida desgraçada e infeliz”. E a lei da atração é óbvia: se estou vibrando infelicidade e desgraça, não irei colher prazer e prosperidade, mesmo que alcance um patamar razoável de estabilidade financeira.

Para sustentar a prosperidade, era necessário eu trabalhar a fundo minhas emoções, até realmente estar pronto para libertar meus pais do cárcere emocional que eu os coloquei. E também me libertar para poder, finalmente, utilizar os conhecimentos e habilidades que o Universo me emprestara, e diga-se de passagem, eu já havia treinado bastante, para ser útil ao próximo. Próximo que eu nunca enxergara, pois estava só querendo carinho e atenção, num egocentrismo absurdo e tenebroso. 

O céu se abriu! As trombetas soaram – Deus me livre, isso não, lembra-me as irritantes vuvuzelas! Pude finalmente perceber o manancial de potencial que Alguém colocou a disposição das minhas mãos. E o quanto eu posso ser útil e ajudar meus companheiros de jornada a atravessar o mesmo mar de rancores e raivas reprimidas, para só então poder usufruir da própria potencialidade que está aqui, bem na frente do nariz. A prosperidade passa a ser infinita. Ela pode parecer bacana, mas é preciso saber se você agüenta, pois é Divina e exige muito de você. Perceba:

1 – você consegue olhar para seus pais e senti-los, no coração, como tenham sido os maiores Mestres da sua vida, não importa qual problema você tenha tido na infância?

2 – você vê e reverencia profundamente sua ancestralidade, e consegue tomar a força que vem dela, literalmente, agindo rumo às suas metas?

3 – você se sente livre de qualquer pessoa, e independente, seja ela familiar, esposa, marido, pais, filhos, e está disposto a seguir um Chamado maior, mesmo que tenha que se afastar deles?

4 – você vê o seu cliente como alguém igual a você, perfeito, saudável, apenas com o potencial encoberto por ilusões?

5 – você consegue cobrar muito bem pelo seu serviço, eu disse muito bem, e sentir-se confortável?

6 – você não vê a menor necessidade de justificar seus conhecimentos e habilidades, porque sabe que você, na verdade, não faz nada, e é um canal de cura que o Universo utiliza?

7 – você está pronto para mudar totalmente dentro ou fora da sua área, e seguir um Chamado do seu coração, que inevitavelmente lhe trará dúvidas e um certo temor?

8 – você realmente crê em Algo maior, e está pronto para se entregar a Ele?

Bem amigo, bem amiga… eu mesmo não sei se estou totalmente pronto. Só sei que estou andando… e transmitindo minha experiência. Espero que ela possa ajudá-lo. Posso garantir que vi mudanças profundas em profissionais que seguiram este caminho, que não é meu, especialmente. É somente um caminho, como tantos outros por aí." 
Alex Possato
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A plenitude flui através do amor. Ela não retem nada....
Não necessita de reabastecimento. É como se fôssemos um canal, por onde recebemos e transmitimos.

Mas quando quero reter, usufruir, e nada distribuir...aí aparece a carência. Perdemos aquilo que queremos ao segurar e conservar para nós. Embora pensemos que possuímos, se consome. Transforma-se em menos e, aos poucos, esvazia.

Já, os nossos êxitos tem seu momento e não secam... como numa fonte. Tudo o que serve a vida, continua com ela.... Quando nossa fonte começa a secar, novas nuvens ascendem, trazendo chuva em abundância, e as águas empurram para vir à tona...Através de muitas fontes, seguem fluindo por elas.
De uma maneira similar, nossos êxitos, quando "repartidos" com muitos, seguem criativos, através de outros!

Mas você pode estar se perguntando: Como? Não vejo isso...
O processo que "emperra", na maioria das vezes, é inconsciente! 
E, o que fazer? 
Buscar...abrir-se para a necessidade de compreensão. Aí, com certeza, a possibilidade de "enxergar" virá até você...
Lembrando que esta possibilidade vêm à nós muitas vezes, através da repetição de nosso padrão de funcionamento na vida ( das dificuldades), e, enquanto não nos transformarmos... a vida, com toda sua generosidade, continuará nos  mostrando
Então....mãos à obra!
Taís

domingo, 19 de agosto de 2018

A herança: benção e maldição

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Goethe diz, com relação a herança: "Mereça aquilo que herdou de seu pai, para possuí-lo." Nesse sentido, a herança se torna numa missão.

A pergunta é: essa herança condiz com o nosso propósito pessoal? Ela o facilita e promove? Ela serve a ele e nós a servimos com ele? A herança ocupa lugar desse propósito e desse chamado? Ela se torna uma carga ou até uma maldição para nós? Principalmente, quando nos emaranha em algo que nos leva junto para as consequências de uma culpa. Por exemplo, quando é adquirida as custas de outros, as vezes até às custas de suas vidas. Como lidar com esse tipo de herança?

Renunciar a ela seria a maneira mais fácil e, frequentemente, é a certa. Mais difícil é aceitar a herança, mas com objetivo de conduzi-la de uma boa forma. Então nos impomos a tarefa de, com ela, colocar em ordem algo que quer ser arrumado. Nós a utilizamos e, ao mesmo tempo, renunciamos a ela. Ambos a serviço da vida.

Aquele que espera por uma herança e planeja seu destino espera, na verdade, pela morte de quem a deixa. Se espera dessa maneira por uma herança de seus pais, o que estes ainda tem dele e o que ele ainda tem deles? Que benção repousa nessa herança? Que benção repousa nessa herança? ela ainda tem valor? O que ela vale?

Quando vários filhos recebem uma herança juntos, ou seja, quando a uma comunidade herdeira, muitas vezes brigam pela sua parte, principalmente quando um filho é privilegiado.

Onde fica o respeito pelos pais? E a memória amorosa destes? Onde fica o agradecimento e o amor?

Muitas vezes, uma herança assim é dissipada de maneira contrária as intenções dos pais. O que mais é dissipado junto? Quantas dádivas da vida com as quais nossos pais nos presentearam?

Uma herança assim facilmente se tornar uma maldição. Ela tira algo ao invés de dar.

O que atua nesse tipo de herança, principalmente no sentido de diminuir a vida? Trata-se do ganho sem esforço próprio. Assim como dinheiro que ganhamos sem esforço próprio nos escorre das mãos, por não conseguirmos segurar-lo, o mesmo acontece com a herança.

Há mais uma coisa que observamos em uma herança, principalmente em uma herança grande. Aqueles que adquirem, quanto de suas vidas ainda lhes resta? Para que ainda vivem? De que valem as joias de outrem com o que se enfeitam em comparação com pão arduamente ganho que alimenta nós e a nossa família?

É diferente quando colocamos uma herança a serviço da vida. Nesse caso, passamos a merecê-la através de um serviço. Quanto maior o nosso serviço, maior a nossa permissão para possuí-la. Ela se torna um símbolo de gratidão e do amor àqueles de quem recebemos, principalmente nossos pais ou algum parceiro, que nos deixam uma herança.

Nesse último caso, ainda algo sobre o que refletir. O parceiro sobrevivente permanece livre para outras parcerias com essa herança,? Ele permanece livre para o seu próprio futuro? Que coroa está vestindo, ela lhe pertence?

A princípio, pode-se dizer que nenhuma herança é merecida. Tão logo reconhecemos isso, tornamo-nos livres dela. Principalmente, tornamo-nos e permanecemos livres para o nosso futuro. E ficamos livres de invejosos. Brilhamos apenas com a nossa própria luz.

Se na herança repousar um fardo, nós não nos livramos dele por meio de uma renúncia. Se nela repousar uma benção, nós a tomamos como uma benção. Provemos benção com ela: uma rica benção para muitos.
Leis sistêmicas na assessoria empresarial - Bert Hellinger
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Assunto polêmico e que requer muita compreensão.
Confesso que só comecei a compreender essa posição de Bert Hellinger  , depois que iniciei meus estudos sobre as Leis do Amor que regem todos os relacionamentos (Constelações Familiares).
E, creiam, é muito libertador! 
Fica mais leve... e conseguimos "tocar a vida" de uma forma menos sofrida, com mais aceitação. E, até mesmo, as situações difíceis acabam por tomar outro rumo, criando uma proteção, uma vez que não estamos mais conectados com os antigos pensamentos que causavam tantos problemas.
Mas...os sábios já diziam: os problemas existem para que aprendamos e nos modifiquemos com eles...
Boa semana.

domingo, 12 de agosto de 2018

Devagar se vai ao longe

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O tempo corre depressa, mas corre sem pressa. Ele sempre tem tempo: mais do que o suficiente. Nós também temos tempo adequado quando o acompanhamos. 

Por que corremos? Porque pensamos que o nosso tempo limitado e por isso também apressamos outros.
O que acontece nesse momento? O tempo vai escapar de nós e deles.
O sucesso vem vai com o tempo. Com que tempo? Com aquele tempo que tem tempo.

Tudo o que cresce partindo de dentro tem tempo. Nada tem mais sucesso do que aquilo que cresce e pode crescer. Seu sucesso está predeterminado e por isso chegará com toda certeza seu tempo. Algumas vezes forças externas interferem e destroem seu sucesso. Por exemplo, uma tempestade. Com isso seu tempo passou, algumas vezes para sempre. Então começa seu tempo adequado, para outra coisa.

Nosso sucesso segue sempre as leis do tempo, segue adiante como tempo, segue adiante como sucesso. Assim como tempo aumenta com o tempo, o nosso sucesso também. O tempo não olha para trás. Algumas vezes olhamos para trás, porém, o tempo nunca. Ele vem sempre de novo.

O que fazemos quando o tempo urge? A questão é: quem urge? Alguém ou nós mesmos porque pensamos que o tempo está contra nós e nos abandonará se não pegarmos em nossas mãos. Porém o tempo que hurge é raramente o tempo certo. Além disso é sempre temporário. 
Justamente quando estamos com pressa é que o tempo se atrasa. O tempo pleno e sempre lento. É ponderado e refletido.

Algumas vezes dizemos que o tempo é dinheiro. Que dinheiro? Dizemos e negociamos segundo a ideia de que quanto menos e quanto mais curto tempo, tanto maior é o lucro.

Não queremos perder de nenhuma maneira as conquistas que poupou nosso tempo. A questão é se elas nos dão mais pausa. O nosso tempo é mais longo ou mais curto com elas? Ou é demais, de tal forma que ansiamos por um pouco de descanso, por um tempo recolhido?

No tempo recolhido apressa acaba. Ele é o tempo criativo. Nele nos voltamos a nós mesmos, não importando se outros ou nós apressamos.
No recolhimento o tempo se detém por uns instantes. Mesmo assim está em movimento. Está no outro movimento que nos leva por uns instantes algo que permanece.

O tempo urgente passa por nós. Assim como vem, vai, sem que nada dele permaneça.
Mesmo assim, o abundante o permanente colabora um com outro, como também o que urge com o que permanece. Nós nos demoramos recolhidos ao concordar mas também com o  urgente, ambos a seu tempo.

Nosso sucesso também permanece? Nosso sucesso termina quando nos detemos nele. Pois ele quer seguir, centrado, de forma pausada, servindo, crescendo em sintonia com a permanente, confiante, uno, além do tempo, com eternamente novo.
Ordens do sucesso-Bert Hellinger
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domingo, 5 de agosto de 2018

O lado bom de ser criticado

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"Recentemente, recebi uma crítica que me fez pensar: o que realmente é verdade nesta crítica? O que é viagem? Como posso lidar bem com a crítica, e fazê-la algo bom para mim e para os outros?

Fato é: nunca lidei bem com críticas, e por isso mesmo, este é um assunto extremamente relevante para mim. E vejo, através do meu trabalho ensinando constelação familiar e também atendendo meus clientes em terapia, que é um assunto quase que universal. A dificuldade de olhar para as críticas de forma construtiva e madura. Você já percebeu como que modificamos nosso comportamento, exatamente para nos proteger dos julgamentos, comparações, opiniões e maldades do outro? Vou dar alguns exemplos:

- você se torna bonzinho (sei bem como é isso!), agradável, sorri fácil e se mostra dócil e inofensivo. Tipo o gatinho do Shrek – quem irá fazer mal diante de tão inofensivo ser? (que você sabe não ser!!!)

- você se torna malzinho, crítico, uma mala sem alças, que espana a qualquer palavra do outro. Ninguém terá saco de afrontá-lo, e se algum incauto o fizer, levará no meio da fuça!

- você vira o perfeccionista: é tão, mas tão, mas tãoooo bom naquilo que faz, que não sobra um milímetro de espaço para críticas, opiniões, melhorias.

- você preenche todo o espaço com a sua comunicação: fala demais, ri demais, conta causos demais, fala de toda a sua sabedoria, é simpático ao extremo, seduz os outros, que ficam olhando para você como um cachorro faminto olha uma peça de carne pendurada no churrasco grego... todos hipnotizados. (Este é o meu preferido!)

- por último (poderia dar mais um monte de exemplos), você se esconde, se anula, busca se parecer um pouco pior que o último pedaço do cocô do cavalo do bandido - assim ninguém poderá falar nada de você. Afinal, você já é nada!

Claro! Estou falando com humor de assuntos que são muito, muito dolorosos! Não estou brincando quando falo da minha dificuldade de lidar com as críticas. Talvez, a única diferença é que, sendo um buscador ensandecido, passado a sensação da porrada na boca do estômago que uma palavra mal dita provoca, parto em busca da resposta: de onde vem esta dor? Por que dói tanto, afinal, o outro nem sabia exatamente o que estava falando!

A dor vem do passado

Todas as estratégias que coloquei acima são defesas. Defesas que vamos construindo, ano a ano, como forma de não mais sermos atingidos pelas dores das críticas, comparações, julgamentos, punições e humilhações que vivemos na infância. Somos seres humanos, e precisamos nos sentirmos pertencentes ao nosso grupo de origem: a família que nos criou. E por isso, somos extremamente sensíveis a qualquer palavra – ou crítica silenciosa, que diga algo assim: do jeito que você faz, não está correto. Isso pode vir em formas de gritos e pancadarias, mas também em forma de conselhos aparentemente “sábios” e sensatos. Talvez piadinhas. Ou tratamento desigual entre irmãos: uns são enaltecidos, outros, ignorados. A criança simplesmente entende: do jeito como sou, não pertenço. Outra tradução para “não pertencer”: eles não me amam porque sou assim.

Daí, para a culpa, é um pulinho. Não sou amado porque sou ou ajo errado. E da culpa para a raiva, é mais um passinho: eu odeio eles por não me amarem. Eu também me odeio porque sou errado e eles não me amam!

O ego da vítima sofredora começa a se cristalizar

Tudo isso se passa a partir dos primeiros anos de vida. Um mecanismo muito importante que a constelação familiar explica, se dá, concomitantemente a este padrão: conforme vamos nos sentindo não adequados, toda a amargura, sensação de tristeza por não ser aceito, inibição da criatividade e espontaneidade, raiva, etc., nos une aos excluídos do passado familiar. Carregamos em nossos genes as histórias e emoções vividas por toda a nossa ancestralidade. E a dor abre as portas para nos identificarmos com histórias e pessoas que foram esquecidas ou deixadas de lado, pessoas que nem temos conhecimento: aquele tio alcoólatra, o bisavô fracassado, a noiva esquecida do papai, o aborto não falado da mamãe, a bisavó que foi prostituta, o tio-avô corrupto e assassino, e assim por diante. Personagens e histórias que foram apagadas do livro tradição-família-propriedade, por não serem adequadas.

É como se um personagem sofredor, não aceito, começasse a ganhar corpo dentro de nós: sim, eu não presto! Sim, eles não me amam! Sim, o que faço não tem valor! Sim, o outro é melhor! Sim, nunca serei aprovado!

A união da psique infantil ferida com a identificação com o excluído do passado familiar fará um estrago na sua vida, pois você adotará um comportamento na sua vida baseado nestas dores, que podemos a resumir em dois (que são os dois comportamentos básicos de quando nos sentimos acuados):

- a agressão (vou provar a eles o meu valor, eles vão ter que me engulir, vou despejar todo o meu ódio e raiva através da minha expressão, vou manipular a todos – pois não confio em ninguém, vou dar certo de qualquer jeito, o céu é o meu limite...)

- a fuga (vou ser bonzinho, serei agradável com todos, farei o que todos querem, serei perfeccionista, vou me esconder e não mostrar meus dons, me viciarei e mostrarei o quanto sou um fracasso, não vou me mostrar ao mundo, vou entrar em depressão...)

Crescendo com a crítica

Bem... ao receber a crítica que me fez pensar... refleti: vou analisar parte a parte desta crítica, e fazer disso algo bom para o meu desenvolvimento pessoal, emocional e espiritual. Então, a primeira coisa que preciso fazer é: abandonar o ego da vítima sofredora e seu padrão normal de comportamento. No meu caso, o padrão de quando me sinto criticado é contra-atacar. Desmoralizar aquele que me criticou. Jogá-lo no chão e pisar em sua cabeça. Não através de golpes de judô, mas através de argumentos inteligentes e desmoralizantes. Como disse no parágrafo acima, agressão e fuga são os comportamentos básicos de todo animal que se sente acuado, e não tenha dúvida: você utiliza os dois comportamentos não sua vida, o tempo todo, se você está identificado com o ego ferido. Você ataca e foge, o tempo todo!

Mas vem comigo: você não está sendo atacado quando alguém lhe critica (pelo menos, na maioria das vezes). Você simplesmente acessa momentos de desvalidação da sua infância, e também acessa sua identificação inconsciente com algum excluído do seu sistema familiar. São fantasmas, não são fatos verdadeiros. A dor é lembrança de algo passado. Portanto, será necessário você dizer para a sua vítima interior: agora, quem manda aqui sou eu! Você está demitida!

Primeiro passo: desidentifique-se da vítima sofredora que você mantém viva em si

O segundo passo, que não é tão simples: aprenda, de uma vez por todas, a lidar com os sentimentos, emoções e imagens que chegam, quando você acessa a dor de ser criticado. Pode ter certeza: é muito forte este processo. Só para você ter ideia, vou lhe falar o que ocorre em mim, quando acesso esta dor: ódio! Muito ódio! Tenho vontade de assassinar alguém! Dá enjoo. Também culpa. Medo. Vontade de me esconder. Sinto o impulso de largar tudo o que faço e sumir! Houve tempo que partia para a bebida. Acho que tudo o que fiz foi uma bosta. E em outros momentos, acho que todos são uma bosta! Lembro de diversos momentos em que fui humilhado, na infância. Enfim, é um retrato do inferno. O meu inferno interior.

Seja lá o que surgir em você, respire! Peça proteção àquilo que você acredita espiritual na sua vida, e não aja. Simplesmente, respire. Embora sejam tudo impulsos vindos de situações passadas, a impressão que dá é que são reais. Muito reais. Respire mais uma vez. Não faça nada. Entenda que esta é a reação da sua vítima sofredora interior.

Segundo passo: peça proteção e guiança espiritual e entre em contato com os sentimentos, imagens e emoções que surgem, quando você se vê criticado

Se você sentir muita dificuldade em relação ao passo anterior, procure ajuda de um especialista, para auxiliar neste processo. Serão necessários muitos meses, talvez anos, indo passinho a passinho, andando nesta senda do autoconhecimento e abertura da compaixão por si mesmo. Carregamos em nós imagens do céu e do inferno, como diz o mestre da constelação Bert Hellinger. E olha: temos muito prazer em recriar em nossa vida as imagens do inferno, pode ter certeza! Deixar a vítima que tão carinhosamente cuidamos décadas da nossa existência, é um processo gradual, lento, cíclico. Mas finalmente, você percebe que este eu sofredor começa a ceder. Lembre-se: ele só existe porque você precisou dele para se defender das humilhações e dores do passado. Seu passado e o passado dos excluídos da sua família, que tão carinhosamente você está identificado.

Aí, finalmente, um horizonte aberto começa a se mostrar. É muito louco, querido: você olha para as críticas e para quem o criticou com profundo sentimento de gratidão. Você sente em si a não necessidade de atacar ou fugir, como antes, e toda a energia que você desperdiçava tentando provar ao mundo que você é uma vítima sofredora, neste momento, fica a disposição para você simplesmente ser quem você é. Em posse desta energia, você começa a transmitir ao mundo a sabedoria que flui através de si, em prol do desenvolvimento humano, material e espiritual do outro. Você simplesmente está desarmado, e mostra o seu brilho e sua luz, naturalmente, a todos, indistintamente.

Terceiro passo: em posse da energia vital reequilibrada, grato pela vida e por tudo o que viveu (incluindo críticas e críticos), você se mostra um canal de sabedoria, compaixão e amor

Estes passos não são lineares. Você não sai do quilômetro 0 e chega ao quilômetro 100, e acabou! É uma aproximação e um afastamento destas compreensões. É preciso viver a experiência e permitir-se ser desafiado no dia-a-dia, através da convivência, aprovações, desaprovações e críticas que você enfrenta do seu namorado, sua família, seu chefe, professor, guia espiritual, amigos e da própria consciência. Em alguma fase da sua vida, você está trabalhando a sua expressão autêntica e amorosa, e em outra fase, você está novamente se defendendo das dores, se escondendo ou tentando provar ao mundo o seu valor.

Se eu pudesse dar um conselho, diria: se mostre! Coloque aquilo que você tem a disposição do outro. Porque será através da ação, e não da compreensão racional, que se dará o processo da purificação do seu ego vítima-sofredor, e ao mesmo tempo, do ressurgimento do melhor que você é – e você talvez tenha se esquecido. O seu ser, tal qual uma flor em botão, é belo, essencialmente puro, espontâneo e pronto para levar alegria, paz, prazer, diversão, cura, beleza e encantamento ao outro. Quando percebemos o botão da nossa flor se abrindo, não são os outros os primeiros beneficiados: somos nós, que ficamos embasbacados diante de tanta beleza e poder que o universo dispôs, gratuitamente, em nossas mãos. E sem dúvida, neste sagrado instante de compreensão profunda, dizemos, com os joelhos jogados na terra e a cabeça inclinada em devoção: grato a tudo o que vivi! Grato a absolutamente tudo o que eu vivi e vivo!

Cara, uma última palavra: quando você sentir dor ao ser criticado, justa ou injustamente, por outro ou por você mesmo, lembre-se que esta é a dor do parto. O seu botão de flor está se abrindo! Respire! Entre em contato com a dor, não fuja. Cuide com amor do seu próprio processo. A gratidão chegará. Pode crer nisso..."
Alex Possato
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Convém sempre lembrar-se de algo: A crítica o(a) incomodou?
Então lhe serviu... Receba-a, acolha e deixe...sem manifestações...com o passar dos dias concluirás o que deves ou não fazer.
E lembre-se que ter a humildade de voltar atras te faz maior.
Bom dia
Tais