domingo, 31 de março de 2019

A vida é um todo indivisível.- como olho para ela?

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"Dependendo de como se olha para o futuro, elas podem ser saudáveis ou doentes em qualquer idade.

De acordo com a cultura de cada país que ensina diferentes maneiras de olhar o futuro, temos a indiana que acredita na reencarnação e respeita os mais velhos.

No Egito ensinam o respeito às palavras do Senhor Maomé e entregam o futuro a Aláh. Nos países ocidentais ensinam que as pessoas com mais de quarenta anos começam a ter problemas nas vistas; que é mais difícil arrumar emprego; que as mulheres correm riscos se quiserem engravidar, etc.

Se observarmos a Índia e o Egito quase não vemos pessoas usando óculos, mas se observarmos o Brasil, Eua, Europa e outros países ocidentais, percebemos que a cada cinco pessoas que passam, uma usa óculos.

Notem que no país onde a cultura que impõe crenças limitantes e medo, faz com que as pessoas olhem para o futuro com pensamentos negativos e até temem fazer planos por acreditarem que o futuro rejeita as pessoas com mais de 40 anos.

Santo Deus, quanta bobagem ensinam às pessoas do mundo ocidental, tirando-lhes a fé e a esperança!

No livro Os fundamentos do Budismo, de Elena Roerich, representante oficial da Ordem Rosacruz no Tibete, encontramos: “Carma é a ação de consequências do que é feito pelo homem em atos, pensamento e palavra... Daí, a responsabilidade do homem diante de tudo que existe e, sobretudo, diante de si mesmo...” “O que chamo de carma não é mais que pensamento, pois, tendo pensado, o homem agiu com seu corpo, sua palavra e sua mente”.

Você, que aceita essa verdade, discipline-se e queira ser feliz. Reconheça, em si mesmo, que seu comportamento pode ser melhorado e que alguns hábitos negativos de sua personalidade devem ser mudados.

Se sua visão enfraqueceu e você já não consegue ler ou enxergar como antes, ou mesmo se você trouxe essa deficiência desde o nascimento, está na hora de refletir sobre seus pensamentos e atitudes passados. Consulte o “arquivo” das emoções e procure aquele sentimento de recusa e inflexibilidade em acreditar que tudo pode mudar.

Provavelmente algum fato, ou a própria vida, o feriu fazendo com que você prefira não ver tal ou tais coisas ou pessoas que o fizeram sofrer.

Você diz que já esqueceu o problema e que até já perdoou. Entretanto, seu inconsciente não mente e você pode estar sendo vítima de sua consciência orgulhosa. Há muitas maneiras de “negarmos” a visão:

-quando estamos em estado de depressão constante;

-quando um fato desagradável em família nos “cega” de raiva ou ressentimento;

-quando passamos certos momentos em nossa vida que não nos agradam, ou teimamos em não ver o outro lado das questões ou, ainda quando não queremos mais cruzar com a pessoa ou situação que nos atormenta e até por ter perdido alguém para a morte.

Para exemplificar, vou contar um fato:

Certa ocasião, conversando com uma mulher, que havia perdido a visão repentinamente, ouvi dela que ficou cega do olho esquerdo por causa do rompimento do nervo óptico, segundo diagnóstico dos médicos. Perguntei-lhe há quanto tempo o fato havia acontecido. “Há cinco anos”, respondeu-me. Passei, então, a fazer-lhe novas perguntas para que, através de suas próprias respostas, eu pudesse auxiliá-la em sua reabilitação.

Perguntei-lhe se guardava mágoa de alguém ou não queria ver algum homem que lhe fizera tanto mal.

Ceticamente respondeu-me que não tinha problemas com homem algum. Resolvi ir mais fundo e direto na questão: perguntei-lhe qual o fato marcante que lhe ocorreu há cinco anos envolvendo algum homem.

A essa pergunta sua reação foi imediata: deixou vir à tona suas emoções escondidas. Era o que eu buscava. Ressentida, revelou-me que naquela época seu pai havia falecido e que isso fez com que ela sofresse muito.

As cenas descritas e a sequência de detalhes sobre a morte de seu pai mostraram-me que carregava em seu coração o trauma de sua perda. Disse-lhe, então, que enquanto ela não perdoasse o pai por tê-la deixado e não passasse a aceitar os acontecimentos da vida com compreensão e gratidão, sua vista não voltaria ao normal.

Se o cérebro dessa mulher estiver com o hemisfério cerebral esquerdo mais desenvolvido — cética, analítica, fechada, repetitiva, etc. — com certeza terá de esperar muito tempo até que outras pessoas lhe digam o mesmo, fazendo-a entender o quanto é importante o auto-conhecimento para a solução de muitos problemas. Mas, se seu hemisfério cerebral direito for o mais desenvolvido — amplo, receptivo, aberto, intuitivo, emocional, meditativo, — ela, pelo menos, pensará no assunto e encontrará uma forma de “conversar” com seu próprio coração e descobrir porque ainda sofre inconscientemente.

É muito fácil para a mente restaurar um nervo óptico! Difícil é mandar uma mensagem simples e direta para que ela trabalhe objetivamente, pois a mente consciente desconhece que a comunicação com a mente subconsciente (parte mais rasa do inconsciente onde podemos usar hipnose, sugestionamentos, falar com pessoas em coma etc) deve ser clara e simples.

Todo e qualquer esforço no sentido de exteriorizar a força interior através de rituais, alegorias, frases longas, orações, etc., esbarra na dificuldade da realização total, ou seja, quanto mais complicamos a mensagem que deve ser dirigida à mente subconsciente, menos ela assimilará o objetivo que você deseja.

Ela responde com maior rapidez às frases simples, curtas, objetivas, firmes (positivas) e coerentes com as emoções.

Interiorize-se, concentre-se e mande à sua mente desejos e emoções com absoluta convicção, caso contrário ela preferirá manter como resposta o pedido anterior, ou seja, os sentimentos convictos que você mais frequentemente manifestou, mesmo que tenham sido negativos. Para sua mente inconsciente (parte mais profunda do ser e que comanda o subconsciente) basta pensar com emoção e crença para que ela se manifeste psicossomaticamente ou através do ambiente em que vivemos.

Portanto, se algo em nossa vida causou-nos sensações fortes de tristeza, medo, ódio, desgosto, o corpo servirá como porta-voz da nossa mente, para nos mostrar que estamos saturando nosso coração, guardando tantos “lixinhos” do passado ou medos do futuro.

Por isso, será necessário dar outro comando para nosso subconsciente de forma clara positiva e com autoliderança. Reprogramar o cérebro é uma arte que requer disciplina, perseverança e força para nunca mais falar nem pensar no passado dolorido e sim repetir palavras, pensamentos e atitudes novas de alegria, esperança e fé. Isso cura todo o corpo.”

Linguagem do Corpo vol. 1 - Cristina Cairo

domingo, 24 de março de 2019

Influências nas Relações de Casal - duas visões

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"Quando duas pessoas se conhecem, ou decidem ser um casal, a força da atração - inexplicável, afeto, paixão - é mais forte do que juízos e avaliações. Se isso não acontecesse a possibilidade de se unirem e desenvolverem um relacionamento seria muito pequena, pois raciocínios, criticas, medos e riscos fariam com que o bom senso prevalecesse.

No entanto, conforme o relacionamento vai se desenvolvendo outros aspectos começam a aparecer e muitas vezes atrapalhar a relação. Muitos aspectos externos, familiares e intrínsecos ao casal podem trazer dificuldades, mas também podem ser usadas como fortalecedor, se eles os conhecerem e souberem administrar.

A concepção do que é um casal, e como deve funcionar é um registro muito profundo e na maioria das vezes inconsciente nas pessoas. São gravações que vão se somando no interior do psiquismo de cada pessoa. Esses registros iniciam muito precocemente, quando seus pais sabem que estão grávidos. As emoções, dúvidas, conversas que circulam nesse momento começam a impregnar o ser que está sendo gestado da noção do que é um casal, para que um casal fica junto, o que o mantém ligado, entre outros aspectos.

A outra influencia importante, mesmo que subliminar, é a forma como o casal de pais se relaciona durante a gravidez e nos primeiros dias de vida do bebê. Isso vai também estruturando a visão interna e inconsciente sobre casais que o sujeito terá na sua vida como adulto e, depois, como parte de um casal.

Com base no padrão de relacionamento de casal que os pais têm, a pessoa é criada sendo incluída ou não na relação deles; sendo de forma explícita ou encoberta envolvida em parcerias, alianças ou rejeições. Nessas relações básicas de triângulo, cada indivíduo vai aprender a lidar de forma funcional ou dolorosa com as relações de par e triangulares.

Não há mais dúvida de que a qualidade e a forma do padrão de interação dos pais são definidores nas escolhas de parceiros que os filhos farão; porém, os outros casais próximos da criança e do adolescente ampliam a visão que o indivíduo tem, também podendo exercer importante influência na visão de casal que ele vai estruturando.

Muitos casais não tem consciência dessas influências nas suas relações amorosas e nas dificuldades que apresentam. Inúmeras pessoas, insatisfeitas e infelizes, mudam de parceiros na busca de um pouco de paz e entendimento; e frustrados repetem os mesmos dissabores e desavenças.

Ter a possibilidade de receber esta informação, aceitar que pode ter modelos internos e inconscientes que desencadeiam automaticamente ações e reações no relacionamento de casal, e passar a olhar para suas demandas e refletir sobre suas dificuldades e seus anseios, abre possibilidades de mudar muitas questões.

Esses conceitos estão internalizados em cada um dos elementos do par e interferindo nas suas escolhas, conceitos, dificuldades e regras do funcionamento de casal. Se, os parceiros conseguirem falar sobre isso, poderão diminuir dores, mágoas e dificuldades. Isso pode levar a uma vida de mais paz, mais amorosidade e cura das dores internas, e consequentemente, deixar para os filhos e outros que estão em volta, outras mensagens do que é ser casal, que certamente fará diferença no mundo."

Solange Maria Rosset - http://www.srosset.com.br
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A força total
"Quando uma criança olha para os pais, apenas para eles -  e isso é o que normalmente faz - ela sente-se fraca. Quaisquer que sejam as exigências que os pais tenham em relação à criança, ela se sente totalmente dependente deles. Com os pais é o contrário. Quando só vêem a si próprios e olham, então, para a criança, sentem-se fracos. Eles se sentem pequenos.

Quando a criança vê atras de seus pais os avós, os bisavós, os trisavós e olha mais além, pra lá, ao longe, de onde flui a vida, então vê os pais conectados em algo maior que vier dos pais a criança pode tomar, porque não toma somente os pais, toma de muito longe, de onde vem. Então, não importa como eles sejam . Aquilo que flui dos pais é sempre claro e limpo, grande e completo.

Quando os pais olham para trás e vêem de onde provém a voda, de muito longe e se vêem nessa corrente, então são fortes perante as crianças, mas não no sentido de precisar algo ou querer fazer algo, mas se sentem ligados a essa corrente. Então, a criança pode tomar tudo dos pais mais facilmente, porque também se sentem ligados a uma corrente.

Quando então a criança cresce, sente a necessidade de um relacionamento íntimo, quer se casar e então olha somente para o parceiro, sente-se fraca e desamparada. E esse parceiro, quando só olha para esse seu outro  parceiro, sente-se fraca e desamparada. E esse parceiro, quando só olha para seu outro parceiro, também se sente fraco e desamparado. Mas, se cada um deles vê que ele e ela estão ligados a essa grande corrente e, como o desejo por um parceiro está relacionado à corrente da vida, ainda sentem que essa vida flui através de si e eles se olham, então não olham somente para si mesmos. Eles não se olham apenas como homem e mulher com a ideia: agora vamos fazer a nossa felicidade. O que é isso? Quando vêem que estão dentro dessa corrente, ultrapassam a si mesmos. Então é relativamente insignificante como é o parceiro. Ambos estão na corrente da vida. Então, não se olha somente nos olhos, olha-se sem distinção, em direção à amplidão e sente-se carregado. Assim, o que quer que aconteça no relacionamento do casal, eles suportam."
A fonte não precisa perguntar pelo caminho - Bert Hellinger
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Duas percepções diferentes, porém complementares.
Como é bom sermos abertos para tudo aquilo que há em termos de conhecimentos... 
Ter gratidão àqueles que nos ensinaram faz parte também. A Solange e Bert Hellinger foram meus mestres. Solange foi quem me introduziu no caminho da Psicologia Sistêmica e Bert Hellinger ( através de Peter Spelter e tantos outros que me ensinaram), completaram este caminho que percorro como Psicóloga e Consteladora Sistêmica Familiar e Organizacional.
Meu blog é feito com muito carinho e o objetivo é sempre mostrar as várias vertentes de um mesmo tema.
Aqui tem um material fantástico para sua auto avaliação e/ou autoconhecimento. 
Boa semana
Tais

domingo, 17 de março de 2019

O tomar e o soltar a vida

                                       

A vida vem de longe e nós não sabemos onde é a sua nascente. Ela flui de longe para nós. Não que a tenhamos. Ela  nos toma a serviço e nos deixa cair de volta a origem, seja ela qual for.

A alma conhece a origem e a procedência da vida. E ela tem uma ânsia de voltar a origem-depois de algum tempo. Assim como a vida nos captura, sentimo-nos carregados por ela e sabemos, ao mesmo tempo, que ela está suspensa por um fio de seda. Esse fio se rompe depois de algum tempo - e nós submergimos de volta a origem.

A alma não tem medo desse movimento. O eu, às vezes, tem medo. Menos do voltar a submergir do que é da dor da transição. Quem está em harmonia com esse movimento, comporta-se de acordo com aquilo que apoia vida. Pois a vida, quando nos captura, exige de nós também aceitação desse movimento. Assim, estamos tanto em harmonia com a vida como também com o fim, quando chegar hora.

Existe um tempo e uma ordem adequados para esse movimento à vida e, então, de volta à origem. Existem, por exemplo, algumas que renunciam a vida antes do tempo, quando o movimento ainda não está realizado. Fazem isso a partir de um movimento interno que é pretensioso. Se, por exemplo, uma criança perde cedo um de seus pais, então tem ânsia de ir para o pai e mãe ou, também para um irmão que morreu precocemente. Ela acha que se ceder a esse movimento os reencontrará de uma maneira que corresponde a experiência da vida. 

Essa ideia é infantil. Frequentemente, a criança tem nisso ainda a ideia de que o(a)morto (a)se alegra se ele (a)vier ter com ele (a), assim como se existisse um reencontro familiar. Todas essas ideias menosprezam que os mortos já não vivem, pelo contrário, tornam a submergir.

Em Tristão e Isolda, Wagner chama isso de eterno esquecimento original. Seria a origem. Lá não existem mais relacionamentos no sentido daqueles da vida. Se alguém tiver a ideia de que possa rever os mortos, então menospreza a profundeza e o definitivo desse movimento.

Freqüentemente, com isso está ligada a ideia de que se poderia não somente alegrar os mortos, mas, talvez, ainda salvá-los. Essa ideia é, frequentemente, uma das predisposições importantes para uma doença séria. A solução seria reencontrar o caminho de regresso ao grande contexto e deixar se recapturar e carregar pela vida, tanto quanto a vida queira e permita. Então, esta-se em harmonia. Disso resulta frequentemente algo benéfico para a doença e o tempo que resta é prolongado.

Esse é um lado. Mas existe um outro lado. Alguns seguram a vida para além do tempo, embora já tenha terminado. Então, eles perturbam o movimento da alma. Demasiado tratamento intensivo é uma tentativa de parar esse movimento, apesar de que, no fundo, tudo tenha terminado. Muitos médicos e terapeutas são até obrigados a fazê-lo, interferindo no movimento para a morte.
A fonte não precisa perguntar pelo caminho - Bert Hellinger
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Muitos acreditam que os mortos permanecem ao nosso lado por um tempo e se afastam lentamente. Por isso a importância de "fazer o luto", respeitar a dor por um período.

Existem aqueles que fazem por um período longo, ou seja, passam uma vida cultivando a dor da perda ( choram, não se colocam na vida, permanecem tristes, não os respeitam, esquecem, etc). Estes não querem saber nada deles ou se tem medo.
Porém, quando o luto, a dor... alcança seu objetivo, e somente aí, respeitamos e honramos os mortos , e eles podem se retirar.
Então a vida terminou para eles, e podem se retirar.

Se liberamos os mortos, eles atuam sobre nós positivamente, sem que nos incomodem, sem que seja necessário um esforço especial de nossa parte.
Ufa...profundo isso!
Ficarei com a reverberação deste texto em meu íntimo, por esta semana.
Tais

domingo, 10 de março de 2019

Freud explica o Carnaval


“Segundo Freud, a nossa mente é como uma casa em que vivem três habitantes. No térreo, mora um sujeito simples e meio atucanado, chamado Ego. Ele não é propriamente o dono da casa, mas cabe-lhe pagar a luz, a água, o IPTU, além de varrer o chão, lavar a roupa e cozinhar. Estas tarefas fazendo parte da vida cotidiana, Ego até não se queixaria. O pior é ter de conviver com os outros dois moradores.

No andar superior, decorado em estilo austero, com estátuas de grandes vultos da humanidade e prateleiras cheias de livros sobre leis e moral, vive um irascível senhor, chamado Superego. Aposentado – aos pregadores de moral não resta muito a fazer em nosso mundo – Superego dedica todos os esforços a uma única causa: controlar o pobre Ego. Quando liga, se lembra de alguma piada boa e ri, ou quando o Ego se atreve a cantar um sambinha, Superego bate no chão com o cetro que carrega sempre, exigindo silêncio. Se Ego resolve trazer para casa uma namorada ou mesmo uns amigos, Superego, de sua janela, adverte: não quer festinhas no domicílio.

No porão, sujíssimo, mora o terceiro habitante da casa, um troglodita conhecido como Id. Id não tem modos, não tem cultura e na verdade mal sabe falar. Em matéria de sexo, porém, tem um apetite invejável. Superego, que detesta estas coisas, exige que o Ego mantenha a inconveniente criatura sempre presa. E é o que acontece durante todo ano.

No Carnaval, porém, Id se solta. Arromba a porta do porão, salta para fora e vai para a folia, arrastando consigo o perplexo Ego que, num primeiro momento, resiste, mas depois acaba aderindo. E aí são três dias de samba,bebida, mulheres.

Quando volta para casa, na quarta-feira, a primeira pessoa que vê Ego é o Superego, olhando-o fixo da janela do andar superior.
Ele não precisa dizer nada, Ego sabe que errou. Humilde, enfia-se em casa, abre a porta do porão, para que o saciado Id retorne a seu reduto, e aí começa a penitência, que durará exatamente um ano.

De vez em quando, Ego tem um sonho. Ele sonha que os três fazem parte de um mesmo bloco carnavalesco, e que, juntos, se divertem a valer – o Superego é, inclusive, o folião mais animado. Mas, isto é, naturalmente, sonho.”

Por Moacir Sciliar - facecebook de Thais Marques

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Existem pessoas que criticam muito esta festa, e dizem que é uma festa profana. Que esta é patrocinada pela escória moral de nosso país e que , somente desfrutam do "bem bom", permanecendo durante a festa nos camarotes com a alta sociedade, regados a champanhe importada, empregados, droga etc.... E, que na verdade, o que se passa na coxia, é degradante: maus tratos, fantasias pesadíssimas, "feitores" que só faltam dar chicotadas para que "os escravos" obedeçam as ordens.
Trafico de mulheres, exploração de menores, pedofilia, e venda de um Brasil onde só o sexo é que importa...

Mas tem quem goste, ou quem somente olhe para o que vemos na TV, como tudo neste planeta de "Meu Deus, somos "teleguiados" (hahahahahah...)
  
Outros dizem ser o céu, um produtor de divisas para o nosso país.  A beleza das mulheres e homens, aumento do turismo, ganho de muito dinheiro, movimentação dos hotéis etc...

Mas, afinal, o que penso? Alguma vez ponderei com este olhar crítico?

Achei que o Moacir Sciliar ( não o conheço - mas é inegável o conhecimento e a facilidade que tem pra escrever) narrou tão bem e de forma divertida, o que se passa internamente em cada um de nós, que resolvi trazer pra vocês.
Uma excelente semana!
Tais

domingo, 3 de março de 2019

A mãe narcisista - visão psicanalítica e a visão sistêmica

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A mãe narcisista é habilidosa em se fazer de vítima e dizer que a filha é ingrata, explica a psicanálise.

Na visão sistêmica, a filha é um elo de uma cadeia de gerações de mulheres que estão fora de seu lugar, portanto
 nenhuma foi, de fato, mãe.

Abaixo transcrevo um artigo Rita Lisauskas, jornalista publicado no jornal Estadão (https://emais.estadao.com.br/blogs/), onde narra uma história de relacionamento mãe/filha, sob a ótica psicanalista. 
Em seguida o ponto de vista sistêmico publicado no blog Essencial terapias (https://essencialterapiassaocarlos.blogspot.com.br)

A psicanalista Verbenna Yin, 41, lembra que quando era pequena nunca conseguia agradar a mãe, pelo contrário. Nada do que ela fazia parecia bom o suficiente. As notas sempre altas na escola e até os bons textos que escrevia, que eram elogiados pela professora, eram depreciados pela mãe, que também não poupava críticas à aparência da filha, ainda uma menina. “Ela vivia me dizendo que eu era feia, muito feia”, lembra.

Já os dois irmãos de Verbenna recebiam um tratamento diferenciado, porém não menos tóxico: o menino, filho do meio, era o protegido, “sempre elogiado”, enquanto a outra irmã, a caçula, era tratada como “incapaz”. A hoje psicanalista conta que passou a infância e a adolescência tentando conquistar a admiração e o carinho dessa mãe, sem sucesso. Quando tinha 18 anos, o choque: a mulher que ela se esforçava tanto para impressionar tentou matá-la. “E não foi durante uma discussão ou tentando se defender de uma ameaça. Foi uma agressão gratuita, quando eu estava quase dormindo”, conta. A jovem saiu de casa e se afastou da mãe, por questão de segurança.

Anos depois, já formada em psicanálise, mãe de dois meninos e ainda longe da mulher que a colocou no mundo, Verbenna conta que mães como a dela, que destroem a autoestima dos filhos e transformam a infância e vida adulta deles em um inferno são mais comuns do que se possa imaginar. “São as mães narcisistas”, explica, agora como psicanalista. 

“O transtorno de mãe narcisista é um quadro real onde a relação mãe e filha fica comprometida por uma atitude constantemente perversa dessa mãe, que age com hostilidade, falta de acolhimento e cuidados enquanto a filha quer pertencer e tenta agradar o apetite insaciável da mãe insatisfeita, o que compromete sua autoestima e capacidade de realização no mundo”

Perceber que se é filha de uma mãe narcisista pode doer, conta, agora como filha . “A gente espera ser acolhida e é difícil romper com esse ideal de que a mãe sempre quer o seu melhor. Nem sempre ela quer”, afirma.

Blog: Como é a relação dessa mãe narcisista com seus filhos?

Verbenna: É uma dinâmica permanente que se estabelece geralmente com uma filha, que é o ‘bode expiatório’, enquanto os outros filhos, quando existem, ocupam outros lugares: tem o ‘filho dourado’, que recebe todos os atributos positivos, e o filho ‘protegido’, incapacitado por essa mãe e atingido em sua autoestima. É uma dinâmica inteira que não atinge apenas um dos filhos. Mas a existência desse ‘bode expiatório’ entre eles é que é muito cruel. Geralmente é a filha mulher que recebe toda a projeção negativa dessa mãe.

Blog: Sempre é com a filha mulher?

Verbenna: Geralmente. Mas quando há dois filhos meninos ou quando há um filho só também se estabelece uma relação doentia com essa mãe que tem uma personalidade narcisista. É mais comum a gente encontrar filhas de mães narcisistas.

Blog: E como é essa personalidade narcisista?

Verbenna: É muito voltada para si mesmo, porque é disso que o narcisismo trata. É uma incapacidade de conexão real com o outro. A pessoa só consegue se relacionar com o mundo a partir do que ela reconhece dela mesma nesse lugar externo. Com relação à maternidade, fica muito difícil o exercício de empatia dessa mãe, que não consegue ser tão sensível assim às necessidades dessa criança, podendo ser negligente ou exigir coisas que ela não tem condição de atender.

Blog: E essa dinâmica começa sempre quando a filha ou o filho ainda é bebê?

Verbenna: Os transtornos de personalidade se estabelecem aí, nesse momento, no primeiro ano de vida. A qualidade da relação entre essa mãe e essa filha é determinante para se estabelecer esse problema. A gente só olha para fenômeno já acontecido, registrado, fechado. Mas essa mãe, que é narcisista de fato, também foi um bebê, então sua personalidade narcisista se desenvolveu também quando era bebê. Essa questão nunca é isolada, ela é acompanhada também de outros quadros, então essa mãe pode ser esquizofrênica, sociopata, psicopata. Só que ela não nasceu assim, isso se estabeleceu quando era criança e se a gente vai pesquisar encontra uma avó com traços muito parecidos e que reporta histórias extremas de violência, abuso e outras coisas piores. Olhar para a questão já estabelecida esconde o fato de que essa condição é o resultado negativo de um evento forte que aconteceu na vida dessa mãe, que não teve o tratamento adequado e que acabou comprometendo sua saúde psíquica.

Blog: E quando começam os conflitos?

Verbenna: Quando as crianças ganham mais autonomia e começam a fazer suas próprias escolhas, a “desagradar” muito essa mulher, porque não “refletem” mais essa mãe, que não aprova, desqualifica e gera um abalo na autoestima dessa criança. E isso é recorrente, não é um quadro temporário. A autoestima desse filho vai ser testada durante toda a convivência dele com a mãe. Para a filha, que tem sua personalidade moldada nesse ambiente de hostilidade frequente, será muito difícil confiar em outras relações e contextos, o que promove nela uma sensação de que deve se defender o tempo todo, o que gera muita ansiedade.

Blog: E tem como alguém de fora intervir nesse processo?

Verbenna: Geralmente isso só é conscientizado pela filha na idade adulta, a família não compreende o que está acontecendo. Além disso, a mãe narcisista é muito habilidosa em se fazer de vítima e de incompreendida, de dizer que ‘a filha é ingrata’, então muitas vezes a família apoia essa mãe. Até se dar conta dessa dinâmica nociva.

Blog: Como a mãe narcisista age?

Verbenna: É muito mais grave do que as pessoas imaginam. Ela expõe a filha a situações de risco real: esquece em algum lugar, não busca, vai a ambientes de risco com aquela criança, exige muito da filha e quando ela corresponde ao que for exigido não dá o devido valor pelo seu esforço, ou destrói algo importante para essa menina. A mãe, que é a parte perversa da história, geralmente age com agressividade e pode representar um perigo para a filha, criando situações que causam danos de verdade para ela. Então essa criança fica numa condição muito difícil e constrói sua identidade nesse lugar de extrema vulnerabilidade. E quando ela cresce, já adulta, uma rivalidade se apresenta, que pode culminar com ameaças reais à integridade da filha.

Blog: Como foi a sua infância e adolescência?

Verbenna: Desde pequena minha mãe tinha uma fixação com a minha aparência, dizia que eu era uma criança feia, muito feia e que eu precisava estudar muito porque, no mundo, as mulheres conseguiam as coisas pela ou pela beleza ou pela sabedoria. Eu recebia pouquíssimo apoio com as coisas que eram minhas habilidades e ao mesmo tempo havia uma tentativa de diminuir tudo o que eu fazia. Eu era uma criança muito artística e ela não deixava que isso se desenvolvesse em mim. Eu adorava aulas de dança, mas ela me proibia de fazer. Desde pequena eu amava escrever, então escrevi um livro que minha escola, lindamente, decidiu publicar. Mas ela não deixou. E as coisas foram progredindo: eu não pude estudar no colégio em que eu tinha passado no ‘vestibulinho’, ela me trancava dentro de casa para eu não poder fazer minhas atividades. Era uma agressividade voltada para um filho só, naquela dinâmica do “bode expiatório”.

Blog: E seus irmãos, como ela tratava?

Verbenna: Seguia bem o roteiro. Tinha um que era confirmado em tudo, recebia todo o apoio e dedicação possível e a minha irmã, a terceira filha, criada nesse aspecto da incapacidade. Ela era muito querida, amada, “mas não era tão capaz assim”. E os filhos acabaram criando sua identidade a partir desses lugares.

Blog: O que você pensava? Que sua mãe não te amava?

Verbenna: Eu achava isso, mas também que era uma pessoa injusta, pela diferença de tratamento entre nós. Eu tentava sempre argumentar, o que a irritava demais. Ela era muito agressiva e me batia muito. Foi aí que eu percebi que esse convívio mãe e filha, tão comum para as outras pessoas, não era possível para mim. Eu me sentia culpada e tentava compensar isso de várias formas, tentando ser uma ótima aluna na escola, fazendo coisas que eu achava que ela poderia gostar dentro das coisas que valorizava. Mas todo o melhor que a gente tenta dar para essa mãe nunca é suficiente.

Blog: Qual foi a gota d´água entre vocês?

Verbenna: Eu percebia que havia algo muito errado na nossa relação desde sempre, algo fora do natural. Mas quando eu tinha 18 anos ela tentou me matar com uma faca e não durante uma discussão, em uma tentativa de defesa a uma ameaça. Foi uma agressão gratuita, quando eu estava deitada, quase dormindo. Daí eu decidi me afastar por questão de segurança. Quando meu filho nasceu ela foi à Justiça questionar minha capacidade de ser mãe, pedindo a guarda do meu filho. Foi aí que eu solicitei, em meio ao processo judicial, que fosse feita uma avaliação psicológica dela. Segundo o laudo, minha mãe sofre de esquizofrenia paranoide há muitos anos. E o narcisismo é um traço dentro desse contexto maior. Mais tarde, quando eu fui me formar em psicanálise e depois atendendo a algumas pessoas, filhas de mães narcisistas, percebi que a gente fica nesse lugar de menina machucada e não percebe que esse narcisismo pode fazer parte de algo maior.

Blog: Sua mãe se tratou depois do diagnóstico?

Verbenna: Não, e ela não aceita esse diagnóstico até hoje. Por isso eu tomo alguns cuidados. Ela não sabe onde eu moro, por exemplo, porque tem rompantes, então eu a deixo afastada. Mas há um ano mais ou menos eu a procurei e não fui bem recebida, para mim era importante esse convívio com ela, minha única figura parental. Mas não fui bem recebida não.

Blog: E como é a relação com seus filhos? Como foi se tornar mãe tendo essa bagagem?

Verbenna: Foi um renascimento, eu sabia que eu queria uma experiência de maternidade diferente, tinha certeza de que não podia reproduzir aquilo, então eu me dediquei completamente à função materna para que ela fosse positiva.

Blog: Você sente algum impulso de fazer com que seus filhos algumas das coisas que sua mãe fez com você?

Verbenna: Eu sinto que esse impulso psíquico do narcisismo me atravessa em alguns momentos, mas um dos efeitos positivos da terapia é me permitir estar consciente para sentir ele se aproximar, sem me entregar. Eu acredito que exista um padrão de rejeição em filhas de mães narcisistas, como eu, uma falta de conexão com os outros, e eu senti isso na minha maternagem, principalmente quando os meus filhos ficaram um pouquinho maiores. Eu estava com eles, mas não estava totalmente presente, não conseguia me sentir integrada. Foi isso que me fez olhar para além da minha própria história, ver que esse foi um referencial de comportamento, algo que me constituiu, mas que eu podia tratar. Existem ferramentas eficientes para rever isso, para que a gente faça reparações conscientes da nossa maternagem.

Blog: Você já sabe o que aconteceu na infância da sua mãe?

Verbenna: Sim, hoje eu sei. Conversamos e descobri que ela teve um trauma muito importante no início da vida, algo que não foi nomeado e nem tratado. Ela acabou se abrindo e me contou algo que ninguém da família sabe até hoje. Sem dúvida, o fato dela ter dividido isso comigo mudou nossa relação, porque agora eu sinto empatia por ela. Perceber que essa maldade da qual ela foi vítima foi resultado de algo que ela não pôde impedir iguala o meu lugar ao dela. Eu também fui vítima de algo que eu não pude impedir. Nenhuma mãe quer conscientemente destruir a autoestima de uma filha, isso acontece como consequência de uma dinâmica que vai se estabelecendo porque ninguém nunca olhou para essa mãe, ela não teve a chance de ser cuidada como precisava.

Blog: Você perdoou sua mãe?

Verbenna: Eu perdoei, claro, e só porque eu perdoei consigo atender mulheres que passaram pelo mesmo que eu. Mas a convivência com ela me colocaria num lugar de receber, de novo, intolerância, críticas, desqualificação do meu esforço. O meu perdão não faz com que ela mude de comportamento e, por isso, para me preservar, eu prefiro não conviver com ela.

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“Há grande diferença entre a visão psicanalítica e a sistêmica.

Na visão psicanalítica, a criança continua sendo "vítima da mãe". A mãe é a "desequilibrada". 
Na visão sistêmica, a filha é um elo de uma cadeia de gerações de mulheres que estão fora de seu lugar, portanto nenhuma foi, de fato, mãe. 

Neste exemplo, esta mãe não foi mãe de nenhum filho. Os meninos também foram destruídos psiquicamente. E a filha se torna mãe da mãe, mais tarde. E uma mãe bem difícil. 

Assim, não há vítimas e algozes. Todos são "crianças" fiéis ao seu sistema familiar, inocentemente seguindo os padrões aprendidos e culpando a mãe, os irmãos, o pai ausente, etc. 

Como solução, no máximo, conseguem se afastar cheios de raiva e culpa. Isso depois de anos de terapia. Gratidão Freud. Você avançou muito o conhecimento da época. 

Mas, tudo evolui. E aí vieram Virgínia Satir, Eric Berne e Bert Hellinger, na trilha aberta por Freud e viram que o buraco era mais para trás. E que deveria ter outra forma de olhar. 

Sim, às vezes, a melhor solução é se afastar, mas só se interrompe o ciclo, se tomar a mãe no coração. Tomar é muito mais que amar, é aceitar que aquela mãe é a perfeita para nós, que não mudamos o que passou, mas reeditamos nosso destino cada vez que amamos mais, ampliamos mais, liberamos mais os pais de nossas frustrações e nossos filhos desta dor transgeracional. 

Nos afastamos por amor. Ou nos colocamos como filhos, de forma que o que aquela mãe fez ou ainda faz não nos afeta mais porque, enfim, vemos a corrente toda e sabemos que ela não consegue nos ver como filhos, portanto não é conosco que ela está falando.

Desenvolvemos uma profunda compaixão por todas as mulheres de nosso sistema familiar até, possivelmente, aquela que teve seu filho arrancado dos braços, seu corpo violentado, sua vida destruída e descobrimos que aquela mãe só precisava ser amada.
E, no nosso coração, a amamos e nos inclinamos profundamente ante seu destino e de todas as outras mães, inclusive a nossa. 
Nos vemos apenas como mulheres. 
Olhamos depois para os homens e fazemos a mesma descoberta. Em geral, homens que foram filhos sem mãe, nem pai, cheios de sofrimento e dor. 

Isso não é uma crítica a psicanálise, é uma gratidão, pois mudou paradigmas e seguimos mudando. A psicanálise ousou ouvir com o método da escuta psicanalítica. A visão sistêmica com o método das constelações ousa ver."

Silvana Garcia, Essencial terapias
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E, por último, gostaria de dizer que em minha experiência clínica, muitas são as feridas revistas e curadas através das Constelações Familiares. Um olhar mais amoroso, mais leve, onde podemos seguir sem o peso do "perdão".. pois quem perdoa fica arrogante, e quem é perdoado sente-se devedor e cria um distanciamento/desequilíbrio que só nos impede de seguir. 
Podemos deixar que a mãe carregue as consequências de seus atos, e seguirmos...gratos ao bem maior que recebemos dela - a Vida.
Esta é uma oportunidade de rever nossos julgamentos e a posição que ocupamos em relação a mãe.
Boa semana!
Tais