"As Ordens do Amor são forças dinâmicas e articuladas que sopram e revoluteiam em nossas famílias ou relacionamentos íntimos. Percebemos a desordem que sua turbulência nos causa como as folhas percebem o redemoinho - sob a forma de sofrimento e doença. Em contra partida, percebemos seu fluxo harmonioso como uma sensação de estar bem no mundo."
"Nem todos os sofrimentos e doenças são causados por distúrbios em nossos relacionamentos, é claro: mas, visto que freqüentemente fazer alguma coisa contra as angustias que não brotam dessa turbulência sistêmica, elas são objeto de atenção especial em nosso trabalho.
Quando compreendemos as leis sistêmicas que permitem a efusão do amor, capacitando-nos a ajudar famílias e pessoas em sofrimento a encontrar soluções, e mudar seus ambientes psicológicos. É profundamente tocante observar clientes que entram em contato com as Ordens do Amor e, espontaneamente, se entregam a um íntimo e suave amor, mesmo depois de uma vida de ódios, rancores e agressões. Todavia, lutar apenas com as armas da vontade pode estabelecer o equilíbrio sistêmico num relacionamento, permitindo que o amor floresça. Penetrar as Ordens do Amor é sabedoria. Segui-las com amor é humildade."
"A Simetria oculta do Amor" – Bert Hellinger
O instrumento que Bert Hellinger utiliza para tornar visível a dinâmica normalmente oculta dos sistemas de relacionamento é a Constelação Familiar.
Doenças graves, suicídios, acidentes são alguns fatos que freqüentemente presenciamos nas constelações. São motivados pelo amor – o amor cego da criança. As crianças amam de acordo com um sistema de crenças mágicas.
Para elas, o amor significa: "Para onde você for eu vou também. O que você fizer, eu farei também" ou "Amo-o tanto que quero estar sempre com você". Isto é: "Vou acompanhá-lo na doença" e "Vou segui-lo na morte". Quando alguém ama dessa maneira, fica evidentemente vulnerável às doenças graves.
Nas constelações, sempre observamos que os mortos, os doentes e os que padecem de um destino adverso querem que os sobreviventes estejam bem. Uma morte ou infortúnio é suficiente. Os mortos querem bem aos vivos. Não é apenas a criança que ama; amam também todos os que sofreram ou morreram. Para que se dê a cura sistêmica o cliente precisa reconhecer o amor do ente querido e reverenciar o destino dele. Os bons desejos podem curá-lo e esta seria a solução: acolher no coração, na alma a força do amor do ente querido. Quando os mortos ocupam o seu devido lugar na família, causam efeitos benéficos para a família. Do contrário, causam ansiedade e sofrimentos. Se tem seu devido lugar na família, ajudam os sobreviventes a viver, em vez de alimentar-lhes a ilusão de que devem morrer também.
"O sofrimento é a prova de que nossa alma pueril necessita para não se sentir culpada perante a família. Ele garante e protege o direito de participação. Toda desventura causada por dificuldades sistêmicas é acompanhada pela satisfação profunda de pertencer à família e pelo anseio do amor. Problemas e vicissitudes, por outro lado, fortalecem o sentimento de participação. E, muitas vezes, esse tipo de participação parece mais importante que a felicidade ou é a própria felicidade".
Do Livro "Constelações Familiares"- Bert Hellinger - Ed. Cultrix
"É mais fácil suportar a doença do que aceitar a benção da tia".
Hellinger para o cliente no ritual da reverencia: "Vá até a sua irmã gêmea falecida e lhe faça uma reverencia, bem suavemente, com respeito. Depois faça o mesmo em relação aos seus avós. Faça isto com respeito e reconhecimento pelo destino deles"
Às vezes soluções importantes vêm à tona:
O problema e o sofrimento são mais fáceis de suportar do que a solução. Isso tem a ver com o fato de que sofrer ou manter o problema é algo que está profundamente vinculado a um sentimento de inocência e lealdade com relação à família num nível mágico. Com isso a pessoa tem esperança de que o próprio sofrimento possa salvar outra pessoa da família.
O cliente vê que a tia não precisa de salvação e isto representa para ele uma grande decepção, porque, dessa forma tudo o que ele fizera por ela até então teria sido em vão. Isso não é fácil de reconhecer. Às vezes o cliente se nega a fazer uma reverencia, prefere manter o problema ou o sofrimento, mesmo conhecendo a solução.
A doença como uma necessidade de expiação.
O cliente identificado com o avô. "Eu lhe disse que deixasse o sofrimento com o avô: assim ele ficaria livre".
O avô é, certamente, alguém que, por causa do acontecimento trágico de ter atropelado a filha não consegue sair da culpa - expiação.
A constelação pode ajudar o cliente a libertar dessa identificação com o avô que tem necessidade de expiação. E a doença é, algumas vezes, uma necessidade de expiação. Pode ser também que a doença do cliente sirva de expiação, mas quem sofre é ele no lugar do avô. Se o cliente se libertar dessa identificação pode ser que a doença melhore. Hellinger destaca: "eu me interesso pelas forças que atuam, curando a família. Pode ser possível curar uma doença quando essas forças positivas são colocadas em ação. Mas esse não é meu objetivo primordial. Meu objetivo está no âmbito da alma e da família. Se com isso a doença melhora fico contente. Mas é uma área que prefiro entregar a responsabilidade aos médicos".
A causa das doenças nas famílias.
É possível curar doenças através da constelação familiar?
Hellinger descobriu durante o seu trabalho com doentes foi que a mesma dinâmica básica resulta em diversas doenças.
Nas famílias, existe a possibilidade de que uma criança queira repetir o destino de um irmão ou de uma mãe ou pai falecido. A criança diz em seu intimo: "Eu irei com você". Pode ser que, nessa situação, ela tente se suicidar ou fique com câncer ou outra doença. Portanto, a mesma dinâmica básica pode ser expressa de formas diferentes. Por isso, não teria sentido se tentasse curar o câncer sem respeitar essas dinâmicas básicas:
-"eu o/a acompanho na morte ou na doença ou no destino";
-"melhor, eu morrer do que você", ou "melhor, eu partir do que você";
-expiação por culpa pessoal.
Porque a criança faz isso?
É totalmente inconsciente, é o amor cego que adoece. As crianças fazem isso quando vêem que um dos pais quer repetir o destino de alguém.
Fica claro para o cliente, o amor que cura: parar de carregar qualquer tipo de responsabilidade por seu pai, tio ou avô ou de ser responsável por um ente querido.
Pode-se sempre confiar na força do amor?
O trabalho de constelação familiar está a serviço da reconciliação, ajuda o sistema encontrar o seu caminho e a sua ordem.
"Os sistemas familiares têm uma força tão grande, vínculos tão profundos é algo tão comovente para todos os seus membros. A família dá a vida ao individuo. Dela provem todas as suas possibilidades e limitações. Graças à família, ela nasce no seio de um determinado povo, numa determinada região e é vinculada a determinados destinos e tem que arcar com eles. A família é o vinculo mais profundo que liga os seres humanos".
Sofrimentos e doenças ligados aos destinos familiares.
Estamos ligados a família e ao destino dela e esse vinculo é às vezes causa de muitos sofrimentos e doenças.
"A família provoca doenças, não porque as pessoas sejam más, mas porque na família atuam destinos que concernem, tocam e influenciam a todos. O vinculo familiar faz com que os destinos sejam compartilhados por todos. E, se aconteceu algo grave numa família, existe ao longo de gerações uma necessidade de compensação."
A consciência do clã
Existe uma força, uma instancia que faz com que todo o sistema familiar busque o equilíbrio e a compensação. Faz, por exemplo, que os excluídos sejam reintegrados, ou que cada um arque com responsabilidade pelas próprias ações ou que as conseqüências de uma culpa não sejam transferidas dos pais para os filhos e destes para os netos.
"Se aprendermos a incluir essa força, podemos usá-la para restaurar a ordem no sistema, uma ordem que liberte de um destino nefasto ou, pelo menos, atenue os seus efeitos. Então todos podem respirar aliviados. As forças positivas tornam a entrar em ação e exercem um efeito liberador. Quando a família é colocada em ordem dessa maneira, o individuo pode afastar dela, sentindo às suas costas a força que dela emana. Somente quando os vínculos familiares são reconhecidos, a responsabilidade é vista com clareza e compartilhada entre todos. O individuo se sente aliviado e pode seguir seu próprio caminho, sem sentir sobrecarregado e afetado pelo que aconteceu anteriormente".
O amor que cura o amor que adoece.
"O amor no seio da família tanto pode provocar doença como restabelecer a saúde. Não é a família que provoca as doenças, mas a profundidade dos vínculos e a necessidade de compensação. Quando se traz isso à luz, esse mesmo amor e essa mesma necessidade de compensação podem num nível superior, ter uma influencia benéfica sobre a doença. Dizer simplesmente, que a família provoca doença seria condenar levianamente a família. Não é justo acusá-la. O sofrimento no seio de uma família não se origina porque existe a família. Assim como é a família, é também a vida. Na família, começamos a viver e daí surge a pergunta: como é que o individuo organiza sua vida de maneira que seja possível um desenvolvimento? O individuo, não importa o que ele anuncie ao mundo, no fundo permanece fiel à família. Temos que reconhecer este amor profundo".
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Mais um pouquinho de esclarecimentos para esta semana.
Tenho recebido muitos clientes com questões parecidas com as mencionadas neste texto... então, lê-lo e compreendê-lo talves os ajude-os a tomar a decisão.
Mesmo com a pandemia permaneço trabalhando com as constelações individuais, na versão on line.
Boa semana
Tais