domingo, 3 de dezembro de 2017

Como Ajudar? O posicionamento e o papel do terapeuta de Constelação Familiar.


Constelação Familiar é uma terapia breve criada pelo alemão Bert Hellinger nos anos 70. Esta técnica revolucionou o trabalho da psicoterapia. Ela se faz em apenas uma sessão, onde o cliente escolhe um tema a ser “trabalhado” e o terapeuta (Ajudante) através dos “representantes” (pessoas aleatórias que estão no grupo) monta o sistema familiar ancestral do cliente. Neste campo (onde é estabelecida a Constelação) observamos onde estão os “bloqueios” que estão impedindo o cliente a fluir. Os bloqueios sempre aparecem onde percebemos excluídos naquele sistema familiar. Entendemos como excluídos, pessoas que por um motivo ou por outro estão à margem deste sistema.

Neste artigo vamos nos deter a ver o papel do terapeuta numa Constelação Familiar.

Estamos numa profissão em que lidamos com o ser humano num processo de Ajuda, de colaboração ao outro; e muitas vezes nos pegamos num papel de achar que temos a resolução daquela problemática em nossas mãos, o que é um erro. Vejamos um trecho escrito pelo Bert Hellinger que nos mostra como o terapeuta de Constelação Familiar deveria se basear, chama-se, Sabedoria.

…O sábio concorda com o mundo tal como é,

Sem temor e sem intenção.
Está reconciliado com a efemeridade
E não almeja além daquilo que se dissipa com a morte
Conserva a orientação, porque está em harmonia,
E somente interfere o quanto a corrente da vida o exige.
Pode diferenciar entre:
É possível ou não, porque não tem intenções.
A sabedoria é o fruto de uma longa disciplina e exercício,
Mas aquele que a possui, a possui sem esforço.
Ela está sempre no caminho e chega à meta,
Não porque procura,
Mas porque cresce…”

Ajudar é uma arte que pode ser aprendida. Também faz parte dela uma sensibilidade para compreender aquele que procura ajuda, portanto a compreensão daquilo que lhe é adequado, daquilo que se ergue acima dele (o cliente) mesmo, para algo mais abrangente. Muitas vezes a solução de uma Constelação, e o processo de ajuda do terapeuta está na sabedoria de perceber o que é melhor e o que a “alma” está precisando ou necessitando como experiência.

Esta técnica serve à alma e não ao ego. Na maioria das vezes o que o cliente busca é muito mais profundo do que ele fala e pede. Na verdade, o terapeuta precisa aprender a desenvolver habilidades para conseguir entrar no campo da Constelação e ver e dar o que de fato àquela alma necessita.

Estas habilidades são descritas como:

Observação, percepção, compreensão, intuição e sintonia.

Observação: Olhar além do que está vendo, ver detalhes de forma aguçada e exata, onde nada escapa.

Percepção: Ela é distanciada do objeto de observação. Percebemos simultaneamente os detalhes e o conjunto. O terapeuta deve estar dentro do campo mas não envolvido com ele.

Compreensão: A compreensão necessita da observação e da percepção. Compreensão é entender não com a mente mas com a alma, com a essência, sem julgamento podemos mergulhar no essencial para o cliente.

Intuição: É quando nos abrimos para além da compreensão. É muitas vezes o que nos conduz para o próximo passo.

Sintonia: Ela é um nível de vibração, onde eu me “afino” com a vibração do cliente, e com tudo que vem dele, principalmente sua ancestralidade.

Para que aconteça o desenvolvimento de uma Constelação Familiar, o terapeuta além de necessitar se abrir para o desenvolvimento dessas habilidades descritas acima, ele deve respeitar ordens que o Bert Hellinger acredita que seja a base para o terapeuta de Constelação, o que ele denominou ordens da ajuda.

Ordens da ajuda são, portanto, leis ou princípios que devem presidir nossos comportamentos como terapeutas. São elas:

1º ordem: Dar apenas o que temos – Tomar aquilo que somente necessitamos. Não agir – Mostrar o que está ali.

2º ordem: Só ajudar quando o cliente permitir.

3º ordem: Se colocar no lugar de terapeuta e nunca dos pais do cliente. Dar aos pais do cliente, portanto, um lugar de respeito.

4º ordem: Não olhar só para o cliente, mas sim para todos, daquele sistema. O cliente não deve ser visto com um ser isolado.

5º ordem: Estar a serviço da reconciliação – Sobretudo com os pais.

Para isto o terapeuta necessita principalmente de romper com preconceitos, julgamentos, conceitos conhecidos e pré determinados, indignação moral em todos os níveis e condenação.

Isso faz você estar capacitado não só, para ser um terapeuta de Constelação para a ajuda, mas antes de tudo, um ser humano mais capacitado para a vida.
Celma Nunes Villa Verde Terapeuta de Constelação Familiar
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Você está pronto para as “Novas Constelações?”

"Numa “Constelação Familiar Tradicional”, o cliente escolhe um tema que esteja o afligindo naquele momento em sua vida, porém nas “Novas Constelações” não há um pedido, não necessitamos de um motivo aparente para constelar. Neste caso, o que é importante vem à luz. Assim, configuramos um representante para a pessoa (cliente) e vemos o que acontece, sem nenhuma palavra, estamos em outro nível dimensional, onde não queremos nada, onde não temos nenhuma intenção. Em pouco tempo tudo vem à luz e se torna claro, sem se falar nada. Chamamos de movimento das forças criadoras. Sem pergunta, sem objetivo, os representantes sendo levados para outro nível paradimensional. Quando o cliente está em paz, terminamos o trabalho sem dizer nada.

Para onde nos leva esta força? Para várias possibilidades.

Nas “Novas Constelações”, o problema principal que estava inconsciente para a pessoa, se revela, é trabalhado, e assim, ela pode seguir em frente.

A pergunta que cabe aqui é: o que acontece com o terapeuta? Como fica o ego do terapeuta diante da única verdade que é a de revelar o campo e se retirar, diante da impotência de tal revelação sem poder sequer traduzir esta imagem que se revela ali. Terá que estar muito maduro e muito à serviço de uma força maior.

E o cliente? Está pronto e maduro para se entregar a uma escolha desta?"                                                                  (Celma Nunes Villa Verde)

Nem sempre o terapeuta está pronto... mas tudo está certo! Cada um tem seu momento...assim como o cliente também sempre encontra o terapeuta que ele necessita.
Nesta seara o processo de auto conhecimento é uma premissa importantíssima para a qualificação do terapeuta, pois sem isso não partiremos para algo mais profundo.
Boa semana
Tais

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