domingo, 25 de novembro de 2018

Constelação Familiar - a cura de um sintoma

mulher-cidade
Em um estudo extraído do livro de Stephan Hausner ( referência sobre o livro e o autor estão ao final do estudo) a cliente relata sua sessão de Constelação familiar e como o sintoma existente regrediu até seu desaparecimento.

"A paciente alemã vive a 18 anos em Barcelona e está casada com espanhol. Eles têm um filho de 4 anos. Há muito tempo ela não tem certeza se deve ou não separar-se do marido e voltar para Alemanha.

Nessa situação tensa ela desenvolve uma infecção crônica dos seios maxilares e frontais, que vem resistindo a ingestão de vários antibióticos. Em 2 de fevereiro de 2005, a paciente precisou ser operada porque a inflamação estendeu-se os canais auditivos, com um sério risco de encefalite.

A cirurgia e uma subsequente terapia intravenosa com penicilina impediram a progressão da enfermidade, sem que se obtivesse a cura. Em março de 2005, os sintomas voltam a agravar-se e a paciente comparece a um seminário de constelações em Barcelona, sentindo forte dores de cabeça e uma crescente sensibilidade à luz.

Decidi fazer a constelação da doença com a inclusão do conflito atual da paciente. Os sintomas regrediram duas horas depois da Constelação, e a paciente enviou-me um agradecimento. Posteriormente pedi-lhe que escrevesse um relato pois já não me lembrava bem dos detalhes da Constelação. Eis o relato da paciente:

Explicação:
Nesta introdução, Stephan Hausner estabelece qual a questão que está sendo trazida pela cliente e quais são suas primeiras percepções de como proceder com a constelação. Em seu livro, ele deixa claro sua posição – que também seguimos – de que a Constelação Familiar é um auxílio e não substituto para o tratamento tradicional, conduzido por especialistas. Dessa forma, ele acredita que quando possível, a Constelação de doenças e sintomas de saúde liga o paciente com o estado interno de cura, otimizando os resultados conquistados pelo tratamento tradicional.

A volta para casa

A questão original que eu esperava esclarecer com a ajuda de uma constelação era se eu deveria ceder ao meu crescente desejo de retornar à Alemanha e, em caso afirmativo, como poderia dar esse passo.

Devido a uma nova piora do meu estado de saúde, releguei minha intenção ao segundo plano. Assim, quando fui informada de um seminário de constelações para doentes, espontaneamente me inscrevi para ele.

Durante a participação no grupo, piorou muito o meu estado físico, e minha questão ficou reduzida ao intenso desejo de curar-me, inclusive permanecendo na Espanha, se fosse preciso.

Antes de fazermos a constelação, descrevi inicialmente minha atual situação de vida e você me interrogou sobre acontecimentos especiais na minha família de origem. Tenho uma irmã mais nova e uma meia-irmã apenas um ano mais velha do que eu.”

Um caso na Suécia

“Meu pai e minha mãe se conheceram muito jovens, foi o seu primeiro amor.

Quando já tinham seu relacionamento firme há vários anos, meu pai viajou com uns amigos, uns soldados americanos que depois da guerra ficaram estacionados perto de sua cidade. Foram passar o natal na Suécia, onde dois americanos tinham namoradas firmes.

Os soldados regressaram um dia antes do meu pai, e le teve com uma das mulheres um “encontro” único que marcou seu destino, porque essa noite foi concebida minha meia-irmã.

Quando meu pai soube da gravidez, não admitiu a idéia que poderia ser o pai da criança. Achou natural presumir que o pai deveria se o americano com quem a mulher se relacionava. Para ele sempre foi claro que devia permanecer com a minha mãe.

Sua “escapada” permaneceu em segredo até que minha meia-irmã, então com 36 anos, procurou seu verdadeiro pai e o encontrou.

Desde então, mantenho regularmente um bom contato com essa meia-irmã, embora não muito frequente, porque ela mora nos Estados Unidos e nós na Europa.”

A constelação

“Em primeiro lugar, fui solicitada a escolher representantes para mim e para a doença. As representantes se rodeavam, mas minha representante manifestamente se afastava da doença e recusava o contato com ela.

Depois de algum tempo você me pediu que acrescentasse representantes para a Espanha e a Alemanha.

Minha representante se aproximou imediatamente da representante da Espanha e se apoiou nela pelas costas. Então a representante da doença deu três passos para trás.

Explicação:
É comum durante o atendimento da Constelação, a postura dos representantes mostrarem aspectos profundo da relação do cliente com coisas que vemos como inanimadas ou que não imaginamos uma correlação direta. Neste caso, é interessante notar como a cliente estava conectada com a Espanha (um país que, ao final da descrição deste caso você compreenderá que tinha uma ligação com a história de sua família). Vemos, em muitas constelações como, muitas vezes, os descendentes de pessoas que imigraram ainda se mostram conectados com acontecimentos e raízes que ficaram lá no país de origem.

Você não confiou nessa retirada da doença, e precisei introduzir representantes para minha mãe e meu pai e ainda, nos passos seguintes, para a mãe da minha meia-irmã e, finalmente, para minha meia-irmã.

A representante de minha mãe não sentia ligação com nenhuma das pessoas consteladas. Minha mãe tinha perdido o pai aos 2 anos de idade e sua representante parecia estar presa a este trauma prematuro.

Entregar a quem pertence

O representante do meu pai não deixava transparecer seus sentimentos por ninguém e olhava para a imagem da constelação com um olhar desafiador. Minha meia-irmã e a mãe dela estavam com muita raiva dele.

Nesse ponto tive de entrar pessoalmente na constelação, e fui colocada a uma certa distância da minha meia-irmã.

Imediatamente comecei a chorar, sentindo uma mistura de alívio e alegria de vê-la, mas também tristeza por causa de sua longa ausência.

Foi ainda colocada junto de nós uma representante da minha irmã mais nova, e você nos virou, afastando-nos do nosso pai, o que me proporcionou muito alívio. Eu tinha dado um lugar a minha meia-irmã, tomando o lugar do meu pai, por assim dizer, e assumindo uma responsabilidade que cabia a ele.”

Explicação:
É possível perceber aqui a dinâmica da quebra da ordem no sistema, que é quando alguém de uma geração posterior tenta compensar algo feita por alguém de uma geração anterior. Nesse caso, a cliente se dá conta que toma uma questão que era de seu pai para si, em um movimento que ela experimenta como um peso para sua vida.

Lealdade e arrogância

“Percebi então que deveria abrir mão dessa responsabilidade e entregá-la a meu pai, pois ele precisava carregar isso sozinho. Eu me virei várias vezes na direção dele, e imediatamente voltei a sentir a lealdade que me era familiar.

Mesmo sabendo que o certo era afastar-me, era difícil para mim deixá-lo “só” com essa responsabilidade.

Como imagem final lembro-me apenas de que nós, as três irmãs, ficamos juntas e com uma boa ligação, a uma certa distância do nosso pai e representante da doença formavam um grupo separado que olhava com interesse.

Explicação:
A frase da cliente “mesmo sabendo que era certo me afastar, era difícil para mim deixá-lo só” mostra as forças que atuam nas crianças dentro do amor e da lealdade familiar, que Bert Hellinger fala em seus textos e que se mostra verdadeiro na vida dos clientes. A cliente em questão não é mais uma criança, porém percebemos em nossa experiência que na alma a postura interna é a mesma: desejamos resolver os problemas de nossos pais.

Já não me lembro onde ficavam os representantes da Alemanha e da Espanha. O que entretanto jamais esquecerei foi quando você disse que eu teria ido para a Espanha para salvar a minha vida, e caso a deixasse, deveria fazê-lo com uma profunda gratidão.

No mesmo dia minhas dores de cabeça cessaram e o meu nariz começou a escorrer. Assim continuou por duas semanas e depois disso fiquei de novo curada.

Nessa época decidi voltar com meu filho para a Alemanha. Combinei com meu marido um tempo de separação. Mantínhamos regularmente um bom contato e começamos a fazer terapia de casal.

Hoje vivemos juntos na Alemanha e temos mais um filho. Durante essa gravidez houve um leve retorno da sinusite frontal e maxilar, que entretanto foi possível controlar com um tratamento homeopático.”

Resultados

“Um resultado importante e duradouro para mim foi ter reconhecido,com a ajuda do seminário de constelações, que o meu difícil relacionamento com a minha mãe decorre, entre outras causas, da minha lealdade para com meu pai.

Essa lealdade foi rompida no momento em que entrei na constelação e olhei nos olhos da minha meia-irmã. Sinto que foi realmente importante e salutar para mim ter conseguido sem remorsos uma boa relação com minhas irmãs e ter podido deixar o peso com os meus pais.

Somente dois anos depois da constelação vim a saber, de repente, que a história da minha meia-irmã começou na Espanha.

Explicação:
Essa é a força que move nossa vida. As muitas “coincidências” que movem a Constelação Familiar e que também foram abordadas por Anne Ancelin na Psicogenealogia. 
Devemos compreender que “a gente não sabe que sabe”. Essa afirmação da cliente deixa isso claro. O quanto estamos expostos ao campo da nossa história familiar, e como ele atua no nosso movimento na vida.

Seis meses antes da viagem à Suécia, meu pai e seus amigos conheceram as suecas quando desfrutavam das férias de verão em Tossa, um lugar a apenas 80km de Barcelona.

Os dois americanos começaram então a namorá-las, e no natal do mesmo ano, meu pai viajou com eles para a Suécia. Será essa a origem do desejo de ir para a Espanha desde menina?”"

Fonte:https://iperoxo.com/2018/04/03/sinusite-um-estudo-de-caso/?fbclid=IwAR1lKCaVyykPf1mEfPt3pYC0-gUadbYWnurD_2mlfAfp98eIOiOmE_EgFRA
Stephan Hausner é um dos maiores especialista em Constelação Familiar de sintomas e doenças. Seu livro “Constelação Familiar e o caminho da cura” é referencia no estudo dos processos que investigam a origem dos sintomas em nossa saúde. Ele é Alemão, nascido em Munique em 1963 e atua profissionalmente desde 1988. Formou-se em Constelação Familiar com Bert Hellinger. 


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Importante destacar que , na maioria das vezes, ignoramos em âmbito consciente, o que se passa em nossa vida. A Constelação acessa, através do "campo", os emaranhamentos aos quais estamos vinculados.
E na verdade o cliente sempre tem as repostas - ele apenas não sabe que sabe - ou seja, não está consciente. 
Nós terapeutas facilitamos através das  constelações, para que o inconsciente se mostre, podendo assim, incluir aquilo que está excluído, desequilibrado ou em desordem no sistema familiar do cliente.
Excelente semana, agora "de posse" dessas informações que podem abrir muitos caminhos para as soluções em sua vida.
Taís 
(Psicóloga - CRP 08/1336 e Consteladora Sistêmica Familiar e Organizacional)

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