Dúvidas, se não as temos, como levar o dia adiante, esbarrando em escolhas das mais simples as mais complexas? As previsíveis situações de rotina exigem pouco de nós no que tange a decisões. Estão de cara com a cara da gente e só vamos cumprindo com os afazeres da agenda.
Por outro lado, as circunstâncias de foro íntimo ficam alfinetando nossos pensamentos numa urgência incrível para serem atendidas.
Ele não ligou. Deves ficar em silêncio ou telefonar, mandar uma mensagem pelo celular assim como quem não quer nada, querendo?
As evasivas palavras de alguém te deixaram frustrada. Convém questionar, ir a fundo, indagar quais suas razões?
Recebes menos carinho do que esperas. É aconselhável continuar afagando em troca de tão pouco ou é melhor redirecionar o teu afeto?
Tentando agradar, desagradas. Pedes desculpas ou deixas o gesto esmorecer por si mesmo numa capitulação incômoda?
Precisas decidir entre ir e ficar. Como resolver o dilema, se uma parte de ti quer partir e a outra insiste em permanecer?
Alguns falam contigo em linguagem codificada. Precisas aprender novos idiomas ou deves te graduar em traduções de sinais?
A seleção para o cargo tão desejado não foi oportunizada. Desistes de ir em busca de outras oportunidades ou vais encarar um meta diversa?
O novo se infiltra nos teus sentidos num desafio desconcertante. Como encarar a diferença entre o antigo enraizado em dogmas e o atual impregnado de provocação? Como assimilar que o novo não substitui o antigo, mas acrescenta facetas de uma outra realidade que se transfere no tempo?
Na tarde ensolarada caminhas pisando em palavras soltas e equilibras teus passos num jogo há muito tempo aprendido. O jogo de harmonizar.
E é com essa perícia invejável de lidar com os questionamentos, colocando-os numa balança com dois pratos, que alguns lidam com a vida sabiamente.
Pouco vale a inteligência. Prevalece a sabedoria, que não se aprende na escola. A sabedoria de dar a cada elemento o seu valor, a sua urgência, o seu peso real.
Urgente lembrar do que diz a placa de sinalização na margem das estradas: ”Na dúvida não ultrapassar”.
Então, mantém a velocidade das tuas dúvidas em baixa rotação, evita vencer distâncias em curto espaço de tempo. Maneja com extremo cuidado o andar da caravana dos teus pensamentos provocativos.
Mais urgente do que a resolução de tuas dúvidas é o bom senso de deixar que muitas delas se resolvam por si mesmas, sem atropelos ou atitudes precipitadas.
Difícil, não te parece? Em mim, a dúvida age como um transgressor de fronteiras. Invade meu território e me faz perder o sono porque fico em vigília, espreitando um facho de luz que clareie o escuro do caminho por onde decisões vagueiam a espera de serem escolhidas.
O que fazer?
Este texto chegou para mim na semana passada e caiu como uma luva.
Infelizmente não mandaram o nome do autor, pois sempre referencio os textos aqui postados.
Que me desculpe o autor...mas a intenção é repartir algo tão bem escrito e que provoca uma reflexão boa de fazer!
Espero que gostem.
Tais