Há muito de invisível em nossas vidas concretas. O invisível acompanha tragédias e sucessos. Ficamos muitas vezes sem saber o que levou a uma catástrofe e o que trouxe um acontecimento feliz... porque todos os fios que levam e trazem permanecem invisíveis?
A riqueza dos povos e suas culturas são um bem, por vezes, invisível. Está em objetos, nas histórias dos antigos e em costumes, não cabem dentro de uma caixa. O aconchego oferecido por um anfitrião pode estar em um conjunto de coisas visíveis, mas também está ancorado em todos os cuidados e no bem querer invisíveis.
Quantas vezes o invisível nos assombra, nos acolhe, nos embala? Sentimos medo de um ar suspeito, uma saudade melancólica de algo que não se vê, acolhimento por um ambiente envolvente.
Também nas flores mora o invisível. Se elas sumirem, não saberemos o que perdemos porque milhões de criaturas que moram lá ainda não foram estudadas ou descobertas. Milhões de elementos existentes nas plantas não foram detectados. Somos ignorantes quanto às dádivas e às perdas.
" A floresta escolhe olhos que espreitam, que prescrutam, que vigiam. A floresta não tem um só olho. Eles são incontáveis. E não são seus olhos, são olhos que nela se escondem. As folhas escondem olhos. Olhares vagam por entre os troncos de gigantescas árvores. Os escuros escondem olhos. São, portanto, multidões de olhos espalhados nas infinitas faces misteriosas da floresta." escreve João de Pais Loureiro, estudioso da Amazônia.
Estamos cercados por invisibilidades. Por serem invisíveis, não significa que não sejam parte da realidade. Quantas vezes perdemos a chance de ouvir com os ouvidos da alma - ou nem mesmo sabemos que eles existem - e só queremos aprender por meio das orelhas do raciocínio?
"Eu sempre te disse que era grande o oceano para a nossa barca", poetiza Cecília Meireles. A vida é grandiosa para a nossa pequena dimensão humana. É preciso trabalhar as sensibilidades para reconhecer o invisível e compreender que grande parte de sua tecedura se faz por influência de mãos, mentes e escolhas humanas. É preciso ter respeito e apreço pelo invisível, tocar as dimensões do bem com os dedos do pensamento...
Literatura do Graal - edição nº 32 - ano 12
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"As histórias, quando são boas, dizem mais do que devem, e mais do que nos dão a entender. Elas nos escapam, da mesma forma como nossos atos escapam de nossas intenções e um acontecimento escapa de sua interpretação.
"Por isso," ao ler algo ou "ouvir uma história, algumas pessoas fazem como alguém que embarca num trem que o leva a um destino distante. Busca um assento junto à janela e olha para fora. As imagens vão se sucedendo: altas montanhas, pontes ousadas, rios fluindo para o mar. Em breve, com o aumento da velocidade, ele já não consegue captar individualmente as imagens. Então se recosta e as acolhe como um todo. Mas à noite, ao desembarcar, ele diz: "Vi e vivi muitas experiências"." (B.H.)
O Presente do Invisível me proporcionou algo assim...algo interno que não existe palavras para explicar...Existe sim um respeito pelos ouvidos da alma, um tocá-la com os dedos do pensamento.
Um abraço gingante!!!!!
Tais
respeito pelos ouvidos da alma...Tais, você foi bem pontual na escolha do texto. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada Tais!!! Sempre nos ajudando
ResponderExcluirMuito bom. Sabe que é bom a gente ter sempre um email para abrir ...e que sempre vem algo esclarecedor e positivo? Obrigada Tais
ResponderExcluirMuito bom. Sabe que é bom a gente ter sempre um email para abrir ...e que sempre vem algo esclarecedor e positivo? Obrigada Tais
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