"Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"?
Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?
O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos".
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?
Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?"
Sofremos demais pelo pouco que nos falta
e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.
Shakespeare
Leila Ferreira - jornalista,mestre em Letras e doutora em Comunicação
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Difícil, não te parece? Em mim, a dúvida e o "querer o melhor" age como um transgressor de fronteiras. Invade meu território e me faz perder o sono porque fico em vigília, espreitando um facho de luz que clareie o escuro do caminho por onde decisões vagueiam a espera de serem escolhidas.
O que fazer?
Será que é mais importante Ser ou Ter? Grande possibilidade de reflexões, que doem, é verdade, mas só nos faz crescer...
Aos meus queridos internautas, desde já um Feliz Natal e Próspero Ano-Novo!
Enquanto o Papai Noel se prepara para “decolar” do Polo Norte e uma “ventania” parece levar as folhas o calendário, que corre como nunca, compartilho a alegria deste ano , no qual através dos dias pudemos aperfeiçoar nossa percepção e convívio com a velocidade imposta pelas necessidades da sociedade atual.
Momentos de beleza elevada - como escrever algo e vocês se comunicarem comigo - esses são exemplos de como, diante dos desafios modernos, quanto menos quantidade de tempo o mundo nos oferece, mais é possível por qualidade no tempo que oferecemos ao mundo.
Obrigada
Tais
muito bom, principalmente nesta época ,pois há uma explosão de propagandas para consumir, mas muito do que compramos não precisamos e daí a sensação de ansiedade e frustração
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