"Um ponto de atrito, talvez um dos mais espetaculares, porém, certamente, não o mais grave, está entre a crença e o pecado. Na visão da evolução humana, podemos afirmar que o pecado mora dentro de cada um de nós. Só vira pecado aquilo que dói em nossa consciência, em nossa alma. O melhor que temos a fazer é deixar de julgar o outro, pois não temos o poder do julgamento, e partir para viver uma vida recheada de virtudes, com alegria e prazer. A fé e o amor superam qualquer pecado, pois ele se trata de algo imaginário.
Será que os nossos pecados estão ligados às condutas dos nossos antepassados? Será que a nossa evolução não passa de um conjunto de atitudes providas dos nossos antepassados? Essas duas perguntas se juntam, porém, não justificam o que somos no presente, pois já tivemos, e ainda temos, todas as oportunidades de deixarmos os nossos destinos no passado e até aproveitar o que não foi feito para mudarmos e sermos seres humanos bem melhores do que fomos.
Acredito que buscar a sustentabilidade do planeta para o nosso bem-estar pode ser mais fácil do que realizar a mudança que precisamos fazer internamente. É preciso nos tornarmos pessoas sustentáveis uns com os outros.
Apesar destes conflitos internos de muitas perguntas sem as verdadeiras respostas, não devemos esquecer que sabemos o que é a fé, sabemos o que significa o amor. Por isso, não podemos julgar nem determinar o que é o pecado, pois a fé vem da vontade de mudar. O amor é um sentimento alimentador. O pecado dito pela sociedade é uma ação negativa à própria sociedade. Será que o pecador não veio para aprimorar o não acontecido no passado? Ou mostrar o que aconteceu no passado, procurando fazer justiça no presente? As doutrinas religiosas que se dizem não espiritualistas acreditam em coisas ocultas. Acreditam na volta de quem já morreu, mas negam o mundo espiritual.
O pecado é um erro mortal, e a pessoa a ser julgada é sempre vista como possuída por uma força do mal. Afinal, de quem é a culpa do pecado? Seria melhor retirar esta palavra do dicionário, já que ela foi imposta pela sociedade para atingir a todos cujas condutas precisassem ficar escondidas, pois não se julga como pecado aquilo que ninguém vê. Pecado, na sua verdadeira origem, foi tudo aquilo que atingiu e atinge as doutrinas religiosas às claras. Fora disso, vão sempre buscar no ocultismo um culpado.
Para não agravar inutilmente a possibilidade de um conflito entre as doutrinas, a sociedade e a ciência, devemos lembrar de que o problema é de todos. Antes de demonstrá-lo, façamos uma observação. A noção de família humana, na sua essência, é bem diferente entre as três situações citadas. Família não é uma facção da raça humana, ela é toda a raça humana. Somos todos uma só família, com seus acertos e seus problemas. Porém, se for dividida em inúmeros pedaços, não vai conseguir deixar que Deus veja todos como um só. Somos somados pelos momentos bem ou mal vividos. Somos parte de um grande universo e, certamente, devido à sua grandeza, devemos ter divisões. Porém, aqui e agora, como seres humanos, não há divisão perante o criador. Somos fé e amor, pecadores ou não.
Baseado no fato de que ninguém se faz membro da família humana senão por nascimento, afirmamos a participação de todos no amor e no pecado. Podemos melhorar em muito a nossa participação nesta nossa vida real e em outras que estão por vir. No mundo das experiências, ninguém também pode fazer-se membro da humanidade senão por nascimento. Não pode existir humanidade sem parentesco. Isto é claro.
Quero acreditar na fé e no amor como verdadeiros sentimentos, e que o pecado é um julgamento da sociedade que pode ou não ser verdadeiro, como é incerto para mim. Fico com a fé de que tudo pode mudar para melhor. O amor é o único caminho para a vida eterna. O amor é a verdadeira doutrina. Nele, não há julgamento do que é certo ou errado. Quem ama verdadeiramente a vida e o seu próximo não vê espaço para condenar. Palavras de Jesus, que não julgou a prostituta e nem o ladrão que estava ao seu lado na cruz. Jesus nos amou de verdade e não julgou nem seus próprios inimigos, mesmo sabendo quem eles eram.
Então, o pecado pode ser classificado como um ato que atingiu e atinge uma pequena camada da sociedade doutrinária? Mesmo falando em nome de Jesus, insiste-se nas contradições entre o pecado e o julgamento. Não há perdão sem pecado, mas o que fazer com o pecado sem perdão? Para certas doutrinas, por trás das cortinas não há perdão, pois ali ele não existe.
Na evolução do ser humano sustentável, para viver no planeta faz-se necessário adquirir a fé, conhecer o verdadeiro amor e não julgar ninguém.
A fé alimenta a esperança e a certeza de que tudo o que desejamos pode acontecer. O amor alimenta a alma, fornecendo o combustível para o prazer, para a alegria e para a fé. Se você se julga um pecador, esqueça. O pecado está na consciência de cada um, alimentando a tristeza, o arrependimento, o descontentamento e afastando a fé, deixando o amor enfraquecido. Viva com amor e procure ser mais feliz."
Bernardino Nilton Nascimento
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Por que a humanidade faz guerras apesar de buscar a paz? Poucas são os que conhecem a sua verdadeira causa. A humanidade, apesar de buscar o caminho para a Vida parece seguir o caminho da morte.
De acordo com estudos no campo da Psicanálise, os infortúnios do ser humano são formas de autopunição que ele aplica a si próprio, movido pela ideia de "pecado" sedimentada no fundo do seu subconsciente. Então, a ideia de "pecado" latente no subconsciente for eliminada, é natural que deixem de ocorrer infortúnios resultantes do desejo subconsciente de autopunição. Existem até psicanalistas que afirmam que a eclosão de uma guerra tem como origem o desejo, latente no ser humano, de autopunir-se para expiar o pecado.O homem que vê a si como matéria é dominado pelo desejo de afirmar seu eu físico e ampliar o seu campo de ação. E, já que matéria é sujeita a limitações, o desejo de " auto-expansão" ilimitada leva inevitavelmente os homens a entrar em conflito e disputa uns com os outros.
Concluindo, enquanto se basear na visão materialista da vida, a humanidade provocará guerras apesar de desejar a paz, e prosseguirá no caminho da autodestruição, apesar de desejar o pleno desenvolvimento da vida.
Em o Homem Contra Si Próprio (dr Karl Menninger - medicina psicossomática- EEUU) qualifica o contraditório desejo de autodestruição como "instinto de suicídio", e as doenças crônicas como "suicídios lentos". Ele afirma que as pessoas que lamentam a má sorte, elas mesmas se colocam e preparam as coisas, inconscientemente, de tal forma que as outros a coloquem em má situação, e dessa forma saboreia uma espécie de prazer masoquista em suportar os sofrimentos da situação adversa em que se colocou.
Então...que tal nos colocarmos a ponderar sobre isto?
Me amparei para opinar aqui, em um livro maravilhoso chamado - A Humanidade é isenta do Pecado - compilado por Kamino Kusumoto, dos excertos da coleção a Verdade da Vida de mestre Masaharu Tanigushi
Fica aí a sugestão de leitura. Garanto que ela proporcionará um "olhar" completamente diferente sobre a noção de Pecado que está tão arraigada em nosso inconsciente.
Boa semana
Tais
Tais, eu ja li este livro que voce menciona (A humanidade é isenta do Pecado) - m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o-....recomendo!
ResponderExcluirMuito esclarecedora esta postagem da semana.
Sempre nos "abrindo os olhos" da espiritualidade...
Obrigada
Sem fé não chegamos a lugar algum. Obrigado
ResponderExcluirSim!
ResponderExcluirVerdade!
ResponderExcluirAs religiões nos fazem pecadores, já ao nascermos ou melhor, no momento da concepção. Carregamos a culpa do "mundo".É preciso eliminarmos esse, que ao meu sentir é tabu. Cada qual comporta-se dentro do seu conhecimento, aprendizagem, cultura e normas sociais. Quando ultrapassamos a linha que nos separa do direito do outro infringimos a Lei Maior. Aí, sim, deve nascer a culpa e a responsabilidade portanto as consequências.
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