"A Lei do Dar e Receber, também chamada de Lei do Equilíbrio de Troca, foi observada nos grupos sociais por Bert Hellinger, como algo de fundamental importância para o funcionamento e manutenção dos sistemas de uma forma geral.
Todo ser é dotado da capacidade de troca, oferecendo a outros seus dons, capacidades e habilidades e recebendo daqueles o que for importante para satisfazer suas necessidades de sobrevivência, crescimento e desenvolvimento.
Uma relação equilibrada, quando ambas as pessoas compartilham mutuamente, dando e recebendo aquilo que cada um é capaz, é uma relação que promove o amadurecimento a liberdade e o bem-estar.
Entre casais cuja dinâmica compromete a Lei do Dar e Receber, um dá mais ao outro do que ele ou ela possam retribuir, prejudicando assim, o equilíbrio de troca. Nesse caso quem deu demais, sente-se no direito de cobrar e quem recebeu demais, sente-se na dívida e tem dificuldade de permanecer na relação.
Muitas vezes, num relacionamento afetivo quem deve e não consegue pagar, acaba indo embora. Isso diz respeito a tudo que se possa dar ou receber: carinho, cuidado, dinheiro, atenção, compreensão, tempo, proteção, tolerância, etc.
Quem deu em excesso também é responsável por sua atitude, pois ao dar demais acabou desrespeitando o outro na sua dignidade.
Isso acontece também quando queremos dar em excesso a algum irmão ou mesmo aos próprios pais. Por exemplo, dando mais dinheiro do que possam receber ou fazendo coisas que eles poderiam e deveriam fazer por si próprios. Muitas vezes ao fazer isso trazemos uma intenção consciente ou inconsciente de sermos vistos, amados, aceitos e reconhecidos. Entretanto, sem perceber acabamos causando incômodo aos outros e o reconhecimento que tanto desejávamos não acontece. Acreditamos então que a outra pessoa está sendo ingrata, ou seja, responsabilizamos o outro por nossos excessos.
Somente numa relação de pais para filhos esse desequilíbrio não se verifica, pois os pais sempre terão dado mais aos filhos do que recebido deles. Os pais deram a vida aos filhos, mesmo que isso tenha acontecido em circunstâncias materiais, emocionais ou comportamentais desfavoráveis. Mesmo que esses pais possam ter se comportando de maneira mesquinha, infantil e hostil, ainda sim, os filhos nunca poderão retribuir aos pais pelo dom da vida que receberam deles.
Os filhos só poderão caminhar com equilíbrio e força na vida se aceitarem o fato de que receberam mais dos pais e de seus antepassados por terem lhes transmitido a vida.
Ter gratidão pela vida é reconhecer, antes de tudo, que ela chegou a nós por intermédio dos nossos pais e antes deles pelos pais deles e, assim, sucessivamente, independentemente de como eles, fizeram ou deixaram de fazer. Reconhecimento e gratidão são as únicas retribuições que os pais desejam.
A relação do dar e receber também se verifica em outros sistemas diferentes do familiar, como nos sistemas produtivos ou de trabalho.
O contrário, porém, uma relação na qual as partes não cumprem com seus deveres e responsabilidades ou quando uma das partes acaba dando muito mais do que a outra possa retribuir, gera conflitos na relação. Essa relação desequilibrada poderá evoluir para o término da relação de trabalho. Assim, temos as seguintes situações:
1. A empresa deu mais ao colaborador do que ele poderia retribuir. A consequência é que uma vez cobrado e não podendo retribuir, o colaborador se sentirá na dívida para com a empresa.
2. O colaborador deu mais a empresa do que ela poderia retribuir. A consequência é que o colaborador se sentirá desvalorizado e com maiores direitos do que a empresa.
Em ambas as situações o desequilíbrio estará instalado e a demissão será inequívoca.
Agora fica mais fácil reconhecer a importância do equilíbrio de troca nas relações e o quanto é importante preservá-lo, pois do contrário nós e nosso sistema sofrerá as consequências.
Lembre-se sempre, ajudar os outros é importante e necessário, assim como solicitar e receber ajuda, mas que isso possa ser feito sempre em equilíbrio."
Blog A escola da vida - Carlos Cesar
Para Refletir:
2. Na família percebo meu limite na relação de troca com meus pais e irmãos e sei respeitar os deles?
3. Reconheço que as pessoas que mais me deram foram meus pais ou fico no ressentimento daquilo que não puderam me dar?
4. Estou satisfeito (a) com as trocas em meu ambiente de trabalho na relação com a empresa, colegas e superiores?
5. Minhas relações afetivas levam em consideração a minha capacidade de dar, mas também de receber sem que para isso tenha que me sentir devedor ou credor?
Precisamos estar muito atentos, pois diariamente somos colocados à prova em nosso "Dar e Receber", e muitas vezes - por comodismo ou por processos inconscientes - nos enfronhamos em trocas desiguais. Existe um preço e necessitamos saber fazer escolhas.
Boas trocas nesta semana!
Tais
Muito bom Tais!!
ResponderExcluirObrigada Tais por essa oportunidade de reflexão. Somos muitas vezes engolidos pelo dia a dia e não prestamos a atenção em nosso DAR e RECEBER.
ResponderExcluirMuito bom...adorei o tema e as perguntas finais. Obrigada Tais
ResponderExcluirCélinha
Constatei "magicamente" que estou em desequilibrio..... Preciso rever algumas coisas
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