domingo, 23 de março de 2014

Os maus e os bons na família

Enredos familiares, ordens do amor

"Há algo mais a ter em conta. Algumas pessoas são excluídas de um sistema porque se diz que elas não são dignas, por exemplo, alguém que é jogador ou alcoólico, homossexual ou criminoso. Sempre que uma pessoa é excluída desta forma, por alguns dizerem “eu tenho mais direito a pertencer do que ele ou ela”, o sistema fica perturbado e faz pressão para que haja uma reconstrução ou reparação do mesmo. Porque aquele que foi separado ou excluído desta maneira, será imitado numa geração mais à frente por um descendente, sem que este se dê conta. Este descendente vai sentir-se como o excluído se sentiu, comportar-se como ele se comportou e frequentemente acaba como ele.

Nas constelações familiares dá-se a curiosa observação de que em relação ao bem e ao mal, aquilo que se manifesta é geralmente o inverso daquilo que se apresenta. Aquele que é indicado como sendo o bom frequentemente se verifica ser o mau e aquele que é considerado o mau verifica-se que é o bom, de quem emana uma força positiva. Por esse motivo, só é possível fazer terapia sistêmica quando os excluídos e os maus são tomados no coração e tratados com respeito. Estranhamente, no instante em que o faço ganho a confiança de todos os outros membros do sistema. Instintivamente sentem confiança em mim. Contudo, se eu me cinjo àquilo que ouço e digo ao cliente: agora diz ao teu pai ou ao teu tio de uma vez por todas que ele é um canalha, ou ao pai que abusou de ti que ele é um sujeito mau, já ninguém do sistema sente confiança no terapeuta.

As soluções conseguem-se somente mediante o amor. Uma vez compreendidas estas dinâmicas, a única coisa que se pode fazer é trabalhar colocando o amor na dianteira.Para isto há uma única solução. É necessário voltar a incluir no sistema aquele que foi considerado mau e reconhecer que ele tem o mesmo direito de pertença que os outros. E há que dizer-lhe: “cometemos uma injustiça contigo e temos pena de o termos feito”. Imediatamente será possível ver que é justamente da pessoa que tinha sido excluída que emana uma força grande e positiva para os descendentes. Essa pessoa torna-se uma espécie de patrono para eles."

Bert Hellinger
**********
A Constelação Familiar  no passado era uma forma de psicoterapia e os terapeutas a usavam porque queriam ajudar seus "pacientes". Hoje sabemos que nada existe de mau, pois atras de tudo existe uma força criadora. Olhando filosoficamente para essa situação podemos mostrar ao cliente que nada existe de mau, podendo assim o mesmo mudar seu olhar e repetir: "seja lá o que for que tenha acontecido, eu agradeço e assumo isso como uma força".
Nisto nos comportamos como um ser filosófico. Sem lástima, mas com plena consciência e concordância com tudo que há ou um dia houve naquele sistema familiar.
Desta forma, as forças são liberadas e o sistema pode recobrar o equilíbrio. Esta atitude é uma atitude filosófica e que em muito tem colaborado para a liberação e crescimento dos sistemas.
Do ponto de vista filosófico a ideia de autonomia em nossas ações é muito "pequena", digamos assim... Na verdade, temos a marca de nossos pais e do campo onde nos movemos. Os antepassados estão presentes, os mortos estão presentes, e nossas ações estão presentes, tudo está presente. É nisso que nos movemos.
Quando imagino que posso decidir livremente as coisas da minha vida, torno-me pequeno aos meus próprios olhos, pequeno e insignificante.Estamos sempre envolvidos em grandes movimentos, na fila dos ancestrais, na família, e esse envolvimento não depende da minha livre vontade. Simplesmente estou dentro disso e também coloco algo em movimento...
Estar em concordância com tudo que há nos libera!
Taís

Um comentário:

  1. Parabéns!! Taís!!
    gostei muito de ler seu Blog.
    continue enviando.
    grata
    Leony

    ResponderExcluir