"Em seus primórdios, a oração era um pedido de socorro de alguém que se encontrava em grande necessidade e perigo, sem saber ir adiante, da mesma forma como pede socorro uma criança extraviada de seus pais. O sentimento nas duas situações é basicamente o mesmo. Também na oração nos sentimos desamparados como crianças e buscamos a proteção e ajuda de alguém que vela por nós e nos ama, como os pais amam seus filhos. Assim, Deus é para nós, o mesmo que os pais são para uma criança. Esse tipo de oração pressupõe, portanto, uma imagem de um Deus semelhante à imagem do pai ou da mãe, um Deus pessoal que podemos tratar com familiaridade.
Pouca coisa se altera nessa situação básica, quando essa imagem é sublimada e imaginamos Deus como soberano, rei ou juiz. Achamos que pertencemos a ele e que ele nos pertence, por isso, o chamamos de “meu Deus”, crendo que Ele cuida de nós, com bondade ou punindo, proporcionando ou exigindo, às vezes, de modo imprevisível.
A nossa experiência atual é a de que esse Deus se afastou de nós, não nos responde mais. Calou-se. A imagem de um Deus pessoal já não se sustenta. Em face de nossas experiências recentes, como a dos campos de concentração nazistas, quando falamos de Deus sentimo-nos desconfortáveis com essa imagem ou nos
envergonhamos de tomar essa palavra nos lábios. Por isso, não admira que ela seja frequentemente evitada, mesmo nas igrejas. Quem ousa, ainda hoje, demonstrar a existência de Deus ou falar de suas propriedades? É igualmente difícil proclamar, hoje, que Deus se revelou pessoalmente.
envergonhamos de tomar essa palavra nos lábios. Por isso, não admira que ela seja frequentemente evitada, mesmo nas igrejas. Quem ousa, ainda hoje, demonstrar a existência de Deus ou falar de suas propriedades? É igualmente difícil proclamar, hoje, que Deus se revelou pessoalmente.
Isso significa o fim da oração? – Não. Ela apenas fica diferente, pois sentimos que, afinal de contas, existimos e que somos dirigidos e protegidos de muitas formas, inclusive milagrosas. Percebemos a atuação de poderes, mesmo sem poder compreendê-la ou captá-la. Essa experiência é hoje ainda mais profunda. Apenas renunciamos a influenciar esses poderes, recorrendo a orações ou a outros meios, mas podemos entregar-nos a eles, confiar neles, obedecer-lhes, concordar com o movimento que originam, sem desejos próprios, sem medo do declínio e da morte. Assim percebemos, de chofre, que através de nós atua algo poderoso que, ao mesmo tempo, nos acalma e satisfaz profundamente. Nossa entrega a esse movimento é sentida por nós como uma oração, especialmente quando é devota, maravilhada e agradecida.
Muitas vezes a oração também é uma prece por outras pessoas, o pedido de algum bem ou de ajuda para elas. Com frequência sentimos que essa oração opera milagres e ela não desaparecerá com a transformação ou, até mesmo, com a extinção das imagens de Deus. Pelo contrário. Ela também nos educa para a solidariedade humana, bem melhor que a chamada oração de súplica. Ela é o amor que, de certa forma, envolve o outro, ama-o como ele é, confia-o ao movimento das forças que determinam seu destino e que estão em harmonia com ele. Assim, a oração pelo outro basicamente acompanha a entrega ao movimento que nos arrebata e com ele se dilata, até formar uma poderosa corrente."
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Neste momento de grandes mudanças em nosso Brasil podemos orar, cada um de seu jeito, com suas crenças, mas orar...
Não esquecendo também que a gratidão é uma forma de oração e que temos muito a agradecer, apesar de tudo que esta acontece.
E vamos caminhando com fé neste 2016, onde, se meu ser transforma-se e torna-se melhor, com certeza tudo a minha volta também será melhor!
Tais
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