O que esse movimento interrompido em direção à mãe significa para o indivíduo? A vida vem até nós passando primeiro pela mãe. Assim como aceitamos nossa mãe, aceitamos nossa vida.
Seja o que for que tenhamos a criticar em nossa mãe, temos a criticar também em nossa vida. Quem se afasta da própria mãe, afasta-se da vida.
Por isso, o primeiro êxito da vida se dá em nosso relacionamento com nossa mãe. Quem aceitou a própria mãe transmite alegria, é amado e logo atrai outras pessoas. A harmonia com a mãe é a chave para a felicidade.
No entanto, para muitos, ao ato de aceitar a própria mãe opõe-se uma experiência prévia. Até o quinto ano de vida, geralmente no período de três a quatro anos, são separados de sua mãe.
É o caso, por exemplo, de uma criança que é entregue para outra pessoa por um período ou que ficou doente e a mãe não pôde visitar, ou ainda quando a mãe precisou se recuperar após ter adoecido. A separação é vivida pela criança como uma grande dor. “Onde ela está? Estou perdida?”, pergunta-se interiormente.
Esse é um trauma, pois o movimento necessário não é possível. O desamparo de estar sem a mãe e o desespero de não poder ir até ela quando ela é tão necessária conduzem a criança a uma decisão interior. De repente, ela tem outra imagem interior da mãe, que está vinculada à dor e a uma crítica. Muitas vezes, a dor da separação também se transforma em raiva ou desespero. Nesse caso, a criança pensa: “Vou desistir dela”. “Vou ficar sozinha”. “Vou manter distância dela”. “Vou me afastar dela”. “Vou me
retrair; ninguém está realmente disponível para mim; estou por conta própria”.
Depois disso, a criança muda. Quando a mãe retorna, a criança a rejeita ao lembrar-se da dor e se retrai. Por exemplo, já não permite que a mãe a toque, fecha-se diante dela e de seu amor. Quando a mãe tenta aproximar-se e tomá-la nos braços, a criança a rejeita interior e muitas vezes também externamente. A mãe acha, então, que fez algo errado e acaba por também se retrair.
Assim, ambas já não conseguem se entender bem.
Isso também exerce influência na vida posterior. Muitas vezes, até mesmo como adulto uma criança como essa tem medo de proximidade. Ao se aproximar de alguém, lembra-se da dor do passado e interrompe o movimento.
No relacionamento de casal, por exemplo, em vez de procurar o outro, espera que o outro a procure. No entanto, a proximidade costuma ser pouco tolerada. Em vez de receber o outro com alegria, rejeita-o de diversas maneiras. Embora sofra com esse tipo de trauma, a pessoa reluta em se abrir e, quando o faz, geralmente é por pouco tempo.
Muitas vezes, passa por situação semelhante até mesmo com seu próprio filho. Não obstante todo o medo, quando a pessoa retorna à situação de separação e recupera o movimento interrompido interiormente ou em uma constelação familiar, ela consegue resolver esse tipo de trauma tanto no sentimento quanto na lembrança.
Apesar da dor crescente, da decepção e da raiva do passado, com pequenos passos, caminha até a mãe e chega ao amor, até cair em seus braços, ser abraçada e segurada por ela e finalmente tornar a unir-se a ela."
Bert Hellinger - Meu trabalho , minha vida
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Aqui Bert narra uma parte de sua história, quando seus pais decidiram deixá-lo com os avós e permanecerem com seus dois irmãos, por razões que ele ignorava, e supunha ser para que os avós não sentissem demais quando ele partisse de sua cidade natal, para estudar.
Situação similar que acontece das mais diversas formas em muitas vidas, e com consequências tão dolorosas. Mas aqui não cabe questionamentos, suposições, nada... apenas a gratidão por termos ganho a vida de nossos pais - como eles são...com todas as histórias, erros e acertos.
E é surpreendente , como ao nos conscientizarmos das Leis do Amor, e buscarmos a compreensão profunda das relações...tudo muda!
Bom início de semana para nós
Tais
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