As Ordens do Amor é um conjunto de “Leis” que regem a estrutura familiar, como uma força invisível que tem a função de manter o equilíbrio do Sistema. Toda vez que ela é desorganizada, surge o desequilíbrio, através de um ou mais membros que compõe o sistema.
Bert Hellinger, através de sua observação do processo das Constelações nos sistemas familiares, concluiu que estes tem uma espécie de consciência que exige que o mesmo esteja em ordem.
Para manter a ordem, esta consciência segue a risca três princípios básicos: Pertencimento, Hierarquia e Equilíbrio entre Dar e Receber.
Se o sistema está em desequilíbrio ´´e porque pelo menos uma das ordens está sendo desrespeitada (este desrespeito acontece de forma inconsciente).
Essas leis nada tem a ver com ética ou moral, tampouco se orientam pela compreensão. Quando infringidas provocam sofrimentos emocionais, mas também físicos. Trata-se de leis universais que chamou Ordens do Amor.
AS Ordens do Amor foi precedida por outro conhecimento revolucionário: os diferentes tipos de consciência – a coletiva e a pessoal.
Consciência pessoal é aquela vivida no sentido por meio da qual percebemos diretamente o que é necessário para pertencermos a família ou a um grupo. È como um senso de equilíbrio: assim que nos afastamos do equilíbrio sentimos tontura. Essa sensação nos leva a tentar corrigir nossa postura de imediato, para que possamos recuperar o equilíbrio e a estabilidade.
Algo semelhante faz a consciência pessoal. Quando alguém se afasta do que é válido em sua família ou em seu grupo, ou seja, que precisa temer que poderá ser excluído do grupo devido à sua ação, fica de consciência pesada
Como essa situação é muito desagradável, a consciência pesada o leva a mudar seu comportamento, para que ele possa voltar a fazer parte do grupo.
Desse modo vivenciamos a consciência como boa e má consciência. Na boa nos sentimos bem, na má nos sentimos mal.
Ficamos com a má consciência quando pensamos, sentimos e fazemos alguma coisa que não corresponde às expectativas nem as exigências daquelas pessoas daqueles grupos aos quais queremos e, muitas vezes até precisamos pertencer e que são muito importantes para o nosso bem estar e até a nossa sobrevivência.
A sensação de proteção que esse pertencimento nos proporciona é boa e nos faz bem. Não precisamos nos preocupar em ficar sozinhos ou desprotegidos de um momento para o outro. Portanto, de certo modo, nossa consciência fica atentas para que continuemos ligados a essas pessoas e grupos.
Quando percebe que esse pertencimento é ameaçado e nos afastamos dos outros, nossa consciência reage e ficamos com medo.
Por nos unir apenas a determinados grupos e pessoas, excluindo outros, essa consciência é limitada. Por conseguinte, as distinções de bem e mal também valem para ela. Sentimos como consciência tudo que nos assegura nosso pertencimento.
De nosso próprio ponto de vista, não refletimos se ela é realmente boa ou se pode até ser ruim para nós e para os outros. Sem pensar, sentimos e defendemos o que consideramos bom, uma vez que só é percebido como boa consciência – mesmo quando, para um observador fora desse campo espiritual, pareça estranho ou até ameaçador à vida de muitos.
A mesma coisa vale para o mal. Porém nesse caso, ele é sentido por nós com maior intensidade do que o bem, pois está ligado ao medo de perdermos o nosso pertencimento e, com ele, esse vínculo é afrouxado e, com ele, também a consciência.
Contudo os fracos permanecem fiéis porque estão ligados. Em uma família, são as crianças; em uma empresa, os funcionários de baixo escalão; em um exército, os soldados rasos; em uma igreja, os fiéis;
Para o bem dos fortes, arriscam conscientemente, a saúde, a inocência, a felicidade, e a vida, mesmo quando os fortes os exploram sem nenhum escrúpulo, por aquilo que chamam de “fins superiores”.
Toda a diferenciação entre bem e o mal, entre eleito e rejeitado ou entre céu e inferno vem da consciência.
A consciência nos mantém no grupo, assim como o cão mantém as ovelhas no rebanho. Porém quando mudamos de grupo, como um camaleão, ela também muda de coloração para nos proteger.
Agora com uma percepção do que é consciência pessoal e consciência coletiva, segue as Ordens do Amor, que são três:
1. O Direito de Pertencer
2. A Hierarquia
3. O Equilíbrio entre o Dar e Receber
O Direito ao Pertencimento
A consciência coletiva ou de clã é uma consciência de grupo, pois todo ser humano está ligado aos seus pais em uma comunidade de destino. Partilhamos também com nossos pais, aos seus clãs: do pai e da mãe, nossos avos, bisavó, tataravós etc... Existe um senso de ordem e equilíbrio que une todos os membros do clã, por exemplo: tios, avós, primos, ex-companheiro, crianças abortadas, alguém que morreu e beneficiou a família, etc...
Então, às vezes, uma pessoa sente que é excluída da família, e na verdade, a consciência dela está sendo fiel a um bisavô que foi excluído também.
Ao apresentar uma dificuldade, leva a família atual a “olhar para isso de forma mais ampla”.
Esse assunto é muito profundo e tem muitas outras variáveis que interferem nesse direito de pertencer. Mas algo é claro: todos tem direito de pertencer, independente daquilo que tenham feito, representado etc...
Este direito, segundo as Ordens do Amor, é um direito inalienável e todos têm.
Quando um membro de um clã reclusa a um membro anterior seu direito de pertencimento - seja porque desprezam, seja porque não querem reconhecer que ele abriu espaço para seus dependentes – ou quando não reconhecem algo pelo qual, ao contrário, deveriam ser-lhes gratos, um descendente da família se identifica com ele e o imita sem perceber nem conseguir evita-lo, pressionado pelo que é pelo senso de compensação da consciência de família. Muitas vezes ele nem sequer conhece o excluído e nada sabe sobre sua existência.
Sempre que um membro for negado o pertencimento haverá nos descendentes um ímpeto irresistível para restabelecer a integralidade perdida e compensar a injustiça ocorrida.
Segunda Ordem do Amor: A Hierarquia
Em toda a família predomina uma ordem arcaica e hierárquica. Quem veio primeiro tem precedência sobre quem veio depois. Portanto é determinada pelo tempo de pertencimento. Assim os que vem primeiro, em posição inferior.
Quem já foi membro de uma família tem preferência em relação aos que vem depois. Assim, os que vêm primeiro tem uma posição elevada em relação aos que vem depois, em posição inferior.
Desse modo, um avô tem precedência sobre o seu neto, assim como os pais tem precedência sobre seus filhos, e o primogênito, sobre seu irmão mais nosso, e assim por diante.
Na consciência da família os antepassados não estão em pé de igualdade. Muitas dificuldades manifestadas por crianças, com um comportamento agressivo ou estranho, e até mesmo doenças estão relacionadas ao fato de elas se encontrarem no lugar errado. Quando se acha o lugar para elas, na constelação familiar por exemplo, elas acabam mudando.
Terceira Ordem do Amor: O Equilíbrio
A ordem de dar e receber nos é determinada por meio da nossa consciência. Quando tomamos ou recebemos alguma coisa de alguém, sentimo-nos obrigados a compensá-lo de maneira correspondente.
Somente depois que fazemos isso é que nos sentimos livres novamente. A dependência deixa de existir, e ambos podem seguir seu caminho. Porém quando a restituição é insuficiente, a relação continua a existir em duplo sentido: o primeiro beneficiário sente-se em dívida com o segundo, que por sua vez ainda espera algo dele.
Algo diferente ocorre no relacionamento de casal, pois além da necessidade de compensação, nesse caso, o amor desempenha um papel. Isso significa que quando recebo algo de alguém que amo, restituo-o mais do que o equivalente. Assim, o outro se sente novamente em dívida comigo e me restitui um pouco mais. Surge um movimento crescente positivo, e o relacionamento ganha profundidade e amor.
Contudo ocorre desordem quando sempre dou mais que o outro do que ele pode restituir. Desse modo, a relação perde seu equilíbrio. Como consequência aquele que recebeu em excesso se aborrece e deixa a relaçao com desculpas esfarrapadas.
Apenas na relação entre pais e filhos a compensação entre dar e receber é anulada. Os filhos não podem compensar o que os pais lhe dão, pois receberam deles a vida, que é maior que tudo...
Essa ordem também pode ocorrer de maneira invertida, onde em vez de receber de quem veio antes e honrá-lo por isso, quer dar-lhe algo, como se fosse igual ou superior a ele.
Aqui tem algo importante com relação a inversão de papeis. Quando um filho infringe o ato de dar e receber ele é fortemente penalizado, em geral com o fracasso e a ruina e não tem noção da culpa no contexto.
Posso ilustrar com um exemplo simples: aquele filho que assume o lugar do pai e, além de prover a casa, dá ordens à todos e quer que tudo seja conforme a sua vontade.
Bert Hellinger - Meu Trabalho Minha Vida
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Essas três Leis regem todos os relacionamentos, seja na família, nas empresas, em grupos de estudos, com chefias, com empregados...em toda relação elas atuam. E, todos nós, a todo momento, estamos infringindo alguma delas, porém o fato de tomarmos ciência de sua existência, podem nos levar a uma reflexão maior acerca das relações e de tudo que interfere nelas.
Espero que cada um tenha sido tocado de alguma forma, e que isso os leve a curiosidade de buscar um pouco mais sobre as Constelaçoes Familiares. Estas proporcionam grandes mudanças em todas as relações, principalmente nas famílias.
Bom dia, boa semana
Tais
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