"Era uma onça danada! Dava conta de tudo o que acontecia no meio dos muros! Seu espírito crítico era felino e implacável! Tudo ela percebia e criticava! Nada lhe passava despercebido. Ela enxergava defeitos em tudo e em todos, com um olhar penetrante e atento! E soltava o verbo sem dó nem piedade.
Um dia, porém, aquela onça começou a sentir a vista meio cansada. Ela já não enxergava mais como antes... e resolveu consultar o oftalmologista de plantão. Falou de seu problema de perda de visão e o oftalmologista resolveu fazer uma cirurgia. Assim aconteceu e, feita a cirurgia, a onça se mandou pelos matos.
No entanto, algo de muito estranho aconteceu: agora, aquela onça estava enxergando coisas terríveis, tão terríveis como nunca antes havia enxergado! O que estaria acontecendo? Será que as coisas haviam mudado tanto assim na vida da selva?Porque nunca antes havia enxergado essas coisas? Como poderia estar acontecendo tanta coisa horrível?
Aquela onça passou a viver amedrontada, assustada com tudo o que via! E vivia inquieta, fugindo de uma canto para outro, se escondendo para não enxergar as coisas...mas não tinha jeito: parecia que cada vez mais as coisas saltavam aos seus olhos, amedrontadoras e terríveis.
Resolveu por fim ir de novo ao oftalmologista e contar o que aconteceu. Admirado o oftalmologista examinou seus olhos... e logo, com muito espanto, descobriu o problema: Dona Onça – disse ele, a senhora me desculpe! O erro foi meu! Quando eu fiz a cirurgia nos seus olhos, eu me enganei... e deixei seus olhos voltados para dentro! Por isso você estranhou o que estava vendo! Como seus olhos estavam voltados para o lado de dentro, você deixou de enxergar o que estava à sua volta e passou a ver o que estava dentro de você! Mas, fique tranqüila! Agora mesmo eu resolvo o problema! É só questão de recolocar seus olhos na posição certa!
E assim fez! Uma nova cirurgia... e os olhos da onça voltaram a enxergar à posição antiga.
Ela voltou novamente para a selva... mas as coisas já não eram como antes. Ela enxergava diferente, agora. Era um jeito novo de ver as coisas... como nunca antes havia acontecido: ela olhava os outros bichos, observava tudo o que acontecia na selva... mas achava tudo normal e era mais compreensiva com as falhas dos outros. Seu olhar crítico de antigamente era um olhar misericordioso para com as fraquezas dos outros... simplesmente porque, depois de ter visto tanta coisa ruim quando seus olhos estavam voltados para dentro, nada mais poderia a assustar! Aquilo que via agora nos outros era muito pequeno... em comparação com aquilo que havia enxergado antes!"
Existem muitas situações que podem nos colocar na mesma percepção da onça quando seus olhos olharam para dentro de si
Pode ser um grupo de auto desenvolvimento, um terapeuta, um amigo, uma situação traumática...tudo depende de como usamos o que nos chega e do que estamos buscando.
A partir dessa nova experiência, que pode ser ao mesmo tempo angustiante e assustador (e é um bom sinal quando o é), a pessoa poderá descobrir um novo olhar sobre os outros e sobre o mundo que a rodeia. O confronto acolhedor com sua própria fragilidade transforma profundamente o olhar pessoal.
E para completar, postei abaixo um vídeo muito especial do Rubem Alves, onde ao assisti-lo poderemos sedimentar algumas conclusões.
E por último mas não menos importante, obrigada Claudia por tantas indicações valiosas. Grande parceira de trabalho!
Tais
E por último mas não menos importante, obrigada Claudia por tantas indicações valiosas. Grande parceira de trabalho!
Tais
Amiga, gostei muito do texto que acabei de ler,ele cita fatos que acontecem no cotidiano.
ResponderExcluirPreciso "REFLETIR MAIS"!!! Parabéns.
Marilda Ap. Menck.
Lindo! Tenho q voltar ao oftalmologista tb :)))
ResponderExcluirFilha querida, otima a lição que pode se resumir naquele famoso e antigo ditado mencionado na biblia :"vc olha o algueiro nos olhos dos outros mas não vé a trave que está em seus olhos" beijos pai
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