RASTREANDO SENTIMENTOS
"Seria extraordinariamente criativo se alguém inventasse um “GPS” para sentimentos, um rastreador de emoções, um localizador de afetos.
De minha parte, adoro rastrear sentimentos usando meu equipamento de pura sensibilidade. Meu instrumental não é eletrônico, dispensa conhecimentos de cibernética ou tecnologia aplicada e tudo o mais que perambula nas dimensões do universo digital.
Na maioria das vezes, evocamos memórias. Pode ser um aroma, uma imagem, um som, um lugar, um rosto, uma silhueta que servem de detonador para disparar uma lembrança, e outra, até terminar com a evocação completa do passado, prática tão peculiar na existência humana. E a soma dessas lembranças traz à tona sentimentos múltiplos e diversificados.
Aliás, rastrear sentimentos é ato simples. Requer somente prática, habilidade e coragem. Rastrear sentimentos é desembrulhar um pacote de emoção amarrado com fios invisíveis a que modernamente denominam de ”wireless”.
Abro os olhos para a manhã que chega e a interação se inicia independente da minha vontade. Leio um e-mail e penetro na alma de quem me escreveu como quem se instala sem mais essa ou aquela no íntimo alheio. Reconheço um sentimento envolto nas entrelinhas. Uma saudade. Uma alegria. Uma vitória. E com esses sentimentos descobertos vou desnudando meus próprios sentimentos.
No caminho para o trabalho cruzo com fisionomias tantas, olhares contidos, testas franzidas, sorrisos velados, passos apressados, ombros caídos plenos de recados implícitos (e, às vezes até, explícitos). Sentimentos compartidos que se espalham no meu território, procurando espaço para se acomodarem.
Rastrear sentimentos é se permitir a descoberta do outro na intimidade que a percepção permite sem conotações de invasão de privacidade.
Rastrear sentimentos é determinar latitude e longitude de quem está junto ou longe. “Penso em ti e dentro de mim estou completo. O amor é uma companhia” (Fernando Pessoa). Somos capazes de vencer distâncias, tempo, chuvas torrenciais, nevascas, montanhas e planícies para assimilar sentimentos esparsos, dispersos por vias outras que não as do nosso convívio. E nisso reside o extraordinário detalhe do mecanismo de percepção que nasce conosco, implantado como um “chip” e que nos possibilita perscrutar os insondáveis escaninhos das emoções em suas amplas manifestações.
E aos sentimentos novos cabe o mérito do resgate daquilo que em nós, vez ou outra adormece.
Na descoberta de uma amizade, de um afeto, de um amor reabastecemos nosso acervo de sentimentos. Sentimentos inaugurais sempre bem-vindos.
E, quando que se fala em estréia, surge a ideia de que algo novo está para acontecer. Uma inusitada gama de elementos conspira para que o movimento se suceda em contínuo e inédito resfolegar.
O palco ainda permanece com suas cortinas fechadas e a ansiedade da platéia não é menor do que a dos atores. E assim é com o cotidiano da humanidade. Cada dia uma nova perspectiva de inauguração. Inauguração de metas, de conquistas, de surpresas, de rastreamento de inéditas emoções e sentimentos recém chegados.
Estrear sentimentos é tão gratificante quanto rastreá-los."
Aliás, rastrear sentimentos é ato simples. Requer somente prática, habilidade e coragem. Rastrear sentimentos é desembrulhar um pacote de emoção amarrado com fios invisíveis a que modernamente denominam de ”wireless”.
Abro os olhos para a manhã que chega e a interação se inicia independente da minha vontade. Leio um e-mail e penetro na alma de quem me escreveu como quem se instala sem mais essa ou aquela no íntimo alheio. Reconheço um sentimento envolto nas entrelinhas. Uma saudade. Uma alegria. Uma vitória. E com esses sentimentos descobertos vou desnudando meus próprios sentimentos.
No caminho para o trabalho cruzo com fisionomias tantas, olhares contidos, testas franzidas, sorrisos velados, passos apressados, ombros caídos plenos de recados implícitos (e, às vezes até, explícitos). Sentimentos compartidos que se espalham no meu território, procurando espaço para se acomodarem.
Rastrear sentimentos é se permitir a descoberta do outro na intimidade que a percepção permite sem conotações de invasão de privacidade.
Rastrear sentimentos é determinar latitude e longitude de quem está junto ou longe. “Penso em ti e dentro de mim estou completo. O amor é uma companhia” (Fernando Pessoa). Somos capazes de vencer distâncias, tempo, chuvas torrenciais, nevascas, montanhas e planícies para assimilar sentimentos esparsos, dispersos por vias outras que não as do nosso convívio. E nisso reside o extraordinário detalhe do mecanismo de percepção que nasce conosco, implantado como um “chip” e que nos possibilita perscrutar os insondáveis escaninhos das emoções em suas amplas manifestações.
E aos sentimentos novos cabe o mérito do resgate daquilo que em nós, vez ou outra adormece.
Na descoberta de uma amizade, de um afeto, de um amor reabastecemos nosso acervo de sentimentos. Sentimentos inaugurais sempre bem-vindos.
E, quando que se fala em estréia, surge a ideia de que algo novo está para acontecer. Uma inusitada gama de elementos conspira para que o movimento se suceda em contínuo e inédito resfolegar.
O palco ainda permanece com suas cortinas fechadas e a ansiedade da platéia não é menor do que a dos atores. E assim é com o cotidiano da humanidade. Cada dia uma nova perspectiva de inauguração. Inauguração de metas, de conquistas, de surpresas, de rastreamento de inéditas emoções e sentimentos recém chegados.
Estrear sentimentos é tão gratificante quanto rastreá-los."
Maria Alice Estrella
Poeta . Membro da Academia Sul-Brasileira de Letras . Cronista do jornal Diário Popular, (RS)
Fiquei imaginando uma casa redonda, com muitos quartos de janelas voltadas para fora. Em cada quarto mora uma pessoa que, atraves da janela do seu quarto, enxerga a paisagem ao redor da casa... A paisagem que rodeia a casa é única e forma um todo em si mesma... mas cada pessoa enxerga um pedaço dessa paisagem, conforme o angulo que sua janela lhe permite ver. Para ter uma visão completa da paisagem a pessoa precisaria passar por todos os quartos e olhar todas as janelas.Já experimentei algumas e continuo buscando novos olhares...
O quarto dos sentimentos me dá , conforme descreve taõ bem a Maria Alice, um sabor à vida!
Pode ser que amanhã seja diferente...mas hoje está assim, e é muito bom poder sentir...apenas sentir!
Tais
Já a foto nos faz refletir sobre nossos sentimentos, texto e considerações da Tais, nem se fala. Hoje um dia chuvoso por si só já nos torna mais reflexivos. Muito bom mesmo!
ResponderExcluirQuem será que escreveu? Gostaria de saber....Volto a pedir que escreva seu nome...pois bem sei que é chato preencher todas as exigencias para publicar um comentario.
ResponderExcluirDe qualquer maneira obrigada pelo feedback.
Bom dia Tais, Muito bom. Não é para simplesmente ler. Sempre fica um questionamento persistente.Beijos!!!!
ResponderExcluirDeve chamar-se "Atenção"... Aquela atenção finíssima que nos permite ver bem na hora que o gato pula e para onde está indo!
ResponderExcluirNossa, Tais. Acertou na mosca de novo!!! E engracado como temos essa "biblioteca de sentimentos, e podemos repetir a sensacao anterior quando queremos. Uso essa tecnica para melhorar de humor, por exemplo.. Procuro "puxar" a memoria de coisas boas e alegres do passado, e apos alguma pratica a gente consegue se sentir igual ao passado. Com essa pratica podemos nos jogar numa espiral positiva, numa corrente de pequenas emocoes positivas. Adorei esse artigo. obrigado. Pancho.
ResponderExcluir