domingo, 29 de julho de 2012

Como mudar o mundo


Era uma vez, um cientista que vivia preocupado com os problemas do mundo e decidido a encontrar meios de melhorá-los. Passava dias e dias no seu laboratório à procura de respostas.
Um dia, o seu filho de sete anos invadiu o seu santuário querendo ajudar o pai. Claro que o cientista não queria ser interrompido e, por isso, tentou que o filho fosse brincar em vez de ficar ali, atrapalhando-o. Mas, como o menino era persistente, o pai teve de arranjar uma maneira de entretê-lo no laboratório. Foi, então, que reparou num mapa do mundo que estava na página de uma revista. Lembrou-se de cortar o mapa em vários pedaços e depois apresentou o desafio ao filho:
- Filho, você vai me ajudar a consertar o mundo! Aqui está o mundo todo partido. E você vai arrumá-lo para que ele fique bem outra vez! Quando você terminar, me chame, ok?
O cientista estava convencido que a criança levaria dias para resolver o quebra-cabeças que ele tinha construído. Mas surpreendentemente, poucas horas depois, o filho já chamava por ele:
- Pai, pai, já fiz tudo. Consegui consertar o mundo!
O pai não queria acreditar, achava que era impossível um miúdo daquela idade ter conseguido montar o quebra-cabeças de uma imagem que ele nunca tinha visto antes. Por isso, apenas levantou os olhos dos seus cálculos para ver o trabalho do filho que, pensava ele, não era mais do que um disparate digno de uma criança daquela idade. Porém, quando viu o mapa completamente montado, sem nenhum erro, perguntou ao filho como é que ele tinha conseguido sem nunca ter visto um mapa do mundo anteriormente.
- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que, do outro lado da página, havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para eu consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem; virei os pedaços de papel ao contrário e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que tinha consertado o mundo.
*******
A criança é pura... e como ela não está cheia de idéias e preconceitos, consegue experimentar sem medo.
As vezes nos eximimos da mudança, alegando ser muito complicado e grande....será mesmo? 
A mudança nos convida à flexibilidade e ao risco. Ela nos oferece por mais vezes o despertar da consciência até o estágio em que temos vontade de morrer para aquilo que é velho. Quando apenas suportamos  a mudança com resignação ou contestamos contra elas em altos brados, não aprendemos nada e adiamos o inevitável.
Contudo, quando aceitamos a mudança - quando simplesmente a aceitamos,  nada mais que isso - ela catalisa a nossa vida amplia o nosso conhecimento e faz com que a nossa perspectiva passe do medo à afirmação da vida. Isso porque vida significa mudança.
A grande mudança começa pequenina, em cada um, no filho, no amigo, em si mesma.
Proponho mudar algo que seja simples nesta semana ( um hábito por exemplo) e com isso, treinar para partir - aos poucos - para algo maior.
Lembrando que a mudança interna é a maior de todas.
Um abraço
Tais

domingo, 22 de julho de 2012

Amigo de si mesmo


Esta semana foi comemorado o dia do Amigo...aí fiquei refletindo e me perguntei: como posso ser amiga? Na verdade, este texto traduziu muito bem meus sentimentos em relação a isso.
Primeiro conhecer-ME, e, somente após este autoconhecimento é que poderei ser uma boa amiga. Por quê?
Se me conheço, sei de minhas mazelas...e se sei delas, posso compreender melhor o outro, me colocar no lugar dele! E aí...não há como desentender-se, criticar ou fazer coisas negativas para a relação.
Assim tudo estará certo...
Meus amigos do blog...sintam-se abraçados pelo nosso dia.
Tais
Amigo de si mesmo

"Em seu recém-lançado livro Quem Pensas Tu que Eu Sou?, o psicanalista Abrão Slavutsky reflete sobre a necessidade de conquistar o reconhecimento alheio para que possamos desenvolver nossa autoestima. Mas como sermos percebidos generosamente pelo olhar dos outros? Os ensaios que compõem o livro percorrem vários caminhos para encontrar essa resposta, em capítulos com títulos instigantes como Se o Cigarro de García Márquez Falasse, Somos Todos Estranhos ou A Crueldade é Humana. Mas já no prólogo o autor oferece a primeira pílula de sabedoria. Ele reproduz uma questão levantada e respondida pelo filósofo Sêneca: "Perguntas-me qual foi meu maior progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo".




Como sempre, nosso bem-estar emocional é alcançado com soluções simples, mas poucos levam isso em conta, já que a simplicidade nunca teve muito cartaz entre os que apreciam uma complicaçãozinha. Acreditando que a vida é mais rica no conflito, acabam dispensando esse pó de pirilimpimpim.


Para ser amigo de si mesmo é preciso estar atento a algumas condições do espírito. A primeira aliada da camaradagem é a humildade. Jamais seremos amigos de nós mesmos se continuarmos a interpretar o papel de Hércules ou de qualquer super-herói invencível. Encare-se no espelho e pergunte: quem eu penso que sou? E chore, porque você é fraco, erra, se engana, explode, faz bobagem. E aí enxugue as lágrimas e perdoe-se, que é o que bons amigos fazem: perdoam.



Ser amigo de si mesmo passa também pelo bom humor. Como ainda há quem não entenda que sem humor não existe chance de sobrevivência? Já martelei muito nesse assunto, então vou usar as palavras de Abrão Slavutsky: "Para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza". É uma frase genial. O bem-humorado respeita as certezas, mas as transcende. Só assim o sujeito passa a se divertir com o imponderável da vida e a tolerar suas dificuldades.


Amigar-se consigo também passa pelo que muitos chamam de egoísmo, mas será? Se você faz algo de bom para si próprio estará automaticamente fazendo mal para os outros? Ora. Faça o bem para si e acredite: ninguém vai se chatear com isso. Negue-se a participar de coisas em que não acredita ou que simplesmente o aborrecem. Presenteie-se com boa música, bons livros e boas conversas. Não troque sua paz por encenação. Não faça nada que o desagrade só para agradar aos outros. Mas seja gentil e educado, isso reforça laços, está incluído no projeto "ser amigo de si mesmo".


Por fim, pare de pensar. É o melhor conselho que um amigo pode dar a outro: pare de fazer fantasias, sentir-se perseguido, neurotizar relações, comprar briga por besteira, maximizar pequenas chatices, estender discussões, buscar no passado as justificativas para ser do jeito que é, fazendo a linha "sou rebelde porque o mundo quis assim". Sem essa. O mundo nem estava prestando atenção em você, acorde. Salve-se dos seus traumas de infância. Quem não consegue sozinho, deve acudir-se com um terapeuta. Só não pode esquecer: sem amizade por si próprio, nunca haverá progresso possível, como bem escreveu Sêneca cerca de 2.000 anos atrás. Permanecerá enredado em suas próprias angústias e sendo nada menos que seu pior inimigo."
Martha Medeiros


domingo, 15 de julho de 2012

Sons Inaudíveis


Um rei mandou seu filho estudar no templo de um grande Mestre, com o objetivo de prepará-lo para ser uma grande pessoa. Quando o príncipe chegou ao templo, o Mestre o mandou sozinho para uma floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever todos os sons da floresta. Quando o príncipe retornou ao templo, após um ano, o Mestre lhe pediu para descrever todos os sons que conseguira ouvir. Então disse o príncipe:
- Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo na grama, o zumbido das abelhas, o barulho do vento cortando os céus…
E ao terminar o seu relato, o Mestre pediu que o príncipe retornasse à floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu à ordem do Mestre, pensando:
- Não entendo, eu já distingui todos os sons da floresta…
Por dias e noites ficou sozinho ouvindo, ouvindo, ouvindo… Mas não conseguiu distinguir nada de novo além daquilo que havia dito ao Mestre. Porém, certa manhã, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira antes. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. Pensou:
- Esses devem ser os sons que o Mestre queria que eu ouvisse…
E sem pressa, ficou ali ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria Ter certeza de que estava no caminho certo. Quando retornou ao templo, o Mestre lhe perguntou o que mais conseguira ouvir.
Paciente e respeitosamente, o príncipe disse:
- Mestre, quando prestei atenção, pude ouvir o inaudível som das flores se abrindo, o som do sol nascendo e aquecendo a terra e da grama bebendo o orvalho da noite…
O Mestre sorrindo, acenou com a cabeça em sinal de aprovação, e disse:
- Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma grande pessoa. Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança ao seu redor, entender o que está errado e atender às reais necessidades de cada um.”

domingo, 8 de julho de 2012

A intolerância humana – O mito de Procusto

            Procusto era um ladrão que vivia de roubar quem passasse pela estrada que ligava Mégara a Atenas, só poderia cruzar seu caminho quem passasse por um terrível julgamento, o bandido possuía uma cama de ferro de seu tamanho exato, nenhum centímetro a mais ou a menos, onde ele fazia sua vítima deitar-se, se a pessoa fosse maior que a cama amputava-lhe as pernas, se fosse menor era esticada até atingir o tamanho desejado. Esse horror só teve fim quando o herói Teseu fez a ele o mesmo que ele sempre fazia às suas vítimas, colocou-o na cama, mas um pouco para o lado, sobrando assim  a cabeça e os pés que foram amputados pelo herói.
O mito de Procusto é uma alegoria da intolerância. Apesar de diversidade ser uma característica humana, o ser humano tem agido como Procusto, em grande parte acreditando estar sendo justo. Num dos episódios desse mito, Atena, a deusa da sabedoria, incomodada pelos gritos das vítimas resolveu tomar uma providência e foi ter com o bandido, mas ficou sem palavras quando este argumentou que estava fazendo justiça porque sua cama nada mais fazia do que acabar com as diferenças entre as pessoas. O silêncio de Atena foi interpretado como aprovação e só fez reforçar a crueldade do bandido.
            Quando Teseu procurou por Procusto, o ladrão pensando que seria uma visita amigável, tentou convencer o herói da legitimidade de suas ações. No entanto, Teseu responde que injusto é tentar igualar as pessoas que são diferentes por natureza, por isso cada uma tem o direito de ser como é.
************
            A intolerância traz angústia, infelicidade e solidão.
            Deixar o ser, ser o que é, sem resistência,  pode ser o início de uma vida mais harmônica e feliz. E ser feliz é o que todos almejam, independente de estilo de vida, etnia, crença religiosa, manequim, nacionalidade, orientação sexual ou classe social.   
 Por mais artificial que isto possa parecer, será que não gastamos um bocado de energia emocional tentando alterar ou "enquadrar" outras pessoas de formas diversas, embora menos drásticas?
Esperamos, com freqüência, que os outros vivam segundo nossos padrões e ideais, ajustando-se aos nossos conceitos de como eles deveriam ser. Ou então, assumimos a responsabilidade de torná-los felizes, bem ajustados e emocionalmente saudáveis.
A verdade é que grande parte dos atritos que existem nos relacionamentos acontecem quando tentamos impor nossa vontade aos outros - quando tentamos administrá-los e controlá-los.
De tempos em tempos, em graus variados, assumimos responsabilidades que não nos pertencem. Tentamos dirigir a vida das outras pessoas, com a intenção de influenciar tudo, desde a dieta até a escolha de roupas, decisões financeiras e profissionais. Tomamos partido e ficamos excessivamente envolvidos, até encontramos ou criamos problemas onde não existem para poder criticar e oferecer conselhos.
É preciso entender que ninguém muda até que deseje fazê-lo, esteja disposto a mudar e pronto, para tomar as atitudes necessárias para efetuar a mudança. E por este motivo que o resultado de nosso "procustianismo" é, contudo, sempre o mesmo. Estamos destinados a fracassar em nossos esforços para controlar ou modificar alguém, não importa o quanto sejam nobres nossas intenções. E estamos destinados a terminar num turbilhão - frustrados, ressentidos e cheios de auto-piedade.
E o que dizer das pessoas que tentamos orientar? Por outro lado, mostramos falta de respeito por seus direitos como indivíduos, privando-as da oportunidade de aprender através de suas próprias escolhas, decisões e erros. Em resumo, nosso relacionamento com aqueles com os quais declaramos nos preocupar profundamente torna-se desarmonioso e forçado.
Permita que os outros vivam sua vida, enquanto vivemos a nossa - viva e deixe viver.
Tais

domingo, 1 de julho de 2012

Parte 4 - Educação da mente e da inteligência


          O educar o sentimento não é um rechaço à mente ou ao corpo, já que uma educação justa deve dirigir-se simultaneamente a essas três partes na criança.

          Em síntese, a educação do sentimento começa por obrigar-se a si mesmo a expressar os próprios sentimentos e, a partir dessa tentativa, ajudar a criança a expressar os seus, sem palavras.

          Nosso dever é ensinar o caminho do dar e receber à criança. Diferentemente do adulto, a criança tem que receber primeiro.

Devemos ser generosos primeiro com nossos sentimentos.Temos de aprender a espalhá-los como uma chuva, envolvendo muitas crianças com eles. Se fizermos isso, nossos sentimentos crescerão, tornar-se-ão mais calorosos e levarão a muitos seres aquilo que eles necessitam. Para isso estamos na Terra!

A EDUCAÇÃO DA MENTE E DA INTELIGÊNCIA

          A mente está dividida em duas partes principais. Uma que exige um tentar voluntário para se poder entrar em contato com ela. E outras, automática, que é aquela que, se usa habitualmente para armazenar e dar  informações. Esta parte é de fácil acesso e estamos acostumados a reconhecer a ela sempre, mesmo quando se faria necessário dirigir à outra.

          A parte automática, constituída por exemplo, por uma boa capacidade de retenção, não é desprezível; só que não deve ocupar o lugar da verdadeira inteligência. Ela é como uma maquininha que pode funcionar muito bem, mas que trabalha sempre da mesma maneira...sem a participação das demais partes do ser.

          A verdadeira inteligência não é somente mental e tem uma qualidade muito fina. Tem a capacidade de receber informações de todas as partes do ser, reuni-las e chegar a uma conclusão, que poderia ser muito útil caso se entrasse em contato com ela; enquanto a máquina, por trabalhar sozinha, não compreende, e, mesmo quando funciona muito bem, converte os seres humanos em escravos. Por isto, se por um lado não devemos desprezá-la, por outro, não devemos dela nos vangloriar. Existem situações em que é necessário recorrer à outra parte, que permite maiores compreensão, amplitude e profundidade.

O Pensar - Pensar é um ato que só pode ser voluntário. Tem-se de dirigir, colocar e sustentar a atenção sobre um objeto, uma ideia ou uma situação. No pensar há muitíssimos níveis, e nós, em geral, não alcançamos os mais profundos. Em nossa mente organizam-se, de maneira automática, idéias, conhecimentos, imagens, sequências associativas; tudo programado...e é a isto que chamamos de pensar.

          Para pensar, necessita-se da verdadeira inteligência. é necessário uma parada do nosso funcionamento automático, uma parada dessa maquininha registradora que sabe tudo, que traz tudo gravado, que tem uma resposta imediata para tudo, e, por conseguinte, nos impede de pensar realmente. O pensar é independente dessa máquina. Ele requer essa inteligência própria, a serenidade dos nosso sentimentos e a tranquilidade do corpo.


**********

Então...parece que nosso papel (enquanto pais, professores...) é fazer um chamado à inteligência, porém só podemos fazê-lo se chamarmos primeiro a nossa. Nossa máquina se dirige apenas à máquina do outro. É um diálogo de máquinas. Não devemos nos permitir ser exemplo para a criança- onde ela apenas repete como papagaio- nem devemos ensinar palavras absurdas que não significam nada para ela!
          Esta é uma busca que deve ocorrer primeiramente em nós mesmos, e algumas perguntas podem nos ajudar: experimento o que leio ou saio repetindo apenas aquilo que alguém escreveu?
É gritante a diferença daqueles que experimentaram dos que apenas repetiram, sem a experimentação em si (e a consequente compreensão). 
Talvez aí esteja uma dica para quando sentimos que nosso interlocutor não nos compreendeu.... Digo algo tendo experienciado? Ou apenas repito, como papagaio...
Encerro por aqui estas quatro partes sobre Educação do Sentimento. Espero ter colaborado, um pouco que seja, no "pensar" de cada um. Boa semana
Tais