Procusto era um ladrão que vivia de roubar quem passasse pela estrada que
ligava Mégara a Atenas, só poderia cruzar seu caminho quem passasse por um
terrível julgamento, o bandido possuía uma cama de ferro de seu tamanho exato,
nenhum centímetro a mais ou a menos, onde ele fazia sua vítima deitar-se, se a
pessoa fosse maior que a cama amputava-lhe as pernas, se fosse menor era
esticada até atingir o tamanho desejado. Esse horror só teve fim quando o herói
Teseu fez a ele o mesmo que ele sempre fazia às suas vítimas, colocou-o na
cama, mas um pouco para o lado, sobrando assim a cabeça e os pés que
foram amputados pelo herói.
O mito de Procusto é uma alegoria da intolerância. Apesar de diversidade
ser uma característica humana, o ser humano tem agido como Procusto, em grande
parte acreditando estar sendo justo. Num dos episódios desse mito, Atena, a
deusa da sabedoria, incomodada pelos gritos das vítimas resolveu tomar uma
providência e foi ter com o bandido, mas ficou sem palavras quando este argumentou
que estava fazendo justiça porque sua cama nada mais fazia do que acabar com as
diferenças entre as pessoas. O silêncio de Atena foi interpretado como
aprovação e só fez reforçar a crueldade do bandido.
Quando
Teseu procurou por Procusto, o ladrão pensando que seria uma visita amigável,
tentou convencer o herói da legitimidade de suas ações. No entanto, Teseu
responde que injusto é tentar igualar as pessoas que são diferentes por
natureza, por isso cada uma tem o direito de ser como é.
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A
intolerância traz angústia, infelicidade e solidão.
Deixar
o ser, ser o que é, sem resistência, pode ser o início de uma vida mais
harmônica e feliz. E ser feliz é o que todos almejam, independente de estilo de
vida, etnia, crença religiosa, manequim, nacionalidade, orientação sexual
ou classe social.
Por mais artificial que
isto possa parecer, será que não gastamos um bocado de energia emocional
tentando alterar ou "enquadrar" outras pessoas de formas diversas,
embora menos drásticas?
Esperamos, com
freqüência, que os outros vivam segundo nossos padrões e ideais, ajustando-se
aos nossos conceitos de como eles deveriam ser. Ou então, assumimos a
responsabilidade de torná-los felizes, bem ajustados e emocionalmente
saudáveis.
A verdade é que grande
parte dos atritos que existem nos relacionamentos acontecem quando tentamos
impor nossa vontade aos outros - quando tentamos administrá-los e controlá-los.
De tempos em tempos, em
graus variados, assumimos responsabilidades que não nos pertencem. Tentamos
dirigir a vida das outras pessoas, com a intenção de influenciar tudo, desde a
dieta até a escolha de roupas, decisões financeiras e profissionais. Tomamos
partido e ficamos excessivamente envolvidos, até encontramos ou criamos
problemas onde não existem para poder criticar e oferecer conselhos.
É preciso entender que
ninguém muda até que deseje fazê-lo, esteja disposto a mudar e pronto, para
tomar as atitudes necessárias para efetuar a mudança. E por este motivo que o
resultado de nosso "procustianismo" é, contudo, sempre o mesmo.
Estamos destinados a fracassar em nossos esforços para controlar ou modificar
alguém, não importa o quanto sejam nobres nossas intenções. E estamos
destinados a terminar num turbilhão - frustrados, ressentidos e cheios de
auto-piedade.
E o que dizer das pessoas
que tentamos orientar? Por outro lado, mostramos falta de respeito por seus
direitos como indivíduos, privando-as da oportunidade de aprender através de
suas próprias escolhas, decisões e erros. Em resumo, nosso relacionamento com
aqueles com os quais declaramos nos preocupar profundamente torna-se
desarmonioso e forçado.
Permita que os outros
vivam sua vida, enquanto vivemos a nossa - viva e deixe viver.
Tais
Adorei!
ResponderExcluirCurto bastante receber suas mensagens pontualmente de manhã ,no domingo. Elas me trazem reflexão para a semana. beijo!
Lindo texto! Bem pertinente aos meus 'momentos' internos :)
ResponderExcluirMuito pertinente e atual o tema em um momento da nossa cultura onde a intolerância com as divergências parece ser a regra e a aceitação das diferenças,a exceção.
ResponderExcluirOlá, meu nome é Jane, sou autora de parte desse texto. O trecho que vc copiou deveria estar entre aspas, não é mesmo?
ResponderExcluirOla Jane.
ExcluirEste texto eu recebi de uma amiga de Florianópolis, sem autoria (ela recebeu por email também). Mas me dê a fonte e qual trecho foi escrito por ti que incluirei no mesmo.
Internet tem destas situações...mas o importante é que este texto ajudou a muitas pessoas e você me comunicou com muita delicadeza.
Procuro sempre usar aspas e mencionar a fonte (nada mais justo), mas de vez em quando acontece de receber algo e não ter a autoria.
Fico no aguardo de seu email (tais.fittipaldi@gmail.com)Obrigada