segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Hospedagem



A maior rede hoteleira que existe é a da alma inserida em todo o ser humano, mesmo naqueles que se dizem eremitas e tentam evitar todo e qualquer acesso a suas acomodações interiores.

A alma é um grande hotel. Pouco importa a categoria em que se insere: resort, pousada, fazenda, histórico, apart-hotel ou cama e café, a hospitalidade é sua marca registrada. Está sempre de portas abertas e tem espaço vago a oferecer a qualquer hora do dia ou da noite. Presta serviços de primeira qualidade, abriga forasteiros, provê necessidades básicas e oferta amenidades e acomodações conforme as exigências dos que a procuram. Antes de qualquer coisa, recepciona de braços abertos a quem quiser se alojar. E é no modo de receber que se avalia a dimensão da alma-hotel.

Segundo definição do Ministério do Turismo, meio de hospedagem é: “O empreendimento ou estabelecimento, independentemente de sua forma de constituição, destinado a prestar serviços de alojamento temporário, ofertado em unidades de freqüência individual e de uso exclusivo do hóspede, bem como outros serviços necessários aos usuários, denominado de serviços de hospedagem, mediante adoção de instrumento contratual, tácito ou expresso, e cobrança de diária”.

Quanto à alma, o diferencial é que alguns hóspedes permanecem por tempo indeterminado. Chegam “de mala e cuia” nas mãos e se instalam num cômodo disponível a seu bel prazer, pois na alma há desde suítes presidenciais, apartamentos requintados até quartos simples. E hóspedes assim vão ficando como se o lugar fosse cativo e protegido por direito adquirido. Exemplo disso são os amores que nunca saem da memória. A cobrança de diária deixa de se efetuar, por conseguinte. E os amores perseveram a despeito desse detalhe. Como nada lhes é exigido continuam desfrutando do local onde se aquartelaram.

Hóspedes turistas, no entanto, têm características próprias e várias denominações no seu registro de check-in e check-out: alegria, preocupação, curiosidade, tristeza, inquietude, apaziguamento e por aí se vai um sem número de visitantes de fluxo rápido e curto. Ainda bem que sua passagem pela alma se processa em alta rotatividade.

Outros existem que se hospedam por uma só noite. Negócios urgentes os rodeiam. Precisam de um ombro onde possam repousar para recuperar energias e basta. Em compensação caem no esquecimento e a alma nem mais reconhece suas faces. Passa a fazer parte de um acervo de balancete da alma como mero fundo perdido.

Na hospedaria da alma inexistem contratos expressos. Todos são tácitos, implícitos, subentendidos. A entrada é livre para os conhecidos e desconhecidos. Todo e qualquer hóspede-sentimento pode se registrar, usufruir das amenidades e agruras, ficar por período indeterminado, ocupando as dependências que bem lhes aprouver, sem taxas, sem juros, sem compromisso maior do que o de aumentar as proporções inalienáveis da alma, propriamente dita.
Gosto de saber que a minha alma é tal e qual uma hospedaria. Pelo que me consta, de acordo com o nome, seria eu, na catalogação já em desuso, um hotel de uma estrela.


Mas, conforme Fernando Pessoa, que vem em meu socorro mais uma vez:” Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Texto extraído da internet sem autor citado

Fico pensando quantas vezes digo "EU"...e na verdade quem ocupa este lugar é o ego.
O ego em todo ser vivo é unicamente o assento da "consciência terrena". Ele de maneira nenhuma se assemelha à Realidade Divina que constitui a alma. O impulso egoico pertence unicamente à dimensão terrena e está voltado exclusivamente para conseguir o que quer para fazer a pessoa terrena feliz, protegê-la de ataques e assegurar sua sobrevivência. Ele pisoteará outros seres para alcançar seus propósitos. Essa força egoica está ativa em todos os seres vivos.
E a nossa alma fica lá...aguardando o momento em que acordaremos e enxergaremos o espaço real que cabe a cada um "deles" (ego e alma). Afinal, a alma não briga...ela está sempre ali...disponível, aberta, pronta para ocupar o seu lugar !
É preciso coragem e muito trabalho interior para um dia poder ter um vislumbre desta verdade e nos tornarmos seres melhores que hoje.
Tais

2 comentários:

  1. Como nao recebi email ontem achei que nao publicaria nesta semana.Mas vi agora que vc acabou de publicar...que ddelicia de texto, verdadeiro! abraco Tais

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  2. Nossos hospedes inconscientes...Boa alerta...obrigada

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