A FAMÍLIA PRÓXIMA
Nós pertencemos não somente aos nossos pais, mas também à nossa
família próxima, a um sistema maior. O nosso sistema familiar comporta-se como
se fosse controlado por uma função mais elevada de que todos os membros
compartilham em comum. Podemos comparar isto a um bando de pássaros. De repente
todos os pássaros voam num novo sentido, como se os pássaros individuais fossem
movidos em comum pela decisão do bando. Num sistema familiar, esta elevada
função de grupo age como uma consciência de família compartilhada. Esta
consciência comum é primariamente inconsciente, e nós podemos reconhecer as
ordens que serve, pelo que acontece quando nós lhe obedecemos ou violamos as
suas exigências.
Podemos dizer quem pertence ao sistema familiar observando quem é
afetado por esta consciência comum, e quem não é. Regra geral, as seguintes
pessoas pertencem a um sistema familiar:
· Todas as
crianças, incluindo as mortas e as
natimortas;
· Os pais e
seus parentes;
· Os
avós;
· Ocasionalmente um ou outro dos bisavós, incluindo os
parentes mesmo mais distantes que sofreram um destino particularmente difícil ou
injusto;
· Os
não-parentes pertencem ao sistema também quando, através da sua morte ou
infortúnio, alguém na família beneficiou, por exemplo, sócios ou parentes
anteriores dos pais e avós.
O DIREITO DE SOCIEDADE
Um princípio fundamental aplica-se a um sistema familiar que
determina que todos os membros têm um direito igual de lhe pertencer. Em muitas
famílias e clãs, determinados membros foram excluídos, um tio por exemplo, que
era a ovelha negra da família, ou um filho ilegítimo sobre quem ninguém
falava.
Ou alguns membros podem dizer, "eu sou Católico e você é Protestante, e como Católico tenho um direito maior de pertencer do que você." Ou
o reverso, "como um Protestante, eu tenho um direito maior de pertencer, porque
eu pertenço à fé verdadeira. Você é menos fiel do que eu, então você tem menos
direito de pertencer." A religião não é tão importante como era hábito, mas
outras coisas são ainda, como a profissão, nacionalidade, cor da pele,
gênero.
Ou, às vezes quando um filho morre em criança, os pais dão ao
filho seguinte o mesmo nome. Dizem efetivamente à criança falecida, "você já
não pertence. Nós temos um substituto para ti." A criança falecida não pode
mesmo manter o seu próprio nome. Em muitas famílias tais crianças nem são
contadas entre os filhos, nem são mencionadas. O seu direito fundamental de
pertencer é ferido e negado.
Muitos chamam moralidade, especialmente quando alguns membros
acreditam que são melhores do que os outros e colocam-se acima deles, é
realmente a mensagem, "nós temos mais direito de pertencer do que você." Ou quando
falamos mal de outros membros e os tratamos como se fossem maus, nós estamos a
dizer, "vocês têm menos direito de pertencer do que eu." Em tais situações, "bom"
somente quer dizer que eu tenho mais direito de pertencer e "mau" significa que você tem menos direito de pertencer.
OS MEMBROS EXCLUÍDOS SÃO
REPRESENTADOS
A dinâmica fundamental num sistema familiar é que todos os membros
têm um direito igual de pertencer e não é tolerado ferir. Sempre que alguém num
sistema familiar é excluído, gera-se uma necessidade de compensação. Esta
dinâmica de compensação leva a que o membro excluído ou desdenhado seja
representado por um membro mais novo da família, que está inconsciente de, e sem
poder fazer nada contra essa identificação.
Por exemplo, um homem casado apaixona-se por outra mulher e diz à
sua esposa que não quer ter mais nada com ela. Inventa razões superficiais e
caprichosas para justificar as suas ações, compondo a injustiça feita à sua
esposa. Mais tarde teve filhos com a sua nova companheira, mas a sua filha
enfrenta-o por nenhuma razão aparente. Verifica-se que a filha representa
inconscientemente a sua primeira esposa e sente pelo pai o mesmo ódio que a sua
primeira esposa deve ter sentido, mesmo não sabendo da existência da primeira
mulher. Nisto, podemos ver o trabalho de uma invisível e sistemática força
compensatória, vingando a injustiça feita ao anterior membro através da
utilização inconsciente de um membro mais novo.
Muito sérias
disfunções em distúrbios no comportamento familiar nas crianças, mas também as
doenças, tendência a acidentes e comportamentos suicidas ocorrem quando as
crianças representam inconscientemente uma pessoa excluída para satisfazer a
necessidade de restituição dessa pessoa. Isto mostra uma segunda característica
da consciência do sistema familiar. Assegura justiça para os membros mais
antigos e causa injustiça para os mais novos.
SOLUÇÃO PARA MEMBROS EXCLUÍDOS
Os membros mais novos da família podem ser libertados de tais
enredos quando a ordem fundamental é restabelecida; quando os membros excluídos
são novamente aceitos na família e recebem o devido respeito. Por exemplo, a
segunda esposa pode dizer à primeira, "eu tenho este homem e você pagou o preço;
respeito a tua perda e reconheço que te foi feita uma injustiça; peço-te que,
por favor, sejas amigável para mim e para os meus filhos." Quando são
sinceramente ditas, tais frases nomeiam honestamente o que aconteceu e prestam à
primeira esposa o devido respeito. Nas constelações familiares observamos
frequentemente como a face da primeira esposa amacia e como se torna amigável
porque é respeitada. A sua reacção demonstra que também pertence à
família.
A solução requer também que a criança que representa a primeira
esposa lhe diga, "eu pertenço somente ao meu pai e à minha mãe. O que quer que
esteja entre vocês não é nada comigo." Pode também dizer ao seu pai, "você é o
meu pai e eu sou a sua filha. Olhe por favor para mim, como sua filha." Estas
frases, ditas com sinceridade, também restauram a ordem fundamental. O pai pode
olhar para a sua filha e não necessita de ver nela a sua primeira esposa, e não
necessita encontrar nela o ódio e a dor que a sua primeira esposa deve ter
sentido. E se amar ainda a sua primeira esposa, não necessita ver a sua amada,
na filha. Pode olhá-la, e ver, e amar a sua filha. A filha é libertada para ser
meramente uma filha, e o pai, um pai.
A filha
pode também dizer-lhe, "esta é a minha
mãe; eu não estou relacionada com a tua primeira esposa; eu reclamo e quero a
minha mãe; é única para mim". E pode dizer à sua mãe, "eu não estou relacionada
com a outra mulher; eu não estou conectada com ela de forma alguma." Tal como a
representante da primeira esposa, a mãe pode inconscientemente ver a outra
mulher nela, e começar um conflito uma com a outra como se fossem rivais. Quando
a filha diz, "você é minha mãe e eu sou sua filha; eu não tenho nenhuma ligação
com a outra mulher; eu a quero como minha mãe. Por favor, aceita-me como tua
filha", ela restaura a ordem básica.
Ofensas ao direito igual de pertencer são também a causa de
enredos muito mais sérios. Por exemplo, quando uma criança morre jovem numa
família, as outras crianças tendem a sentirem-se culpadas porque estão ainda
vivas quando o seu irmão ou irmã estão mortos. É como se acreditassem que estão
em vantagem porque estão vivos e o seu parente está em desvantagem porque está
morto. Inconscientemente tentam compensar procurando falhar, ficando doentes, ou
em casos extremos, querendo morrer, embora não saibam
porquê.
Em situações como esta, algumas crianças puderam restaurar a ordem
do amor dizendo ao seu parente falecido, "você é meu irmão (ou irmã). Eu
respeito-o como meu irmão (irmã). Você tem um lugar no meu coração. Eu curvo
minha a cabeça perante ti e o teu destino, qualquer que seja, e aceito o meu
destino conforme ele vier." Estas frases prestam respeito ao parente falecido, e
a criança viva pode voltar à sua vida, sem culpa.
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Por todas essas razões /soluções acima expostas é que trabalho com as Constelações Familiares.
Sentir e observar as soluções é fantástico, motivador e acima de tudo respeitoso com todo o sistema familiar, mesmo em situações onde os membros não vivem mais e/ou não estão presentes.
Um trabalho de amor, simples e direto, que modifica nosso olhar sobre os conceitos existentes e nos mostra algo totalmente novo. A sensação que os constelados relatam é algo parecido com "encontrar uma luz no fim do túnel" ou "é possível olhar de outra forma e ser feliz apesar de"...
Busquem conhecer este trabalho participando de vivências como representantes, ou apenas assistindo uma Constelação e tomando ciência das Ordens do Amor tão bem descritas por Bert Hellinger, e que embasam todo este trabalho.
Taís
Tais, me parece que posso incluir sem me expor ao outro...que nem permite que eu fale algo. É isto? Tenho brigas familiares de muito tempo atras....e para mim já está resolvido, mas sinto que preciso dizer-lhes...e não tenho como! Parece que nas Constelações é possivel! Vou te ligar. Obrigada
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