domingo, 21 de julho de 2013

Por que algumas pessoas simplesmente não se enxergam?


Já conheceu alguém que é bonito, inteligente, gente boa mesmo, mas que simplesmente não se acha? É o contrário daqueles um tanto 'sem noção' que, cheios de arrogância e prepotência, tornam-se inconvenientes e chatos. Essas pessoas de quem falo agora são realmente interessantes, mas por algum estranho motivo, não conseguem se validar! Chegam a ponto de se considerarem feias, sem graça e com poucos ou nenhum atributo que as tornem dignas de serem escolhidas pela vida.



Amigos e familiares insistem em ressaltar as qualidades da pessoa, não se cansam de repetir como ela é querida, mas seus olhos continuam apagados para si mesma. Olham-se diante do espelho e o máximo que conseguem se dar é um suspiro. Um longo e profundo suspiro que revela sua dificuldade de se gostar, de se namorar! 

Sim, existem pessoas que não se namoram! E isso é muito triste, porque perdem a chance de desvendar o seu melhor, de oferecer ao mundo suas exclusivas e preciosas características. E desperdiçam seus dias focados no que consideram defeitos e mais defeitos. Imperfeições que lhe roubam razões para viverem com propriedade e autoridade. 

Assim, começam relacionamentos nos quais não acreditam. Não entendem o que o outro viu nelas. Acham que vai acabar a qualquer momento. Não se acham merecedoras de tal felicidade. Outras, ainda, não se atrevem a ocupar seu lugar no departamento onde trabalham, sempre se calando e deixando os créditos para os colegas, sempre se escondendo atrás da mesa, do computador, de quem quer que seja, simplesmente porque não suportam a ideia de serem reconhecidas por algo que elas mesmas não enxergam em si. 

Por que será? O que falta? Óculos? Simancol? Autoestima? Pode ser! Mas creio que falta mesmo retirar as grossas camadas de proteção que pessoas assim vão colocando sobre sua imagem ao longo da vida. Falta identificar de que e de quem estão se defendendo e quais defesas (crenças) são essas. 

Será que se ver bonito significa ter de lidar com o assédio e o interesse das pessoas? Será que se admitir inteligente é ter de se arriscar a cometer erros? Será que se considerar interessante é ter de 'aparecer' mais do que alguém a quem se ama? Será que ocupar seu lugar no mundo e se permitir desejar e ser diferente significa magoar alguém importante? Será que ser magro e ter um corpo atraente é atrair situações com as quais não se sabe lidar? 

A ótima notícia é que para todos esses medos existem soluções. Talvez se leve algum tempo até encontrar, dentro de si, os caminhos e as ferramentas para viver num mundo que inclui, sim, todos esses riscos. Mas são apenas riscos e nunca certezas! A única certeza é a de que, enquanto tais pessoas não se enxergarem, continuarão como que sem ser de verdade. Como um jogador que nunca entra em campo. Como um ator que nunca sobe ao palco. Como um convidado VIP que nunca se aproxima da pista de dança ou da mesa onde está servido o banquete. 

Se você se sente assim, não deixe mais tempo passar sem nada fazer para mudar esse cenário. Busque ajuda. Reflita. Ao menos considere a possibilidade de estar equivocado sobre si mesmo. Reconheça, nem que seja só para si, o que tem de bom a oferecer ao mundo, seja no trabalho, nas relações e no amor. Viva um dia de cada vez e, passo a passo, ocupe seu lugar! 
Rosana Braga
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Gosto imensamente das parábolas e fábulas das tradições orientais. Li dia desses num texto budista uma indagação interessante: quando me sinto magoado, quem é esse “eu” que se magoou? 
Afinal, é possível não ser magoado? 
Todos nós construímos uma imagem que tomamos como “eu”. Por isso a Sociologia, em seus primórdios, chamava o ser social de “ator”. 
A palavra prósopon, em grego, significava tanto máscara quanto personagem. Assim, a “pessoa” era a “máscara” que utilizava em sua atuação no palco social. A partir de nossas relações com as pessoas e as coisas, desde crianças vamos construindo uma imagem de nós mesmos cujas partes tentamos mostrar aos outros ou esconder dos mesmos. 
Claro que quando alguém “desmascara”, isto é: identifica, uma parte de nós da qual gostamos, nos sentimos envaidecidos; quando é uma parte de nós que procuramos esconder, ficamos magoados. 
Mas isso só ocorre se confundirmos nosso “eu” com a máscara que ostentamos. 
É possível, então, não ser magoado? Parece que sim, na medida em que compreendemos que por detrás dessa máscara multifacetada que construímos encontra-se um “eu” real que deve compreender o porquê de aquela máscara ter sido construída e estar sendo mantida com tanto empenho. 
Daí, a máscara não será mais meu eu real e as pessoas que falarem dela estarão me ajudando a compreender-me melhor, não mais me magoando. 
Qual é sua máscara? Tais





2 comentários:

  1. Você é espetacular!! Sempre textos maravilhosos! Sinto saudades! Bjs Mariana.

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  2. Fugimos sempre, pois é mais fácil do que enfrentar e se conhecer. bjs

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