O DIREITO DE SOCIEDADE
"Um princípio fundamental aplica-se a um sistema familiar que determina que todos os membros têm um direito igual de lhe pertencer. Em muitas famílias e clãs, determinados membros foram excluídos, um tio por exemplo, que era a ovelha negra da família, ou um filho ilegítimo sobre quem ninguém falava.
Ou alguns membros podem dizer, "eu sou Católico e tu és Protestante, e como Católico tenho um direito maior de pertencer do que tu." Ou o reverso, "como um Protestante, eu tenho um direito maior de pertencer, porque eu pertenço à fé verdadeira. Tu és menos fiel do que eu, então tu tens menos direito de pertencer." A religião não é tão importante como era hábito, mas outras coisas são ainda, como a profissão, nacionalidade, cor da pele, gênero.
Ou, às vezes quando um filho morre em criança, os pais dão ao filho seguinte o mesmo nome. Dizem efetivamente à criança falecida, "você já não pertence. Nós temos um substituto para ti." A criança falecida não pode mesmo manter o seu próprio nome. Em muitas famílias tais crianças nem são contadas entre os filhos, nem são mencionadas. O seu direito fundamental de pertencer é ferido e negado.
Muitos chamam moralidade, especialmente quando alguns membros acreditam que são melhores do que os outros e colocam-se acima deles, é realmente a mensagem, "nós temos mais direito de pertencer do que tu." Ou quando falamos mal de outros membros e os tratamos como se fossem maus, nós estamos a dizer, "tu tens menos direito de pertencer do que eu." Em tais situações, "bom" somente quer dizer que eu tenho mais direito de pertencer e "mau" significa que tu tens menos direito de pertencer.
OS MEMBROS EXCLUÍDOS SÃO REPRESENTADOS
A dinâmica fundamental num sistema familiar é que todos os membros têm um direito igual de pertencer e não é tolerado ferir. Sempre que alguém num sistema familiar é excluído, gera-se uma necessidade de compensação. Esta dinâmica de compensação leva a que o membro excluído ou desdenhado seja representado por um membro mais novo da família, que está inconsciente de, e sem poder fazer nada contra essa identificação.
Por exemplo, um homem casado apaixona-se por outra mulher e diz à sua esposa que não quer ter mais nada com ela. Inventa razões superficiais e caprichosas para justificar as suas ações, compondo a injustiça feita à sua esposa. Mais tarde teve filhos com a sua nova companheira, mas a sua filha enfrenta-o por nenhuma razão aparente. Verifica-se que a filha representa inconscientemente a sua primeira esposa e sente pelo pai o mesmo ódio que a sua primeira esposa deve ter sentido, mesmo não sabendo da existência da primeira mulher. Nisto, podemos ver o trabalho de uma invisível e sistemática força compensatória, vingando a injustiça feita ao anterior membro através da utilização inconsciente de um membro mais novo.
Muito sérias disfunções em distúrbios no comportamento familiar nas crianças, mas também as doenças, tendência a acidentes e comportamentos suicidas ocorrem quando as crianças representam inconscientemente uma pessoa excluída para satisfazer a necessidade de restituição dessa pessoa. Isto mostra uma segunda característica da consciência do sistema familiar. Assegura justiça para os membros mais antigos e causa injustiça para os mais novos.
SOLUÇÃO
Os membros mais novos da família podem ser libertados de tais enredos quando a ordem fundamental é restabelecida; quando os membros excluídos são novamente aceitos na família e recebem o devido respeito. Por exemplo, a segunda esposa pode dizer à primeira, "eu tenho este homem e tu pagaste o preço; respeito a tua perda e reconheço que te foi feita uma injustiça; peço-te que, por favor, sejas amigável para mim e para os meus filhos." Quando são sinceramente ditas, tais frases nomeiam honestamente o que aconteceu e prestam à primeira esposa o devido respeito. Nas constelações familiares observamos frequentemente como a face da primeira esposa amacia e como se torna amigável porque é respeitada. A sua reação demonstra que também pertence à família.
A solução requer também que a criança que representa a primeira esposa lhe diga, "eu pertenço somente ao meu pai e à minha mãe. O que quer que esteja entre vocês não é nada comigo." Pode também dizer ao seu pai, "você é o meu pai e eu sou a sua filha. Olhe por favor para mim, como sua filha." Estas frases, ditas com sinceridade, também restauram a ordem fundamental. O pai pode olhar para a sua filha e não necessita de ver nela a sua primeira esposa, e não necessita encontrar nela o ódio e a dor que a sua primeira esposa deve ter sentido. E se amar ainda a sua primeira esposa, não necessita ver a sua amada, na filha. Pode olhá-la, e ver, e amar a sua filha. A filha é libertada para ser meramente uma filha, e o pai, um pai.
A filha pode também dizer-lhe, "esta é a minha mãe; eu não estou relacionada com a tua primeira esposa; eu reclamo e quero a minha mãe; é única para mim". E pode dizer à sua mãe, "eu não estou relacionada com a outra mulher; eu não estou conectada com ela de forma alguma." Tal como a representante da primeira esposa, a mãe pode inconscientemente ver a outra mulher nela, e começar um conflito uma com a outra como se fossem rivais. Quando a filha diz, "você é minha mãe e eu sou sua filha; eu não tenho nenhuma ligação com a outra mulher; eu quero-te como minha mãe. Por favor, aceita-me como tua filha", ela restaura a ordem básica.
Ofensas ao direito igual de pertencer são também a causa de enredos muito mais sérios. Por exemplo, quando uma criança morre jovem numa família, as outras crianças tendem a sentirem-se culpadas porque estão ainda vivas quando o seu irmão ou irmã estão mortos. É como se acreditassem que estão em vantagem porque estão vivos e o seu parente está em desvantagem porque está morto. Inconscientemente tentam compensar procurando falhar, ficando doentes, ou em casos extremos, querendo morrer, embora não saibam porquê.
Em situações como esta, algumas crianças puderam restaurar a ordem do amor dizendo ao seu parente falecido, "você é meu irmão (ou irmã). Eu respeito-o como meu irmão (irmã). Você tem um lugar no meu coração. Eu curvo minha a cabeça perante ti e o teu destino, qualquer que seja, e aceito o meu destino conforme ele vier." Estas frases prestam respeito ao parente falecido, e a criança viva pode voltar à sua vida, sem culpa.
Para além da necessidade de reciprocidade que causa a doença, um sistema mágico de opinião trabalha o seu infortúnio. Nomeadamente, nós podemos libertar aqueles que amamos do seu sofrimento e infortúnio quando aceitamos carregar com eles. Por exemplo, a alma do filho diz frequentemente à sua mãe doente terminal, "eu prefiro ficar doente, do que vê-la a sofrer. Prefiro eu morrer do que vê-la morrer." Ou quando uma mãe está a ser afastada da vida por forças sistêmicas, acontece às vezes que um filho comete o suicídio na opinião mágica de que o seu sacrifício proporcionará a liberdade suficiente para a mãe ficar.
A anorexia tem frequentemente esta dinâmica. Uma criança anoréxica definha lentamente, até que morre. É frequente o caso das almas de tais crianças anoréxicas, que estejam a dizer ao seu pai ou à sua mãe, "é melhor eu desaparecer do que tu partires." Isto é um amor profundo, inocente, mas quando a criança morre, o que é que realiza ela?
Quando eu trabalho com uma criança anoréxica, eu deixo-a falar em voz alta estas frases da alma. Podem olhar os representantes da mãe ou do pai nos olhos e dizer-lhes, "prefiro desaparecer do que deixar-te partir." Quando uma criança olha a sua mãe ou o seu pai até que os veja realmente, não consegue dizer as frases, porque vê que os seus pais ficarão devastados com a sua morte. O sistema mágico da opinião da criança ignora totalmente o fato de que os pais também amam, e que rejeitariam veementemente tal sacrifício. E ignora também o fato de que tal sacrifício seria inútil.
Quando uma mãe morre no parto, o seu filho passa um tempo difícil para abraçar inteiramente a vida. Ajuda quando tal criança olha para a sua mãe nos olhos e diz "mãe, eu vejo o preço terrível que pagás-te para que eu pudesse viver; aceito a vida que me des-te, e farei algo de bom com ela; descansa em paz, sabendo que eu viverei de modo que o teu sacrifício não tenha sido em vão." Aceitar a vida desta maneira é amor num nível mais elevado do que o amor cego que tem a criança-alma que diz, "mãe, eu não posso viver totalmente porque tu morreste; sinto-me demasiado culpado." O amor num nível mais elevado exige que nós abandonemos a opinião mágica que podemos mudar o curso das vidas dos nossos pais para melhor quando nos sacrificamos. Exige que nós transformemos o amor cego que cria e perpetua o sofrimento, num amor que cura.
Os sistemas mágicos de opinião e o amor-criança que segue com eles são aliados a um sentimento presunçoso de poder e superioridade. Um filho acredita realmente que as suas doenças e morte podem libertar o pai ou a mãe da doença e da morte. A verdadeira humildade é o que torna possível diminuir essa presunção."
Bert Hellinger
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Veja quantas dificuldades podem ser trabalhadas nas Constelações Familiares.
O mais significativo é que o que aparece através dos representantes é a manifestação do inconsciente ( da alma )...onde o cliente não tem controle. E ele pode olhar e sentir a liberação que isto proporciona.
Acontece, às vezes, do cliente não aceitar, não acreditar naquilo que "aparece" e não direcionar-se para a solução apresentada e aí, ele permanecerá no mesmo lugar.
Mas as Constelações realmente são libertadoras, propiciando ao cliente "ir para a vida e tomá-la verdadeiramente".
Por isso que sugiro - participe de um grupo de Constelação, sinta o quanto mudam as compreensões, pratique em sua vida. É libertador!!!!!
Estarei Constelando em grupo no próximo dia 25 de abril de 2015, na rua Capitão Souza Franco 881- 15 andar às 10 horas (sábado).
Não há custo para assistir ou representar. Para constelar entre em contato (41 9962-3302) para obter informações.
Boa semana
Tais
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