domingo, 27 de novembro de 2016

A conquista do equilibrio emocional

Você já se sentiu em desequilíbrio emocional?

Quem nunca, não é?

Quando em desequilíbrio emocional você tentou voltar ao bem-estar rapidamente e sentiu dificuldade?

Sim, não é? Esforçar-se pode não ajudar em nada e até piorar o quadro emocional. Alguns recorrem aos exercícios mentais, que, isoladamente, também, podem não ser totalmente eficazes.

Sobre a mente racional por sinal há algo interessante a se apontar: desde o século XVII começamos a endeusar a Razão, achando que ela sozinha nos libertaria de nossos piores instintos, do emocionalismo, da escravidão pessoal e coletiva. De lá para cá a ideia era submeter a emoção e os instintos à razão, que seria a grande administradora do ser.

Sabemos bem que a emoção desacompanhada da razão pode levar à loucura, e há exemplos terríveis de pessoas que cometem desatinos quando tomadas por fortes emoções, como as que cometem assassinato numa crise de cólera. Assim, fez sentido, quando no século XVII, após longo período de obscurantismo e ignorância brutal, buscou-se na razão a luz necessária para tirar a civilização do caos em que vivia, sujeita a tiranias, miséria e péssimas condições de vida.

Mas ao olharmos para o século XX constatamos que não adiantou apenas a razão para nos libertar e trazer felicidade social, pois, assistimos e sofremos, no século passado, a ação de líderes tão cultos e inteligentes quanto frios e sanguinários, como Hitler e Sadam Hussein, para citar apenas dois dentre tantos lideres com semelhante perfil.

A partir dos avanços da psicologia e da neurociência descobriu-se que era preciso equilibrar a emoção e a razão, porque a razão desacompanhada de sensibilidade emocional torna-se fria, ácida e desumana.

Pois bem, até um tempo atrás, eu mesma entendia que isto bastava, ou seja, que deveríamos alcançar equilíbrio por meio desse binômio razão/emoção: de um lado a razão pondo ordem e sentido à emoção, e de outro lado a emoção levando inspiração e sensibilidade à razão.
 Mas o equilíbrio muitas vezes, ainda assim, tornava-se distante. Uma vez que, razão e emoção buscam alívio de formas diferentes e precisam de recursos diversos para se estabilizar.  O sofrimento mental ou emocional tende a persistir, bem como traumas tendem a permanecerem ativos e mágoas agitam o interior humano, mesmo que se busque o equilíbrio entre a razão e a emoção.

Veja só, a linguagem utilizada pela razão e a linguagem utilizada pela emoção são muito diferentes, e esse ponto é crucial para a compreensão a respeito da dificuldade em se obter o equilíbrio emocional através do binômio: razão/emoção. A linguagem racional busca a lógica e esta não é uma linguagem que a emoção entenda. Cito um exemplo: se é fácil fazer um exercício mental e dizer para si mesmo: ”acalme-se!”, é difícil para a emoção acompanhar o raciocínio lógico e obedecer. A linguagem da emoção é a arte, a poesia, mostra-se através das expressões faciais e corporais, do tom de voz e não necessariamente do que é dito. Olha só a encrenca aqui armada. É preciso um intérprete entre as duas para que se entendam e possam se equilibrar e fortalecer.

É preciso conhecer e educar as emoções para que a mente as reconheça e discrimine. Isso facilita a busca do equilíbrio. Para tanto é necessário que nos dediquemos a perceber o que sentimos, a fim de ampliar nosso vocabulário emocional.

O meio adequado é parar de só olhar para fora e mergulhar intimamente, descortinando o universo interior, mas não numa perscruta mental, precisamos de novos recursos aqui, como a meditação e a arte em todas as
suas expressões, por exemplo. Além de dedicar tanta atenção educacional às emoções quanto dedicamos à razão. E veja só, nós dedicamos boa parte da nossa infância, adolescência e início da vida adulta frequentando instituições de ensino que se propõem a educar a mente. Buscamos educação para nos profissionalizarmos. Falta-nos o mesmo empenho com relação às emoções. Essa é uma dimensão interna desconhecida da maioria das pessoas.

Boa parte de nós, no que concerne ao, autoconhecimento emocional é ignorante de si e, quando em sofrimento procura os consultórios de coaching, de psicólogos, ou remédios para tentar calar a voz emocional, mas não pratica um exercício constante de autoeducação emocional. Sequer há escolas especificamente destinadas a esse tipo de ensino desde a infância, e no que concerne ao autoconhecimento, esse é um empenho que deve ser constante e desde o início da vida.

Mas mesmo sendo imprescindível, o autoconhecimento emocional é apenas mais um passo na busca do equilíbrio emocional, pois, além dele e do desenvolvimento paralelo da mente é preciso estabelecer a comunicação ideal entre eles e ela ocorre em outro ponto do ser, no “coração”.

Em 1997, comecei a entender esse novo caminho para trazer o equilíbrio emocional almejado, acessando este novo ponto, para além do binômio razão/emoção.

Participei, naquele ano, de um curso chamado A Alquimia do Coração, ministrado no Brasil pelo Steve Johnson, produtor das essências florais do Alaska.
Nesse curso ele apresentava o conhecimento de que as forças do “coração”, quais sejam: o amor, o perdão, a gratidão, a generosidade, a compaixão, são como um dínamo curador de toda mazela emocional, além de serem importantes “nutrientes” para o processo da mente, humanizando-a. Era o coração afetivo e amoroso abrindo alamedas para o bem-estar e atuando como interlocutor da mente e da emoção.

Esse aprendizado trouxe uma guinada à minha vida profissional e ao meu entendimento sobre cura e saúde.

Naquela época eu ainda era Fiscal Federal, e foi a partir desse curso sobre a cura através do “coração”, que decidi mudar meus rumos profissionais e pessoais, passando a usar as Essências Florais, que eu já estudava há anos, na rotina de meu trabalho, para pouco tempo depois, desligar-me do funcionalismo público federal e dedicar-me exclusivamente à pratica do uso das essências florais dentro de um programa de promoção da saúde e prevenção de doenças, como Terapeuta Floral, atendendo em consultório, dando aulas, e mais tarde formando novos terapeutas.

A partir daquele curso onde o “coração” era apresentado, em sua dinâmica afetiva, como a sede do sagrado e aonde a alquimia da vida florescia, foi mais fácil entender as premissas do Dr. Edward Bach, criador das primeiras essências florais, os conhecidos Florais de Bach, de que quem ama verdadeiramente a si e a sua vida, a algo ou alguém, amplia sua possibilidade de estar feliz e entusiasmado e estas são condições centrais para o desenvolvimento de uma boa saúde geral.

Lembrando que amar é verbo transitivo direto e exige ação direta no mundo para sua completa expressão.

Dali para frente, a percepção só ficou mais clara de que o movimento mais interessante a se criar, para haver equilíbrio emocional, precisava ter quatro dimensões que se interligassem num ponto comum e não apenas duas, razão/emoção, como eu inicialmente pensava, pois, o equilíbrio melhor se faz na ação de quatro instâncias interiores: emoção, razão, afetividade e espiritualidade, tendo como ponto convergente o “coração”.

E a linguagem do “coração” é acolhedora, amável, universal e passível de ser plenamente compreendida tanto pela mente quanto pela emoção, só requer treino .

Para termos a razão e a emoção em comunicação perfeita, o “coração” deve ser preenchido com expressões de afetividade amorosa, e de todas as demais dela decorrentes: gratidão, altruísmo, compaixão, generosidade, sensibilidade, capacidade de perdoar, fraternidade, humildade e, esta afetividade, só pode ser conquistada se nos espiritualizarmos, pois, o amor é, também, profundamente espiritual, e impossível de se expandir, plenamente, cerceado por crenças e desejos céticos e materialistas.

O amor que se prende numa proposta racional
e materialista de se ver e viver a vida, rapidamente se confunde com apego, medo, angustias, aflição, ansiedade, tensão, e quando contrariado enfurece, deprime, adoece, perde-se o foco do seu desenvolvimento, e sem sua participação ativa, não há como serenar as emoções em turbulência.

Espiritualizar-se significa aqui perceber que a vida material, bem como Aquele que a criou e o espírito que a anima, tem um sentido e uma direção para além do nascer, viver e morrer. Que há um sentido transcendente e inteligente em toda vida e que este sentido é o próprio Amor em ação.

Quando a razão e a emoção, a afetividade e a espiritualidade, estão em equilíbrio, percebe-se que a mente está a serviço do “coração”, bem como as emoções, e que o “coração” está a serviço não dos instintos e paixões, mas do amor espiritualizado, onde a interlocução de todas as partes de nosso ser acontece.

Temos aqui o surgimento da inteligência afetiva trazendo um novo sentido às experiências vividas e sentidas, e um renovado senso de pertencimento, nos resgatando como seres humanos dos desequilíbrios emocionais e mentais, elevando nossa condição pessoal para a de maturidade e equilíbrio pessoal, levando-nos à lucidez e à sabedoria, e consequentemente a uma melhor autoestima também.

O caminho requer comprometimento com o autoconhecimento, com a escolha de desenvolver-se emocionalmente, conhecendo-se, descobrindo como se sente, fazendo sempre uma ponte com o “coração”, que deve se desenvolver nas áreas de generosidade, da compaixão e das magnitudes dos afetos humanos.

Nessa jornada eu conto com o apoio da respiração ritmada e com a atenção plena, com a observação serena da natureza, com a meditação em compaixão, com o uso das essências florais apoiadoras do processo de desenvolvimento da inteligência afetiva, com as orações e a reflexão, juntamente com a busca de ações éticas e amorosas e com a correção daquilo que em mim percebo que está fora do objetivo de minha busca por um bem-estar integral.

Os exercícios físicos e a alimentação mais natural e adequada são, também, bem-vindos.

É bom saber que a conquista do equilíbrio emocional, praticado dessa forma, é libertador.

Um caminho que vale a pena trilhar!
Thais Accioly
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Por diversas vezes me perguntam: "Mas de novo essa questão em minha vida"? E eu respondo: Sim, provavelmente ainda não está resolvida...
Outras vezes perguntam: "Mas eu tive uma percepção fantástica, mudei muitas coisas, compreendi outras, e agora parece que aquilo era pouco e veio mais?" E eu respondo: Só compreendemos até onde nos é possível...o crescimento espiritual e conhecimento de si não acaba nunca. A evolução do ser é uma constante. Se não, qual seria nosso objetivo nesta vida?
Existe até uma metáfora interessante, ondo se diz que somos como cebola - cheios de camadas, e elas vão saindo e gerando/proporcionando assim, um maior aprofundamento.
Que bom não é? Crescimento constante... depende apenas de nossa busca, e chegando a hora, elas acontecem mesmo quando não queremos, seja através de uma doença, de uma situação inesperada etc...
Bom dia!
Tais

domingo, 20 de novembro de 2016

Se sabemos o que precisamos fazer, por que não fazemos?


Você está paralisado, mas lá no seu íntimo você sabe exatamente o que precisa fazer para levantar o seu ânimo e, principalmente, o que faria o seu coração feliz. Também sabe que está nas suas mãos dar o passo para prosseguir, mas não se mexe: você já ouviu do seu íntimo o que você precisa e alguma coisa em você o nega. Por que isto acontece?
“Onde não existir medo, também não haverá nenhum sentido necessário para viver.”-Leonardo Boff-
O medo costuma ser a causa da maioria das situações negativas nas quais nos vemos envolvidos, e superá-lo normalmente nos leva a grandes alegrias. É possível que você tenha as coisas mais claras do que imagina, ou também é provável que você saiba a resposta do próximo movimento da sua vida e que o temor e o pânico o mantenham quieto nessa posição na qual está.

Como eu me sinto?

A resposta para esta pergunta é bem complicada porque exige muita paciência e carinho para consigo mesmo: para responder você precisa ser sincero e falar consigo mesmo sem reservas, o que implica um grande esforço emocional da sua parte.

Na posição em que está você  se
sente desconfortável, desconcen- 
trado, esquisito no seu  dia a  dia.
É como se você soubesse que não está no lugar certo,  mas não fosse capaz de se mexer,   de modo que o mal-estar se expande para todas as suas emoções e o seu humor se modifica.
A chave: o saber racional e o saber emocional

Todos nós dispomos de dois tipos de fundamentos para tomar decisões: um que tem a ver com a parte mais instintiva e racional do cérebro; outro com sua zona mais emocional e impulsiva. A primeira delas está ligada ao controle das situações e à busca por segurança, de modo que é muito útil nas horas que demandam frieza de ação. A segunda, como seu nome indica, está unida aos sentimentos.

“Gosto das pessoas sentipensantes, que não separam a razão do coração. Que sentem e pensam ao mesmo tempo. Sem divorciar a cabeça do corpo, nem a emoção da razão.”
-Eduardo Galeano-

Ambas se relacionam, mas as pessoas têm a tendência inconsciente para um lado ou para o outro: por exemplo, há aqueles que são mais empáticos do que outros. Se você racionalmente sabe o que precisa fazer mas emocionalmente não sabe por que não o faz, talvez seja porque os movimentos mais humanos precisam ser impulsionados por essa parte emocional.

Reorganize as suas motivações

O conflito não tem que estar motivado pela razão, mas o bom seria que fosse guiado pela emoção: se você precisa fazer alguma coisa, primeiro precisa sentir que quer fazê-lo. Suponhamos, por exemplo, que você é consciente de que precisa fazer uma dieta porque a sua saúde está se ressentindo e, contudo, não consegue realizá-la. O problema é que emocionalmente você não quer estar de dieta e a sua falta de vontade fraqueja. 

Reorganize as suas motivações e ouça bem para onde você quer ir de verdade, não para onde você deveria ir, já que às vezes a razão não nos permite ser feliz. Tire o tempo necessário para encontrar o caminho que o coração indica e lute contra seus medos e seus traumas  se eles o impedem de avançar. Você pode vencer e vale a pena vencer: somente assim você saberá que o que você está fazendo corresponde à verdade que você deseja.

“Respire com a profundidade com a qual você respirou no dia em que veio ao mundo, sem permitir que nada o distraia: espere e espere ainda mais. Fique quieto, em silêncio, e ouça o seu coração. E quando ele falar, levante-se e vá onde ele o levar.”

Susanna Tamaro- em amenteemaravilhosa.com.br
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Com os avanços dos estudos sobre a meditação, muito se descobriu sobre as diversas maneiras de meditar. Basta apenas encontrar aquela que se adeque melhor ao seu estilo de vida (e personalidade) e começar a aproveitar os tantos benefícios da prática.
Na meditação podemos encontrar as respostas, os direcionamentos para àquilo que necessitamos, caminhos a seguir etc...
Abaixo alguns dos benefícios já comprovados pela ciência sobre a meditação:

*Reduz o estresse: de acordo com a Universidade da Califórnia (EUA), a longo prazo, a meditação reduz os níveis de estresse, pois reduz os níveis de adrenalina e cortisol (hormônios ligados ao estresse) e aumenta a endorfina (neurotransmissor associado ao prazer).

*Melhora o sono: pesquisas do Northwestern Memorial Hospital, de Illinois (EUA), mostraram pessoas que sofriam com insônia começaram a dormir duas horas por dia a mais e alcançaram níveis do sono REM mais próximos do considerado saudável. A pesquisa foi realizada com pessoas de 25 a 45 anos que sofriam de insônia crônica e os resultados foram obtidos após dois meses de meditação.

*Diminui a ansiedade: de acordo com pesquisadores de Harvard, após oito semanas de meditação, pacientes começaram a apresentar alterações na amígdala cerebral, que controla emoções e está ligada à ansiedade e ao estresse.

Durante a meditação ocorre também um menor gasto de oxigênio pelas células do corpo, redução da frequência cardíaca e diminuição da condutância elétrica da pele (devido ao relaxamento).
Outras melhorias que a meditação nos proporciona:

*Aumento de satisfação e melhor desempenho no ambiente de trabalho;
*Melhora na depressão;
*Aumento de bem-estar e autoestima;
*Estímulo da criatividade, inteligência e memória;
*Redução da pressão arterial e de dores de cabeça, entre outros.

Que tal iniciar sua semana buscando a meditação como uma alternativa para novos caminhos?
Tais

domingo, 13 de novembro de 2016

O Movimento Interrompido - Ajudar os Filhos, ajudar-se!

Ajudar os Filhos, Revista Hellinger, dezembro de 2005

Um trauma infantil muito frequente é o movimento interrompido precocemente em direção à mãe ou ao pai, na maioria das vezes para a mãe. Quando o filho não pode alcançar o objetivo para aquele a quem se volta seu amor, sente-se triste, se irrita e, às vezes, se desespera. Esta irritação, este desespero, esta tristeza, nada mais são do que a outra face do amor, um amor que não chega a cumprir seu propósito.

Quando, na vida adulta, estes filhos tentam ir para outra pessoa, seu corpo se lembra desta interrupção e o movimento para o outro se interrompe de novo. Não podem caminhar com seu amor e, muitas vezes, voltam sobre seus passos. Cada vez que chegam ao estado em que sentem de novo as sensações dolorosas de sua infância, param. Em vez de ir para o outro, dão a volta e se desviam iniciando um movimento circular, afastando-se desta pessoa e aproximando-se ainda mais do estágio de interrupção de outrora.

Este mesmo esquema irá se repetir na relação seguinte com outra pessoa, começando novamente um movimento interrompido no mesmo estágio. A este movimento circular que nunca chega  a seu 

objetivo, se chama neurose. É como um círculo vicioso que se aproxima cada vez mais do mesmo cenário da infância, do momento em que o movimento para um dos pais foi interrompido. 


Como Completar um Movimento Interrompido?
Através dos Pais

A mãe é a mais apta para completar um movimento de amor interrompido precocemente, porque, em regra geral, esse movimento interrompido do filho se dirige a ela. Quando o filho é ainda pequeno, é fácil para a mãe: pega o filho em seus braços, o abraça com amor e o mantém assim o tempo necessário para que o amor que, por causa da interrupção, se transformou em raiva e tristeza, possa dirigir-se, de novo, abertamente para ela com toda sua força, e para que a criança possa se acalmar em seus braços.

A mãe pode ajudar, também, retrospectivamente, seu filho já adulto a concluir o movimento interrompido e anular as consequências de tal interrupção, estreitando-o em seus braços. Mas para que isso aconteça, o ato deve situar-se na época em que houve a interrupção. O movimento interrompido deve ser retomado neste estágio e ir em direção ao seu objetivo.
Porque é a criança de outrora que busca a proximidade com a mãe de antigamente e, mesmo agora, continua buscando essa mãe. Por isso, enquanto a mãe abraça seu filho já adulto, a criança dever sentir como aquela de antes, e a mãe como aquela de antes. Resta uma pergunta: como fazer para que estes dois seres, separados faz tanto tempo, se juntem de novo?

Vejamos um exemplo: uma mãe se preocupava com sua filha já adulta. Mas a filha evitava o contato com sua mãe e ia raras vezes à sua casa. Eu disse à mãe que ela tinha que segurar sua filha mais uma vez em seus braços, como uma mãe faz com seu filho quando ele está triste, mas que era importante que não fosse ela a iniciar algo, mas simplesmente que deixasse agir esta imagem em sua alma, até que o contato acontecesse naturalmente.

Mais tarde, ela me contou que sua filha tinha ido à sua casa. Sem dizer nada, ela havia se aconchegado à sua mãe, que a abraçou durante muito tempo. Depois, a filha se levantou e foi embora. Nem ela e nem sua mãe pronunciaram uma só palavra.

Através de Representantes para os Pais

Quando a mãe ou o pai não estiver disponível, outras pessoas podem representá-los. Para uma criança ainda pequena podem ser parentes próximos ou um professor; para um filho que já é adulto, pode fazê-lo um terapeuta com experiência. Mas tem que esperar o momento adequado. O terapeuta, ou a pessoa que vai ajudar, se conecta interiormente com a mãe ou o pai. Em seguida, passa a representá-los, como se eles tivessem pedido. Dessa forma pode amar o filho e guiar o amor do mesmo – que aparentemente se dirige a ele(a) – para seus pais. E no momento em que o filho entra em contato com seus pais com amor, o terapeuta se retira. Assim, apesar desse contato íntimo, se afasta e se libera interiormente.

A Reverência

Às vezes, o filho já adulto interrompe seu movimento para os pais porque os despreza ou os reprova, pois tem a impressão de ser melhor ou de querer ser melhor, ou porque espera deles mais do que podem dar.
Nestes casos, o movimento deve ser precedido por uma reverência. Esta reverência corresponde, em primeiro lugar, a uma evolução interior. Mas dá mais força se é visível e audível. Isso pode ser feito num grupo de apoio no qual “o filho” posiciona a sua família de origem, se inclina perante os representantes dos seus pais até tocar o chão, com as palmas das mãos para cima, e permanece nesta posição até o momento em que é capaz de dizer a um deles ou aos dois: “Eu honro vocês”. Às vezes acrescenta: “Sinto muito”, “Eu não sabia”, “Senti muita falta de vocês” ou, simplesmente, “Por favor”.

Somente nesse momento a pessoa pode se levantar, se aproximar dos seus pais com amor, abraçá-los com ternura e dizer a eles: “Querida mamãe”, “Querido papai” ou, simplesmente, “Mamãe”, “Papai”, ou chamá-los pelo nome que usava quando era criança.

É importante que os representantes dos pais não falem durante todo o processo e, sobretudo, que não caminhem em direção ao filho, mas, sim, que aceitem a reverência no lugar dos pais, até que tenha sido suficientemente expressado o respeito e tenha desaparecido aquilo que os separava. Eles só podem abraçar a “criança” quando esta tenha acabado seu processo.

Se, em uma constelação familiar, não se pode pedir à pessoa interessada que faça a reverência e siga o movimento, o representante pode fazê-lo em seu lugar, dizendo e fazendo o apropriado nesse momento. Às vezes, inclusive, isso é mais eficaz do que se interviesse a pessoa interessada.

O Movimento Mais Além dos Pais

O movimento para os pais e a reverência dão seus frutos se vão mais além deles. Então, nos sentimos em profunda harmonia com nossas origens e podemos assentir (dizer sim) a todas as consequências que resultam delas. Deste modo, a reverência se converte em um símbolo para realizar nosso destino.

Aquele que “conseguiu expressar” assim sua reverência e concluir totalmente seu movimento pode, inclusive como criança, ficar de pé com toda dignidade junto a seus pais, no mesmo nível – nem abaixo, nem acima.
Bert Hellinger
Tradução: Ana Laura Gortari e Eliana Medina)
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Mesmo após tanto tempo em contato e trabalhando através das Constelações, ainda me emociono ao ler e recordar tudo que se pode modificar através dela.
É fantástico perceber que sempre é tempo de redirecionar a própria vida, de não ficar "escravo"das memórias passadas...
Você já buscou conhecer esta forma de terapia? Ela é rápida, precisa e amorosa àqueles que estão abertos à mudanças.
Quando Bert Hellinger começou a perceber quão curativa era esta forma de atuar como facilitador de um processo, iniciou-se um movimento natural de propagação e no Brasil foi relativamente rápido... o brasileiro tem uma amorosidade natural e como a Constelação é uma ferramenta de Amor... aqui estamos.
Que tal experimentar o amor como forma curativa para suas questões atraves das Constelações? Assista, participe e tire suas conclusões.
Boa semana
Tais

domingo, 6 de novembro de 2016

A culpa como compensação depois de um aborto provocado

Madrid, 22-23 de janeiro de 2010

"Quero dizer algo sobre os abortos provocados. Relativo a esse assunto, nos movemos no campo da consciência e, nesse campo, existe um movimento básico de compensação.

Assim, por um lado, alguém se sente culpado e não importa a forma como se tente explicá-lo, o movimento básico é: “Eu causei dano a alguém e, para compensar, causo dano a mim”. Isso é um movimento de culpa e expiação, e esse movimento busca, por assim dizer, reparar algo. É como se alguém tivesse que pagar por essa culpa. E como paga por essa culpa? Causa dano a si mesmo na mesma medida em que causou dano a outro.

Estes movimentos de culpa e expiação aniquilam a vida e levam à morte, e são movimentos cegos, sem compreensão do que se trata em nível profundo.

E o que fazemos exatamente quando nos sentimos culpados, se queremos nos livrar da culpa? Nos convertemos em donos da nossa culpa e das suas consequências. Na verdade, nos comportamos como Deus e isso jamais é bom. A culpa nunca se vai e não existe expiação que possa repará-la.

Esse é o campo da consciência e é nesse campo que nos movemos a maior parte do tempo. E o movimento da consciência, em todos os sentidos se contrapõe ao movimento do espírito. Por isso existe uma solução para o problema da culpa e expiação que não acontece na consciência. Na consciência, o movimento ocorre de forma que alguém quer voltar a ser inocente, quer dizer, quer se livrar da culpa e voltar a ser inocente. Mas como se faz isso no campo da consciência? Voltando a ser culpado, causando dano a si mesmo.

E, ainda, há algo mais a se levar em conta dentro do movimento da consciência: se o culpado não expia, um filho expia em seu lugar. Esse é mais outro efeito. Também com relação ao aborto.

E, depois, temos a sensação de poder pertencer novamente. Através da expiação já se fez suficiente justiça e podemos novamente pertencer.

Todas as religiões, todo o cristianismo, se movem dentro do campo da culpa e expiação. Quais são as promessas da religião? Que, através dela, nos livramos da culpa. Claro, pagando um preço muito alto. Por exemplo, no cristianismo, para pagar esse preço, o assim chamado filho de Deus, deve morrer na cruz. Pode uma idéia ser mais louca que isso? E, ainda assim, é mantida através de nossa esperança de nos livrarmos da culpa dessa forma.

E agora chego à solução.

Agora, depois de tudo o que dissemos, não teríamos tido permissão de dizê-lo se não tivéssemos a saída para uma solução. Isso também vale para você.

Então, é totalmente evidente que não podemos nos mover em nenhum sentido sem que outra força criadora esteja trabalhando. Também em nosso corpo.
Os bilhões de movimentos no nosso corpo, que trabalham em conjunto em cada momento, são apenas pensáveis se, por trás deles, atua uma força todo-poderosa; e, porque tudo o que acontece é colocado em movimento por essa força tal como ela é, também com todas as consequências, é impensável que este poder, esta força, diferencie entre o bem e o mal. Ou seja, tudo o que acontece está a serviço dela e não apenas de forma pessoal, tudo está a serviço de um todo maior. Também a culpa.

Se pensarmos com mais profundidade, toda culpa é querida por Deus. Também as consequências da culpa são as que Deus quiser. Não é que, por isso, elas sejam anuladas. Elas também estão a serviço da vida. O que se faz a uma criança, no caso de um aborto: A criança está perdida? Ela se perde para essa força? E eu levo até as últimas conseqüências: “Não está, também, um aborto a serviço da vida?”.

Todas esses filhos vivem, nenhum está morto, todos estão presentes e a mãe e aqui, claro, também o pai, através da culpa são tomados por outro serviço. Assim sendo, aquele que se sente culpado e olha para sua culpa nos olhos, ou seja, se você a olha nos olhos e diz “Eu assinto (digo sim) às conseqüências, mas sem expiação”, o culpado, então, através da sua culpa ganha uma força para servir à vida que vai muito além da força de um inocente; e a solução para você é que, em memória dos filhos, esteja a serviço, sirva à vida de outra maneira, com humildade, em consonância com essa outra força. E isso tem um efeito reconciliador.

E agora vamos à nossa alma e olhamos para aquelas situações em que nos sentimos culpados pelas razões que sejam ou foram, e olhamos para as tentativas que fizemos para nos livrarmos da culpa: Que expiação nós estávamos dispostos a fazer? Ou a quem culpávamos em vez de olhar para a nossa própria culpa? E que efeito tinha em nossa alma?

E agora olhamos para além dessa culpa, para outra força, a única força criadora à qual tudo está submetido, seja o que for que façamos.

Também a nossa culpa.

Olhamos para lá e dizemos a esta força: o que tenha sido minha culpa, agora estou a serviço da vida, do amor, com força.

E, de repente, desaparece o campo da consciência, ele perde sua força e se abre amplamente para outro tipo de amor.

E isso, o que significa? Assentir (dizer sim) a tudo tal como é e tal como foi.

E o olhar para além dos limites da consciência, para outro amor, sem diferenciar entre o bem e o mal."
Bert Hellinger

Tradução: Ana Laura Gortari e Eliana Medina)
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"É comum a todas as pessoas que praticaram algum aborto intencional cultivar o sentimento de culpa na profundidade do subconsciente, mesmo que conscientemente não sintam nenhum remorso. É por isso que essas pessoas têm problemas com os filhos, são doentes, têm problemas no relacionamento conjugal, arruínam-se financeiramente com o vício do jogo ou provocam falência das empresas que dirigem etc.".


Na prática das Constelações, percebemos que os filhos que não nasceram, vinculam-se aos que nasceram tornando estes últimos mais ansiosos, depressivos e agindo de forma por vezes difícil de ser compreendida - como se tivessem várias personalidades ao mesmo tempo, agindo em conflito com sua consciência. Em casos mais graves pode ocorrer o abuso de drogas, bebidas alcoólicas, etc., não sendo necessário que tenham qualquer noção sobre o destino daqueles que não nasceram: O sentimento que lhes verte, tem origem na Alma Familiar, que tudo sabe sobre o histórico da família - mesmo aquelas informações de períodos mais longínquos!

Percebemos que aqueles que nasceram, sentem-se culpados em relação aos que não nasceram. É como se o simples fato de estarem aqui lhes atribuísse uma dívida com a qual terão de conviver pelo resto de suas vidas. Sim! Um irmão que não nascera, será irmão para sempre!
Há também o outro lado, daqueles que ficaram, que não nasceram. Estes permanecem num pesar ininterrupto, numa tristeza sem fim e vivem o ressentimento de terem sido esquecidos... e por um vínculo de amor ainda desconhecido por nós, os nascidos desejam expiar o desditoso fim de seus irmãos abortados, unem-se à eles numa condição solidária e protestam contra os pais o seu não nascimento.

Um aborto, provocado ou não, fere a Alma Familiar.

A Alma Familiar consiste numa espécie de alma de grupo. Ela mantém um princípio que organiza nossas famílias sob todos os aspectos. Quando, por alguma razão, ferimos a Alma Familiar, ela inicia todo um processo de reparação, e este movimento acaba trazendo consequências diversas. No caso do aborto, muitas vezes a Alma Familiar sinaliza com um sentimento de vazio existencial, uma depressão insistente, parece que falta um pedaço, sendo bastante comum haver uma tristeza generalizada, tomando boa parte dos membros familiares e induzindo alguns à própria extinção através dos vícios.

Carinhos e respeito aos pais que passaram por essa experiência, independente dos motivos que os levaram à isso.

Tais