Madrid, 22-23 de janeiro de 2010
"Quero dizer algo sobre os abortos provocados. Relativo a esse assunto, nos movemos no campo da consciência e, nesse campo, existe um movimento básico de compensação.
Assim, por um lado, alguém se sente culpado e não importa a forma como se tente explicá-lo, o movimento básico é: “Eu causei dano a alguém e, para compensar, causo dano a mim”. Isso é um movimento de culpa e expiação, e esse movimento busca, por assim dizer, reparar algo. É como se alguém tivesse que pagar por essa culpa. E como paga por essa culpa? Causa dano a si mesmo na mesma medida em que causou dano a outro.
Estes movimentos de culpa e expiação aniquilam a vida e levam à morte, e são movimentos cegos, sem compreensão do que se trata em nível profundo.
E o que fazemos exatamente quando nos sentimos culpados, se queremos nos livrar da culpa? Nos convertemos em donos da nossa culpa e das suas consequências. Na verdade, nos comportamos como Deus e isso jamais é bom. A culpa nunca se vai e não existe expiação que possa repará-la.
Esse é o campo da consciência e é nesse campo que nos movemos a maior parte do tempo. E o movimento da consciência, em todos os sentidos se contrapõe ao movimento do espírito. Por isso existe uma solução para o problema da culpa e expiação que não acontece na consciência. Na consciência, o movimento ocorre de forma que alguém quer voltar a ser inocente, quer dizer, quer se livrar da culpa e voltar a ser inocente. Mas como se faz isso no campo da consciência? Voltando a ser culpado, causando dano a si mesmo.
E, ainda, há algo mais a se levar em conta dentro do movimento da consciência: se o culpado não expia, um filho expia em seu lugar. Esse é mais outro efeito. Também com relação ao aborto.
E, depois, temos a sensação de poder pertencer novamente. Através da expiação já se fez suficiente justiça e podemos novamente pertencer.
Todas as religiões, todo o cristianismo, se movem dentro do campo da culpa e expiação. Quais são as promessas da religião? Que, através dela, nos livramos da culpa. Claro, pagando um preço muito alto. Por exemplo, no cristianismo, para pagar esse preço, o assim chamado filho de Deus, deve morrer na cruz. Pode uma idéia ser mais louca que isso? E, ainda assim, é mantida através de nossa esperança de nos livrarmos da culpa dessa forma.
E agora chego à solução.
Agora, depois de tudo o que dissemos, não teríamos tido permissão de dizê-lo se não tivéssemos a saída para uma solução. Isso também vale para você.
Então, é totalmente evidente que não podemos nos mover em nenhum sentido sem que outra força criadora esteja trabalhando. Também em nosso corpo.
Os bilhões de movimentos no nosso corpo, que trabalham em conjunto em cada momento, são apenas pensáveis se, por trás deles, atua uma força todo-poderosa; e, porque tudo o que acontece é colocado em movimento por essa força tal como ela é, também com todas as consequências, é impensável que este poder, esta força, diferencie entre o bem e o mal. Ou seja, tudo o que acontece está a serviço dela e não apenas de forma pessoal, tudo está a serviço de um todo maior. Também a culpa.
Os bilhões de movimentos no nosso corpo, que trabalham em conjunto em cada momento, são apenas pensáveis se, por trás deles, atua uma força todo-poderosa; e, porque tudo o que acontece é colocado em movimento por essa força tal como ela é, também com todas as consequências, é impensável que este poder, esta força, diferencie entre o bem e o mal. Ou seja, tudo o que acontece está a serviço dela e não apenas de forma pessoal, tudo está a serviço de um todo maior. Também a culpa.
Se pensarmos com mais profundidade, toda culpa é querida por Deus. Também as consequências da culpa são as que Deus quiser. Não é que, por isso, elas sejam anuladas. Elas também estão a serviço da vida. O que se faz a uma criança, no caso de um aborto: A criança está perdida? Ela se perde para essa força? E eu levo até as últimas conseqüências: “Não está, também, um aborto a serviço da vida?”.
Todas esses filhos vivem, nenhum está morto, todos estão presentes e a mãe e aqui, claro, também o pai, através da culpa são tomados por outro serviço. Assim sendo, aquele que se sente culpado e olha para sua culpa nos olhos, ou seja, se você a olha nos olhos e diz “Eu assinto (digo sim) às conseqüências, mas sem expiação”, o culpado, então, através da sua culpa ganha uma força para servir à vida que vai muito além da força de um inocente; e a solução para você é que, em memória dos filhos, esteja a serviço, sirva à vida de outra maneira, com humildade, em consonância com essa outra força. E isso tem um efeito reconciliador.
E agora vamos à nossa alma e olhamos para aquelas situações em que nos sentimos culpados pelas razões que sejam ou foram, e olhamos para as tentativas que fizemos para nos livrarmos da culpa: Que expiação nós estávamos dispostos a fazer? Ou a quem culpávamos em vez de olhar para a nossa própria culpa? E que efeito tinha em nossa alma?
E agora olhamos para além dessa culpa, para outra força, a única força criadora à qual tudo está submetido, seja o que for que façamos.
Também a nossa culpa.
Olhamos para lá e dizemos a esta força: o que tenha sido minha culpa, agora estou a serviço da vida, do amor, com força.
E, de repente, desaparece o campo da consciência, ele perde sua força e se abre amplamente para outro tipo de amor.
E isso, o que significa? Assentir (dizer sim) a tudo tal como é e tal como foi.
E o olhar para além dos limites da consciência, para outro amor, sem diferenciar entre o bem e o mal."
Bert Hellinger
Tradução: Ana Laura Gortari e Eliana Medina)
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"É comum a todas as pessoas que praticaram algum aborto intencional cultivar o sentimento de culpa na profundidade do subconsciente, mesmo que conscientemente não sintam nenhum remorso. É por isso que essas pessoas têm problemas com os filhos, são doentes, têm problemas no relacionamento conjugal, arruínam-se financeiramente com o vício do jogo ou provocam falência das empresas que dirigem etc.".
Na prática das Constelações, percebemos que os filhos que não nasceram, vinculam-se aos que nasceram tornando estes últimos mais ansiosos, depressivos e agindo de forma por vezes difícil de ser compreendida - como se tivessem várias personalidades ao mesmo tempo, agindo em conflito com sua consciência. Em casos mais graves pode ocorrer o abuso de drogas, bebidas alcoólicas, etc., não sendo necessário que tenham qualquer noção sobre o destino daqueles que não nasceram: O sentimento que lhes verte, tem origem na Alma Familiar, que tudo sabe sobre o histórico da família - mesmo aquelas informações de períodos mais longínquos!
Percebemos que aqueles que nasceram, sentem-se culpados em relação aos que não nasceram. É como se o simples fato de estarem aqui lhes atribuísse uma dívida com a qual terão de conviver pelo resto de suas vidas. Sim! Um irmão que não nascera, será irmão para sempre!
Há também o outro lado, daqueles que ficaram, que não nasceram. Estes permanecem num pesar ininterrupto, numa tristeza sem fim e vivem o ressentimento de terem sido esquecidos... e por um vínculo de amor ainda desconhecido por nós, os nascidos desejam expiar o desditoso fim de seus irmãos abortados, unem-se à eles numa condição solidária e protestam contra os pais o seu não nascimento.
Um aborto, provocado ou não, fere a Alma Familiar.
Um aborto, provocado ou não, fere a Alma Familiar.
A Alma Familiar consiste numa espécie de alma de grupo. Ela mantém um princípio que organiza nossas famílias sob todos os aspectos. Quando, por alguma razão, ferimos a Alma Familiar, ela inicia todo um processo de reparação, e este movimento acaba trazendo consequências diversas. No caso do aborto, muitas vezes a Alma Familiar sinaliza com um sentimento de vazio existencial, uma depressão insistente, parece que falta um pedaço, sendo bastante comum haver uma tristeza generalizada, tomando boa parte dos membros familiares e induzindo alguns à própria extinção através dos vícios.
Carinhos e respeito aos pais que passaram por essa experiência, independente dos motivos que os levaram à isso.
Tais
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