domingo, 28 de abril de 2019

Quem Pensa, Quem Sofre, Quem Ama

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"Meu pensar, meu sofrer, meu amor tem um efeito. São parte de um movimento que põe em marcha algo, ocasionando-lhe uma mudança, impulsionando-o para avançar ou freando, detendo--o. Meu pensar, meu sofrer, meu amor estão enlaçados com um movimento, que tanto para mim, como para os demais, é significativo. Portanto, nunca são estritamente pessoais. Dependem de algo maior. Têm efeitos que ultrapassam nossos desejos, nossa vontade, nossos temores e nosso poder; e cuja envergadura não podemos nem estimar, nem determinar, nem represar, nem deter – seja para nós, ou seja para os demais.

Quem pensa, então, quando pensamos? Quem ou o que sofre quando sofremos? Quem ou o que ama quando amamos? Como ficamos quando tomamos consciência de que algo mais pensa quando pensamos, algo que nos supera de longe? Como ficamos quando lhe deixamos pensar do jeito que quiser? Quando lhe permitimos nos envolver com seu pensar, seja o que for, pensar em nós e com nós, entregando-nos a ele e agindo conjuntamente com ele no que pensa com e em nós; como ficamos, então? Por acaso precisamos nos preocupar em saber para onde nos leva este pensar? Por acaso precisamos nos preocupar com o modo como nos torna a seu serviço, diferente do que teríamos arriscado e podido, caso este pensar surgisse de nós?

E o que acontece com nosso sofrer? Por acaso dominamos seus efeitos? Quando nos alcança, assim como a outros, e nos faz ser razoáveis, por exemplo? Ou nos ajuda, levando-nos a refletir, ou nos obriga a mudar de pensamento, levando-nos a um pensar mais criativo? Por acaso controlamos para onde nos leva nosso sofrer, assim como aos outros? Trata-se apenas de um sofrer pessoal ou está a serviço de um poder maior, assim como nosso pensar? Um poder do espírito, para o qual apenas representa uma transição para metas mais elevadas e distantes?

Como manejar nossa dor em sintonia com estas forças condutoras? Ora, nos deixamos guiar por nossa dor para uma realização. Nos deixamos tomar pela mão por este sofrer em um movimento que reordena algo para nós e para outros. Neste caso, é apenas nossa dor, uma dor pessoal? Ou está a serviço de um movimento que, através da nossa dor, consegue algo para muitos ao mesmo tempo?

Portanto, olhemos além de nosso sofrer, para este potente movimento, deixemo-nos guiar por ele, para onde vá. Este movimento pensa através da nossa dor e, com ela, nos faz voltar à razão.

De que razão se trata, antes de tudo? Nosso sofrer nos obriga a pensar de outra forma. Nos obriga a pensar de outra forma nos demais, em sua dor, por exemplo, ou em sua culpa e a nossa. Mas, acima de tudo, nos obriga a pensar distintamente com respeito àquela força espiritual cujo pensar traz tudo para a existência, tal como é, e que leva tudo para sua meta, que ainda permanece oculta para nós.

Além disso, este movimento nos mostra algo: está dirigido a tudo igualmente, sem favorecer nada. Já que, em função de qual critério poderia dar a preferência a outro, posto que tudo tem que ser como ele o concebe e quer?

Mas, pelo visto, nós achamos que podemos preferir um em detrimento do outro, e que temos o direito de considerá-lo melhor ou pior. E nos outorgamos a possibilidade de excluir ou eliminar algo a favor de outra coisa, como se pudéssemos ou tivéssemos a permissão para isso.

Se o fazemos, qual é o resultado ou as consequências? Ora, é o sofrimento. Através do sofrimento estamos reconectados com o que, a nosso parecer e ao parecer do nosso grupo, não deveria estar ali, aquilo que não tem permissão para esta ali, como nós, como aqueles dos quais dependemos e aos quais estamos entregues.

Quem sofre, então? Nós sofremos. Mas sofremos para que algo retorne com o objetivo de que possamos nos completar graças a isso e, por conseguinte, no curar. Sofremos porque uma força nos leva a esta dor, mas por um caminho que abre para nós e para os demais.

Ao serviço do que, então, se encontra o sofrer? A serviço do amor.

Algo mais se destaca aqui. O amor desta força criadora ama de modo diferente do qual nós podemos amar. Pelo menos, no começo do nosso amor e até que nos encontremos envolvidos amorosamente por este outro amor. Que amor é este? É o amor para tudo, tal como é.

Quando amamos, então, quem ama neste amor? É este poder que atua por trás de tudo, que abarca tudo de igual maneira em seu movimento, em um movimento de amor para todos. Por acaso somos nós que amamos ainda? Ou nos abandonamos, com nosso eu, a este amor?"
Revista Hellinger Sciencia, março 2008

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domingo, 21 de abril de 2019

A doença, somatização de desgosto

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"Para viver no coração, isso seria viver com saúde.

Toda vez que julgo, rejeito ou desprezo alguém, desencadeio uma reação do campo de pertencer para corrigir essa exclusão: o mesmo campo retornará (para mim ou para meus descendentes), num espelho, essa intenção de exclusão usando uma metáfora minha. rejeição

Vou experimentar a exclusão que desejo ao outro fisicamente, em mim, no meu corpo, até perceber e voltar a amar por essa pessoa e por mim.

Este fenômeno, a serviço da reinclusão, é a doença, à qual rejeitarei com a mesma intensidade com que rejeito essa pessoa.

A primeira experiência de exclusão remonta aos primeiros meses de vida, quando o nosso amor incondicional e mágico tropeçou na primeira falta ou no primeiro trauma. E, como um bebê inocente, nós tropeçamos na primeira violação dessa confiança cega na vida.

O encontro inesperado com essa dor, com aquela primeira dor do amor, é demais para aquele bebê: ele não pode viver, não sabe como chorar a dor. E eles suplantam a dor emoções secundárias de medo, raiva, culpa e vergonha que permitirão uma proteção pseudo à criança.

Lá o NÃO é gestado para a mãe, o NÃO para a vida, o NÃO para o amor. NÃO que eles se tornem nosso recurso dominante em situações que nos pegam de surpresa novamente, enganando nossa confiança cega. O medo, a agressividade e a rejeição tornam-se fortes a cada vez que enfrentamos um conflito que quebra o equilíbrio que alcançamos. E por autodefesa, expulsamos de nossas vidas o conflito - isto é, a vida como ela é - e a pessoa que a promove.

Quando decidimos ver o que rejeitamos como iguais, quando aceitamos a presença desse conflito em nossa vida, a doença é transformada.

Antes de aceitar a vida como ela é, tendemos a passar por uma etapa complementar da anterior, uma fase de reparação física e mental. Nos identificamos com os excluídos, estamos na vítima e às vezes até renunciamos à vida.

Novamente seguindo o padrão dos primeiros meses, estamos agora procurando dependência e proteção, arrogando-nos nas reclamações, denúncias e doença. NÃO novamente para a vida como ela é, com o seu cortejo de desamparo, medo, auto-piedade, inveja, ressentimento, culpa, manipulação. E o sofrimento do nosso corpo, que será o reflexo da nossa vitimização.

Até aceitarmos novamente amar a vida como ela é, amar a nós mesmos como somos, amar a doença, conflitos de amor e crises. Nesse momento o campo nos devolve essa energia do amor em forma de saúde.

A missão da saúde é nos reconciliarmos com a vida, com a mãe, com os outros e conosco mesmos.

A doença está a serviço da saúde. Doença é amor."

Brigitte Champetier de Ribes  novembro 2012 em GuíaGente

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Como a terapia das Constelação Familiar pode ajudar no tratamento de doenças?

"As constelações familiares têm um enfoque sistêmico para as doenças. Dentro de uma rede familiar, considerando todos os acontecimentos que ocorreram até a geração atual, pode ser que a doença apareça nas gerações posteriores através da identificação, lealdade, repetição de uma situação, exclusão ou dificuldade passada.

Um exemplo disso foi dado pela Dra. Ursula Franke-Bryson, no artigo “Comendo para os ancestrais.” 
Neste texto, ele transcreve a constelação de um homem, europeu, que havia encontrado respostas e ferramentas para lidar com grande parte de seus desafios pessoais. Na busca de um vida mais equilibrada e saudável, faltava resolver um grande problema, seu excesso de peso corporal.

A terapeuta investigou que umas das primeiras reações que o cliente sentia era de nervosismo ao menor sinal de fome. Uma fome que não chegava a incomodar, pois era suprida de comida ao seu primeiro sinal. 

Úrsula conduz o cliente através da constelação e descobre, após algumas perguntas e exercícios corporais, que ele está identificado com seu avô, que foi um soldado e morreu de fome em um campo para prisioneiros de guerra. Ao comer, o neto trazia à tona, de forma inconsciente, a existência, o pertencimento e a dor do avô pela privação de comida. Ao reconhecer a dinâmica oculta da sua compulsão por comida, ele pode se fortalecer para honrar seu familiar de forma menos destrutiva.

Essa é o local valioso onde a Constelação Sistêmica pode nos ajudar a perceber dinâmicas ocultas e que nos levam a tomar decisões baseadas em lealdades que não trarão nenhum resultado senão a repetição do sofrimento. Nossa lealdade e nosso amor nesse caso, são cegos. Através da constelação, vemos realmente esses destinos sofridos e os honramos, como adultos que reconhecem seus lugares e seus reais papéis dentro da rede familiar.

É fundamental frisar que as constelações jamais trabalham de forma exclusiva em relação à Medicina, aliás, é exatamente o contrário – a proposta é, através das constelações, oferecer mais uma possibilidade para o cliente olhar para sua doença e mais uma ampliação de olhar para os médicos e terapeutas".

Boa semana com inclusões de seus antepassados no sistema familiar atual.
Tais

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Relacionamento de Casal- um olhar trazido pela Constelação Sistêmica

Este artigo conta com a transcrição de trechos de textos de Bert Hellinger e Joan Garriga, dois importantes pioneiros no olhar sistêmico trazido pela Constelação Sistêmica. Leia e conheça um pouco mais sobre este olhar que tem trazido novos movimentos para muitas pessoas em todo o mundo.


De suas famílias de origem, o homem e a mulher conhecem diferentes modelos ou padrões para a relação conjugal, tanto no vemos como “bem” quanto no “mal.”

Por isso, para que a união seja bem-sucedida, precisam testar os modelos que receberam dos pais e, eventualmente, desprender-se dos padrões antigos e encontrar novos padrões para sua relação.

Nisso frequentemente se defrontarão com sentimentos de inocência e de culpa. Se adotarem os padrões que lhes foram transmitidos, mesmo que sejam ruins, experimentarão um sentimento de inocência.

Se abandonarem os padrões recebidos, mesmo que os novos sejam melhores, experimentarão um sentimento de culpa. Somente ao preço dessa culpa — respeitosa — poderão conseguir o bem e a felicidade em sua união.
(Bert Hellinger, no livro “Amor do espírito”)

“As ordens do amor entre o homem e a mulher são diferentes das ordens do amor entre pais e filhos. Por isso a relação do casal sofre abalo e fica perturbada quando o casal transfere irrefletidamente para ela as ordens do relacionamento entre pais e filhos.

Se, por exemplo, numa relação de casal, um parceiro busca no outro um amor incondicional, como uma criança busca em seus pais, ele espera receber do outro a mesma segurança que os pais dão a seus filhos.

Isso provoca uma crise na relação, fazendo com que aquele de quem se esperou demais se retraia ou se afaste. E com razão, pois ao se transferir para a relação de casal uma ordem própria da infância, comete-se uma injustiça para com o parceiro.

Quando, por exemplo, um dos parceiros diz ao outro: “Sem você não posso viver” ou: “Se você for embora eu me mato”, o outro precisa se afastar, pois tal exigência entre adultos no mesmo nível hierárquico é inadmissível e intolerável.

Já uma criança pode dizer algo assim a seus pais, porque sem eles realmente não pode viver. Inversamente, se o homem ou a mulher se comporta como se fosse autorizado a educar o parceiro e tivesse a necessidade de fazê-lo, arroga-se, em relação a alguém que lhe é equiparado, direitos semelhantes ao dos pais em relação aos filhos.

Neste caso, frequentemente o parceiro se esquiva à pressão e busca alívio e compensação fora do relacionamento. Portanto, faz parte das ordens do amor na relação entre o homem e a mulher que ambos se reconheçam como iguais.

Qualquer tentativa de colocar-se diante do parceiro numa atitude de superioridade, própria dos pais, ou de dependência, característica da criança, restringe o fluxo do amor entre o casal e coloca em perigo a relação. Isso também se aplica ao equilíbrio entre o dar e o tomar.


Na relação de pais e filhos, são os pais que dão e são os filhos que tomam. Toda tentativa dos filhos de aplainar o desnível existente entre eles e seus pais é frustrada. Por essa razão, os filhos permanecem sempre em dívida com seus pais, e quanto menos conseguem pagá-la, tanto mais intimamente permanecem vinculados a eles.

Porém, como querem afirmar-se e desenvolver-se através de suas próprias ações, o sentimento de dívida que os vincula aos pais os motiva também a sair de casa. Se um dos parceiros der ao outro como um pai ou uma mãe dá a uma criança, por exemplo, custeando-lhe uma formação superior durante o casamento, aquele que recebeu tanto já não pode equiparar-se ao doador.

Embora permaneça obrigado a agradecer-lhe, geralmente o deixará quando se formar. Só poderá equiparar-se novamente ao parceiro e permanecer com ele quando o compensar plenamente, tanto pelas despesas quanto pelo esforço.”
(Para quê serve um Relacionamento- Joan Garriga, no livro “O amor que nos faz bem.”)

Uma das necessidades mais profundas dos seres humanos é a de pertencer, de estar em contato. de se sentir unido amorosamente a outras pessoas.

Quando crianças, experimentamos uma grande felicidade ao sentir que pertencemos a nossa família, não importa se a atmosfera é alegre ou tensa. Vivemos essa sensação de pertencimento como uma benção em nosso coração.

Depois crescemos e, como adultos, continuamos pertencendo a nossa família, mas já não experimentamos a doce sensação de pertencer aos nossos pais. Passamos a ter a necessidade de ter essa sensação de pertencimento com outras pessoas, especialmente com um(a) parceiro (a).



Ao nos comprometermos comum caminho de amor, como adultos, escolhendo um(a) companheiro(a), criamos o âmbito para um novo núcleo familiar, com filhos ou sem eles, e experimentamos de novo a sensação de pertencer a algo.

“O relacionamento afetivo não é uma relação de ajuda, mas uma relação que ajuda. Ajuda o desenvolvimento pessoal, às vezes por meio da alegria, mas outras vezes por meio do sofrimento e do desânimo conscientemente aceitos. Provavelmente, nada ajuda mais o próprio crescimento que assumir de maneira consciente a dor e dar-lhe um espaço dentro de nós mesmos.” 

Joan Garriga
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domingo, 7 de abril de 2019

Constelação Organizacional - Um olhar sobre a empresa familiar

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Há um ponto bastante recorrente nas empresas familiares. Elas geralmente nascem como uma forma de suporte à família do proprietário, sendo a fonte de onde o pai e/ou a mãe retira o sustento do parceiro e dos seus filhos.

Nesse primeiro movimento, já é possível perceber como a história pessoal deste empresário(a) se entrelaça com a história desta empresa que ele cria.

Isso fica claro no impulso de abertura da empresa e na sequência do seu funcionamento, servindo à necessidade de seu sustento diário e de prover o que é necessário para a família.

O conhecimento de Hellinger aprofunda um pouco mais essa compreensão.

O que a Constelação Organizacional traz de novo é a possibilidade de verificar na prática e através da observação vivencial que muitos dos diversos problemas que se manifestam em uma empresa familiar tem início nas histórias pessoais dos proprietários.

Vínculos familiares dentro da empresa

O grande desafio dentro de uma empresa familiar é a sobreposição de sistemas, ou seja, nele co-existem as ordens sistêmicas que regem a família e as ordens sistêmicas que regem a empresa e lidar com essas duas estruturas coexistindo muitas vezes pode ser bem desafiador.

Neste tipo de organização as pessoas que fazem parte de ambos os sistemas serão impactadas pelas relações nos dois sistemas e os conflitos se estabelecem quando as posições em um e outro sistema não são correspondentes.

Vamos imaginar um exemplo: uma empresa em que um dos filhos é o gestor de toda a organização, o pai é o responsável pelas vendas e a mãe pelo setor financeiro. Neste caso, quando está na família, o filho vem depois na hierarquia familiar e, por isso, seu bom lugar é como pequeno, como aquele que chegou depois e que respeita tudo aquilo que acontece entre seus pais. Porém, quando chega na empresa, o filho passa a ser o primeiro na estrutura hierárquica e seus pais estão subordinados a ele. Que desafio para este filho ser aquele que muitas vezes precisará tomar decisões que impacte os setores onde seu pai e sua mãe atuam, por exemplo? Como conseguir dissociar estes dois lugares tão diferentes? Exigirá muito dele, com toda a certeza.

Outro grande desafio nas empresas familiares é quando acontece algum conflito ou desentendimento em um dos sistemas e, humanos que somos, levamos o conflito para ambos os setores. Como forma de exemplificar isso que dizemos, podemos trazer o seguinte caso:

Trata-se de uma empresa familiar, cuja gestão é compartilhada por um casal. Por vários motivos, este casal entra em crise e cada um pode começar a procurar em seus funcionários, possíveis aliados para suas reclamações e reivindicações em relação ao parceiro do relacionamento. Isso pode acontecer de forma totalmente inconsciente, muitas vezes sem nem sequer tocar no assunto pessoal. As vezes isso se mostra através de não observância de decisões que o outro sócio já tomou, críticas quanto a algo que foi realizado ou até mesmo situações bem simples como a posição de uma mesa na sala do cafezinho. 

O conflito entre o casal não aparece de forma clara, mas ele está sempre rondando, fantasiado de “problemas” na empresa e, se uma dinâmica como essa não é percebida e claramente comunicada entre os sócios, o preço dela poderá ser o início da queda do faturamento, do bom relacionamento entre as pessoas da organização, a perda do foco naquilo que é realmente importante com consequências bem sérias para a empresa.

Neste mesmo caso, também é uma possibilidade que os clientes “se afastem” da empresa, pois o proprietário ou gestor não está disponível para servir aqueles que buscam seus serviços ou produtos, preso em emaranhamentos familiares não resolvidos e transpostos para o dia-a-dia da empresa.

Também o proprietário de uma empresa familiar tem muitas vezes dificuldade em estabelecer o limite claro entre a empresa e o ambiente familiar, com assuntos pessoais misturando-se com assuntos da empresa dentro de um mesmo espaço. Em outros casos, as finanças da família se misturam com as finanças da empresa, o que sempre representa um perigo para saúde financeira da organização.

Para além desses exemplos, no trabalho com empresas, inúmeras outras dinâmicas decorrentes de desordens sistêmicas são encontradas.

Uma ferramenta prática

A partir do conhecimento das ordens sistêmicas, é possível perceber que as empresas familiares caminham de forma muito próxima ao sistema de origem de seu(s) proprietário(s) e/ou fundador.

Nessa história não estão somente os fatos atuais de sua vida e de sua empresa, mas também as experiências vividas dentro do sistema familiar (pais, avós, demais antepassados) e também na forma como a empresa foi fundada (estrutura inicial, sócios, origem dos recursos financeiros, entre outros).

Em muitos casos podemos perceber que os movimentos de sucesso e fracasso podem estar conectados com acontecimentos de fundo sistêmico.

As relações do sistema

Toda empresa é em si própria um sistema vivo, porém em empresas familiares a proximidade e a pessoalidade da empresa na figura do proprietário é muito forte. Essa influência é reafirmada diariamente em todas as suas funções dentro da organização.

Nestes casos, trabalhar com as Constelações Organizacionais pode ser de grande ajuda para o esclarecimento do que atua de forma oculta no funcionamento da organização.

Ou seja, nas empresas familiares, esta ferramenta encontra uma de suas grandes funções: auxiliar no diagnóstico de problemas empresariais e na busca de soluções possíveis considerando de forma ampla as variáveis sistêmicas que atuam na rotina da empresa.

A Constelação Organizacional se apresenta como uma forma viável e simples de verificar o que atua nas dificuldades de uma empresa familiar, assim como em organizações com outro tipo de configuração, onde, porém, atuarão as próprias dinâmicas criadas pelo sistema empresarial.

Familiares e Colaboradores

“Quando os membros da família têm ao mesmo tempo cargos na empresa, põe-se em primeiro lugar a pergunta: se eles têm essa posição por terem competência para tal ou por serem membro da família?” (Grochowiak e Castella, no livro Constelações Organizacionais – Consultoria Organizacional Sistêmico-Dinâmica).

Nesta observação podemos observar um acontecimento comum em muitas empresas, e que pode significar uma quebra da ordem dentro da organização. Isso porque o critério principal de pertencimento dentro deste tipo de sistema é a capacidade/competência de cada indivíduo de trazer resultados para a organização.

Porém, quando uma posição é mantida por simples conveniência familiar, o pano de fundo é que a empresa está sendo colocada em segundo plano. Novamente, uma quebra de ordem e hierarquia, que tem como consequência dificuldades para a empresa.

Nesse ponto é possível perceber também como é fácil perder o foco da empresa quando questões familiares se misturam à responsabilidades organizacionais. 

A alma do empreendedor

Neste conhecimento trazido pelas constelações sistêmicas, um ponto primordial está na disponibilidade do empresário para o seu negócio. Não falamos aqui apenas de tempo, mas também de sua presença de “corpo e alma”, falamos do quanto ele está realmente disponível para o movimento que a empresa necessita dela para seu crescimento e êxito.

É aqui onde os vínculos familiares de lealdade, o amor, a culpa, as crenças sobre dinheiro e seus valores atuam de forma oculta e muitas vezes decisiva sobre a direção ao sucesso ou fracasso do negócio.

Podemos verificar essa dinâmica sistêmica nas inúmeras histórias de empresários que tem uma facilidade e força excepcional de materializar e fazer crescer um negócio, mas que depois de algum tempo, com a mesma força fracassam. Esses ciclos se repetem até que haja uma nova postura e percepção interna por parte do empresário.

Hellinger traz em seu livro “Leis Sistêmicas na Assessoria Empresarial uma lista de 10 observações para todos aqueles que desejam se tornar e manter-se um bom empresário.

São elas:
Ter algo a oferecer que sirva a outros: Quanto mais os outros precisarem do que tenho para oferecer, mais importante o meu negócio se torna. Então, nada mais se opõe ao sucesso. O que destaca um empresário? Ele tem aquilo de que os outros precisam e o torna acessível a eles. Quanto mais tiver aquilo que os outros precisam, maior sua reputação e seu sucesso. Em resumo: uma empresa serve. Quanto mais significativo seu serviço, maior a sua influência;

Um empresário precisa de ajudantes. Ele deve liderar funcionários, treiná-los e orientá-los de forma adequada para que gerem e ofereçam às pessoas da melhor forma possível aquilo que a empresa tem para oferecer. Assim tem que produzir e também vender aquilo que tem pra oferecer.

Um empresário deve liderar. Lidera por meio de sua ideia. Lidera através da fabricação. Lidera por meio da venda e de tudo o que é necessário para isso.

Um empresário encara a concorrência. Através da concorrência, melhora seu produto. Assim serve ainda mais àqueles que precisam.

O empresário defende sua empresa contra e ataques e a protege de forma adequada. Ele permanece confiante e autônomo.

O empresário sabe que depende de outras pessoas com as quais deve realizar coisas em comum. Ele sabe como conquistá-las e conservá-las.

Um empresário se alegra com seu sucesso, pois seu sucesso traz felicidade. Quando um empresário está feliz e mostra isso aos outros, seus funcionários se alegram e, com eles, suas famílias.

Um empresário permanece, junto com vários outros indivíduos, em uma comunidade solidária. Ele sabe que a sorte de muitos depende do seu sucesso. Por isso, ele o multiplica, com a ajuda de muitos, que o auxiliam para garantir o fundamento da vida de vários.

Um empresário transmite sua empresa, no momento certo, ao sucessor adequado. Ele entrega a ele os recursos de que precisa para ser bem sucedido. Ele continua sendo a alma de sua empresa. Seu espírito bom continua atuando nela.

Um empresário deixa sua empresa aos desenvolvimentos que cabem a ela, mesmo quando estes divergem de suas ideias. Ele a deixa à corrente do tempo, que também passa por ele, e observa ir de forma benévola.


A força das empresas familiares

A iniciativa empresarial familiar no Brasil é uma das principais forças de nossa economia. 

Da mesma forma, são estas empresas que diariamente mantêm muitas outras famílias através das vagas de trabalhos abertas e da rede de serviços que se criam em torno delas para seu funcionamento. Elas são um grande mecanismo que servem à nossa sociedade, e garantem que o fluxo da vida possa encontrar um meio de seguir adiante.

E dessa força, vem também uma grande responsabilidade. Pois como sociedade, precisamos que estes sistemas empresariais estejam saudáveis e dispostos para o sucesso, e assim, possam servir mais e mais pessoas, seja através de empregos, seja através de seus produtos e serviços, além da contribuição com a manutenção do estado, através dos impostos que geram receitas para a sociedade.

Ser um empresário é, segundo Bert Hellinger – pensador sistêmico que nos trouxe este conhecimento sobre as ordens sistêmicas que atuam nas relações humanas – a mais difícil das profissões e a que mais exige daqueles que se colocam neste caminho.

Neste sentido, se você conhece um empresário um pouco mais de perto, você compreenderá este olhar de Hellinger e reconhecerá esta realidade: normalmente os empresários são os que assumem os maiores riscos, normalmente passam a maior parte de suas vidas a serviço da organização e, em alguns casos, isto lhes custa a saúde, as relações e o lazer, principalmente nos momentos de maiores dificuldades e desafios.

Olhar para as soluções

E neste ponto a Constelação Organizacional se mostra como uma excelente ferramenta de diagnóstico para verificar o que atua nas dificuldades que uma empresa familiar pode estar passando.

Pela Constelação Organizacional é possível olhar para:
  1. perda de clientes e resultados;
  2. acontecimentos recorrentes com colaboradores, como por exemplo alta-rotatividade;
  3. postura do(s) proprietário(s) em relação à empresa;
  4. decidir sobre novos produtos a serem lançados;
  5. testar a eficiência de novos passos dentro da organização.
Você pode compreender problemas como:
  1. Conflitos entre sócios, equipes e setores;
  2. Estagnação nos resultados apesar de todos os esforços;
  3. Produtos que não vendem;
  4. Repetição de padrões de erros, falhas de processos, ações judiciais;
  5. Falta de cooperação, ordem e clareza sobre o que deve ser feito;
  6. Dificuldade de inovação e renovação.

Este conteúdo (textos, imagens e artes gráficas – exceto trechos de livros, citações de outros autores, e imagens de banco de imagens, quando houver) é exclusivo e produzido pelo Ipê Roxo – Instituto de Desenvolvimento Humano. Sua reprodução é permitida se acompanhada com o devido crédito: material de propriedade do Instituto Ipê Roxo – disponível em www.institutoiperoxo.com.br | Curadoria de conteúdo realizada por Ana Cht Garlet, professora do Instituto.

Segue abaixo uma indicação de um curso focado neste conhecimento sobre as ordens e desordens sistêmicas dentro de uma empresa. O curso se chama “Liderança Sistêmica”, e é oferecido pela empresa que preparou e redigiu todo este texto - Ipê Roxo Instituto (https://iperoxo.com/ ) - altamente recomendado pela qualificação profissional que todos os integrantes da equipe têm.
Tais

Uma oportunidade para a sua empresa

O Curso sobre a Liderança Sistêmica foi desenvolvido com base nas constelações familiares de Bert Hellinger. Com base em 3 Leis universais que regem as relações, é possível entender como as equipes podem atuar para o crescimento, com apoio, respeito e inovação dentro dos seus mercados de atuação.
Um curso em 3 módulos, de dois dias cada, com início em 16 de novembro.

Módulo 1: As 3 leis da liderança sistêmica

Módulo 2: Como alcançar as metas e o crescimento

Módulo 3: Liderando em sintonia com o sucesso mais amplo
Saiba mais clicando na imagem abaixo


Uma excelente semana para vocês!
Tais