Há um ponto bastante recorrente nas empresas familiares. Elas geralmente nascem como uma forma de suporte à família do proprietário, sendo a fonte de onde o pai e/ou a mãe retira o sustento do parceiro e dos seus filhos.
Nesse primeiro movimento, já é possível perceber como a história pessoal deste empresário(a) se entrelaça com a história desta empresa que ele cria.
Isso fica claro no impulso de abertura da empresa e na sequência do seu funcionamento, servindo à necessidade de seu sustento diário e de prover o que é necessário para a família.
O conhecimento de Hellinger aprofunda um pouco mais essa compreensão.
O que a Constelação Organizacional traz de novo é a possibilidade de verificar na prática e através da observação vivencial que muitos dos diversos problemas que se manifestam em uma empresa familiar tem início nas histórias pessoais dos proprietários.
O grande desafio dentro de uma empresa familiar é a sobreposição de sistemas, ou seja, nele co-existem as ordens sistêmicas que regem a família e as ordens sistêmicas que regem a empresa e lidar com essas duas estruturas coexistindo muitas vezes pode ser bem desafiador.
Neste tipo de organização as pessoas que fazem parte de ambos os sistemas serão impactadas pelas relações nos dois sistemas e os conflitos se estabelecem quando as posições em um e outro sistema não são correspondentes.
Vamos imaginar um exemplo: uma empresa em que um dos filhos é o gestor de toda a organização, o pai é o responsável pelas vendas e a mãe pelo setor financeiro. Neste caso, quando está na família, o filho vem depois na hierarquia familiar e, por isso, seu bom lugar é como pequeno, como aquele que chegou depois e que respeita tudo aquilo que acontece entre seus pais. Porém, quando chega na empresa, o filho passa a ser o primeiro na estrutura hierárquica e seus pais estão subordinados a ele. Que desafio para este filho ser aquele que muitas vezes precisará tomar decisões que impacte os setores onde seu pai e sua mãe atuam, por exemplo? Como conseguir dissociar estes dois lugares tão diferentes? Exigirá muito dele, com toda a certeza.
Outro grande desafio nas empresas familiares é quando acontece algum conflito ou desentendimento em um dos sistemas e, humanos que somos, levamos o conflito para ambos os setores. Como forma de exemplificar isso que dizemos, podemos trazer o seguinte caso:
Trata-se de uma empresa familiar, cuja gestão é compartilhada por um casal. Por vários motivos, este casal entra em crise e cada um pode começar a procurar em seus funcionários, possíveis aliados para suas reclamações e reivindicações em relação ao parceiro do relacionamento. Isso pode acontecer de forma totalmente inconsciente, muitas vezes sem nem sequer tocar no assunto pessoal. As vezes isso se mostra através de não observância de decisões que o outro sócio já tomou, críticas quanto a algo que foi realizado ou até mesmo situações bem simples como a posição de uma mesa na sala do cafezinho.
O conflito entre o casal não aparece de forma clara, mas ele está sempre rondando, fantasiado de “problemas” na empresa e, se uma dinâmica como essa não é percebida e claramente comunicada entre os sócios, o preço dela poderá ser o início da queda do faturamento, do bom relacionamento entre as pessoas da organização, a perda do foco naquilo que é realmente importante com consequências bem sérias para a empresa.
Neste mesmo caso, também é uma possibilidade que os clientes “se afastem” da empresa, pois o proprietário ou gestor não está disponível para servir aqueles que buscam seus serviços ou produtos, preso em emaranhamentos familiares não resolvidos e transpostos para o dia-a-dia da empresa.
Também o proprietário de uma empresa familiar tem muitas vezes dificuldade em estabelecer o limite claro entre a empresa e o ambiente familiar, com assuntos pessoais misturando-se com assuntos da empresa dentro de um mesmo espaço. Em outros casos, as finanças da família se misturam com as finanças da empresa, o que sempre representa um perigo para saúde financeira da organização.
Para além desses exemplos, no trabalho com empresas, inúmeras outras dinâmicas decorrentes de desordens sistêmicas são encontradas.
A partir do conhecimento das ordens sistêmicas, é possível perceber que as empresas familiares caminham de forma muito próxima ao sistema de origem de seu(s) proprietário(s) e/ou fundador.
Nessa história não estão somente os fatos atuais de sua vida e de sua empresa, mas também as experiências vividas dentro do sistema familiar (pais, avós, demais antepassados) e também na forma como a empresa foi fundada (estrutura inicial, sócios, origem dos recursos financeiros, entre outros).
Em muitos casos podemos perceber que os movimentos de sucesso e fracasso podem estar conectados com acontecimentos de fundo sistêmico.
As relações do sistema
Toda empresa é em si própria um sistema vivo, porém em empresas familiares a proximidade e a pessoalidade da empresa na figura do proprietário é muito forte. Essa influência é reafirmada diariamente em todas as suas funções dentro da organização.
Nestes casos, trabalhar com as Constelações Organizacionais pode ser de grande ajuda para o esclarecimento do que atua de forma oculta no funcionamento da organização.
Ou seja, nas empresas familiares, esta ferramenta encontra uma de suas grandes funções: auxiliar no diagnóstico de problemas empresariais e na busca de soluções possíveis considerando de forma ampla as variáveis sistêmicas que atuam na rotina da empresa.
A Constelação Organizacional se apresenta como uma forma viável e simples de verificar o que atua nas dificuldades de uma empresa familiar, assim como em organizações com outro tipo de configuração, onde, porém, atuarão as próprias dinâmicas criadas pelo sistema empresarial.
“Quando os membros da família têm ao mesmo tempo cargos na empresa, põe-se em primeiro lugar a pergunta: se eles têm essa posição por terem competência para tal ou por serem membro da família?” (Grochowiak e Castella, no livro Constelações Organizacionais – Consultoria Organizacional Sistêmico-Dinâmica).
Nesta observação podemos observar um acontecimento comum em muitas empresas, e que pode significar uma quebra da ordem dentro da organização. Isso porque o critério principal de pertencimento dentro deste tipo de sistema é a capacidade/competência de cada indivíduo de trazer resultados para a organização.
Porém, quando uma posição é mantida por simples conveniência familiar, o pano de fundo é que a empresa está sendo colocada em segundo plano. Novamente, uma quebra de ordem e hierarquia, que tem como consequência dificuldades para a empresa.
Nesse ponto é possível perceber também como é fácil perder o foco da empresa quando questões familiares se misturam à responsabilidades organizacionais.
Neste conhecimento trazido pelas constelações sistêmicas, um ponto primordial está na disponibilidade do empresário para o seu negócio. Não falamos aqui apenas de tempo, mas também de sua presença de “corpo e alma”, falamos do quanto ele está realmente disponível para o movimento que a empresa necessita dela para seu crescimento e êxito.
É aqui onde os vínculos familiares de lealdade, o amor, a culpa, as crenças sobre dinheiro e seus valores atuam de forma oculta e muitas vezes decisiva sobre a direção ao sucesso ou fracasso do negócio.
Podemos verificar essa dinâmica sistêmica nas inúmeras histórias de empresários que tem uma facilidade e força excepcional de materializar e fazer crescer um negócio, mas que depois de algum tempo, com a mesma força fracassam. Esses ciclos se repetem até que haja uma nova postura e percepção interna por parte do empresário.
Hellinger traz em seu livro “Leis Sistêmicas na Assessoria Empresarial uma lista de 10 observações para todos aqueles que desejam se tornar e manter-se um bom empresário.
São elas:
Ter algo a oferecer que sirva a outros: Quanto mais os outros precisarem do que tenho para oferecer, mais importante o meu negócio se torna. Então, nada mais se opõe ao sucesso. O que destaca um empresário? Ele tem aquilo de que os outros precisam e o torna acessível a eles. Quanto mais tiver aquilo que os outros precisam, maior sua reputação e seu sucesso. Em resumo: uma empresa serve. Quanto mais significativo seu serviço, maior a sua influência;
Um empresário precisa de ajudantes. Ele deve liderar funcionários, treiná-los e orientá-los de forma adequada para que gerem e ofereçam às pessoas da melhor forma possível aquilo que a empresa tem para oferecer. Assim tem que produzir e também vender aquilo que tem pra oferecer.
Um empresário deve liderar. Lidera por meio de sua ideia. Lidera através da fabricação. Lidera por meio da venda e de tudo o que é necessário para isso.
Um empresário encara a concorrência. Através da concorrência, melhora seu produto. Assim serve ainda mais àqueles que precisam.
O empresário defende sua empresa contra e ataques e a protege de forma adequada. Ele permanece confiante e autônomo.
O empresário sabe que depende de outras pessoas com as quais deve realizar coisas em comum. Ele sabe como conquistá-las e conservá-las.
Um empresário se alegra com seu sucesso, pois seu sucesso traz felicidade. Quando um empresário está feliz e mostra isso aos outros, seus funcionários se alegram e, com eles, suas famílias.
Um empresário permanece, junto com vários outros indivíduos, em uma comunidade solidária. Ele sabe que a sorte de muitos depende do seu sucesso. Por isso, ele o multiplica, com a ajuda de muitos, que o auxiliam para garantir o fundamento da vida de vários.
Um empresário transmite sua empresa, no momento certo, ao sucessor adequado. Ele entrega a ele os recursos de que precisa para ser bem sucedido. Ele continua sendo a alma de sua empresa. Seu espírito bom continua atuando nela.
Um empresário deixa sua empresa aos desenvolvimentos que cabem a ela, mesmo quando estes divergem de suas ideias. Ele a deixa à corrente do tempo, que também passa por ele, e observa ir de forma benévola.
A iniciativa empresarial familiar no Brasil é uma das principais forças de nossa economia.
Da mesma forma, são estas empresas que diariamente mantêm muitas outras famílias através das vagas de trabalhos abertas e da rede de serviços que se criam em torno delas para seu funcionamento. Elas são um grande mecanismo que servem à nossa sociedade, e garantem que o fluxo da vida possa encontrar um meio de seguir adiante.
E dessa força, vem também uma grande responsabilidade. Pois como sociedade, precisamos que estes sistemas empresariais estejam saudáveis e dispostos para o sucesso, e assim, possam servir mais e mais pessoas, seja através de empregos, seja através de seus produtos e serviços, além da contribuição com a manutenção do estado, através dos impostos que geram receitas para a sociedade.
Ser um empresário é, segundo Bert Hellinger – pensador sistêmico que nos trouxe este conhecimento sobre as ordens sistêmicas que atuam nas relações humanas – a mais difícil das profissões e a que mais exige daqueles que se colocam neste caminho.
Neste sentido, se você conhece um empresário um pouco mais de perto, você compreenderá este olhar de Hellinger e reconhecerá esta realidade: normalmente os empresários são os que assumem os maiores riscos, normalmente passam a maior parte de suas vidas a serviço da organização e, em alguns casos, isto lhes custa a saúde, as relações e o lazer, principalmente nos momentos de maiores dificuldades e desafios.
E neste ponto a Constelação Organizacional se mostra como uma excelente ferramenta de diagnóstico para verificar o que atua nas dificuldades que uma empresa familiar pode estar passando.
Pela Constelação Organizacional é possível olhar para:
- perda de clientes e resultados;
- acontecimentos recorrentes com colaboradores, como por exemplo alta-rotatividade;
- postura do(s) proprietário(s) em relação à empresa;
- decidir sobre novos produtos a serem lançados;
- testar a eficiência de novos passos dentro da organização.
Você pode compreender problemas como:
- Conflitos entre sócios, equipes e setores;
- Estagnação nos resultados apesar de todos os esforços;
- Produtos que não vendem;
- Repetição de padrões de erros, falhas de processos, ações judiciais;
- Falta de cooperação, ordem e clareza sobre o que deve ser feito;
- Dificuldade de inovação e renovação.
Este conteúdo (textos, imagens e artes gráficas – exceto trechos de livros, citações de outros autores, e imagens de banco de imagens, quando houver) é exclusivo e produzido pelo Ipê Roxo – Instituto de Desenvolvimento Humano. Sua reprodução é permitida se acompanhada com o devido crédito: material de propriedade do Instituto Ipê Roxo – disponível em www.institutoiperoxo.com.br | Curadoria de conteúdo realizada por Ana Cht Garlet, professora do Instituto.
Segue abaixo uma indicação de um curso focado neste conhecimento sobre as ordens e desordens sistêmicas dentro de uma empresa. O curso se chama “Liderança Sistêmica”, e é oferecido pela empresa que preparou e redigiu todo este texto - Ipê Roxo Instituto (https://iperoxo.com/ ) - altamente recomendado pela qualificação profissional que todos os integrantes da equipe têm.
Tais
O Curso sobre a Liderança Sistêmica foi desenvolvido com base nas constelações familiares de Bert Hellinger. Com base em 3 Leis universais que regem as relações, é possível entender como as equipes podem atuar para o crescimento, com apoio, respeito e inovação dentro dos seus mercados de atuação.
Um curso em 3 módulos, de dois dias cada, com início em 16 de novembro.
Módulo 1: As 3 leis da liderança sistêmica
Módulo 2: Como alcançar as metas e o crescimento
Módulo 3: Liderando em sintonia com o sucesso mais amplo
Saiba mais clicando na imagem abaixo
Uma excelente semana para vocês!
Tais
Nenhum comentário:
Postar um comentário