segunda-feira, 15 de abril de 2019

Relacionamento de Casal- um olhar trazido pela Constelação Sistêmica

Este artigo conta com a transcrição de trechos de textos de Bert Hellinger e Joan Garriga, dois importantes pioneiros no olhar sistêmico trazido pela Constelação Sistêmica. Leia e conheça um pouco mais sobre este olhar que tem trazido novos movimentos para muitas pessoas em todo o mundo.


De suas famílias de origem, o homem e a mulher conhecem diferentes modelos ou padrões para a relação conjugal, tanto no vemos como “bem” quanto no “mal.”

Por isso, para que a união seja bem-sucedida, precisam testar os modelos que receberam dos pais e, eventualmente, desprender-se dos padrões antigos e encontrar novos padrões para sua relação.

Nisso frequentemente se defrontarão com sentimentos de inocência e de culpa. Se adotarem os padrões que lhes foram transmitidos, mesmo que sejam ruins, experimentarão um sentimento de inocência.

Se abandonarem os padrões recebidos, mesmo que os novos sejam melhores, experimentarão um sentimento de culpa. Somente ao preço dessa culpa — respeitosa — poderão conseguir o bem e a felicidade em sua união.
(Bert Hellinger, no livro “Amor do espírito”)

“As ordens do amor entre o homem e a mulher são diferentes das ordens do amor entre pais e filhos. Por isso a relação do casal sofre abalo e fica perturbada quando o casal transfere irrefletidamente para ela as ordens do relacionamento entre pais e filhos.

Se, por exemplo, numa relação de casal, um parceiro busca no outro um amor incondicional, como uma criança busca em seus pais, ele espera receber do outro a mesma segurança que os pais dão a seus filhos.

Isso provoca uma crise na relação, fazendo com que aquele de quem se esperou demais se retraia ou se afaste. E com razão, pois ao se transferir para a relação de casal uma ordem própria da infância, comete-se uma injustiça para com o parceiro.

Quando, por exemplo, um dos parceiros diz ao outro: “Sem você não posso viver” ou: “Se você for embora eu me mato”, o outro precisa se afastar, pois tal exigência entre adultos no mesmo nível hierárquico é inadmissível e intolerável.

Já uma criança pode dizer algo assim a seus pais, porque sem eles realmente não pode viver. Inversamente, se o homem ou a mulher se comporta como se fosse autorizado a educar o parceiro e tivesse a necessidade de fazê-lo, arroga-se, em relação a alguém que lhe é equiparado, direitos semelhantes ao dos pais em relação aos filhos.

Neste caso, frequentemente o parceiro se esquiva à pressão e busca alívio e compensação fora do relacionamento. Portanto, faz parte das ordens do amor na relação entre o homem e a mulher que ambos se reconheçam como iguais.

Qualquer tentativa de colocar-se diante do parceiro numa atitude de superioridade, própria dos pais, ou de dependência, característica da criança, restringe o fluxo do amor entre o casal e coloca em perigo a relação. Isso também se aplica ao equilíbrio entre o dar e o tomar.


Na relação de pais e filhos, são os pais que dão e são os filhos que tomam. Toda tentativa dos filhos de aplainar o desnível existente entre eles e seus pais é frustrada. Por essa razão, os filhos permanecem sempre em dívida com seus pais, e quanto menos conseguem pagá-la, tanto mais intimamente permanecem vinculados a eles.

Porém, como querem afirmar-se e desenvolver-se através de suas próprias ações, o sentimento de dívida que os vincula aos pais os motiva também a sair de casa. Se um dos parceiros der ao outro como um pai ou uma mãe dá a uma criança, por exemplo, custeando-lhe uma formação superior durante o casamento, aquele que recebeu tanto já não pode equiparar-se ao doador.

Embora permaneça obrigado a agradecer-lhe, geralmente o deixará quando se formar. Só poderá equiparar-se novamente ao parceiro e permanecer com ele quando o compensar plenamente, tanto pelas despesas quanto pelo esforço.”
(Para quê serve um Relacionamento- Joan Garriga, no livro “O amor que nos faz bem.”)

Uma das necessidades mais profundas dos seres humanos é a de pertencer, de estar em contato. de se sentir unido amorosamente a outras pessoas.

Quando crianças, experimentamos uma grande felicidade ao sentir que pertencemos a nossa família, não importa se a atmosfera é alegre ou tensa. Vivemos essa sensação de pertencimento como uma benção em nosso coração.

Depois crescemos e, como adultos, continuamos pertencendo a nossa família, mas já não experimentamos a doce sensação de pertencer aos nossos pais. Passamos a ter a necessidade de ter essa sensação de pertencimento com outras pessoas, especialmente com um(a) parceiro (a).



Ao nos comprometermos comum caminho de amor, como adultos, escolhendo um(a) companheiro(a), criamos o âmbito para um novo núcleo familiar, com filhos ou sem eles, e experimentamos de novo a sensação de pertencer a algo.

“O relacionamento afetivo não é uma relação de ajuda, mas uma relação que ajuda. Ajuda o desenvolvimento pessoal, às vezes por meio da alegria, mas outras vezes por meio do sofrimento e do desânimo conscientemente aceitos. Provavelmente, nada ajuda mais o próprio crescimento que assumir de maneira consciente a dor e dar-lhe um espaço dentro de nós mesmos.” 

Joan Garriga
************

Um comentário: