domingo, 18 de dezembro de 2011

Agindo da maneira certa

Nesta época de Natal e muitas festas para comemorar o final de ano, as pessoas tendem a ficar mais caridosas e até resolvem presentear os mais necessitados...Pena que não façamos isto o ano todo, independente dos motivos que nos levam a agir desta maneira...
Aí lembrei de algo que aprendi: existem oito níveis de “caridade” ou  maneiras de sermos generosos com o próximo. Esse era um dos muitos ensinamentos que em minha formação religiosa (espírita) aprendi. A cada domingo, discutíamos e eu procurava compreender. Naquela época eu era uma menina de 6 anos que obedecia aos pais- no sentido de ir à igreja mesmo que com sono ou preguiça -  e hoje agradeço esta exigência, pois os princípios aprendidos guiam, até hoje, minha vida! Quando o texto era sutil e complexo, mamãe simplificava, mantendo a sabedoria básica que ele continha. Foi assim que ela me explicou:
        No oitavo e mais baixo nível de generosidade com o próximo, um homem compra de má vontade um casaco para um outro que treme de frio e que lhe pede ajuda. Ele entrega o presente diante de testemunhas e espera receber o agradecimento.
         No sétimo nível, um homem faz o mesmo, sem esperar que lhe peçam ajuda.
       No sexto nível ele faz o mesmo, de coração aberto, sem esperar que lhe peçam ajuda.
       No quinto nível, um homem dá um casaco que tinha comprado, de bom grado, mas o faz sem que ninguém saiba.
         No quarto nível, um homem, de bom grado e sem testemunhas, dá o seu próprio casaco a um outro.
         No terceiro nível, um homem, de bom grado, dá o seu próprio casaco a um outro que não sabe quem lhe ofertou tal presente. Mas aquele que deu conhece a pessoa que lhe ficou devedora.
         No segundo nível, ele dá o seu casaco, de bom grado, sem ter idéia de quem o recebeu. Mas o homem que recebeu o presente sabe quem merece o seu agradecimento.
         Finalmente, no primeiro e mais puro dos níveis, um homem, de bom grado, dá o seu próprio casaco sem saber quem vai recebê-lo e aquele que recebe não sabe quem o ofertou. Então, o ato de dar torna-se uma expressão natural de bondade em cada um e acontece de maneira tão simples quanto as flores oferecendo seu perfume.
         Naquela época, ser  boa e fazer tudo certo era importante para mim e eu ouvia sua descrição com bastante cuidado. Eu só queria fazer as coisas certas ...
Mamãe sempre sorria e dizia com ternura que aqui não existia nenhuma situação especial. Imagine que todas as pessoas fossem generosas com os que estão ao seu redor da maneira como fez o primeiro homem; de má vontade, um casaco comprado, na presença de testemunhas, a alguém que precisa e que pediu ajuda. Se todos  agíssemos assim, haveria maior ou menor sofrimento?  perguntava mamãe...
Refletindo um pouco... dentro de mim, a necessidade de agir sempre corretamente lutava com a simplicidade da pergunta.
Mas acabei por concluir, finalmente, embora ainda confusa.
Mamãe disse sorrindo – É verdade. Algumas coisas têm tamanha bondade em si que merecem ser feitas da maneira que for possível.
Sem dúvida, existem formas de dar que diminuem o outro, roubando-lhe a dignidade e o amor próprio. Podemos aprender como dar sem tirar nada e com freqüência aprendemos enquanto o fazemos. Entretanto, de acordo com minha mãe, é melhor abençoar mal a vida do que não abençoá-la nunca.
(texto adaptado por mim em dezembro de 2011)

2 comentários:

  1. Obrigado pelo alerta...maravilhoso texto.

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  2. Tais...lembro de você no Centro aos domingos. Aquilo também me influenciou positivamente. Que bom se todos os pais dessem uma formação religiosa aos seus filhos! Talvez hoje não teríamos o mundo como está. Obrigada

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