domingo, 8 de julho de 2012

A intolerância humana – O mito de Procusto

            Procusto era um ladrão que vivia de roubar quem passasse pela estrada que ligava Mégara a Atenas, só poderia cruzar seu caminho quem passasse por um terrível julgamento, o bandido possuía uma cama de ferro de seu tamanho exato, nenhum centímetro a mais ou a menos, onde ele fazia sua vítima deitar-se, se a pessoa fosse maior que a cama amputava-lhe as pernas, se fosse menor era esticada até atingir o tamanho desejado. Esse horror só teve fim quando o herói Teseu fez a ele o mesmo que ele sempre fazia às suas vítimas, colocou-o na cama, mas um pouco para o lado, sobrando assim  a cabeça e os pés que foram amputados pelo herói.
O mito de Procusto é uma alegoria da intolerância. Apesar de diversidade ser uma característica humana, o ser humano tem agido como Procusto, em grande parte acreditando estar sendo justo. Num dos episódios desse mito, Atena, a deusa da sabedoria, incomodada pelos gritos das vítimas resolveu tomar uma providência e foi ter com o bandido, mas ficou sem palavras quando este argumentou que estava fazendo justiça porque sua cama nada mais fazia do que acabar com as diferenças entre as pessoas. O silêncio de Atena foi interpretado como aprovação e só fez reforçar a crueldade do bandido.
            Quando Teseu procurou por Procusto, o ladrão pensando que seria uma visita amigável, tentou convencer o herói da legitimidade de suas ações. No entanto, Teseu responde que injusto é tentar igualar as pessoas que são diferentes por natureza, por isso cada uma tem o direito de ser como é.
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            A intolerância traz angústia, infelicidade e solidão.
            Deixar o ser, ser o que é, sem resistência,  pode ser o início de uma vida mais harmônica e feliz. E ser feliz é o que todos almejam, independente de estilo de vida, etnia, crença religiosa, manequim, nacionalidade, orientação sexual ou classe social.   
 Por mais artificial que isto possa parecer, será que não gastamos um bocado de energia emocional tentando alterar ou "enquadrar" outras pessoas de formas diversas, embora menos drásticas?
Esperamos, com freqüência, que os outros vivam segundo nossos padrões e ideais, ajustando-se aos nossos conceitos de como eles deveriam ser. Ou então, assumimos a responsabilidade de torná-los felizes, bem ajustados e emocionalmente saudáveis.
A verdade é que grande parte dos atritos que existem nos relacionamentos acontecem quando tentamos impor nossa vontade aos outros - quando tentamos administrá-los e controlá-los.
De tempos em tempos, em graus variados, assumimos responsabilidades que não nos pertencem. Tentamos dirigir a vida das outras pessoas, com a intenção de influenciar tudo, desde a dieta até a escolha de roupas, decisões financeiras e profissionais. Tomamos partido e ficamos excessivamente envolvidos, até encontramos ou criamos problemas onde não existem para poder criticar e oferecer conselhos.
É preciso entender que ninguém muda até que deseje fazê-lo, esteja disposto a mudar e pronto, para tomar as atitudes necessárias para efetuar a mudança. E por este motivo que o resultado de nosso "procustianismo" é, contudo, sempre o mesmo. Estamos destinados a fracassar em nossos esforços para controlar ou modificar alguém, não importa o quanto sejam nobres nossas intenções. E estamos destinados a terminar num turbilhão - frustrados, ressentidos e cheios de auto-piedade.
E o que dizer das pessoas que tentamos orientar? Por outro lado, mostramos falta de respeito por seus direitos como indivíduos, privando-as da oportunidade de aprender através de suas próprias escolhas, decisões e erros. Em resumo, nosso relacionamento com aqueles com os quais declaramos nos preocupar profundamente torna-se desarmonioso e forçado.
Permita que os outros vivam sua vida, enquanto vivemos a nossa - viva e deixe viver.
Tais

5 comentários:

  1. Adorei!
    Curto bastante receber suas mensagens pontualmente de manhã ,no domingo. Elas me trazem reflexão para a semana. beijo!

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  2. Lindo texto! Bem pertinente aos meus 'momentos' internos :)

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  3. Muito pertinente e atual o tema em um momento da nossa cultura onde a intolerância com as divergências parece ser a regra e a aceitação das diferenças,a exceção.

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  4. Olá, meu nome é Jane, sou autora de parte desse texto. O trecho que vc copiou deveria estar entre aspas, não é mesmo?

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    1. Ola Jane.
      Este texto eu recebi de uma amiga de Florianópolis, sem autoria (ela recebeu por email também). Mas me dê a fonte e qual trecho foi escrito por ti que incluirei no mesmo.
      Internet tem destas situações...mas o importante é que este texto ajudou a muitas pessoas e você me comunicou com muita delicadeza.
      Procuro sempre usar aspas e mencionar a fonte (nada mais justo), mas de vez em quando acontece de receber algo e não ter a autoria.
      Fico no aguardo de seu email (tais.fittipaldi@gmail.com)Obrigada

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