domingo, 11 de novembro de 2012

O Silêncio



Nós os índios, conhecemos o silêncio. Não temos medo dele. Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras. Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento.  "Observa, escuta, e logo atua", nos diziam.  
Esta é a maneira correta de viver. Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes. Observa os anciões para ver como se comportam. Observa o homem branco para ver o que querem. Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás. Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar. 
Com vocês, brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando. Dão prêmios às crianças que falam mais na escola. Em suas festas, todos tratam de falar. No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes.  E chamam isso de "resolver um problema". 
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos. Precisam preencher o espaço com sons. Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer. Vocês gostam de discutir. Nem sequer permitem que o outro termine uma frase. Sempre interrompem. Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.  Se começas a falar, eu não vou te interromper.  Te escutarei. 
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo. Mas não vou interromper-te. Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante. Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei. 
Terás dito o que preciso saber. Não há mais nada a dizer. Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês. Deveríamos pensar nas suas palavras como se fossem sementes. Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio. 
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la. Existem muitas vozes além das nossas. Muitas vozes. Só vamos escutá-las em silêncio.
Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder" - Kent Nerburn

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Há ocasiões em que o silêncio de uma pessoa torna-se mais sábio do que qualquer palavra que poderia ser pronunciada.

Na hora da meditação calamos. Evitamos conversas e nos concentramos . Este silêncio em relação ao meio que nos cerca acaba tornando-se um momento de profunda reflexão e auto conhecimento, em busca de nossa própria essência.
Quando há pessoas com quem podemos aprender (de todos, sempre podemos aprender) o instante é de calar e ouvir, absorvendo cada palavra para que penetre em nossa mente e não nos faça esquecer.
Existem também aqueles tristes momentos em que não sabemos o que falar. Quebramos a cabeça em como poderíamos consolar pessoas amigas que sofrem de alguma maneira, mas as palavras certas não são encontradas. Então calamos, e descobrimos que apenas estar presente, pode tornar-se a melhor palavra.
Uma coisa é certa: com o silêncio sempre recebemos o que necessitamos .
Vamos tentar silenciar muitas vezes nesta semana que se inicia.
Bom trabalho!
Tais

2 comentários:

  1. Que linda mensagem...Amei!

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  2. Meus domingos são melhores quando leio seu Blog. Ficar em silêncio é uma arte realmente. Obrigada

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