sábado, 9 de março de 2013

Bisbilhotar a vida do outro é inveja?


"Com certeza que quem bisbilhota e se intromete na vida do outro teria que querer bem e ajudar esse próximo. Muito poucos, porém, estão comprometidos com uma verdadeira relação de amor e compaixão para com seus semelhantes. Na verdade, quando desejam saber, o intuito subterrâneo sempre fica por conta de se ter alguma notícia com alguma novidade sobre o fulano para que a mesma seja julgada por um critério de valores contaminado pela inveja crônica. Infelizmente, poucas são as pessoas que, de verdade, torcem para que o seu próximo alcance a tal da felicidade.

E por que é tão difícil deixar de se ter inveja no pior sentido da palavra?

"Simplesmente porque o que é invejado no outro, via de regra, sempre é a expressão exata da não realização dos desejos mais profundos e que não se consegue bancar. Saber, portanto, o quanto o outro ousa existir mais livremente é insuportável".

E a solução?

"Tomemos como resposta o desafio de conseguir olhar para as profundezas de si mesmo. O desafio de desarmar-se a ponto de poder entrar em contato com toda a realidade dos sentimentos ativados na hora em que se quer saber da vida do outro. Ser humilde e maduro o suficiente para se autoenfrentar e, por fim, ter coragem para se assumir".

E qual seria a finalidade de tudo isso? Para que e por que parar de bisbilhotar a vida do outro?

"Para que o essencial da alma possa ser libertado de todas as limitações que o aprisionam impedindo a sua evolução".
Como proceder para evoluir?

"Toda essa empreitada tem destrinchamento trabalhoso sendo que o sucesso exige seriedade de propósito somado à atenção incorruptível. O progresso genuíno dependerá também da disponibilidade de ser amoroso consigo próprio, ao mesmo tempo em que sincero e disponível a tudo o que for encontrado e resgatado dentro de si. É um verdadeiro serviço de reavaliação pessoal em que a alavanca para o êxito está diretamente ligada à abertura de espaço para se receber luz nos conteúdos interiores mal resolvidos (aspectos da sombra), normalmente, projetados no outro. E esse outro obscuramente costuma ser o pior, o que a pessoa mais odeia em si mesma, o que não consegue dar conta e, paradoxalmente, é que o mais deseja, o que sente falta.

Um dos maiores desafios que existem é o de se entregar a si mesmo. Render-se às próprias fraquezas e entrar em contato lúcido com tudo o que muito se almeja e que é difícil de se exteriorizar. Certamente que não é tarefa fácil. Complexo também é transformar valores preconceituosos que apenas servem para represar a alma e a energia vital.

Bisbilhotar e invejar a vida do outro reduz a capacidade de ser criativo, pois a vida, para este tipo de indivíduo, acontece apenas pela janela afora. Limita o ser humano a um sistema robótico que bloqueia tanto sua energia emocional como a vital. Transformando-o em mero robô que nem ao menos sabe o quanto facilmente é monitorado.
O perigo está na morte em vida, mas há opção e poder de escolha, sempre há. Ou se fica do lado de dentro da janela, vendo a vida passar lá fora, maldizendo e criticando tudo o que se bisbilhota da vida do outro que está andando livremente pela rua, ou decide-se bancar a si próprio e sair para o mundo. Se você estiver nessa situação e resolver sair, saia, mas não pela janela e, sim, pela porta da frente, de peito aberto e de cabeça erguida para poder se experimentar e apenas ser. Admitir que tem se ocupado de bisbilhotar e invejar a vida do outro não é tarefa fácil, mas vale a sua vida mudar esse padrão, se tem sido este o seu comportamento.
Lembre-se, é você quem escolhe.

Relacionar-se consigo mesmo e ver as próprias limitações é penoso, mas ao mesmo tempo libertador. Você pode mudar seu padrão optando por ser responsável apenas por sua vida e finalmente sentir-se livre e, por que não dizer, feliz!
Pare de sabotar a sua alegria, sendo digno de sua existência."
Silvia Malamud

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A inveja é um sentimento que para ser reconhecido é necessária muita coragem para olhar-se.
Inicialmente não admitimos, mas se o propósito é crescer como ser humano, será inevitável.
O mais incrível é que se admitimos para nós mesmos, no exato momento em que ela aparece, e se conseguimos olhá-la sem críticas...apenas aceitar que "isso existe em mim"... com o tempo vai diminuindo.
A luta contra a expressão das emoções desagradáveis, alem de ser um excelente método para observação de si, tem outra implicação. Essa é uma das raras direções nas quais o homem pode se modificar ou modificar seus hábitos, sem criar outros indesejáveis. Por isso, a observação de si e o estudo de si devem, desde o início, ser acompanhados de um combate contra a expressão das emoções desagradáveis.
Uma boa semana de pesquisa, aos interessados....
Tais

4 comentários:

  1. Taís,

    Obrigada. realmente está é uma pesquisa valiosa.
    Angela R.

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  2. É verdade; tenho inveja dentro de mim. Todos temos.
    Difícil de olhar, dificil de admitir...mas quando o fazemos...quanta liberdade!

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  3. Texto interessante!Porem, as vezes , infelizmente é necessário bisbilhotar! Não por inveja, mas para não usados e enganados!Creio que vc me entendeu!!!! Bjs!!
    11 de março de 2013 10:00.

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    1. Não entendi Marilda...Quando estamos corretos o tempo se encarrega de mostrar e não somos enganados. É sempre bom verificar onde foi que colaboramos para que tal situação ocorresse. Um abraço

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