domingo, 21 de abril de 2013

O último lugar


Quando olhamos para nossos antepassados, para as inúmeras gerações através das quais a vida nos alcançou, ocupamos o último lugar. O último lugar é aquele para onde tudo converge. Toda a plenitude que se acumulou através de muitas gerações nos alcança porque estamos embaixo e aí permanecemos. O último lugar é, portanto, um lugar de plenitude.
          Alguns julgam que têm o dever de fazer algo pelos seus antepassados, que ainda precisam reparar algo em seu lugar. Então procedem como se os antepassados ainda precisassem deles. Essas pessoas pretendem inverter a corrente da vida, fazendo-a fluir, por assim dizer, de baixo para cima.
          Muitos querem vingar os antepassados, defender seus direitos ou expiar uma injustiça cometida contra eles,  como se lhes faltassem ainda alguma coisa. Assim colocam-se acima deles e de seus destinos. Em lugar de tomar e segurar a própria vida, sacrificam-na aos antepassados. Essa é uma estranha ideia.
          Nossos antepassados se consumaram. Apenas nós ainda aguardamos nossa consumação. Por isso, na medida que ocupamos o último lugar, devemos deixar estar, como consumado e passado, tudo o que houve antes de nós.
          Alguns pensam que receberam de seus antepassados uma obrigação, por exemplo, a de levar adiante a sua herança. Então se comportam como se, ao lado da vida que receberam, houvesse algo a que devessem sacrificar uma parte de sua vida. Com isso, recusam-se a assumir plenamente sua vida.
         Quando vemos nosso antepassados apenas como aquelas pessoas através das quais a vida flui para nós e atentamos somente para esta vida, da causa da vida, sem que nada mais interfira. Ali ocupamos,  como todos os outros seres humanos, o último lugar e, simultaneamente, o primeiro.
          O último lugar é o lugar do espírito. Nós o perdemos quando nos desviamos do espírito. Então o espírito nos abandona e nos deixa em apuros, até que, por seu intermédio, voltemos talvez à razão.
Conflito e Paz - Bert Hellinger
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Este texto nos mostra a importância de nos ocuparmos com a  nossa missão ( sei qual é?) e fazermos jus a vida que recebemos através de nossos antepassados.
Recebo a vida de meus pais e junto com ela, tudo o que meus antepassados experienciaram para que eu estivesse aqui hoje. Isto é uma dádiva...não importando o que aconteceu.
Muitos questionam a afirmação de que não devo me envolver com as histórias deles..mas é verdade: quando me envolvo nas historias deles deixo de viver a minha vida. 
Por exemplo, pessoas que sofreram abandono dos pais...enquanto permanecerem "remoendo" este abandono, esquecem-se de agradecer a vida que receberam - de graça!
O agradecimento é uma dádiva , um bálsamo para nossa vida. Quando nos reconciliamos com todas as coisas do céu e da terra
(do jeito que é...) tudo será nosso amigo. E, assim sendo, coisa alguma do Universo poderá causar-nos dano.
A aceitação do que é como é torna tudo mais leve, mais fácil de se levar. Afinal existe uma Grande Alma, a qual todos estamos ligados,e assim sendo: somos todos irmãos - e ela zela por nós!
Uma boa semana à cada um de vocês!
Tais

6 comentários:

  1. Interessante e profunda reflexão. Vivemos muitas vezes mais a vida, a culpa, a obrigação do outro que nos antecederam e esquecemos de crescer.

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  2. Fantástico, Taís, foi um bálsamo para mim, no dia de hoje. Bjs!!

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  3. Taís, como é bom ler seus textos logo na segunda cedo. Ilumina a consciência e tranquiliza a alma! bjs

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    1. Ariadne , Marcia e Renata
      Fico muito "tocada" ao sentir que os textos aqui postados as levem à reflexão...Que bom, esta é a intenção.
      Sintam-se abraçadas numa grande roda.

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    2. Só agora li seu texto e percebi que ele me deixou menos angustiada!Ler seus textos é muito bom!!!Bjus!!

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    3. Marilda...a verdade sempre nos deixa leve..assim como a ordem ...
      Obrigada
      Tais

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