domingo, 7 de julho de 2019

Adeus às etiquetas


"Sou "a louca" das caixinhas. Coleciono diversos tipos, adoro quando descubro novos modelos e raramente me desfaço de alguma. Minhas caixas já entram em casa com plano de carreira: de tempos em tempos eu troco de prateleira, armário ou cômodo, dando a elas as novas funções. E assim organizo o lar e a vida, separando objetos e assuntos em categorias distintas. Se para você isso remete a uma rotina militar, pode ser que esteja dando as caixinhas um uso equivocado. Elas servem para guardar objetos, não pessoas. Minha necessidade de ordenar o entorno serve para dar espaço as desordens essenciais, como música alta enquanto lavo a louça, a bagunça dos gatos na sala, um convite inesperado para jantar. Organizo minha vida em caixas, mais me recuso a entrar nelas. Embora eu saiba que o mundo insiste em tentar fazer isso com a gente.

A caixa dos bem-sucedidos, a caixa dos fracassados; dos gordos, dos magros; dos homens ou das mulheres. Homo e heteroafetivos, da esquerda e da direita, negros e brancos. O mundo reserva a mesma caixa para quinta tem tatuagem, piercing ou alargador. Outra para os esportistas; uma diferença para os sedentários. Velhos de um lado, jovens do outro. Veganos acima, carnívoros abaixo. Em que caixa mantemos aqueles que vivem nos enviando em caixas?

Só há uma atitude mais grave. Quando nós mesmas tentamos nos enquadrar. Em nome de um grupo ao qual acredito pertencer, empobreço minhas diferenças, escondo peculiaridades e não mais me reconheço. Escolho vontades, respondo a chamadas que não são para mim. E me vejo de forma tão limitada que perco melhor de mim, desconstruindo minha lista de incoerências bem combinadas.

É impossível colocar as pessoas em caixas porque são bem mais do que supomos. Conheço mulheres tatuadas, cheias de filhos e casadas há décadas. E evangélicos gays, roqueiros que adoram sertanejo, mal humorados crônicos que também são bobos de plantão. Encaixotar afetos e pessoas é perder o melhor delas. Da mesma forma tentar enquadrar-se em determinados perfis é recusar o presente do auto conhecimento.

Para corroborar a lógica das caixinhas, somos viciadas em construir ilusões nas redes sociais. E depois, na realidade, nos tornamos vítimas do mesmo recurso, como se mudássemos de papel. Basta um passeio pelo Instagram para voltar acreditar no saldos bancários positivos e barrigas negativas que desfilam à minha frente. Do lado de cada tela, vislumbro minha imagem no fundo do poço, estropiada. E continuar dividindo o mundo entre bem e o mal, o preto e o branco. Perco os meios tons. Ler o jornal, um livro ou um post não deveria servir para perder perpetuar o encaixotamento, assim para desconstruir, confrontar, ativar o fermento que faz crescer e saía da casca.

Fã de uma caixinha como eu, a japonesa Marie Kondo criou o método de organização que prioriza o descarte. Ela nos orienta a energia não as peças a serem descartadas, mais as que ficaram. A pergunta que se deve fazer é: "isso me faz feliz? ". Sua filosofia é simbólica e transformadora porque pode ser estendida à vida. É bem vivida essa revisão periódica de carreira, amigos, relações afetivas escolhas. O que vale manter, o que pede desapego?

É a hora de descartar as formas limitadas de ver as coisas. Hora de demolir esse enquadramento imaginário que esconde o que sai do controle e do compreender que ser gente é imbatível. A vida é boa demais para ser curtida em pedaços. Neste mundo repleto de modelos vazios, a verdade tem um poder transformador. Não há nada que a desbanque."
Cris Guerra
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Neste pensar fora da caixa eu incluiria o cliente que acha que a única coisa que resolve a sua vida é fazer terapia toda semana...e, as vezes, anos a fio...
Aí aparecem as Constelações Familiares, onde tanto a permissão como as mudanças, dependem do sistema dele e do quanto está disposto a fazer aquilo que é prioritário/necessário para o momento e, muitas vezes, com uma constelação tudo se modifica e novas necessidades surgem.

O facilitador das constelações é o ultimo dentro da escala da vida do cliente. Ele é só instrumento do sistema, onde o que lhe cabe é a percepção do essencial dentro daquilo que se mostra...
Isso requer humildade do terapeuta, pois às vezes aquilo que o "campo" mostra não é o que o cliente quer ...e nem o que o facilitador poderia, eventualmente, "achar" que seria a solução.

Porem o  facilitador preparado sabe que ele não deve"achar nada", e que o sistema do cliente é que mostra as soluções.O essencial aqui é estar vazio de ideias, julgamentos ou soluções imaginárias.
Então , as alternativas para quem realmente quer mudanças estão aí...mas precisa primeiro querer. E todos os caminhos são válidos... o importante é dar o primeiro passo... e querer... e buscar!

Vamos pensar fora da caixa? Vamos reavaliar nossas caixas? Esta semana poderá ser altamente produtiva.
Bom dia 
Tais

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