terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Fenomenologia das Constelações Familiares


“Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: Infinito” – William Blake

A abordagem da Constelação Familiar é Fenomenológica. A Fenomenologia é uma área da filosofia Humanista, de tradição alemã e tem como precursor, Edmund Husserl. 

Este filósofo se interessou muito pela psicologia e estudando a psicologia nascente foi também a criticando como ciência. A psicologia nasceu como ciência que tem como objeto de estudo a Consciência (memória, aprendizagem, atenção, etc.). A ciência elege um objeto de estudo, que parte, divide, se espreita, vai fragmentando para delimitar este objeto. 

Ao contrário, a Fenomenologia traz uma proposta do ser humano como ele se apresenta, sem interpretações, sem uma teoria à priori. Ela vai criticar toda ciência reducionista aplicada ao homem, não dando interpretação ao que acontece, apenas esperando o que surgir do “campo”.

A Fenomenologia é então o que se revela, é o que se mostra, é um princípio de transparência onde o observador e o observado são um só, não estão separados. Cabe então, ao terapeuta ficar atento ao que o "campo" revela para ele, “campo” este criado na Constelação Familiar, com o objetivo de perceber o fenômeno, nos abrindo para uma percepção maior. Isto pode ser mostrado através de um gesto, de um olhar, de uma palavra e o terapeuta então, percebe o que acontece naquele sistema familiar muitas vezes revelado pelo próprio “campo” e não com o que é verbalizado pelo cliente.

Segundo Heiddeger (Filósofo alemão), “o artista revela a escultura que se encontra ali, na técnica”. Percebemos então que já estava ali, pois se revela, se mostra. Então o importante é o terapeuta se colocar disponível para o fenômeno surgir por ele mesmo.

Revelar-se = deixar o véu = desocultar (do grego = aletheia = revelar).

Fatos são histórias, são narrações e na fenomenologia você não está fora, você está implicado, junto, fazendo parte, influenciado com o que aparece, e não um observador neutro. 

Por isso para a Constelação não é importante uma explicação do que acontece ali, e sim uma compreensão, captada através de um sentido mais amplo, que chamamos de insight (percepção ampliada). É um aprendizado significativo dos sentidos, numa compreensão vivencial onde trabalhamos a experiência do existir.

A fenomenologia é contemplativa, quebra paradigmas, pois é a quebra do mundo sedimentado, quebra da certeza do conhecido. Aguardamos , ampliamos nossas percepções e a verdade surge, aparece se revelando através do “campo”. Voce então, se vê de uma maneira diferente . O que se faz não é um diagnóstico, e sim a revelação que ela tem com a vida. Ela vai se apropriar da revelação que ela tem com a vida, aí ela pode se transformar.

Para entendermos melhor o significado de “campo”, utilizamos as concepções de Rupert Sheldrake, onde ele afirma que algumas capacidades humanas não são paranormais, mas sim capacidades que qualquer ser humano, que faz parte de nossa natureza biológica. Segundo Sheldrake, essas capacidades são amplamente difundidas em todo o reino animal. Fomos nós que com o tempo fomos perdendo e esquecendo estas capacidades que a evolução nos legou.

“Os campos perceptivos constituem uma espécie de campo mórfico. Estes campos perceptivos têm sua raiz no cérebro e são afetados pelos padrões de atividade dentro do cérebro, mas se projetam para fora de modo a nos ligar ao mundo que percebemos ao nosso redor” ( Rupert Sheldrake).

Na Constelação Familiar nos abrimos através de uma percepção ampliada, para que o “campo” do cliente, nos mostra, se revele, o que era antes desconhecido. Este “campo” é o campo energético do sistema familiar dele, sistema este que pode ser o atual ou o de origem, contando aí, toda a ancestralidade da pessoa. 

Por isso , muitas vezes através de uma Constelação podemos perceber segredos de família tais como casos de adoção em que a pessoa não sabia, abortos escondidos, filhos bastardos de um dos progenitores ou outro ancestral. Porque coisas que antes estavam ocultas surgem na Constelação para clarear e tornar verdadeiro o que estava escondido.

Todos os segredos são nocivos, nada que aconteceu em alguma geração de nosso sistema familiar fica impune. Alguém um dia irá pagar um preço por isso e como sempre a corda arrebenta na parte mais fraca, as crianças, elas acabam levando toda carga negativa do que estava escondido.

Por isso o cliente que vai fazer uma Constelação não precisa trazer muita história, muita “tagarelice” de sua vida. Basta o terapeuta entrar em sintonia com ele, observar o que vai além das palavras e deixar o “campo” revelar o que precisa ser anunciado para a verdade aparecer e o quebra cabeças ser montado e aí a solução é encontrada.

A solução é o resultado final de uma Constelação. O que é necessário para a saúde se restabelecer.

Celma Nunes Villa Verde - http://www.constelacaofamiliar.com.br
**********
Simples e dificil ao mesmo tempo.
Para constelar o cliente precisa estar de "copo vazio", sem preconceitos, histórias, justificativas... Apenas abrir-se para o que está oculto  permitindo que seja revelado.
Normalmente o cliente que "explicar" tudo o que está acontecendo... e quando sinalizamos que não precisamos das explicações, eles ficam surpresos. Mas é assim...
Quando for constelar, vá sempre com o mínimo. É bom para o cliente e para o faciltador, pois o "campo" revelará o que é essencial e necessário para aquele sistema .
Abraços
Tais

Nenhum comentário:

Postar um comentário