domingo, 19 de fevereiro de 2012

Domingo de Carnaval


Colombina acorda e espreguiça os braços com graça e energia. O dia será de preparo para a noite de folia. O vestido de tule branco com pompons coloridos está pendurado no cabide para recompor-se depois do cansaço da noite anterior.

Com risinhos nervosos, Colombina imagina, num jeito bem feminino, como será seu reencontro com o misterioso Arlequim e o ingênuo Pierrô.

E como tudo é muito similar nessa grande aldeia global, também, em seus devaneios estão, Pierrô e Arlequim, a sonhar com sua pretendida.

A composição dos trajes, nos mínimos detalhes, requer cuidados para que fiquem irresistíveis. Nada pode ser esquecido no jogo da conquista.

Pierrô e seu bandolim possuem o toque de encanto para surpreender Colombina. Arlequim brejeiro prefere a sutileza do charme das palavras fugazes e inebriantes.

Armas em punho. Começará o duelo.

Colombina encantadora se deixa admirar pelo espelho enquanto desfila sua beleza, momentos antes do baile. Ajeita a mecha de cabelos que caiu sobre a máscara negra, dá um sorriso satisfeito e apaga a luz.

No salão, o brilho ilumina a festa em meio a confetes e serpentinas. É chegado o grande momento. O coração do Pierrô bate acelerado quando a vê entrar e, como um apaixonado, começa a dedilhar no bandolim sua canção de amor. Arlequim surge como um cisne sinuoso, deslizando sutil ao encontro de Colombina. Envolve-a com seu olhar lânguido e sussurra-lhe versos românticos com a presunção dos que se julgam melhores.

Colombina, entre dois corações, extasia-se com os versos de Arlequim.

Por entre a multidão, no delírio da indecisão, Colombina esconde sua faceirice e se deixa levar pela vaidade de ser requisitada por dois galantes mascarados, mas foge de ambos numa brincadeira pueril.

Arlequim desalentado chora pelo amor da sua Colombina. Pierrô, mais rápido e corajoso, a alcança e beija a máscara negra que envolve o rosto querido. Colombina surpresa se rende ao impetuoso Pierrô que tocou sua alma como se fosse a corda do bandolim.

O Arlequim derrotado sentou-se na escadaria, esperando o fim do baile, junto a um grupo de palhaços.

Na alegoria do triângulo amoroso, a grande ilusão do carnaval: “a gente trabalho o ano inteiro/ por um momento de sonho/ pra fazer a fantasia...”.

Mas hoje é carnaval!

“Na mesma máscara negra/ que esconde teu rosto/ eu quero matar a saudade/ Vou beijar-te agora/ não me leva a mal/ hoje é carnaval...”.

Amanhã tudo volta ao normal.

2 comentários:

  1. Viajei nesta história, viajei no tempo...linda!

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  2. Bom para relaxar...de vez em quando precisamos. Abração e saudades

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