domingo, 30 de novembro de 2014

Uma mente aberta

"É muito interessante aprender o que significa aprender. Aprendemos com um livro, ou com um professor, matemática, geografia, história; aprendemos a localização de Londres, Moscou ou Nova York. Aprendemos como uma máquina funciona, ou como os pássaros constroem seus ninhos, cuidam dos filhotes e outras coisas. Pela observação, pelo estudo, aprendemos. Esse é um tipo de aprendizagem.
          Mas não existe também outro tipo de aprendizagem? - o que vem pela experiência? Quando vemos um barco no rio, com suas velas refletindo nas águas calmas, não é uma experiência extraordinária? E, então, o que acontece? A mente guarda uma experiência desse tipo assim como guarda o conhecimento, e na manhã seguinte saímos para ver o barco, esperando ter o mesmo tipo de sensação - uma experiência de alegria, essa sensação de paz que surge tão raramente em nossas vidas. Então, a mente está diligentemente estocando as experiências; e é esse estoque de memória que nos faz pensar, não é? O que chamamos de pensar é a resposta da memória. Tendo observado o barco no rio e sentido a sensação d alegria, guardamos a experiência como memória e depois desejamos repeti-la ; e o processo de pensar continua, não é?
          Vejam, muito poucos de nós sabem como pensar. A maioria apenas repete o que leu em um livro, o que alguém contou ou nosso pensamento é resultado da própria experiência limitada. Mesmo quando viajamos pelo mundo e passamos por inúmeras experiências, encontramos várias pessoas diferentes, ouvimos que elas têm a dizer, observamos seus hábitos, religiões, maneiras, e retemos a lembrança de tudo aquilo - do que resulta o que chamamos de pensar. Comparamos, julgamos, escolhemos e, por meio desse processo, esperamos descobrir alguma atitude razoável em relação à vida. Mas esse tipo de pensamento é muito limitado, confinado a uma área muito restrita. Pode-se ter uma experiência ao ver um barco no rio, um corpo sendo levado para um crematório ou uma mulher de uma aldeia carregando um fardo pesado - todas essas impressões estão ali, mas somos tão insensíveis que elas não nos penetram nem amadurecem, e é somente por meio da sensibilidade a tudo que nos rodeia que acontece o início de um tipo diferente de pensamento, que não é limitado pelo nosso condicionamento.
          Se vocês se agarrarem a algum tipo de crenças, verão tuo através daquele preconceito ou tradição em particular; não terão contato com a realidade."
Já notaram os carregadores de lixo reciclável conduzindo cargas pesadas pela cidade? Quando notam o que acontece com vocês, o que sentem?  Ou será que veem com tanta frequência que não experimentam mais nenhuma sensação, porque se acostumaram à cena? "E mesmo quando observam alguma coisa pela primeira vez, o que acontece?  Vocês, automaticamente, traduzem o que viram segundo seus preconceitos, não é assim? Vivenciam de acordo com o condicionamento, como um comunista, um socialista, um outro "ista". Porém, se não pertencem a nenhuma dessas classes, e, portanto, não olham através da tela de nenhuma crença e têm realmente um contato direto, então notarão uma ligação extraordinária que existe entre vocês e o que observam. Se não têm preconceitos, tendências, se são abertos, então tudo se torna extraordinariamente interessante, demasiado vivo.
Daí a importância, enquanto jovens, de notarem todas essas coisas. " E depois de adultos, se não receberam este tipo de educação, buscar a reeducação, no desenvolvimento de um trabalho interior de percepção de si... Quando temos a necessidade e a ouvimos, a oportunidade aparece em nossa vida e, o principal- a enxergamos.
"Observem apenas, sem criticar, o homem transportando o lixo, notem a insolência do rico, o orgulho dos ministros, das pessoas arrogantes, daqueles que pensam que sabem muito - simplesmente observem, não critiquem. No momento em que criticarem, deixarão de ter um relacionamento, uma vez que já terão  erguido uma barreira entre vocês; porém, se apenas observarem, então terão um relacionamento direto com as pessoas e com as coisas. Se puderem observar de modo atento, perspicaz, porem sem julgar, sem concluir, descobrirão que seu pensamento se tornará surpreendentemente penetrante. Então estarão aprendendo a todo instante.
          À sua volta existe nascimento e morte, luta por dinheiro, posição, poder, o processo interminável do que chamamos vida; e vocês não se perguntam algumas vezes, mesmo quando ainda bem jovens, o motivo de tudo isso? Vejam, muitos desejam uma resposta, queremos que nos digam o motivo; por isso escolhemos um livro político ou religioso, ou pedimos à alguém que nos indique algum. Mas ninguém pode afirmar, porque não é algo que possamos entender por meio dos livros, nem seu significado pode ser resumido, ao seguirmos alguém, ou por intermédio de alguma prece. Vocês e eu precisamos compreendê-las por nós mesmos - o que poderemos fazer somente quando estivermos vivos, alertas, atentos, observando. Interessados em tudo à nossa volta.  
          Muita gente é infeliz porque não há amor nos seus corações. O amor surgirá quando não houver barreiras entre você e o outro, quando encontrarem as pessoas sem julgá-las, quando somente virem o barco e aproveitarem a beleza do que veem. Não deixem que preconceitos prejudiquem a percepção a observação de como as coisas são; simplesmente observem, e descobrirão que com a simples observação e conscientização que tiverem das árvores, dos pássaros, das pessoas caminhando, trabalhando, sorrindo, acontecerá alguma coisa dentro de vocês.
Sem essa realização extraordinária dentro de vocês, sem o surgimento do amor em seu coração, a vida possui pouco significado, e por isso é importante "a busca de um conhecimento interior, da satisfação de observar e amar o simples,  diferente, mas observar...verdadeiramente.
 Pense Nisso - J. Krishnamurti - com adaptações
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Quanta beleza podemos aprender no decorrer de nossa vida...ou simplesmente passar "em brancas nuvens". É uma escolha, mesmo que inconsciente.
Tive um Mestre e um grupo que , durante muitos anos, me deram o direcionamento para trabalhar neste sentido. É um trabalho lento, de muita disciplina e dedicação. Primeiro observar-se e aceitar como somos, pois ao perceber a realidade algo muda internamente...e já fomos transformados. Depois, e aos poucos, nossa visão do outro passa a ser mais amorosa, uma vez que podemos perceber que também - através de um "sofrimento voluntário" - já fomos assim... já cometemos os mesmos erros, julgamentos etc... e a amorosidade/respeito pela dor que isso causa... provoca respeito pelo outro!
É como num círculo amoroso, onde vamos compreendendo que somos todos um, originados de um mesmo Pai. Espalha-se a compreensão, o respeito, a ajuda mútua.
Sonho?????? Não... é só começar e assistir em si e a sua volta, as mudanças positivas.
Tais


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