domingo, 22 de março de 2015

O vínculo

"Quando o homem e a mulher se aceitam mutuamente como tais, a consumação de seu amor cria um vínculo. Esse vinculo é indissolúvel. Isto nada tem a ver com a doutrina moral da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio. A realização do amor cria uma ligação, independentemente do casamento e de qualquer rito externo.

A existência de uma tal ligação é percebida pelos seus efeitos. Por exemplo, o homem que se separa levianamente de uma parceira a quem estava vinculado dessa forma pela consumação do amor, via de regra não conseguirá conservar uma segunda parceira num outro relacionamento. Pois esta percebe o seu vínculo com a parceira anterior, e não ousa tomá-lo plenamente. Quando um homem abandona uma mulher e se casa de novo, talvez sua segunda mulher se considere melhor que a primeira e diga: "Agora eu o tenho para mim". Ela entretanto o perderá. Nesse próprio triunfo o perde, pois reconhece o vínculo desse homem com a sua primeira mulher.

Então ela não o assumirá completamente. Nas constelações familiares, pode-se perceber que uma segunda mulher se distancia um pouco do homem. Ela não ousa colocar-se perto dele, pelo fato de não ser sua primeira ligação, mas a segunda.

A profundidade de um tal vínculo pode ser avaliada pelo seu efeito. A separação do primeiro amor é a mais difícil de se conseguir. É a mais dolorosa. Quando uma segunda ligação se desfaz, a dor é menor. Numa terceira, é ainda menor.

Essa ligação não é porém sinônimo de amor. O amor pode ser pequeno e o vínculo profundo. Inversamente, o amor pode ser profundo e a ligação pequena. O vínculo se origina do ato sexual. Por isto, ele também nasce de um incesto ou de um estupro. Para que mais tarde uma nova ligação seja possível, é preciso que a primeira seja corretamente resolvida. Ela é resolvida quando é reconhecida e quando é honrado o respectivo parceiro. Quem amaldiçoa o primeiro vínculo impede uma ligação ulterior.

Homens e Mulheres

Quero também dizer mais alguma coisa sobre a ordem do amor na relação do casal. Este tema nos fala mais de perto. Muitos se envergonham disso, como se fosse algo que a gente deveria ocultar. Aquilo que diferencia os homens das mulheres, que realmente os diferencia, é escondido. Ou, pode-se dizer também, é protegido. Pois é o lugar onde cada um é mais vulnerável. É o lugar próprio da vergonha. Vergonha significa, neste contexto, que eu guardo alguma coisa, para que nada de mau aconteça. E é o lugar onde nos sentimos mais entregues.



Alguns falam depreciativamente do instinto sexual e esquecem que ele é a força real e mais profunda, que tudo mantém unido e dirige, que toma cada pessoa a seu serviço, sem que ela possa se defender. Pela pura razão, ninguém se casaria ou teria filhos. Só esse instinto consegue isso. É através dele que estamos em sintonia mais profunda com a alma do mundo. Esse instinto é o que existe de mais espiritual. Todo entendimento e toda consideração racional empalidecem diante da força que atua por detrás desse instinto.

A ordem do amor entre homem e mulher exige portanto, em primeiro lugar, que o homem admita que lhe falta a mulher, e que ele, por si só, jamais poderá alcançar o que uma mulher tem. E exige igualmente que a mulher admita que lhe falta o homem, e que ela, por si só, jamais poderá alcançar o que o homem tem. Então ambos se experimentam como incompletos e admitem isto.

Quando o homem admite que precisa da mulher e que só através dela se torna um homem, e quando a mulher admite que precisa do homem e só através dele se torna uma mulher, então essa carência os liga um ao outro, justamente pelo fato de a admitirem. Então o homem recebe o feminino como presente da mulher, e a mulher recebe o masculino como presente do homem.Imaginem agora um homem que desenvolve em si o feminino e uma mulher que desenvolve em si o masculino, como muitos consideram ideal. Se esse homem quiser se ligar a essa mulher, qual será a profundidade dessa relação? No fundo, eles não precisam um do outro. Inversamente, quando o homem renuncia ao feminino e a mulher ao masculino, então eles precisam um do outro e isto os mantém juntos." Simone Arrojo 
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Muitas vezes, na maioria delas eu diria, o pai ou a mãe busca um terapeuta para o filho. Inicialmente faço uma sessão de família com  todos os elementos que a compõe.
A questão que provoca a dificuldade no filho normalmente está nos pais ou em seus emaranhados familiares.
Se a questão é pontual trabalho as sessões com a família intercalando algumas com o filho e  a mudança de postura dos pais é necessária quase sempre.
Se a situação mostra um emaranhado sistêmico indico a Constelação Familiar, onde, através do sistema familiar do cliente, poderemos constatar o que realmente aconteceu. E quando existem relações anteriores ( do pai ou da mãe) que foram mal concluídas, pode-se constatar a influência destes parceiros anteriores como uma manifestação ( no filho) para que a família olhe para esta situação com respeito e amor. Fica visível no sistema familiar o alívio que isso proporciona.
Esta é uma das razões porque sempre indico para os clientes que assistam as Constelações Familiares, mesmo que não venham a fazer uma constelação própria. Podemos fazer mudanças em nossos conceitos só de observar as consequências de determinadas atitudes - como por exemplo - terminar um relacionamento com sentimento de raiva. E é possível concluir algo, mesmo que de forma dolorosa, com respeito.
Venham conhecer as Constelações Familiares e Organizacionais. Neste sábado 28 de março , o grupo estará reunido às 10 horas.
Uma excelente semana à todos vocês.
Tais

2 comentários:

  1. Maria De Fatima Del Castanhel Adaime23 de março de 2015 às 08:28

    Eu gosto muito do que você escreve.Acabei de tomar leite de arroz no qual aqueceu meu corpo nesta tarde fria de domingo. Tuas palavras aqueceram minha alma. Gratidão

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    1. Faço com muito carinho a seleção do que publicarei. Que bom que te aqueceu...Gratidão

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