domingo, 30 de setembro de 2018

Lidando com a rejeição

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"Difícil, mas possível

É muito difícil para alguém que foi rejeitado pelas pessoas que são seus pais ou por um deles seguir na vida obtendo sucesso, sendo saudável emocionalmente e sem mágoas.

Difícil, mas bastante possível.

Ajuda a entender quando a gente percebe que os pais são pessoas. Então, separa aí na cabeça: os pais prum canto e as pessoas-que-são-seus-pais pro outro canto.

A gente romantiza muito os pais. E aí quando precisamos enxergar a pessoa deles, pode haver algum descompasso mesmo. Decepção.

Dai, já estando adulto com 30, 40 ou 50 anos, esse sentimento de "rejeição" ainda pode ser "o assunto" para nós filhos. 

Na sessão, esses filhos não conseguem falar de sua origem (os pais) sem se emocionar – ou chorando e magoado, ou raivoso, ou angustiado, ou ainda culpando os pais por sua própria infelicidade e insucesso.

Vida Empacada

Fato é que a vida desse sujeito não anda.Tudo fica mais pesado.

Se ele consegue emprego, em algum momento tudo e todos são chatos.

Se ele consegue formar uma família, a criação de filhos é fatigante e se manter na relação de casal é infinitamente custoso.

Em todos os âmbitos ”levar a vida” se torna uma tarefa inacessível e arisca.

Há uma frase do Bert Hellinger que gosto muito e é mais ou menos assim:

”Se tudo fica bem com a família,
tudo fica bem com a vida”.

O contrário dessa frase é verdade, também.

Não estar bem com a "nossa fábrica" é um erro para quem busca solução de verdade.

– Ah, Isabela! Você fala isso porque não conheceu meu pai, minha mãe e minha história. Se você tivesse vivido um terço do que experimentei, você não escreveria isso.

Você quer ter Razão ou Ser Feliz?

Será que algo é solucionado com essa zanga eterna que a gente tende a cultivar por anos e anos?

A idade chegou pra nós e ainda ficamos presos nessa frustração de não ter tido a oportunidade de desfrutar de um papai e de uma mamãe (pessoas comuns) que não nos deram o que queríamos ou algo assim?

O que a experiência das Constelações Familiares tem para nos contar sobre isso?

Até os 10 ou 15 anos, ok. A pessoa vai comparar a grama seca dele com a grama verde do vizinho.

Os pais daquele vizinho são os "the best" - ou algo assim.

Contudo, a vida vai passando e a gente precisa refletir em direção ao MAIS.

Para tanto a gente divide didaticamente essa situação em duas: alienação x realidade.

Real ou Ideal

Nem tudo é mesmo como "queremos", certo?

As coisas "são-como-são" e precisam ser reconhecidas como tal em algum momento de nossa vida adulta – isso, claro, se você deseja se estabelecer saudavelmente na sua própria existência.

Nesse nosso caso aqui ficar no ”ideal” é permanecer fincado na "querência".

Assim a gente fica muito mimado, ou amargo, ou inseguro.

Não conseguindo controlar nossas vidas (como queremos e imaginamos), a gente adoece.

Já os adultos que concordam com as coisas "tal-como-são" têm facilidade de se conectar com o "real", já percebeu?

Eles seguem o fluxo e se adaptam às intempéries da vida sem muita pirraça (resistência).

Eles são práticos. Invejavelmente práticos.

Quando a pessoa, porém, envelhece e fica cativa de um ressentimento perpétuo em relação às pessoas dos pais, ela sustenta uma espécie de pirraça-existencial fundada no ideal e na querência.

Suas frases são assim: "eu-quero" "eu queria" "bem que poderia ser de outro jeito" "porque eu, porque eu?" "e se fosse…".

Essa postura da "querência-eterna" não ajuda em nada. Não soluciona nada.

Insistir nisso é permanecer num pensamento mágico infantil de que os pais são super-homens e super-mulheres que não podem errar, fraquejar, perverter, fracassar, cair, murchar, morrer, ir embora, não gostar dos filhos, ficarem doentes, enlouquecerem, etc.

É preciso, em algum momento da vida, entender que as pessoas (que chamamos de pais) são abaláveis.

Algumas dessas pessoas são funcionais, outras nem tanto.

Há uma dinâmica ancestral atuante por de trás dessas pessoas e que as fazem menos operantes do que a sociedade espera. Como foram os papais delas?

É uma bola de neve.

Estamos em um sistema familiar, lembra?

Cartão Vermelho Para os Pais? Cartão Vermelho Pra Você!

Não é porque a gente chama nossos pais de "pai" ou de "mãe" que as guerras estão resolvidas.

Sim, algumas dessas pessoas podem ir embora. Sim, alguns deles podem precisar de um sanatório. Sim, alguns deles bebem. Sim, alguns deles traem. Sim, alguns deles nos espancam. Sim, alguns deles vão embora. Sim, alguns deles roubam. Sim, alguns deles usam drogas. Sim, alguns deles se separam. Sim, tudo isso dói! É a realidade.

Enfrentar a realidade é sair da ilusão.

Enquanto a pessoa fica presa nas suas "querências" ela está iludida.

Ela fica montando um cenário ideal em sua mente e desejosa de que esse cenário se realize.

Toda sua energia fica mobilizada para escrever cenas ideais sobre seus pais e sua vida.

Isso se chama alienação.

Quem vive negando a realidade está no mundo da lua, afastado de suas potências, desligado, desconectado, alheio de si mesmo.

Pergunto: isso vai lhe levar para onde?

Entre realidade e desconexão, fica com a primeira.

Se as coisas não foram fáceis vai doer reconhecer essa verdade em seu grupo familiar, mas a realidade vale a pena.

A gente precisa tomar logo as rédeas do nosso caminho de forma adulta e responsável e não de forma infantil e exigente - ad eternum.

Como? Apropriando-nos o quanto antes de nossa biografia.

É a boa hora.

Deixe seus pais serem as pessoas que eles conseguiram ser e segue em paz com sua REALIDADE.

Aí mora o caminho da saúde e do seu sucesso pessoal.

Bons trabalhos!"

Isabela Couto | Psicanalista | Constelação Familiar com Treinamento pelo IDESV
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As lágrimas da compaixão por si mesmo não comovem o destino.
Com respeito ao que foi, como foi, sim...é muito diferente!
Quem se abandona a essa dor e critica os pais nunca sairá do lugar...ou sairá apenas pela metade.

Na Constelação, o cliente se expõe a essa dor de forma bem pungente e profunda. Essa dor queima. Quem se expõe à ela pensa que é infinita... Entretanto, a experiência de exposição a dor da rejeição,  fica totalmente entregue a ela, vivencia que logo será superada.

Mas aquele que olha para si e sente compaixão por si mesmo, sente uma dor infinita.  Uma pessoa assim não será capaz de uma coisa nova. A dor é superficial e pode durar uma vida toda. Quem vivenciou a dor da rejeição na sua totalidade está pronto para algo novo. Para ele a vida continua.

A dor também se torna infinita quando estou zangado com alguém do qual fui separado. O luto encobre ou esconde o rancor daquele que está zangado com a pessoa que perdeu ( seja morte ou separações).

Amemos nossos pais, como eles são (ou foram), pois o bem maior nós já recebemos deles ( A Vida).
Boa semana
Tais

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